Serie A

Retrospectiva da Serie A, parte 1

Toni superou Tévez e acabou como um dos artilheiros da Serie A (Eurosport)

Já sentem saudades? A Serie A acabou no último domingo e nós já estamos aguardando o início da temporada 2015-16, o que deve acontecer em agosto – nós sabemos que a Juventus ainda joga no sábado contra o Barcelona, pela final da Liga dos Campeões, mas somos apressados.

Com o final do campeonato, faremos uma análise completa sobre como foi a temporada das 20 equipes que passaram pelos gramados da primeira divisão da Itália. Na primeira parte, falamos sobre as equipe que terminaram a temporada entre a 20ª e a 11ª colocação. Boa leitura!

Publicado também na Trivela.

Comparativo de campanhas das equipes: turno e returno, em casa e fora (Clique para ampliar – Wikipedia)

Parma

Crise de gestão irritou o capitão do time, Lucarelli: Parma em pedaços rebaixado (Sportal)

A campanha: 20ª
colocação, 19 pontos. 6 vitórias, 8 empates e 24 derrotas. 7 pontos de penalização.
Ao final de 2014:
20ª colocação
Fora da Serie A:
Eliminado nas quartas de final da Coppa Italia pela Juventus

Ataque: 33
gols, o segundo pior
Defesa:
75
gols, a pior
Time-base:
Mirante; Cassani (Pedro Mendes), Lucarelli, Costa (Feddal); Varela (Santacroce), Nocerino, Lodi, Jorquera, Gobbi; Belfodil (Cassano), Palladino (Ghezzal).

Artilheiros: Antonio Cassano (5 gols) e Raffaele Palladino (4)
Onipresentes:
José Mauri e Massimo Gobbi (ambos com 33 partidas)
Técnico:
Roberto Donadoni
Craque:
José Mauri
Decepção:
Francesco Lodi
Revelação:
José Mauri
Sumido:
Jonathan Biabiany
Melhor contratação: Antonio Nocerino
Pior contratação:
Ishak Belfodil
Nota da temporada:
5

Infelizmente, falências tem sido comuns no futebol italiano. Mas não dá para negar que a temporada do Parma foi atípica. O clube terminou 2013-14 excluído da Liga Europa por motivos financeiros – mas nada que indicasse o colapso –, se movimentou modestamente no mercado, viu um de seus principais jogadores, Biabiany, ter de se afastar por problemas cardíacos, e depois entrou em queda livre.

Salários atrasados, punição de 7 pontos pelas irregularidades na gestão, troca de presidentes a atacado – foram quatro diferentes propriedades ao longo do ano –, e muita incerteza sobre o futuro do clube. Mesmo atrapalhados pela novela que acontecia em suas vidas fora dos gramados, o técnico Donadoni e os jogadores foram bravos e fizeram o que podiam. Tiraram pontos de times grandes mesmo já falidos e honraram a camisa crociata. Mesmo em uma temporada tão nefasta, ainda houve bons momentos de futebol com Mirante, Cassano (até dezembro), Palladino e Mauri, estrela argentina que começa a desabrochar.

Cesena

Brienza, raro destaque de um Cesena fadado ao descenso (Paolo Magni)

A campanha: 19ª
colocação, 24 pontos. 4 vitórias, 12 empates e 22 derrotas.
Ao final de 2014:
19ª colocação
Fora da Serie A:

Eliminado na quarta fase da Coppa Italia pela Udinese

Ataque: 36
gols, o terceiro pior
Defesa:
73
gols, a segunda pior
Time-base:
Leali; Perico (Volta), Capelli, Lucchini (Kranjc), Renzetti (Magnússon); Giorgi, De Feudis (Carbonero), Cascione; Brienza; Djuric (Carbonero), Defrel.

Artilheiros: Grégoire Defrel (9 gols), Franco Brienza (8) e Alejandro Rodríguez (5)
Onipresentes:
Grégoire Defrel (34 partidas), Franco Brienza e Daniele Capelli (ambos com 30)
Técnicos:
Pierpaolo Bisoli (até a 14ª rodada) e Domenico Di Carlo (da 15ª em diante)
Craque:
Franco Brienza
Decepção:
Hugo Almeida
Revelação:
Luka Kranjc
Sumido:
Riccardo Cazzola
Melhor contratação: Franco Brienza
Pior contratação:
Hugo Almeida
Nota da temporada:
4

O Cesena começou a temporada como o favorito para cair. Com o elenco mais fraco da Serie A, os cavalos marinhos corresponderam às más expectativas e ficariam com a lanterna da competição não fosse a punição de 7 pontos aplicada ao Parma. Apesar de tudo, a equipe teve alguns bons momentos, especialmente após a troca de comando, com a saída do fraco Bisoli e a chegada de Di Carlo. Porém, longas sequências sem vitórias no início e no final do campeonato decretaram o rebaixamento da equipe na temporada seguinte ao acesso.

Em campo, o time bianconero privilegiava, em tese, a defesa ao ataque – não foram raras as vezes que o Cesena se defendeu com uma linha de cinco defensores. No entanto, os números mostram que a estratégia deu bastante errado, uma vez que os romanholos tiveram a segunda pior retaguarda do Campeonato Italiano, penalizados pela idade avançada de Capelli e Lucchini e pela irregularidade do bom, mas jovem Leali. Na frente, se Hugo Almeida chegou para marcar gols e foi embora três meses e 10 jogos depois sem balançar as redes, agradaram as atuações de Brienza, Defrel e de Carbonero (jogador vinculado à Roma). Todos devem se manter na Serie A, atuando por outros times no próximo certame.

Cagliari

Zeman teve outro trabalho ruim e afundou junto com o Cagliari (AP)

A campanha: 18ª
colocação, 34 pontos. 8 vitórias, 10 empates e 20 derrotas.
Ao final de 2014: 18ª colocação
Fora da Serie A:

Eliminado nas oitavas de final da Coppa Italia pelo Parma 

Ataque: 48
gols
Defesa:
68
gols, a terceira pior
Time-base:
Brkic (Cragno); Balzano, Ceppitelli, Rossettini, Avelar; Crisetig, Conti (Donsah), Ekdal; M’Poku (João Pedro), Sau (Ibarbo), Diego Farias (Cossu).

Artilheiros: Marco Sau (7 gols) e Diego Farias (6)
Onipresentes:
Albin Ekdal (33 partidas), Luca Rossettini (32) e Danilo Avelar (31)
Técnicos:
Zdenek Zeman (até a 16ª rodada e da 27ª à 31ª), Gianfranco Zola (17ª-26ª) e Gianluca Festa (31ª em diante)
Craque:
Diego Farias
Decepção:
Daniele Conti
Revelação:
Godfred Donsah
Sumido:
Nicola Murru
Melhor contratação: Diego Farias
Pior contratação:
Alessio Cragno
Nota da temporada:
4

A primeira temporada do presidente Giulini à frente do Cagliari não poderia ter sido pior: o dirigente quis apostar, não colheu frutos e viu o time ser rebaixado. Não bastasse a instabilidade nos bastidores pela troca de comando, o treinador escolhido para o início da temporada foi Zeman, que propõe um dos estilos de jogo mais imprevisíveis do futebol mundial. Não bastasse isso, o treinador checo  teve apenas dois trabalhos bons nos últimos dez anos, e o elenco foi bastante modificado para a disputa do campeonato. A saída do goleiro Agazzi, ainda em janeiro de 2014, só teve reposição à altura um ano depois, com a chegada de Brkic – além disso, a transferência do zagueiro Astori à Roma desmontou a boa dupla formada com Rossettini. Para completar, o fato de bandeiras da equipe, já envelhecidas, estarem em seu último ano de contrato – casos de Conti, Cossu e Pisano – também foram fator que pesou contra.

Para começar, os métodos de treinamento de Zeman não foram bem assimilados pelo grupo. Conhecido por ser muito exigente e colocar cargas de treino extenuantes, o checo não viu o elenco estar a seu lado em nenhum momento. Ídolo sardo, Zola também não conseguiu melhorar a situação da equipe na tabela, embora o time tivesse feito alguns bons jogos ao longo do ano – pudera, o elenco tinha muita qualidade técnica, jovens de qualidade e, no papel, não era candidato a figurar em posição tão baixa. Entre os destaques da melancólica temporada, figuram alguns jogadores emprestados, casos do habilidoso brasileiro Diego Farias (Chievo), do malandro M’Poku (Standard Liège) e do bom volante Crisetig (Inter). Ao menos os rossoblù poderão tentar se reerguer com a verba que deve chegar com as vendas em definitivo de Astori, Nainggolan e Ibarbo à Roma e com as saídas de Donsah, Ekdal, Sau e João Pedro, jogadores que tem mercado.

Atalanta

Denis rendeu pouco e foi questionado em temporada fraca dos nerazzurri (CalcioNews24)

A campanha: 17ª
colocação, 37 pontos. 7 vitórias, 16 empates e 15 derrotas.
Ao final de 2014:
17ª colocação
Fora da Serie A:

Eliminada nas oitavas de final da Coppa Italia pela Fiorentina 

Ataque: 38
gols, o quarto pior
Defesa:
57
gols
Time-base:
Sportiello; Bellini (Zappacosta), Benalouane (Biava), Stendardo, Dramé; Zappacosta, Carmona, Cigarini, Gómez (Baselli); Moralez; Denis.

Artilheiros: Germán Denis (8 gols), Mauricio Pinilla (6) e Maxi Moralez (5)
Onipresentes:
Marco Sportiello (37 partidas), Luca Cigarini e Carlos Carmona (ambos com 33)
Técnicos:
Stefano Colantuono (até a 25ª rodada) e Edoardo Reja (da 25ª em diante)
Craque:
Marco Sportiello
Decepção:
Rolando Bianchi
Revelação:
Marco Sportiello
Sumido:
Cristian Raimondi
Melhor contratação: Mauricio Pinilla
Pior contratação:
Urby Emanuelson
Nota da temporada:
4,5

Se um casamento de sucesso acaba não dá para classificar o ano como bom. A Atalanta teve sua pior temporada na Serie A desde a volta à elite, em 2011, e só não caiu por incompetência de outros times. Afinal, 37 pontos, média de menos de um ponto por rodada, é muito pouco para uma equipe que deixou de jogar bola e passou de uma temporada de recorde (de vitórias consecutivas) para um quase rebaixamento mesmo com a manutenção quase completa dos jogadores. A diretoria optou por demitir Colantuono, que estava no cargo há cinco
temporadas, mesmo sem que a Dea tivesse entrado na zona de rebaixamento.
Com Reja, o futebol não melhorou – a média de pontos por jogo dos dois
treinadores é quase idêntica, também –, o que deixou claro que o
problema eram as peças do elenco.

Denis fez sua pior temporada em anos, e foi bastante irregular: demorou nove jogos para anotar o primeiro no campeonato e viveu longos períodos de jejum. Seus reservas também produziram muito pouco – Bianchi, que tinha história no clube, não anotou um gol sequer, por exemplo. Dessa forma, outros setores que rendiam bem desde antes, ganharam mais importância, como o meio-campo combativo formado por Cigarini e Carmona e os laterais – dessa vez, o melhor foi o novato Zappacosta. Mas o destaque da equipe foi mesmo Sportiello, em sua primeira temporada como titular na meta nerazzurra. É um dos bons candidatos à sucessão de Buffon nos anos que virão.

Udinese
 

Di Natale continuou quebrando marcas, mas Udinese de Stramaccioni decepcionou (Ansa)

A campanha: 16ª
colocação, 41 pontos. 10 vitórias, 11 empates e 17 derrotas.
Ao final de 2014:
9ª colocação
Fora da Serie A:

Eliminada nas oitavas de final da Coppa Italia pelo Napoli

Ataque: 43
gols
Defesa:
57
gols
Time-base:
Karnezis; Piris, Danilo, Heurtaux; Widmer, Allan, Badu (Kone, Bruno Fernandes), Guilherme, Pasquale; Di Natale (Bruno Fernandes), Théréau.

Artilheiros: Antonio Di Natale (14 gols) e Cyril Théréau (10)
Onipresentes: Orestis Karnezis, Cyril Théréau e Danilo (com 37 partidas)
Técnico:
Andrea Stramaccioni
Craque:
Antonio Di Natale
Decepção:
Emmanuel Agyemang-Badu
Revelação:
Molla Wagué
Sumido:
Simone Scuffet
Melhor contratação: Cyril Théréau
Pior contratação:
Lucas Evangelista
Nota da temporada:
5

A pior temporada da Udinese desde a volta da equipe a elite, em 1995. Em termos de posicionamento na tabela, em tempos recentes, somente em 2010 o time bianconero foi tão mal – ficou uma casinha acima, na 15ª posição. Fato é que a equipe sentiu a reforma no estádio, o que diminuiu a presença da torcida friulana, e, principalmente, a troca de comando: Guidolin deixou o cargo após quatro anos e foi substituído por Stramaccioni, que manteve a mesma estrutura tática e praticamente o mesmo time titular. A Udinese começou a temporada bem, entre os 10 primeiros colocados, mas uma série de onze jogos com apenas uma vitória, que durou até a 20ª rodada, fez a equipe perder a confiança e começar a despencar na tabela.

Stramaccioni não conseguiu fazer sua equipe reagir com propriedade e não será mais o treinador bianconero no ano que vem – Colantuono, ex-Atalanta, é o favorito para o cargo. Os resultados, porém, dizem pouco a respeito de algumas atuações individuais ao longo da temporada. Karnezis, escolhido para ocupar o gol, fez boa temporada e a não utilização do promissor Scuffet não foi uma celeuma, assim como Widmer, Heurtaux e Danilo tiveram ótimo ano. Os destaques maiores foram o brasileiro Allan, um dos melhores volantes de toda a temporada e pronto para ir para um time maior, e Di Natale, que alcançou dois dígitos de gols pela décima vez em sua carreira na Serie A. O artilheiro, que talvez mão renove seu contrato e tem permanência indefinida, ainda realizou o sonho do seu pai e superou Roberto Baggio na artilharia geral da Serie A. Hoje, com 207 gols, é o sexto maior goleador do torneio, e a torcida friulana torce muito para que ele fique por mais um ano em sua casa.

Empoli

Força de grupo e coesão com o técnico foram receitas de um agradável Empoli (Empoli Channel)

A campanha: 15ª
colocação, 42 pontos. 8 vitórias, 18 empates e 12 derrotas.
Ao final de 2014: 13ª colocação
Fora da Serie A:

Eliminado nas oitavas de final da Coppa Italia pela Roma 

Ataque: 46
gols
Defesa:
52
gols
Time-base:
Sepe; Hysaj, Rugani, Tonelli (Barba), Mário Rui; Vecino, Valdifiori, Croce; Saponara (Verdi); Maccarone, Pucciarelli (Tavano).

Artilheiros: Massimo Maccarone (10 gols) e Riccardo Saponara (7)
Onipresentes:
Daniele Rugani (38 partidas) e Daniele Croce (37)
Técnico:
Maurizio Sarri
Craque:
Massimo Maccarone
Decepção: Francesco Tavano
Revelação:
Daniele Rugani
Sumido:
Tiberio Guarente
Melhor contratação: Riccardo Saponara
Pior contratação:
Tiberio Guarente
Nota da temporada:
7

Após chegar na elite como vice-campeão da Serie B, o Empoli foi uma das mais agradáveis equipes desta temporada. Não dá para falar em surpresa, porque já se sabia que o time treinado por Sarri praticaria um futebol compacto, moderno e ofensivo. Porém, foi interessante ver que quando uma equipe executa bem o que o treinador pede ela pode chegar longe, mesmo sem um time badalado. A comunhão entre técnico e jogadores faz, ainda, com jovens muito promissores evoluam mais rápido, e que um jogador veterano e identificado com o clube volte a dar o ar de sua graça na elite.

O veterano é Maccarone, quase 36 anos, e autor de 10 gols e 7 assistências nesta Serie A. Ele comandou uma equipe que ainda teve destaques jovens em outros setores: Sepe brilhou no gol e deve voltar ao Napoli; na defesa todos os jogadores foram bem, e no meio-campo também. Tão bem que Valdifiori e Rugani ganharam convocações para a seleção italiana, e Vecino e Saponara foram observados por Conte. Dentre os jogadores citados, Rugani, de propriedade da Juventus, conseguiu um feito admirável: mesmo atuando no centro da zaga em todos os minutos dos 38 jogos da temporada, não recebeu um cartão amarelo sequer. Vale mencionar, ainda, que o Empoli estabeleceu um recorde: com 18 empates, só a Inter de 2004-05 conseguiu tantas igualdades em uma temporada da Serie A. Pensando no futuro, os azzurri buscam sobreviver a um provável desmanche, já que o técnico Sarri já deu adeus à equipe após quatro anos de trabalho e jogadores que foram emprestados devem acertar com times maiores.

Chievo

Veterano goleiro Bizzarri foi o destaque do sólido Chievo (Getty)

A campanha: 14ª
colocação, 43 pontos. 10 vitórias, 13 empates e 15 derrotas.
Ao final de 2014:
16ª colocação
Fora da Serie A:

Eliminado na terceira fase da Coppa Italia pelo Pescara 

Ataque: 28
gols, o pior
Defesa:
41
gols, a quarta melhor
Time-base:
Bizzarri (Bardi); Frey, Danielli, Cesar (Gamberini), Zukanovic (Biraghi); Schelotto (Birsa), Radovanovic, Hetemaj, Izco (Schelotto); Paloschi, Meggiorini.

Artilheiros: Alberto Paloschi (9 gols), Sergio Pellissier (7) e Riccardo Meggiorini (4)
Onipresentes:
Alberto Paloschi (37 partidas) e Valter Birsa (35)
Técnicos:
Eugenio Corini (até a 7ª rodada) e Rolando Maran (da 8ª em diante)
Craque:
Albano Bizzarri
Decepção:
Dejan Lazarevic
Revelação:
Federico Mattiello
Sumido:
Ioannis Fetfatzidis
Melhor contratação: Albano Bizzarri
Pior contratação:
Ioannis Fetfatzidis
Nota da temporada:
6

A história do time que pratica um futebol dos mais insossos no mundo continua a ser escrita na Serie A. O quase incaível Chievo – desde que alcançou a elite pela primeira vez, em 2001, só foi rebaixado uma única vez – encampou o discurso dos times pequenos como ninguém: é melhor não ganhar do que perder. Se ganhar, também não precisa se arriscar muito: das 10 vitórias dos clivensi no campeonato, só duas foram por mais de um gol de diferença, e seis delas foram por 1 a 0. Não à toa, o time teve o pior ataque da competição, com média de 0,74 gol/jogo. Em compensação, o ferrolho funcionou bem, e foi o quarto melhor do torneio.

Para executar a proposta de futebol defensivo com perfeição, a equipe apostou em dois treinadores com história no clube. O primeiro deles, Corini, privilegiava o combate no meio-campo, e não vinha conseguindo resultados. Foi trocado por Maran, zagueirão do clube por 10 anos. O treinador deu um jeito na equipe, e armou um 4-4-2 quase intransponível. As duas linhas de quatro eram compactas, o meio-campo era brigador e a defesa era muito boa nas jogadas aéreas. Para completar, Meggiorini e Paloschi aproveitavam os poucos contra-ataques quando podiam. Outro mérito de Maran foi ter a coragem de mudar o goleiro: Bardi é promissor, mas o técnico achou Bizzarri mais pronto. O resultado? O argentino foi eleito um dos melhores da posição na Serie A por excelentes defesas que mantiveram o time vêneto na elite.

Verona

Gols, gols e mais gols: Toni se tornou o mais velho artilheiro da história do Italiano (Il Giornale)

A campanha: 13ª
colocação, 46 pontos. 11 vitórias, 13 empates e 14 derrotas.
Ao final de 2014:
15ª colocação
Fora da Serie A:

Eliminado nas oitavas de final da Coppa Italia pela Juventus

Ataque: 49
gols
Defesa:
65
gols, a quarta pior
Time-base:
Rafael (Benussi); Sala (Pisano), Márquez, Moras, Agostini (Brivio); Obbadi (Christodoulopoulos, Greco), Tachtsidis, Hallfredsson; Juanito, Toni, Jankovic (Nico López, Ionita).

Artilheiros: Luca Toni (22 gols), Juanito (6) e Nico López (5)
Onipresentes:
Luca Toni (38 partidas) e Vangelis Moras (35)
Técnico:
Andrea Mandorlini
Craque:
Luca Toni
Decepção:
Javier Saviola
Revelação:
Mattia Valoti
Sumido:
Fernandinho
Melhor contratação: Mounir Obbadi
Pior contratação:
Fernandinho
Nota da temporada:
5,5

Depois de surpreender na temporada do retorno à elite do Italiano, o Verona perdeu muitos jogadores importantes, como Iturbe e Rômulo. Se esperava que o time fosse enfrentar dificuldades, porque a reposição das peças não foi à altura – a diretoria investiu mais em quantidade do que qualidade, visando reforçar outros setores – e também porque Toni, com quase 38 anos, poderia não marcar tantos gols quanto antes. De fato, o time não foi brilhante, como em momentos de 2013-14, mas teve temporada tranquila e salvou-se com folga.

Na quinta temporada de Mandorlini à frente dos butei, o Verona teve em Toni o seu grande nome. O centroavante marcou de todas as formas – até, de forma surpreendente, enfileirando defesas – e fez ainda mais gols do que no ano anterior. Foram 22 contra 20 da última temporada. Tentos que o fizeram artilheiro do campeonato, ao lado de Icardi, da Inter, e o mais velho goleador de uma temporada da Serie A. De resto, quase todos os jogadores do time tiveram uma temporada regular, à exceção de Juanito, vice-artilheiro do time, e de Hallfredsson e Christodoulopoulos, que participaram com bom número de assistências: 9 e 5, respectivamente.

Sassuolo

Trio de ouro do Sassuolo voltou a comandar o time a uma permanência tranquila (La Presse)

A campanha: 12ª
colocação, 49 pontos. 12 vitórias, 13 empates e 13 derrotas.
Ao final de 2014:
12ª colocação
Fora da Serie A:
Eliminado nas oitavas de final da Coppa Italia pelo Milan 

Ataque: 49
gols
Defesa:
57
gols
Time-base:
Consigli; Vrsaljko (Gazzola), Acerbi, Cannavaro, Peluso (Longhi); Biondini (Taïder), Magnanelli, Missiroli; Sansone, Zaza, Berardi.

Artilheiros: Domenico Berardi (15 gols), Simone Zaza (11) e Nicola Sansone (5)
Onipresentes:
Andrea Consigli, Nicola Sansone (ambos com 35 partidas) e Simone Missiroli (33)
Técnico:
Eusebio Di Francesco
Craque:
Domenico Berardi
Decepção:
Luca Antei
Revelação:
nenhuma
Sumido:
Cesare Natali
Melhor contratação: Andrea Consigli
Pior contratação:
Cesare Natali
Nota da temporada:
6,5

Bem treinado, com bons valores, e principalmente com seu ótimo ataque, o Sassuolo mais uma vez garantiu a permanência na elite do futebol italiano. A temporada dos neroverdi foi ainda melhor que a de estreia na Serie A: foram 49 pontos, 15 a mais do que em 2013-14 – algo impulsionado por quatro vitórias seguidas na reta final. Curiosamente, o time teve uma ótima primeira metade de temporada, chegou a frequentar a parte de cima da tabela, mas passou por momento duro a partir da 17ª rodada: dali até a 26ª foram apenas duas vitórias. Com isso, o time despencou na tabela, mas sem correr risco real de rebaixamento. A boa sequência no final devolveu o time a uma posição mais honrosa, mas ficou a sensação de que o Sassuolo poderia ter incomodado mais.

Como não poderia deixar de ser, o destaque do time de Di Francesco foi o trio de ataque formado por Berardi, Zaza e Sansone. O primeiro foi um dos quatro jogadores do campeonato a terem dois dígitos em gols e assistências (15 e 10, respectivamente); o segundo anotou 11 gols e superou a marca do ano passado; enquanto o terceiro foi mais discreto, mas seguiu dando dinamismo à equipe. Vale citar ainda que os meias Missiroli, Magnanelli e Taïder tiveram boa temporada, assim como o zagueiro Acerbi e o goleiro Consigli. Se Di Francesco tiver o trio de ataque à disposição pelo terceiro ano consecutivo, o Sassuolo pode, outra vez, sonhar em dar um passo maior na Serie A.

Palermo

Dybala e Vázquez: dupla nascida na Argentina conseguiu dois dígitos em gols e assistências (LiveSicilia)

A campanha: 11ª
colocação, 49 pontos. 12 vitórias, 13 empates e 13 derrotas.
Ao final de 2014:
10ª colocação
Fora da Serie A:

Eliminado na terceira fase da Coppa Italia pelo Modena 

Ataque: 53
gols
Defesa:
55
gols
Time-base:
Sorrentino; Andelkovic, González, Terzi (Vitiello, Múñoz); Rispoli (Morganella), Rigoni, Barreto (Belotti), Maresca (Chochev, Jajalo, Bolzoni), Lazaar; Vázquez; Dybala.

Artilheiros: Paulo Dybala (13 gols), Franco Vázquez (10) e Luca Rigoni (9)
Onipresentes:
Andrea Belotti (38 partidas), Franco Vázquez (37) e Stefano Sorrentino (35)
Técnico:
Giuseppe Iachini
Craque:
Paulo Dybala
Decepção:
Souleymane Bamba
Revelação:
Ivaylo Chochev
Sumido:
Emerson Palmieri
Melhor contratação: Luca Rigoni
Pior contratação:
Simon Makienok
Nota da temporada:
6,5

Ano atípico na Sicília. Afinal, um ano que termina sem a troca de treinadores em um clube comandado por Zamparini não é mesmo normal. Pela primeira vez em sua carreira, o técnico Iachini conseguiu concluir um trabalho na elite do futebol italiano, e indo contra o seu estilo tradicional, de futebol mais defensivo – Zamparini também se segurou e não demitiu o técnico após o início ruim, sem vitórias nos seis primeiros jogos do campeonato. Com Vázquez e Dybala em ótimo estado de forma, o Palermo voou a partir de então e nem se sentiu ameaçado por uma volta à Serie B.

Desde o início do campeonato a equipe rosanero contava com sua dupla nascida na argentina – o sucesso de Vázquez foi tanto que ele acabou convocado pela Itália, algo que Dybala rejeitou. Os dois conseguiram atingir o dígito duplo em assistências e gols, algo raro em um time de médio porte. Com 13 gols e 10 assistências, além de tanta habilidade com a canhota e personalidade, Dybala chamou a atenção da Juventus, que pagou 40 milhões de euro ao Palermo. Os 10 gols e 10 assistências de Vázquez também podem render um acréscimo de verba às contas palermitanas. Falamos apenas dos dois, mas a temporada de Rigoni, González, Rispoli, Lazaar, Chochev e Belotti também foi ótima. Com tanta gente jogando bem, os sicilianos até almejaram chegar na Liga Europa, mas depois de verem suas chances se complicarem, se deram ao luxo de jogarem boa parte do campeonato apenas para cumprir tabela.

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