Seleção italiana

A Itália ofensiva e seus novos gêmeos do gol

Destaque nos últimos jogos, Belotti pode ser o matador da Itália durante anos (Getty)

Nas duas últimas datas Fifa de 2016, a Itália reforçou conceitos e experimentou um pouco. Compromisso oficial, a Nazionale tinha apenas um, praticamente irrelevante, diante da fraquíssima seleção de Liechtenstein, enquanto o segundo jogo era um amistoso de luxo contra a Alemanha. Em ambas as ocasiões, o treinador Gian Piero Ventura pode dizer que saiu satisfeito com o que viu e consciente de que seu trabalho será baseado na força ofensiva da nova geração azzurra.

Na sexta, os italianos entraram em campo em Vaduz, capital do pequeno reino de Liechtenstein, com o objetivo de aumentar o saldo de gols para ultrapassar a Espanha e ficar com a primeira colocação do Grupo G para as Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2018. O cenário para briga a dois e invencibilidade das seleções no certame está desenhado, mas no momento a Itália precisará de uma vitória contra a Fúria fora de casa para evitar a repescagem. O 4 a 0 ante os azuis e vermelhos não ajudou muito, pois os ibéricos enfiaram oito no frágil selecionado alpino.

A partida em Liechtenstein, no entanto, serviu para que Ventura experimentasse um dos mais ofensivos esquemas já utilizados pela Itália em sua história: o 4-2-4. O módulo tático, que se transforma em 4-4-2 na fase defensiva – praticamente inexistente na sexta, convenhamos, já que Buffon até deu autógrafo com a bola rolando para um torcedor que invadiu o gramado –, teve dois meias abertos (Candreva e Bonaventura) e dois centrais responsáveis por controlar a posse de bola: Verratti e De Rossi. Na frente, o treinador genovês promoveu novamente a interação dos centroavantes Belotti e Immobile. Deu certo.

Contra a Alemanha, o técnico mudou algumas peças e também a disposição dos jogadores em campo. O 3-4-3 azzurro foi eficiente contra os germânicos, que espelharam o esquema e também tiveram experiências propostas por Joachim Löw. Apesar do 0 a 0, a seleção italiana jogou melhor do que a rival em San Siro e, com o controle da partida em quase todo o segundo tempo, poderia ter saído com a vitória se as chances criadas por Immobile, Belotti e Bernardeschi tivessem entrado. A Alemanha, por sua vez, ameaçou muito pouco, e teve um gol de Volland bem anulado pelo uso da arbitragem de vídeo – testada no amistoso. Foi o primeiro empate sem gols das tetracampeões mundiais desde 1996.

Quem sai em alta
Em duas partidas com abordagens tão distintas, Belotti foi o jogador que melhor aproveitou as datas Fifa dentre os 27 convocados por Ventura. O atacante do Torino, que estreara como opção no banco de reserva contra a Espanha, em outubro, já ganhou a titularidade e é cotado para ser o presente e o futuro do ataque azzurro. Com dois gols, uma assistência e um tento anulado contra Liechtenstein, o lombardo foi o melhor do confronto e repetiu a dose contra a Alemanha. Não fez gol em Milão, mas acertou a trave, puxou muitos contra-ataques, se movimentou muito e mostrou muita sintonia com Immobile. Os dois estão reeditando a famosa dupla feita por Mancini e Vialli, conhecida nos anos 1980 e 1990 como “gêmeos do gol”.

Outro jogador muito valorizado por Ventura no Torino, Immobile é outro destaque na gestão do técnico. Artilheiro azzurro desde a mudança de treinador – tem quatro gols, um a mais que Belotti –, o jogador da Lazio sai mais da área do que seu parceiro de ataque e cai muito pelas pontas, mas também centraliza. A frequente mudança de posicionamento com Belotti deixa a Itália sem uma referência fixa no setor e tem sido interessante para confundir as defesas. Foi em uma dessas trocas que ele marcou seu gol contra Liechtenstein.

Belotti e Immobile formam empolgante dupla de ataque para a seleção italiana (Getty)

Titular nas duas partidas, o lateral Zappacosta também sai com moral elevada. Antigo conhecido de Ventura, o lateral do Torino só não terá sua continuidade na ala direita da Itália porque a próxima convocação só acontecerá em março – nesta época, Florenzi já deve estar de volta aos campos. Porém, com a pouca utilização de Darmian no Manchester United o coloca como favorito a novas convocações em relação ao jogador dos Red Devils.

Atuações seguras de De Rossi e Bonucci apenas mostram novamente que eles deverão ser os pontos de experiência dos azzurri, junto a Buffon. Romagnoli e Verratti também ganharam pontos com Ventura.

Passo em falso
Apesar da chuva de elogios à Itália, houve quem não aproveitasse a convocação – ou pouco dela tenha levado de bom. A grande decepção de novembro foi Insigne, que manteve a fase negativa demonstrada no Napoli também na seleção: participou de menos de meia hora de jogo em Vaduz e criou pouquíssimo contra Liechtenstein. Na mesma toada, Zaza ganhou minutos nas duas partidas dos italianos, mas não se fez notar.

Entre os que foram convocados, alguns nem mesmo entraram em campo. Um deles foi Pavoletti, que já recebeu sua terceira chamada para a seleção italiana, mas nunca conseguiu convencer seus treinadores – Antonio Conte ou o próprio Ventura – que merecia ser utilizado. Em sua primeira convocação para a Nazionale, Lapadula também não foi usado pelo treinador. Para a dupla, é quase como um retorno à estaca zero: em busca da consagração com Ventura, os dois precisarão arrebentar na Serie A.

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2 comentários

  • Fala Nelson, depois de anos a Itália parece que enfim tem uma boa geração né? Com dois centrais no Meio campo a equipe ficou menos vulnerável, um equilíbrio necessário como bem citou(o sr. Nelson) para uma equipe com vocação ofensiva, os atacantes da Era Ventura vivem boa fase. Mas até quando ela irá durar? Abraços.

  • No jogo contra Liechtenstein a Itália poderia e deveria meter mais gols. Se não caprichar no saldo de gols, será segunda do grupo, o que é muito perigoso para a classificação. Contra a Alemanha gostei da azzurra que, infelizmente nao soube aproveitar as oportunidades criadas. Belloti, inclusive, meteu uma bola na trave. Fiquei encantado com o futebol de zappacosta do Torino nos dois jogos. Jogou muito bem na lateral. Enfim, os zagueiros Izzo do genoa e Romagnoli do Milan São muito melhores do que chiellini

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