Alemanha Ocidental, campeã mundial em 1990. Cinco dos 22 jogadores da Nationalelf de Franz Beckenbauer já atuavam na Serie A, melhor campeonato do mundo à época. Depois da Copa do Mundo, disputada na Itália, outros cinco deles – além de mais alguns germânicos de qualidade – chegaram ao Belpaese. Andreas Möller, um dos melhores meias-atacantes da terra do chucrute, foi um deles.
Nascido em Frankfurt, entrou nas categorias de base do Eintracht Frankfurt aos 14 anos, e lá se profissionalizou. No clube rubro-negro do sudoeste da Alemanha, o meia-atacante começou a se destacar pela criatividade, visão de jogo e, principalmente, pela capacidade de finalizar com precisão e força com ambos os pés. Não demorou que ele trocasse a briga para não cair na Bundesliga por um time de maiores ambições: fechou com o Borussia Dortmund no meio da temporada 1987-88.
Em dois anos e meio pelos aurinegros, Möller cresceu muito. Começou a ser utilizado também como segundo atacante e passou a marcar mais gols – fez 11 em 1988-89 e 10 em 1989-90 – e conquistou dois títulos, o da Copa da Alemanha e da Supercopa do país, em 1989. Foi durante seus anos em Dortmund que ele passou a ser convocado para a seleção alemã, com a qual, aos 23 anos incompletos, se sagraria campeão mundial. Na campanha do tri germânico, Möller atuou em apenas alguns minutos em dois jogos.
Surpreendentemente, Möller assinou com o tradicional Frankfurt após o Mundial na Itália. A volta de Andy foi um reforço de peso e verdadeiro presente para a torcida: a equipe tradicional, uma das fundadoras da Bundesliga, quase havia caído em 1988-89, mas se recuperou no ano seguinte e conseguiu se classificar para a Copa Uefa 1990-91.
O Eintracht desfrutou de dois novos anos de sonho com o atacante. Confiante, o craque chamou a responsabilidade, marcou 28 gols em duas temporadas e fez dupla excelente com o ganês Anthony Yeboah – um mito do Elifoot 98. O protagonismo no time que disputou vaga na competição europeia nos dois anos e até mesmo o título, em 1991-92 – o Stuttgart venceu, dois pontos à frente – fez com que Möller continuasse sendo chamado para a seleção alemã, com a qual foi vice-campeão europeu em 1992. Jogador importante no panorama internacional, o meia-atacante deu o salto na carreira, em termos de clubes, somente naquele ano: fechou com a gigante Juventus.
A forte Juve da época já tinha Roberto Baggio, Gianluca Vialli, Angelo Peruzzi, Antonio Conte e o seu compatriota Jürgen Kohler, mas fez contratações de peso para superar o vice-campeonato em 1991-92.
Möller foi uma das principais contratações, ao lado de Dino Baggio, David Platt e Fabrizio Ravanelli. Sob o comando de Giovanni Trapattoni, o atacante de Frankfurt logo conquistou uma vaga de titular. Ao longo de sua passagem por Turim, o alemão dividiu espaço com o tridente formado por Robi Baggio, Vialli e Ravanelli, mas nunca perdeu protagonismo, nem que jogasse um pouco mais recuado no meio-campo.
Em 26 partidas pela Serie A, o alemão fez 10 gols – incluindo um golaço de voleio da entrada da área contra o Milan –, além de outros quatro na campanha que acabou com o título da Copa Uefa. O troféu continental foi conquistado com larga vantagem sobre o Borussia Dortmund: 6 a 1 no placar agregado (3 a 1 na ida e 3 a 0 na volta). Möller foi um dos principais jogadores nos duelos, ao lado dos Baggios e de Vialli: cedeu três assistências e marcou, em lance de classe de Roberto Baggio e um pouco de sorte sua, o último tento na partida do retorno, disputada em Turim.

Möller passou apenas duas temporadas na Juventus, mas conseguiu destaque com a equipe bianconera (imago)
A segunda temporada no estádio Delle Alpi também foi muito boa para Möller no plano pessoal: nove gols marcados em 30 partidas disputadas pelo Italiano. A Juve vivia o fim de safra da passagem de Trapattoni – ele deixaria o time em 1994, após nove anos no cargo –, as quedas precoces na Coppa Italia e na Copa Uefa foram suficientes para que o vice-campeonato na Serie A não valesse muito. Mesmo assim, Baggio ficou com a Bola de Ouro e Möller também foi lembrado: foi o 11º da lista, o alemão mais bem colocado.
Após duas ótimas temporadas em Turim, Möller foi convocado para ajudar a Alemanha a defender seu título mundial na Copa de 1994 – atuou em quatro jogos, mas viu a Nationalelf cair nas quartas de final, diante da Bulgária. Após o torneio, recebeu uma proposta para deixar a Juventus, e retornou à Alemanha, para sua segunda passagem pelo Dortmund.
Nos seis anos seguintes, nos quais jogou em Dortmund, Möller enfrentou a equipe bianconera em cinco oportunidades. À época, juventinos e borussianos tinham dois dos elencos mais fortes do mundo, o que impulsionava os encontros entre os times, sempre em duelos equilibrados pelas copas continentais. Isso para não mencionar que alguns jogadores defenderam as duas camisas nestes embates: além de Andy, os alemães Stefan Reuter e Jürgen Kohler, o português Paulo Sousa e o brasileiro Júlio César jogaram em ambos os times.
O atacante frankfurtiano foi carrasco tanto pelos italianos quanto pelos alemães. Se pela Juventus ele decidiu uma Copa Uefa, pelo time da Westfália o retrospecto foi equilibrado: venceu duas vezes, perdeu outras duas e empatou uma. Só que, com a camisa amarela e preta, Möller fez dois gols e ganhou o prêmio principal, a Liga dos Campeões em 1997. Neste período da carreira, já experiente, o alemão viveu sua melhor fase, que também teve a conquista de duas Bundesligas, um Mundial Interclubes (foi eleito o craque da decisão, contra o Cruzeiro) e uma Eurocopa, a de 1996. Andy também atuou pela Alemanha na Copa de 1998.
Na fase final da carreira, Möller cometeu uma “traição”: trocou o Borussia Dortmund pelo rival Schalke 04. Pelos Azuis Reais o atacante foi muito útil, participando da conquista de duas copas locais e de um vice-campeonato. Porém, para se aposentar, com quase 37 anos, Andy escolheu sua casa: o Eintracht Frankfurt. Apesar de tudo, as Águias foram rebaixadas para a segunda divisão alemã em uma temporada em que Möller atuou poucas vezes.
Depois de pendurar as chuteiras, o craque teve um curto período como técnico no Viktoria Aschaffenburg, da quinta divisão da Alemanha, em 2007. Em seguida, de 2008 a 2011, foi diretor de futebol do Kickers Offenbach, e, de 2015 a 2017, assistente da seleção da Hungria, que disputou a Euro 2016 – foi auxiliar técnico de Bernd Storck, com quem atuou pelo Dortmund. Em 2019, Andy se tornou responsável pelas categorias de base do Eintracht Frankfurt.
Andreas Möller
Nascimento: 2 de setembro de 1967, em Frankfurt, Alemanha
Posição: meia-atacante
Clubes como jogador: Eintracht Frankfurt (1985-87, 1990-92 e 2003-04), Borussia Dortmund (1987-90 e 1994-2000), Juventus (1992-94) e Schalke 04 (2000-03)
Títulos como jogador: Copa da Alemanha (1989, 2001 e 2002), Supercopa da Alemanha (1989, 1995 e 1996), Copa do Mundo (1990), Copa Uefa (1993), Bundesliga (1995 e 1996), Eurocopa (1996), Liga dos Campeões (1997) e Mundial Interclubes (1997)
Clubes como treinador: Viktoria Aschaffenburg (2007-08)
Seleção alemã: 85 jogos e 29 gols