A hora da verdade. Apesar de ter feito dois bons jogos na Copa do Mundo, a Itália ainda não havia garantido a classificação no disputado Grupo E da competição. Àquele momento, as quatro seleções tinham chances de se classificar e a Squadra Azzurra teria pela frente o adversário teoricamente mais complicado. Líderes da chave com quatro pontos, os italianos enfrentariam a badalada República Checa, de ótima campanha na Eurocopa de 2004 e com três pontos conquistados. Gana, com três, e Estados Unidos, com um ponto, duelavam no mesmo horário.
A partida não começou muito bem para a Itália, que se viu pressionada graças à liderança de Nedved, um inimigo íntimo. Ex-jogador da Lazio e titular da Juventus, o loiro atuou no centro do meio-campo e era o principal responsável por acionar Baros, que deu trabalho pra Buffon nos primeiros minutos. Depois, o arqueiro juventino precisou fazer duas ótimas defesas em chutes de fora da área do colega.
Aos 17 minutos, outra complicação para a Nazionale: Nesta voltou a sentir dores no adutor da coxa direita, que o incomodaram na reta final da temporada 2005-06, e precisou ser substituído por Materazzi. Foi a terceira vez que o jogador do Milan se lesionou durante um Mundial.
O que parecia uma péssima notícia para a Itália logo se transformou em um grito de felicidade. Aos 26 minutos, Totti bateu escanteio e Matriz subiu mais alto que Polák para cabecear sem chances para Cech e abrir o placar. O volante checo voltou a falhar no final da primeira etapa, quando cometeu dura falta sobre Totti no campo de defesa italiano: ele levou o segundo cartão amarelo e foi para o chuveiro mais cedo.
Com a vantagem o placar e no número de jogadores em campo, Lippi recuou o meio-campo da Azzurra e explorou os contra-ataques e os erros dos checos. Em um desses lances, Totti (com mais liberdade, após a expulsão de Polák) aproveitou uma roubada de bola e obrigou Cech a espalmar um perigoso chute para escanteio.
Poucos minutos depois, Inzaghi – substituto de Gilardino – quase marcou depois de uma lambança da defesa eslava, mas bateu à direita do gol adversário. O atacante rossonero perdeu outro gol feito, depois que Pirlo provocou um salseiro na área: na sobra, Super Pippo, sozinho, cabeceou para fora.
Do outro lado, o duelo entre Buffon e Nedved seguia duro. A Fúria Checa era a grande luz da sua equipe e obrigou seu amigo bianconero e espalmar dois chutes fortes, negando o empate. A partida ia ficando perigosa para a Itália, que não conseguia definir o resultado, mas ao mesmo tempo os checos iam perdendo a confiança a cada minuto que passava, já que iam sendo eliminados, já que Gana vencia os EUA por 2 a 1.
A tensão estava no ar e é nestes momentos que os jogadores decisivos aparecem. O goleador Inzaghi teve a chance para se redimir das oportunidades desperdiçadas, aos 37 do segundo tempo: Barone roubou uma bola na defesa e Perrotta deu belíssima assistência, deixando Pippo livre para correr meio campo sem marcação, driblar Cech e classificar a Azzurra às oitavas. Foi o primeiro gol do milanista pela seleção em Mundiais (ele também jogou em 1998 e 2002) e o primeiro desde o anotado contra o Azerbaijão, em 2003.
Com a vitória, a Itália garantiu a liderança do grupo e despachou a República Checa, tida como uma das seleções que poderiam fazer excelente campanha na Copa. A decepção eslava foi substituída pela estreante seleção de Gana, que continua viva no torneio. A adversária da Azzurra sairá dos confrontos do Grupo F, que acontecem mais tarde: a surpreendente Austrália de Guus Hiddink e a Croácia são as candidatas, já que o Japão dificilmente vencerá o classificado Brasil.
República Checa 0-2 Itália
República Checa: Cech; Grygera, Kovác (Heinz), Rozehnal, Jankulovski; Polák; Rosicky, Poborsky (Stajner), Nedved, Plasil; Baros (Jarolim). Técnico: Karel Brückner.
Itália: Buffon; Zambrotta, Cannavaro, Nesta (Materazzi), Grosso; Gattuso, Pirlo, Perrotta; Camoranesi (Barone), Totti; Gilardino (Inzaghi). Técnico: Marcelo Lippi.
Gols: Materazzi (26) e Inzaghi (87)
Melhor em campo Fifa: Materazzi
Cartões amarelos: Gattuso e Polák
Cartão vermelho: Polák
Árbitro: Benito Archundia (México)
Local: Volksparkstadion, Hamburgo (Alemanha), em 22 de junho de 2006