Seleção italiana

2022, o ano do penta?

Historicamente, quatro países dominam a excelência na formação de jogadores de futebol. Na América do Sul, Brasil e Argentina; na Europa, Alemanha e Itália – seguidos pelas escolas de França, Espanha, Inglaterra, Holanda e das antigas Iugoslávia e União Soviética. Não é à toa que o quarteto citado acima integra o time dos grandes campeões mundiais, juntamente com o “intruso” Uruguai, e quase sempre está presente no grupo dos favoritos ao título da Copa do Mundo.

É verdade que a Nazionale italiana ficou afastada das coirmãs nas duas últimas edições do torneio, mas o futuro parece mais brilhante: a Itália tem tudo para voltar a brigar seriamente em Mundiais, caso confirme as expectativas e garanta vaga na Rússia e no Catar. A atual geração, forte o bastante para incomodar em 2018, tem gabarito suficiente para formar um time ainda mais cascudo para 2022 e para ser considerada a “geração de ouro” do tradicionalíssimo futebol do Belpaese. Um peso enorme e que cria expectativas: em 2022, quais são as chances de a Itália faturar o penta? O Quattro Tratti aproveita o questionamento para projetar o futuro azzurro, elencando jogadores que hoje tem menos de 25 anos e estão no radar da seleção. Confira.

Goleiros

Radar QT: Donnarumma (18 anos, Milan), Sportiello (24, Fiorentina), Perin (24, Genoa), Meret (19, Spal/Udinese), Scuffet (20, Udinese), Gollini (22, Atalanta), Cragno (22, Benevento/Cagliari), Bardi (25, Frosinone/Inter) e Leali (24, Olympiacos/Juventus)

A briga pelo posto de sucessor de Buffon era acirrada até Donnarumma surgir no Milan, quebrar a hierarquia e se tornar o herdeiro de seu xará. Gigio terá somente 22 anos no Catar, mas chegará com pinta de veterano e pilar da seleção: titular absoluto do gigantesco clube rossonero, o goleiro de 1,96m já fez três jogos pelos azzurri e tem potencial para ser dono da posição por duas décadas.

O maior concorrente de Donnarumma é Perin, do Genoa. Oito centímetros menor que o milanista (tem 1,88m), Mattia se destaca pelos reflexos e pela reatividade, mas até agora não foi testado em um clube de tanta expressão quanto o Milan – na Serie A, só defendeu Pescara e Genoa – e também tem contra si um histórico de lesões nos joelhos. Sportiello é outro concorrente de bom nível, mas após surgir bem na Atalanta, perdeu espaço e ainda não se tornou titular da Fiorentina. Até 2022, a dupla tem tempo de evoluir e continuar mostrando qualidade, mas dificilmente ameaçarão o posto de Gigio.

Entre os que correm por fora, todos tem passagens pelas seleções de base e experiência como profissionais. No momento, Gollini parece o mais preparado, pois tem boa rodagem e mostrou bastante segurança pelo Verona, salvando-se na campanha do rebaixamento gialloblù. A Udinese tem dois goleiros interessantes sob contrato, mas parece que Meret – titular da Spal, postulante ao acesso na Serie B – já tem a admiração de Ventura e do próprio clube, o que pode forçar Scuffett a se transferir para outra praça para recuperar o espaço e o nível de seu surgimento, em 2014.

Cragno, Bardi e Leali fecham a lista, mas precisam dar um rumo na carreira: eram cotados como futuros goleiros de ponta quando juvenis, mas acumulam falhas que tem comprometido sua carreira. Felizmente, são jovens o bastante para se recuperarem. De qualquer jeito, a posição está bem representada e a escola italiana de goleiros continua sua produção de qualidade em larga escala.

Defensores

Radar QT: Rugani (22 anos, Juventus), Caldara (22, Atalanta/Juve), Romagnoli (22, Milan), Zappacosta (24, Torino), De Sciglio (24, Milan), Spinazzola (24, Atalanta/Juve), Conti (23, Atalanta), Bastoni (18, Atalanta), Dimarco (19, Empoli/Inter), Masina (23, Bologna), Barreca (22, Torino), Calabria (20, Milan), Murru (22, Cagliari), Izzo (24, Genoa), Bonifazi (20, Spal/Torino) e Sala (25, Sampdoria)

Após a aposentadoria de Cannavaro, chegou a haver certo temor de que a Itália não teria zagueiros à altura de suas tradições. A afirmação do trio BBC (Barzagli, Bonucci e Chiellini) afastou esta hipótese e a tendência é de que a Squadra Azzurra continue com uma linha defensiva de respeito. Três jogadores despontam como favoritos às vagas de defensores centrais da seleção: Rugani e Caldara, futuros titulares da Juventus, e Romagnoli, líder da zaga do Milan.

Os dois primeiros destacam-se por dominar todos os fundamentos com excelência, serem pouco faltosos e ainda marcarem gols de vez em quando, enquanto o milanista tem a velocidade, a técnica e a versatilidade (pode ser lateral esquerdo) como pontos fortes. Flexibilidade também é o forte de Izzo, defensor do Genoa que atua em todas as funções defensivas e que, caso seja inocentado da acusação de colaboração com esquema de apostas ilegais, será útil para a Itália. Para o futuro, olho em Bastoni e Bonifazi.

Nas laterais (ou alas, a depender do esquema), a Nazionale também está bem servida. Ótimo no apoio e competente na fase defensiva, Zappacosta é o atual titular azzurro pelo lado direito, enquanto o rossonero De Sciglio, de bom valor tático, também tem cancha pela seleção – embora não seja dono da posição pelo flanco oposto. Spinazzola, que também já estreou com o manto tetracampeão e é de propriedade da Juve, é um coringa: atua em bom nível nas duas beiradas da defesa e em qualquer função no meio-campo – algo importante para torneios de tiro curto. Seu colega de Atalanta, o incisivo Conti, deve receber as primeiras oportunidades na seleção ainda em 2017, pois é um dos melhores laterais direitos do campeonato. O nerazzurro apoia com muita segurança e, além de três assistências, balançou as redes cinco vezes na Serie A.

Há abundância de nomes sub-25 convocáveis para este setor. Prova disso é que o granata Barreca, uma das grandes revelações da temporada, ainda não foi chamado para um teste na lateral esquerda azzurra. Outros jogadores da mesma posição que apareceram bem na base e rapidamente subiram ao profissional – casos de Murru, Dimarco e do ítalo-marroquino Masina – também podem ganhar oportunidades na Nazionale e cavar seu espaço quando os favoritos estiverem indisponíveis. Na ala direita, o material é um pouco mais escasso. Calabria, produto da base do Milan, é cotado para ter um futuro interessante, ao passo que o experiente e versátil Sala já mostrou qualidade com o Verona, embora esteja sendo pouco utilizado nesta temporada pela Sampdoria.

Meio-campistas

Radar QT: Verratti (24 anos, Paris Saint-Germain), Gagliardini (23, Inter), Jorginho (25, Napoli), Benassi (22, Torino), Locatelli (19, Milan), Melegoni (18, Atalanta), Barella (20, Cagliari), Pellegrini (20, Sassuolo), Mazzitelli (21, Sassuolo), Grassi (22, Atalanta/Napoli), Cataldi (22, Genoa/Lazio), Mandragora (19, Juventus), Baselli (25, Torino), Sturaro (24, Juve), Viviani (25, Bologna/Verona), Saponara (25, Fiorentina) e Sensi (21, Sassuolo).

Sem dúvidas, o grande líder técnico da seleção italiana dos próximos anos se chama Marco Verratti. Não dá para imaginar uma Nazionale sem as suas idas e vindas no meio-campo, seu trabalho sujo e seus passes que quebram as linhas adversárias. O regista, no entanto, estará muito bem acompanhado e terá colegas de alto nível a seu lado, em um dos setores com maior número de bons jogadores revelados na Itália nos últimos anos. A começar por Gagliardini, um jogador que explodiu tardiamente pela Atalanta, já virou solução e titular absoluto da meia cancha da Inter e é tido por De Rossi como seu sucesso na seleção.

Entre os chamados “box to box”, a Itália tem dois nomes bastante prontos, valorizados nas mãos de Ventura em sua passagem no Torino: Benassi e Baselli são jogadores guerreiros, com grande saber tático e potencial de chegada na área. Com futebol parecido, o jovem Pellegrini, revelado pela Roma e atualmente um dos pilares do Sassuolo, é outro que está sendo observado pelo estafe técnico azzurro e pode virar habitué do centro de treinamento da FIGC, em Coverciano.

Um pouco mais defensivos, o juventino Sturaro e o laziale Cataldi (atualmente emprestado ao Genoa) são jogadores com bastante experiência na Serie A e constituem opção interessante para congestionar o meio-campo e ter gás no setor sem perder intensidade nos 90 minutos. Com estilo cerebral, o ítalo-brasileiro Jorginho já foi convocado para a seleção e tem a possibilidade de receber novas oportunidades – principalmente com o aprendizado absorvido com a convivência com Sarri. Correndo por fora, Grassi, Mazzitelli, Viviani, Sensi e Saponara já demonstraram potencial nas seleções de base e em seus clubes. Se recuperarem regularidade (casos dos dois últimos) ou continuarem em ascensão, poderão receber as primeiras convocações para o time principal azzurro.

Pensando num futuro mais próximo, a Nazionale certamente será o destino de Locatelli, uma das grandes revelações do Milan nos últimos tempos – o meia central já convocado para um período de testes em Coverciano. O setor ainda poderá contar com a personalidade de Mandragora, um volante versátil e canhoto, que não sentiu o peso da estreia na Serie A e já se transferiu do Genoa para a Juve. Contará também com a habilidade de Melegoni e Barella, dois meias ofensivos e que sabem tratar a bola muito bem. A Itália está bem coberta no setor ao longo da próxima década.

Pontas

Radar QT: Bernardeschi (23 anos, Fiorentina), Insigne (25, Napoli), Berardi (22, Sassuolo), El Shaarawy (24, Roma), Sansone (25, Villarreal), Chiesa (19, Fiorentina), Politano (23, Sassuolo), Orsolini (20, Ascoli/Juve), Caprari (23, Pescara/Inter), Verdi (24, Bologna) e Di Francesco (22, Bologna)

A Itália tricampeã em 1982 e a que ficou com o tetra em 2006 tinha duas coisas em comum: esquemas táticos que tinham um forte fluxo ofensivo pelas beiradas do campo. A Nazionale das décadas de 10 e 20 do século XXI também terá estas características, continuando um percurso iniciado por Prandelli e seguido por Conte e Ventura, mas com uma vantagem: nesta geração, os meia-atacantes que atuam pelas pontas têm faro de gol apuradíssimo.

Os habilidosos Bernardeschi e Insigne serão os dois grandes nomes do selecionado azzurro no setor. A dupla deverá ter a concorrência e a companhia de outro jogador, canhoto como o 10 da Fiorentina: Berardi, o principal jogador da seleção sub-21. O jovem atacante do Sassuolo ainda não recebeu convocações para a principal e vem de duas temporadas abaixo do nível que já demonstrou anteriormente – problemas físicos e disciplinares o atrapalharam –, mas tem tudo para dar a volta por cima. Assim que alcançar maturidade suficiente, vestirá a camisa azzurra.

Jogadores mais experientes, como El Shaarawy e Sansone, certamente farão parte do ciclo Catar 2022, mas chegarão no Mundial beirando os 30 – o que pode fazer com que o treinador do momento dê chance a jogadores mais jovens. Um dos mais interessantes da lista é Chiesa, “filho da arte”: o esterno da Fiorentina é certeza de trabalho duro pelo flanco direito e é uma opção interessante pela versatilidade. O mesmo vale para Di Francesco, outro que já nasceu respirando futebol. Caso os dois consigam chegar à seleção principal, repetirão os Mazzola e os Maldini, únicos pais e filhos que jogaram pela Itália.

Como opções mais agudas para a Nazionale, a nova geração tem os habilidosos Politano, Caprari e Verdi – o último já estreou pela Itália. O trio deve aparecer em convocações de Ventura antes mesmo da Copa de 2018, ao passo que Orsolini é um nome para o futuro, já que está destinado a explodir pela Juventus.

Atacantes

Radar QT: Belotti (23 anos, Torino), Petagna (21, Atalanta), Gabbiadini (25, Southampton), Zaza (25, Valencia/Juventus) e Cerri (20, Pescara/Juventus)

Andrea Belotti dispensa apresentações. O artilheiro da Serie A já ganhou a camisa 9 da seleção e deve ser o titular da Squadra Azzurra por muitos anos – provavelmente até decidir, por conta própria, não servir mais à Nazionale. A grande fase do jogador do Torino fecha as portas para seus concorrentes, mas o fato é que, até o momento, a Itália ainda tem poucos centroavantes sub-25 capazes de lhe fazer sombra. Dois deles, bastante conhecidos, ainda tardam a convencer com a camisa azul e vivem de fases em seus clubes – falamos de Gabbiadini e Zaza.

A briga para a função de “vice-Belotti”, então, poderia ficar aberta para jogadores mais novos. No momento, o mais cotado é Petagna, atacante corpulento e ótimo pivô da Atalanta, mas o nerazzurro tem uma clara deficiência em relação ao granata: faz poucos gols, de modo que cumpriria outro papel em campo. Cerri, que fez dois gols pelo Pescara (clube em que atua desde janeiro), surgiu como artilheiro nas categorias de base e já foi contratado pela Juventus. Se desabrochar nos próximos anos, o centroavante da sub-21 pode ser um nome interessante para a função.

Enquanto isso não acontece, a seleção italiana poderá apostar em jogadores mais experientes para o setor. Ou simplesmente confiar no poder de decisão de Belotti e dos seus pontas goleadores. Convenhamos, não será nenhum sacrifício, considerando que Insigne e Bernardeschi estão entre os 15 maiores artilheiros desta Serie A.

O projeto técnico
É bastante improvável que Ventura prossiga no comando da seleção italiana após a Copa de 2018, independentemente do resultado que obtiver. Não por falta de qualidade ou inconsistência no projeto, mas por uma questão importante: sua idade. Atualmente com 69 anos, está em uma fase da vida em que pode precisar de cuidados médicos intensificados e pode decidir descansar e se aposentar, a depender do que acontecer na Rússia. Isto, claro, é apenas hipótese, pois o genovês aparenta ter uma saúde de touro. Seu bronzeado constante e o matrimônio realizado no ano passado são fortes indícios disto.

Caso Ventura não permaneça, os nomes desejados pela FIGC concebem o futebol de uma maneira similar à sua. O futebol propositivo de Sarri seria o sonho proibido, mas como dificilmente o treinador deixaria o Napoli, Di Francesco é o mais forte candidato para o pós-2018. Considerando que nosso radar captou vários jogadores que atuam ou já atuaram pelo Sassuolo, a escolha ainda poderia facilitar o processo de entrosamento da seleção.

De qualquer forma, a seleção deverá ter alguns jogadores mais experientes entre os convocados tanto para 2018 quanto para 2022 – e para a Euro 2020 também. Pensando no Mundial do Oriente Médio, os veteranos que surgem como candidatos mais fortes para serem lembrados são os seguintes: Bonucci (terá 35 anos em 2022), Marchisio (36), Darmian (32), Florenzi (31), Bertolacci (31), Soriano (31), Candreva (35), Bonaventura (33), Immobile (32), Balotelli (32) e Destro (31). A briga será boa e a Itália vai encarar qualquer seleção de igual para igual.

Seleção 2022 do blog (considerando a fase atual e o potencial de evolução dos mais jovens)

Convocados
Goleiros: Donnarumma, Perin e Sportiello.
Defensores: Rugani, Caldara, Romagnoli, Bonucci, Conti, Zappacosta, Barreca e Spinazzola.
Meias: Verratti, Gagliardini, Benassi, Pellegrini, Baselli e Florenzi.
Atacantes: Belotti, Bernardeschi, Insigne, Berardi, Immobile e Chiesa.

Lista de espera: Gollini, De Sciglio, Mandragora, Cataldi, Locatelli, Petagna e El Shaarawy.

Onze inicial
Donnarumma; Zappacosta, Rugani, Caldara, Barreca; Gagliardini, Verratti, Benassi; Berardi, Bernardeschi; Belotti.

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9 comentários

  • Pol Lirola, Zappacosta e Florenzi são garantias para a LD nos próximos anos. Mas uma dúvida? Insigne é mesmo canhoto? Sempre me pareceu destro…

  • 1970 finalista —- 12 anos — 1982 vencedor —- 12 anos —- 1994 finalista —- 2006 vencedor —- 2018? (ano de perder para o Brasil) —- 2030 vencedor. xD
    A história vale o que vale e estou a brincar, mas apesar do talento, as selecções jovens italianas não tem brilhado nos torneios continentais, equipas como França, Inglaterra, Portugal e Espanha tem constatemente apresentado melhores resultados, pelo que não creio que a azurra esteja com grandes condições de chegar a 2022 e sair vencedor do mundial.

  • mas nao é com este seleccionador que a italia vai la, a italia ja nao possui o estilo de jogo que a caracterizava, tem interpretes que nao podem nao chegar aos calcanhares de algumas lendas de um passado recente, mas tem qualidade para levar a italia e seus clubes ao topo.

    a principal falha desta italia que falhou o mundial, foi a indefinicao tactica de um selecionador teimoso, ora apostava naquele esquema de 3 centrais, ja algo lentos e sem capacidade de sair com a bola jogada criando o desequilibrio ( viu-se hoje em milao contra a suecia ) ora apostava num 4-24 suicida, como foi contra a espanha, tambem nao se viu uma referencia que ligasse o meio campo e ataque, um organizor de jogo, nao se viu fio de jogo, uma ideia, nao se viu um Plano B, viu-se sim um seleccionador que confiava na capacidade individual dos seus jogadores para resolver, mas alguns deles descolados em campo e fora do seu habitat natural nao conseguiam render o esperado.

    a minha Doce e bela italia esta de fora do mundial com muita pena minha, mas secalhar era preciso acontecer para acordar os dirigentes federativos, porque uma situacao destas é imperdoavel quando se tem tanta qualidade ao dispor.

    esperemos que o proximo mundial me de uma alegria ou entao no proximo euro, e que o meu milan recupere a força de outros tempos.

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