Há jogadores mais conhecidos pela mídia extracampo do que pelo potencial mostrado dentro das quatro linhas. Francesco Coco, hoje com 31 anos, com certeza é um deles. Ou melhor, era. Nascido em 8 de janeiro de 1977, o lateral esquerdo conseguiu, em uma curta carreira, vestir as camisas de Milan, Inter, Barcelona, Torino, Vicenza e Livorno. Com algumas exceções, um altíssimo nível para um jogador que mais se importava com a imagem de celebrity do que com seu desempenho em campo.
Vindo da pequena Paternò, na Sicília, o lateral ingressou no Milan ainda nas categorias primavera do clube. Presença comum nas seleções de base azzurre, o jogador disputou seis partidas com a categoria sub-18, tendo participado do torneio de mesma categoria (hoje, sub-19) organizado anualmente pela Uefa.
Mais do que isso, fardou também em 20 jogos com a categoria sub-21, nos Europeus de 1996, 1998 e 2000, quando conseguiu ser campeão, num campeonato que teve Andrea Pirlo como maior estrela. Também jogou duas vezes com a seleção sub-23, nos Jogos Mediterrâneos de 1997, ganhando a medalha de ouro com uma equipe que contava com Francesco Totti, Gianluigi Buffon e o então promissor Nicola Ventola.
Coco pintava como uma alternativa para o já não tão novo Paolo Maldini. Tanto como um substituto natural para o futuro distante ou uma alternativa para o lateral/zagueiro. Para ganhar experiência e ritmo, Francesco foi emprestado ao Vicenza, quando 20 partidas na temporada, número não muito ideal para os objetivos do Milan com o jogador.
De volta ao clube dono de seu passe, Coco disputou então somente seis partidas, e foi logo emprestado novamente, dessa vez para o Torino. Em Turim, fardou 21 vezes e voltou mais incisivo para, aí sim, conseguir certa frequência em Milão, com 30 partidas e os dois únicos gols da carreira.
Atritos com o treinador Fatih Terim fizeram-no ser despachado por empréstimo para o Barcelona. Lá, não conseguiu se firmar e disputou 23 partidas. Mesmo assim, foi relacionado por Giovanni Trapattoni para a Copa do Mundo de 2002, quando entrou em campo uma vez (no lugar de Christian Panucci) e começou jogando em outra, justamente na queda ante os coreanos. Era o início do declínio.
Depois do frustrante torneio, o lateral voltou para Milão, mas não para sua antiga equipe, e sim para os arquirrivais da Inter, que, num negócio passível de total arrependimento, trocaram-no pelo holandês Clarence Seedorf – uma transação das mais pitorescas, que entraria para os anais do futebol italiano como uma das mais esdrúxulas da história, considerando o sucesso do meia em rossonero e o fracasso geral do lateral. Nesse mesmo período, fofoqueiros de plantão garantiam a modelo Gisele Bündchen como sua acompanhante.
Durante três anos, lesões e falta de futebol fizeram com que o lateral disputasse somente 26 partidas. Em 2005, foi emprestado ao Livorno, quando conseguiu 28 jogos, um bom recomeço. Entretanto, voltou para passar mais seis meses na Inter, disputando numerosas 0 partidas, e depois ser emprestado ao Torino, conseguindo míseras três presenças. Diz-se que, antes do empréstimo aos granata, Coco havia sido rejeitado no Manchester City por fumar na concentração. Até que ele simplesmente rescindiu contrato com os nerazzurri e parou de jogar.
Quero realizar meu segundo sonho, pois o primeiro (jogar futebol), já consegui.
Francesco Coco

Coco foi trocado por Seedorf e atuou pouquíssimo pela Inter, enquanto o holandês virou ídolo do Milan (Bongarts/Getty)
Pode parecer estranho, mas ele simplesmente abandonou o futebol. Até negociou com o Saint-Étienne e o Queens Park Rangers e foi especulado no Milan, pelo qual chegara a afirmar que atuaria de graças. Porém, Propostas diferentes do mesmo país tentavam-no: New England Revolution, Red Bull New York e Hollywood. Sem pestanejar, Coco escolheu a terceira, e trocou a carreira de jogador pela de ator – que não vingou.
O fato não mencionado até então é que ele sempre foi presença garantida em tabloides de fofoca na Itália. Participante ativo de programas renomados, o lateral levou a carreira como um popstar, aproveitando-se das vantagens de ser um jogador bem pago. Tornou-se dono de uma marca de roupas junto do irmão, namorou várias beldades italianas, envolveu-se em confusão após ser espancado, teve fotos polêmicas que flagravam-no aparentemente nu com outros homens e até participou de um reality show. Eis Francesco Coco, que viu um outro sentido para a expressão futebol arte.
Francesco Coco
Nascimento: 8 de janeiro de 1977, em Paternò, Itália
Posição: lateral-esquerdo
Clubes: Milan (1995-97, 1998-99 e 2000-01), Vicenza (1997-98), Torino (1999-2000 e 2007), Barcelona (2001-02), Inter (2002-05 e 2007) e Livorno (2005-06)
Títulos: Serie A (1996 e 1999), Jogos do Mediterrâneo (1997), Europeu Sub-21 (2000) e Coppa Italia (2005)
Seleção italiana: 17 jogos