Liga dos Campeões

K.O.

Buffon foi vazado duas vezes contra o Bayern de Munique, 1/3 dos gols que a Juventus sofreu em nove partidas na Europa. Classificação beira o impossível (Foto: Michael Dalder/Reuters)

Da Calabria, disse Nicola Amoruso nesta semana de Liga dos Campeões da Uefa: a Juventus perdeu a liga europeia de 1997 porque entrou com o nariz empinado contra o Borussia Dortmund. Foi vice. Era somente um aviso aos atuais jogadores bianconeri de um tricampeão italiano somente pela equipe de Turim. Não houve um favoritismo exacerbado da própria Juventus contra o Bayern de Munique, mas a data do jogo coincidiu exatamente com a pior atuação do time em dois anos do novo comando técnico. A Velha Senhora perdeu.

A melhor defesa do campeonato nacional. O meio de campo cerebral, marcador e goleador. Time compacto, mas sem poderio ofensivo de seu quarteto, que depois passou para trio e se tornou uma dupla de ataque. A Juventus uniu forças para, sob comando de Antonio Conte, formar uma excelente equipe no território italiano. O sorteio colocou, talvez, a melhor equipe do continente pelo caminho. Tudo desandou: os italianos fizeram seu pior jogo em duas temporadas de Conte. Por coincidência (ou não?), Buffon, Barzagli, Pirlo e Marchisio tiveram atuações horrorosas como nunca antes. Bonucci, Chiellini, Lichtsteiner também figuram nessa lista. Matri e Quagliarella, oras, foram figurantes e cumpriram número dentro de campo até serem substituídos.

O Palazzo Reale começou a ruir quando Alaba, antes do primeiro minuto de jogo, chutou de fora da área. A bola desviou em Vidal e enganou Buffon. O goleiro da Juve conseguiu boas intervenções e não deixou a vantagem dobrar até o segundo tempo. Ele fez milagre em um chute à queima-roupa de Robben, que entrou no lugar de Kroos, machucado. Em princípio, a saída de Kroos liberaria Pirlo para o jogo, uma vez que o alemão não desgrudava do regista. Com Müller centralizado, a Juventus até esboçou uma pressão, porém sem sucesso. 

Na segunda etapa, Ribéry continuou ganhando todas do sonolento Lichtsteiner, Bonucci seguiu com problemas para marcar Mandzukic e a dupla Peluso-Chiellini tinha dificuldades no desarme a Robben. Não obstante o fraco desempenho do quinteto da zaga, Pirlo e Marchisio deixavam Schweinsteiger e Müller jogarem soltos na meia cancha. Quem colocou o ponto final na Juventus foi o prodígio Müller, que aproveitou a assistência de Mandzukic, impedido no lance que originou o gol, para decretar o resultado final na Alemanha. 

O trabalho no jogo de volta beira o impossível, uma vez que a Juventus não só perdeu a partida, como parece que deixou escapar a ânsia pela vitória. A equipe que se apresentou em Munique mais parecida treinada por um zumbi, tamanha apatia vista. Sempre enérgico, o treinador da Vecchia Signora mal esboçou reações durante o primeiro tempo, apenas lamentou, em voz baixa, o segundo gol do Bayern e, novamente, demorou para mexer no time. Pogba ficou pouquíssimo tempo em campo e Asamoah nem entrou. Além disso, Lichtsteiner e Vidal receberam cartão amarelo e não jogam na partida de volta.

Até o retrospecto recente joga contra a Juve. Contra o Arsenal, nas quartas de final de 2005-06, o time bianconero também precisava tirar dois gols de diferença em Turim, mas não conseguiu. Na temporada anterior, após virar contra o Real Madrid com gol de Zalayeta, na prorrogação – nas oitavas, a Juventus eliminou o time espanhol por 2 a 1, no agregado -, voltou a Turim com uma derrota por 2 a 1 em Anfield e não reverteu o resultado ante o Liverpool. 

As duas equipes que eliminaram a Juventus, talvez (pois aqui permito a interpretação de cada um), tinham planteis melhores que o da agremiação da Bota. Eles eliminaram a Juve e chegaram à final do torneio nos anos respectivos. É o que pode acontecer nesta época. 

Pois aqui, sim, não há dúvida: existe um time superior ao outro. Foi (bem) mostrado dentro de campo.

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