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Cristian Chivu, o Swarovski, colecionou títulos e lesões em sua passagem pela Itália

Entre as décadas de 1980 e 1990, a Romênia viveu o seu período de ouro no futebol, com a participação em três Copas do Mundo e três edições da Euro. O florescer dessa geração teve muitos personagens que passaram pelo futebol italiano, como Mircea Lucescu, Gheorghe Hagi, Marius Lacatus, Gheorghe Popescu, Dan Petrescu e Florin Raducioiu. Para manter o futebol do país balcânico em alta e honrar a tradição dos seus compatriotas, a jovem revelação Cristian Chivu foi para a Serie A no início dos anos 2000.

Chivu começou muito cedo no futebol. Nascido em Reșița, o jogador estreou no time da sua cidade aos 16 anos, no fim dos anos 1990. após uma temporada completa pela equipe na elite romena, se transferiu para o Universitatea Craiova, clube em que também permaneceu somente um ano, pois se destacava pela classe na saída de bola, por ser extremamente técnico e ser extremamente eficaz em lançamentos e cobranças de falta com o pé canhoto. Membro das seleções sub-18 e sub-21 da Tricolorii, o defensor central foi notado pelo Ajax em 1999 e, pouco depois de ser convocado para um amistoso com a equipe principal da Romênia, se transferiu para a Holanda.

Nos Países Baixos, Chivu começou a construir sua fama como um dos mais sólidos jovens zagueiros do futebol europeu – avalizado por um craque na posição, o técnico Ronald Koeman. Titular dos Godenzonen, Chivu já era considerado a maior revelação do pais, juntamente com Adrian Mutu, e também fez parte do onze inicial nos quatro jogos da campanha da Romênia na Euro 2000. O zagueiro ajudou sua seleção a chegar às quartas de final, fase em que foi eliminada pela Itália.

A Roma foi a primeira equipe do romeno no futebol italiano (AFP/Getty)

Chivu fez parte de uma ótima geração do Ajax, ao lado de Rafael van der Vaart, Wesley Sneijder, Johnny Heitinga, Zlatan Ibrahimovic e Maxwell. O romeno atuava quase sempre como zagueiro, mas às vezes era escalado também na lateral esquerda. Nos quatro anos em que jogou em Amsterdã, sua melhor temporada foi a 2001-02, na qual o time vermelho e branco faturou a tríplice coroa local: campeonato, copa e supercopa.

O futebol holandês ficou pequeno para o potencial de Chivu, que já era desejado por times dos maiores centros europeus. Em 2003, o romeno acabou acertando com a Roma por cerca de 18 milhões de euros – um valor que os romanos tiveram de conseguir através de empréstimo bancário. O zagueiro rapidamente se firmou como titular e fez uma excelente dupla com Walter Samuel. A Roma de Fabio Capello, vice-campeã, teve a melhor defesa da Serie A 2003-04, com apenas 19 gols sofridos.

O romeno continuou como titular até 2007, mas nem sempre podia estar em campo por causa de problemas físicos – que fizeram ser apelidado de Cristal Chivu ou Swarovski, em referência à marca de cristais austríaca. O zagueiro atuou muito pouco entre 2004 e 2005, mas voltou a ter certa regularidade nos dois anos seguintes, fazendo boa parceria com Philippe Mexès. Em 2006-07, o defensor faturou seu primeiro título na Bota: a Coppa Italia.

Chivu chegou à Inter para atuar como zagueiro, mas encontrou mais sucesso na lateral esquerda (Getty)

Valorizado, Chivu chegou a atrair o interesse de Real Madrid e Barcelona, mas foi a Inter que o contratou, após uma longa tratativa. Os nerazzurri dominavam o futebol italiano à época e se reforçaram com um jogador da maior rival ao scudetto pagando caro: 13 milhões e metade do passe do zagueiro Marco Andreolli.

Na Inter, o romeno se reencontrou com Maxwell e Ibrahimovic, seus colegas de Ajax, e com Samuel e Olivier Dacourt, ex-Roma. A concorrência na defesa era muito grande – a Beneamata ainda tinha Iván Córdoba, Marco Materazzi e Nicolás Burdisso –, mas Chivu achou seu lugar no centro da zaga e também chegou a ser utilizado por Roberto Mancini como volante (por sua qualidade técnica) e como lateral-esquerdo. Seria pela beirada do campo que o romeno, apelidado de Drácula pela torcida, se estabeleceria no time a partir da chegada de José Mourinho, em 2008. Naquele mesmo ano, Chivu jogou a Eurocopa.

Chivu atuou na Inter até 2014 e sempre foi um coadjuvante importante da equipe, oferecendo bom poder defensivo na lateral esquerda e qualidade no setor. O romeno foi titular em quase todo o ciclo vitorioso dos nerazzurri, encerrado em 2011, com a Coppa Italia. Ao todo, ele levantou nove taças pela Beneamata, com destaque para a Tríplice Coroa de 2010 e o Mundial Interclubes, que veio a seguir. Nesta temporada, o Drácula sofreu uma fratura no crânio depois de um choque com Sergio Pellissier, do Chievo, e a partir de então começou a usar um capacete de rugby em campo – algo que virou sua marca registrada.

Após choque de cabeça, o defensor passou a utilizar um capacete de rugby como forma de proteção (Getty)

O fim do ciclo vitorioso da Inter coincidiu com a decadência física de Chivu. Ele já era considerado o ponto mais vulnerável da equipe, atuando na lateral esquerda, e pediu a Andrea Stramaccioni, treinador da equipe em 2012-13, para escalá-lo somente como zagueiro central. No entanto, as lesões raramente deixavam Chivu disponível: no final daquela temporada o jogador precisou fazer uma cirurgia no dedinho do pé e nunca mais se recuperou. Em março de 2014 ele rescindiu com a Inter e anunciou sua aposentadoria. Ao todo, foram 169 jogos e três gols (dois deles, contra Atalanta e Torino, bem bonitos) pelo clube de Milão.

Chivu ficou um bom tempo relativamente afastado do mundo profissional. De vez em quando, participou de transmissões esportivas como comentarista, mas se dedicou mesmo a escolinhas de futebol na Romênia. Com essa bagagem, fez o curso da Uefa para treinadores em 2017 e, em 2018, se tornou técnico das divisões de base da Inter. Ao longo de seis anos, comandou as equipes sub-14, sub-17, sub-18 e sub-19 dos nerazzurri, revelando diversos talentos e ganhando o Campeonato Primavera, em 2022.

Cristian Eugen Chivu
Nascimento: 26 de outubro de 1980, em Reșița, Romênia
Posição: lateral-esquerdo e zagueiro
Clubes: Reșița (1996-98), Universitatea Craiova (1998-99), Ajax (1999-2003), Roma (2003-07) e Inter (2007-14)
Títulos: Eredivisie (2002), Copa da Holanda (2002), Supercopa da Holanda (2002), Coppa Italia (2007, 2010 e 2011), Serie A (2008, 2009 e 2010), Supercopa Italiana (2008 e 2010), Liga dos Campeões (2010) e Mundial de Clubes da Fifa (2010)
Seleção romena: 75 jogos e 3 gols

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1 Comentário

  • Sempre tive birra com o Romeno, o achava quadradão demais na LE, cumpria bem seu papel e creio agora que qualquer Interista o deva acha-lo um gênio vendo Yuto Nagatomo se perpetuando na lateral esquerda após o fim do seu auge.

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