A leva olímpica escandinava que chegou à Itália no fim dos anos 1940 e início dos 1950 teve no atacante John Hansen um de seus principais nomes. À época, Suécia e Dinamarca tinham times fortes e tiveram sucesso em diversas edições de Jogos Olímpicos e da Copa do Mundo, entre as décadas de 1940 e 1960. Na Olimpíada de 1948, a Dinamarca ficou com o bronze e quem teve maior destaque foi Hansen, o artilheiro da competição. A partir daí, o atacante nascido em Copenhague desenvolveria trajetória brilhante na Itália.
Hansen chegou na Itália depois de ter feito carreira vitoriosa para um jovem. Aos 24 anos, já tinha os créditos de ter marcado 81 gols em 86 jogos pelo Frem, na amadora liga dinamarquesa, e também por ter sido artilheiro dos Jogos Olímpicos, ao lado do sueco Gunnar Nordahl, com sete gols – quatro deles sobre a Itália treinada por Vittorio Pozzo, nas quartas de final, em jogo terminado 5 a 3 para os nórdicos.
O sucesso foi tanto que fez Hansen entrar na Itália pela porta da frente. Após os Jogos, o dinamarquês chegou a ser procurado para reforçar o Grande Torino, que já tinha Valentino Mazzola e Guglielmo Gabetto, nos idos de 1948. Hansen, no entanto, escolheu o outro lado de Turim e escapou de falecer na Tragédia de Superga, que matou o principal time da Itália em 1949. Hansen acabou fechando com a rival Juventus, que buscava quebrar a hegemonia granata e que, por vias tortas, conseguiu.
O centroavante goleador atuou em seis temporadas pela Juventus e foi um dos grande responsáveis por fazer a Velha Senhora encerrar um jejum de 15 anos sem o título da Serie A. Marcando gols de todas as formas, sagrou-se artilheiro em seu segundo scudetto e recebeu prêmio de ordem ao mérito concedido pela República Italiana, em 1952.
Em seis temporadas pela Velha Senhora, o dinamarquês conseguiu feitos invejáveis. Primeiro, anotou mais de 20 gols em quatro dos seis anos em que lá esteve. Entre os estrangeiros, Hansen é o terceiro maior goleador da história da Juventus, atrás apenas de David Trézéguet e do ítalo-argentino Omar Sívori. Contando apenas gols na Juve pela Serie A, fica atrás só de Sívori: marcou 124 gols, todos eles na elite. Hansen se encontra ainda, entre os 10 maiores goleadores gringos da história da Serie A, com 139 gols realizados.
Após deixar a Juventus, Hansen ainda atuou outro ano na Itália, e marcou 15 tentos pela Lazio, em um ano que teve vários destaques escandinavos: o maior foi Nordahl, que marcou 27 gols e se sagrou artilheiro por um Milan que ainda tinha o sueco Nils Liedholm e o dinamarquês Jørgen Leschly Sørensen, de seis e 13 gols marcados, respectivamente. Entre os suecos, Ivar Eidefjäll (Novara), Arne Selmosson (Udinese, 14 gols) e Hasse Jeppson (Napoli, 10 gols) se destacaram, e entre os compatriotas do ídolo bianconero, os melhores foram Poul Rasmussen (Atalanta, 16 gols), Helge Bronée (Juventus, 11 gols) e Karl Aage Præst (Juve).
Depois de deixar a Lazio, Hansen voltou ao Frem, onde conseguiu manter a média de mais de um gol por jogo até encerrar a carreira, duas temporadas depois. Pouco conhecido fora da Itália e da Dinamarca, o atacante tem motivos para justificar a pequena fama: quando atuava, os campeonatos nacionais da Dinamarca eram amadores, e a federação local convocava para a seleção apenas jogadores que atuassem no país. Por isso, os nórdicos tinham sucesso apenas em Olimpíada, e só foram disputar sua primeira Copa do Mundo em 1986. Não fosse por isso, Hansen poderia ter tido um reconhecimento à altura do futebol que jogou em vida.
John Hansen
Nascimento: 24 de julho de 1924, em Copenhague, Dinamarca
Morte: 12 de janeiro de 1990, em Copenhague, Dinamarca
Posição: atacante
Clubes: Frem (1943-48 e 1958-60), Juventus (1948-54) e Lazio (1954-55)
Títulos: Campeonato Dinamarquês (1944), Bronze olímpico (1948) e Serie A (1950 e 1952)
Seleção dinamarquesa: 8 jogos e 10 gols