Serie A

As raízes táticas da Inter: foco na defesa orientou os grandes times da história nerazzurra

Não existe uma fórmula mágica para ser vitorioso no futebol: não existe um monopólio da virtude e caminhos diferentes ou até mesmo antagônicos podem levar ao Olimpo. Contudo, alguns clubes chamam atenção por terem uma identidade bastante marcante, com características de jogo que podem ser observadas desde as categorias de base. Através do trabalho de Johan Cruyff e o desenvolvimento do jogo de posição, Ajax e Barcelona são os exemplos mais óbvios nesse sentido.

Como vários outros clubes, a Inter não tem uma identificação tão clara e suas características, sistemas e estratégias podem mudar de acordo com os treinadores e as diretorias. Contudo, historicamente a agremiação nerazzurra está associada a um futebol defensivo. O jogo à italiana, a exemplo do catenaccio e da zona mista, está no sangue das grandes equipes interistas e de seus principais comandantes.

Depois de Virgilio Fossati, primeiro capitão do clube e líder da comissão técnica que administrava a equipe nos seus primeiros anos, o inglês Bob Spottiswood foi o primeiro treinador profissional da Inter. Como outros compatriotas, ajudou a profissionalizar o futebol italiano, porém teve um trabalho sem grandes resultados em Milão, entre 1922 e 1924.

Na sequência, os húngaros também tiveram bastante participação na consolidação do esporte na Itália e a Inter não esteve alheia a isso. Se Fossati morreu lutando na guerra em 1916, Árpád Weisz e sua família foram uma das tantas vítimas do Holocausto em 1944. Antes, entrou para a história como o treinador mais jovem a conquistar o scudetto, aos 34 anos.

O jovem húngaro teve três passagens pelo clube, entre 1926 e 1928, 1929 e 1931 e 1932 e 1934, conquistando o título do primeiro Campeonato Italiano disputado por pontos corridos, em 1930. Weisz foi responsável por descobrir e promover Giuseppe Meazza, ainda hoje o maior artilheiro da Inter e um dos maiores jogadores da história do futebol do Belpaese.

Apesar de ter sido um dos primeiros treinadores a implementar na Itália o sistema de Herbert Chapman, mais conhecido como WM ou 3-2-2-3, seu primeiro time campeão italiano ainda jogava no metodo de Vittorio Pozzo, o WW ou 2-3-2-3. Na sua formação, além de Meazza, estavam Armando Castellazzi, que oito anos depois seria o treinador do scudetto de 1938, e Gipo Viani, que se consolidaria como técnico no Milan.

Viani se tornou uma das figuras mais emblemáticas do futebol italiano a partir da década de 1940. Pioneiro no desenvolvimento de conceitos como líbero e falso 9, foi importante na consolidação do catenaccio através do seu esquema, o vianema, e também na formação de novos treinadores, a exemplo de Nereo Rocco, grande rival da Inter nos anos 60.

Em 1953, as estratégias defensivas do catenaccio já estavam difundidas, a exemplo do trabalho do austríaco Karl Rappan na Suíça, duas décadas antes. Contudo, nenhum italiano ainda tinha sido campeão utilizando a estratégia até Alfredo Foni. Ex-jogador da Juventus, o jovem treinador se valeu de uma novidade para encerrar o jejum de 13 anos sem scudetti dos nerazzurri.

Partindo de um WM, a formação de Foni tinha desenhos diferentes com e sem a bola. Na fase defensiva, o lateral-direito Ivano Blason recuava para atuar como a sobra da primeira linha, marcando livre dos encaixes individuais. Já o ponta-direita Gino Armano assumia o lado destro da defesa e o meia-direita Bruno Mazza fechava uma segunda linha de três.

Weisz, à direita, ainda como jogador, foi o primeiro técnico relevante da Beneamata (Arquivo/Inter)

Considerados os craques da equipe, Lennart Skoglund, Benito Lorenzi e István Nyers sobravam na frente, com espaço para contra-atacarem, enquanto Blason, Mazza e Armano retornavam para suas funções originais. Dona da defesa menos vazada naquele ano, a Inter fez um segundo turno bastante tranquilo e conquistou o título com três rodadas de antecedência.

Na temporada seguinte, por pressão da diretoria e da imprensa, Foni acabou não utilizando mais a tática defensiva e a equipe foi bicampeã com o melhor ataque do campeonato. Armano, o ponta que virava lateral na direita, ganhou carta branca para avançar e foi o artilheiro da equipe. De qualquer forma, na década seguinte, o catenaccio voltaria a ser trabalhado no clube, e com resultados ainda mais valiosos.

Depois de Foni, que saiu para trabalhar na Federcalcio, a Inter teve novo período sem títulos. O novo presidente do clube, Angelo Moratti, então pensou fora da caixa e pela primeira vez contratou um treinador que não fosse italiano, britânico ou húngaro. Se tratava de Helenio Herrera, um francês filho de espanhóis que nasceu na Argentina e cresceu no Marrocos.

Um verdadeiro cosmopolita, que representava perfeitamente o lema do clube: “Internazionale, porque somos irmãos do mundo”. Ex-treinador do Barcelona e da Espanha, Herrera revolucionou o futebol italiano com avanços em psicologia, nutrição, preparação física e observação dos adversários. A seu pedido, a Inter construiu seu primeiro centro de treinamento.

Ainda hoje, HH é o treinador mais longevo da história do clube milanês e o estrangeiro que mais tempo ficou na Itália – o checo Zdenek Zeman, por ter se naturalizado italiano, não entra na conta. Helenio trabalhou por oito anos consecutivos na Inter, entre 1960 e 1968 e teve outra passagem entre 1973 e 1974. Herrera também é recordista em partidas, 366 oficiais, e títulos, sete ao todo. Foram três Serie A, duas Copas dos Campeões e duas Copas Intercontinentais.

Os resultados eram muito expressivos para um clube que já era grande na época, uma vez que havia conquistado sete scudetti antes de o franco-argentino chegar. Contudo, foi Herrera que transformou a Inter num clube de dimensões mundiais: a Copa das Feiras e a Copa dos Campeões haviam sido criadas nos anos 1950 e, até aquele momento, o time nerazzurro era pouco experimentado internacionalmente. O respeito e os títulos europeus foram alcançados também através da sua tática, que causou choque para os adversários de fora da Itália. As críticas foram tão extremas que alguns chamaram a estratégia de antifutebol.

Herrera, que se formou e construiu a maior parte de sua trajetória no futebol da França e da Espanha, se adaptou à Itália com outra interpretação do catenaccio, à época vitorioso nas mãos de Gipo Viani e Nereo Rocco no rival Milan. Adepto do WM (3-2-2-3), o treinador tirou um jogador do meio-campo para ter um líbero. Uma peça livre dos encaixes individuais para cobrir eventuais espaços atrás da primeira linha.

Se tratava do experiente Armando Picchi, antes lateral-direito. Uma das anedotas da época era a seguinte: dizia-se que o capitão nerazzurro tomava um café com o goleiro Giuliano Sarti, tamanha proximidade posicional entre os dois. Enquanto isso, o restante do time se ocupava cada um de um adversário, em uma clássica marcação individual que “bagunçava” o sistema tático.

No papel, a formação interista poderia parecer um 4-3-3, ou 1-3-3-3, mas na prática o desenho variava de acordo com o adversário. Afinal de contas, se o zagueiro central Aristide Guarneri marcava o centroavante, o lateral-direito Tarcisio Burgnich ficava com o “craque” do outro time – nos títulos europeus, Ferenc Puskás, do Real Madrid, e Eusébio, do Benfica.

Foni tinha grande preocupação com a preparação atlética dos jogadores (Arquivo/Inter)

Já o outro defensor da primeira linha, o lateral-esquerdo Giacinto Facchetti, ficava com o ponta-direita, enquanto o volante Gianfranco Bedin ou seus antecessores Franco Zaglio e Carlo Tagnin, eram responsáveis pelo regista (ou playmaker), o principal criador do adversário: Alfredo Di Stéfano e Mário Coluna, citando novamente as finais europeias de 1964 e 1965.

Todos esses encaixes transformavam a formação da equipe de Herrera, que poderia ter o volante atrás do zagueiro central, o lateral-direito no centro e o lateral-esquerdo na direita. O ponta-direita Jair da Costa, segundo brasileiro da Inter depois de Achille Gama – um dos fundadores do clube –, também assumia uma função próxima à executada por Gino Armano sob o comando de Foni, em 1953.

Além de tudo isso, o time marcava de forma recuada, esperando o adversário chegar na sua intermediária para pressionar em busca de um contra-ataque. Comportamento que deixou britânicos e ibéricos horrorizados na época: eles enxergavam o futebol de outra forma, apesar de hoje ser bastante comum para qualquer equipe marcar em bloco médio-baixo.

É importante ressaltar que essa estratégia não era repetida semanalmente por Herrera. O franco-argentino foi um dos primeiros treinadores que realmente tinham o hábito de estudar os adversários a fundo, e inclusive viajava para assistir Real Madrid, Benfica, Celtic, Liverpool e outros de seus principais rivais europeus à época. Essa observação era vital para que HH preparasse seu time para esses jogos “especiais”.

Herrera, porém, tinha suas próprias convicções e a equipe jogava de forma ofensiva no campeonato. Inclusive, nos três scudetti conquistados pelo treinador, a Inter teve um ataque prolífico e viu o meia-atacante Sandro Mazzola virar artilheiro, enquanto Jair e Angelo Domenghini também mantinham uma boa cota de gols, assim como os meias Luis Suárez e Mario Corso.

Já Facchetti revolucionou a figura do defensor: foi pioneiro na Europa ao avançar para o ataque e participar da construção e da finalização das jogadas. Inclusive, os encaixes individuais facilitavam que o lateral aparecesse em posições inesperadas e sem marcação. Giacinto encerrou a carreira como o defensor com mais gols na Serie A e serviu de inspiração para Franz Beckenbauer.

Com o envelhecimento do time e a saída de Herrera, a Inter enfrentou um novo período de seca após o scudetto de 1971. Este título já foi conquistado sob as ordens de Giovanni Invernizzi, ex-jogador nerazzurro criado nas categorias de base do clube e que, até então, era o treinador do sub-19. As derrotas nas finais europeias para Celtic, em 1967, e Ajax, em 1972, representaram um momento em que o catenaccio foi superado.

A seleção italiana, apesar do título europeu em 1968 e do vice mundial em 1970, também não prosperava como se almejava. Por influência da queda na Copa de 1966 com derrota para a Coreia do Norte, a FIGC colocou o futebol nacional em uma bolha, não permitindo a contratação de novos estrangeiros. A época de vacas magras serviu para o jogo à italiana se reinventar e se modernizar, adotando princípios do totaalvoetbal holandês.

Luigi Radice e Giovanni Trapattoni, ex-jogadores de Viani e Rocco no Milan entre os anos 1950 e 1960, surgiram como as figuras da nova cara do futebol italiano em Turim, comandando, respectivamente, Torino e Juventus. Através da zona mista, como explícito no nome, misturaram os sistemas de marcação individual e zonal com outros princípios como o pressing.

Helenio Herrera, o mais vitorioso técnico nerazzurro (Liverani)

Durante o período, a Inter desenvolveu as maiores gerações do seu setor juvenil, seguindo o legado de Invernizzi, Corso, Mazzola, Facchetti e Bedin. A primeira, comandada por Eugenio Bersellini, teve Ivano Bordon, Graziano Bini, Giuseppe Baresi, Nazzareno Canuti, Gabriele Oriali e Carlo Muraro, que formaram a base de time durante os anos 1970 e 1980.

A segunda foi treinada pelo ex-milanista e juventino Trapattoni durante os tempos de ouro do futebol italiano, reaberto para os craques estrangeiros. Era liderada por Baresi, 12º jogador da formação composta pelo trio alemão Andreas Brehme, Lothar Matthäus e Jürgen Klinsmann, que também tinha Walter Zenga, Giuseppe Bergomi e Riccardo Ferri, todos produtos de Interello.

Com Bersellini, o grande destaque da equipe era a dupla de canhotos do Brescia, o meia-atacante Evaristo Beccalossi e o centroavante Alessandro Altobelli, segundo maior artilheiro da história da Inter. Para aproveitar o melhor dos dois, o treinador teve uma interpretação mais incomum à época da zona mista, utilizando um losango no meio-campo.

Beccalossi, um tradicional regista, participava pouco sem a bola e era protegido por três volantes. Outra curiosidade: enquanto Gianpiero Marini era um tradicional marcador italiano, baixinho e agressivo, que protegia o lateral-esquerdo (Baresi ou Oriali) e as costas do ponta-esquerda Muraro, o ponta Domenico Caso inverteu com Giancarlo Pasinato.

Para auxiliar Bini, um elegante líbero de alta estatura que avançava com a bola e participava da construção, Bersellini colocou Caso na frente da defesa, operando como um terceiro regista. Já Pasinato, forte e incansável, assumiu o lado direito, e ficou responsável por marcar o terzino fluidificante – função inventada por Facchetti, que agia como uma espécie de lateral ofensivo.

Nove anos depois, após experimentos falhos com Rino Marchesi e Radice, treinadores mais ofensivos, a Inter finalmente parou o Napoli de Diego Maradona e o Milan de Arrigo Sacchi com Trapattoni. A equipe foi campeã italiana com um mês de antecedência e fechou a campanha com a maior pontuação da época em que as vitórias valiam dois pontos, além do maior número de triunfos o menor de derrotas, o melhor ataque e a melhor defesa. Era o “scudetto dos recordes”.

O time superou as saídas dos ídolos Oriali e Altobelli com um grupo mais consistente e reforçado por Brehme e Matthäus, peças imprescindíveis no sistema. Se tratava de um 4-4-2 padrão da zona mista, com um lateral-direito, um líbero, um stopper, um terzino fluidificante, um ala tornante, um volante, um regista, um mezz’ala, um centroavante e um segundo atacante. Contudo, a equipe tinha algumas diferenças referentes à fase ofensiva e à movimentação dos jogadores.

Bergomi, por exemplo, subia com frequência pela direita, ao contrário do que normalmente acontecia com os laterais daquele lado na época, que se comportavam como um terceiro zagueiro – inclusive causando uma confusão de que os times jogavam no 3-5-2. Matthäus também não era o típico regista da época e se aproveitava dos avanços dos líberos, Andrea Mandorlini ou Sergio Battistini, para atacar a entrada da área com o apoio do pivô de Aldo Serena. Já Nicola Berti se movimentava por todo o seu setor, atacando a segunda trave nos cruzamentos da direita e trocando de posicionamento com Brehme, que tinha a tendência de avançar por dentro.

Além do scudetto de 1989, a equipe conquistou a primeira Supercopa Italiana do clube um ano depois e também a primeira Copa Uefa, em 1991. Três anos depois, já com um elenco diferente, mas utilizando a mesma estratégia com o interino Marini – aquele que foi volante com Bersellini –, a Inter ganhou sua segunda Copa Uefa nos tempos do domínio europeu do jogo à italiana.

Bersellini foi o primeiro técnico que utilizou a zona mista na Inter (Liverani)

Antes de Marini, o presidente Ernesto Pellegrini tentou seguir a tendência ditada por Sacchi no rival Milan, mas o trabalho de Corrado Orrico, adepto da marcação zonal, não deu certo por conflitos com os jogadores, acostumados com a marcação mista. O mesmo ocorreu com Osvaldo Bagnoli, que tentou implantar o pressing, também teve resistência dentro do grupo.

Sob a direção do presidente Massimo Moratti, a Inter tentou jogar como os ingleses. Por isso, o filho de Angelo decidiu contratar o manager Roy Hodgson. O rígido 4-4-2 do britânico criou conflitos na primeira temporada, com resultados decepcionantes e um desentendimento com Roberto Carlos, que queria ser utilizado na lateral e acabou vendido ao Real Madrid em 1996.

Na segunda temporada, o britânico levou a equipe para a final da Copa Uefa, mas a derrota na disputa por pênaltis para o Schalke 04, somada à eliminação nas semifinais da Coppa Italia para o Napoli, também nas penalidades, acarretou em sua demissão. A equipe jogou as últimas duas rodadas da Serie A com um interino e concluiu o campeonato na terceira posição, fora da Liga dos Campeões.

Porém, os anos 1990 e 2000 viram a reinvenção do catenaccio, revisado depois do fenômeno Sacchi. O jogo à italiana moderno nascia a partir de princípios da marcação zonal e do pressing misturados ao tradicional jeito italiano de se defender: respectivamente, o coordenado balanço defensivo e a procura por um time sempre compacto e estreito mais o posicionamento em bloco médio ou baixo e os encaixes individuais. A Inter não ficou de fora dessa tendência.

Para apaziguar os ânimos do fracasso com Hodgson, em 1997 Moratti fez a maior contratação do clube, o ballon d’or Ronaldo, e levou Luigi Simoni para a Pinetina, com o intuito de ter um técnico de perfil mais agregador. Apesar da rápida passagem, Gigi teve bastante impacto esportivo e identificação com torcida e os jogadores, além de ter retomado o tradicional jogo à italiana para acomodar os craques Ronaldo e Youri Djorkaeff.

Além de sempre contar com um líbero, Salvatore Fresi ou Bergomi, Simoni utilizava pela direita um lateral mais defensivo, como Francesco Colonnese ou Luigi Sartor, e preferia povoar o centro da zaga com um jogador mais físico, como Taribo West ou Fabio Galante. Na esquerda, normalmente tinha Javier Zanetti, que progredia regularmente com a bola – tanto por fora como por dentro.

No meio-campo, Gigi sempre tinha um trio de volantes, escolhidos entre Aron Winter, Benoît Cauet, Diego Simeone, Zé Elias e Paulo Sousa. Tecnicamente complementares, se assemelhavam pelo modo agressivo na marcação e pelo ritmo que davam ao jogo. Uma boa sustentação para o trio ofensivo, que tinha peças como Francesco Moriero, Djorkaeff, Ronaldo e/ou Iván Zamorano.

O sistema tático, portanto, variava conforme o adversário e a disponibilidade dos atacantes. O ponta Moriero era um titular frequente semanalmente, a exemplo dos dérbis contra Milan e Juventus, em que a equipe jogou no 4-3-2-1, mas Zamorano também disputava partidas importantes e foi titular na final da Copa Uefa, no 4-3-1-2. Seu trabalho, contudo, durou apenas mais quatro meses na temporada seguinte, 1998-99. O romeno Mircea Lucescu o substituiu, mas também não conseguiu exprimir o melhor do grupo e pediu demissão em abril.

Após breve passagem de Hodgson como interino, o influente Marcello Lippi foi contratado para liderar uma reformulação do elenco e adaptá-lo a seu estilo. O ex-treinador da Juventus seguia a tendência da época, alternando entre um 4-4-2 e um 3-4-1-2, com muita rigidez e pouco movimento. A equipe não teve consistência defensiva e produção ofensiva, e o início ruim na segunda temporada lhe custou a cabeça. Seu substituto, o ex-volante Marco Tardelli, contudo, não mudou a forma de trabalho e teve resultados ainda inferiores. Isso abriu espaço para que, em 2001, o argentino Héctor Cúper – bem avaliado por bons trabalhos no futebol espanhol – fosse contratado.

Atualizando o catenaccio, Trapattoni contou com um Matthäus em grande forma para bater recordes pelos nerazzurri (Arquivo/Inter)

O ex-treinador de Mallorca e Valencia trouxe justamente a estabilidade almejada, conseguindo campanhas consistentes tanto no campeonato quanto nas competições europeias. De qualquer forma, os títulos nunca vieram. Em 2002, deixou o scudetto escapar na última rodada da Serie A e foi eliminado nas semifinais da Copa Uefa para o Feyenoord. Na segunda temporada, a equipe de Cúper novamente esteve na briga pelo título italiano, mas uma derrota por 3 a 0 para a Juventus praticamente deu fim à disputa. Na Liga dos Campeões, outra dolorosa eliminação nas semifinais, dessa vez para o rival Milan. Novamente, a rigidez do sistema, o 4-4-2, foi alvo de críticas, assim como o seu comportamento conservador.

Sem credibilidade pelas chances perdidas e com a diretoria pressionada, o trabalho de Cúper no terceiro ano durou somente até outubro. Alberto Zaccheroni, ex-Udinese, Milan e Lazio, foi contratado para mais uma mudança no perfil tático. Foi uma experiência breve: adepto de sistemas com três zagueiros, entre 3-4-3 e 3-5-2, Zac encontrou resistência na equipe e teve resultados abaixo das expectativas.

Em 2004, Zaccheroni foi substituído na Inter pelo mesmo técnico que o sucedeu na Lazio: Roberto Mancini. O marquesão não levou consigo grandes novidades do ponto de vista tático. Seguindo o perfil dos outros treinadores, trabalhou para ter uma equipe consistente defensivamente e manteve o sistema de rotação de jogadores, jamais tendo uma formação fixa, apesar de sempre utilizar o 4-4-2.

Jogando dessa forma, a Inter de Mancini se tornou uma das equipes mais consistentes da história do futebol italiano, embora raramente tenha brilhado aos olhos dos seus torcedores – títulos à parte. Em quatro anos, empatou com Herrera com sete títulos, sendo três scudetti (o único a ter ganhado consecutivamente), duas copas e duas supercopas nacionais.

Na primeira temporada, a equipe de Mancio concluiu a Serie A com apenas duas derrotas, mas empatou muito e acabou na terceira posição, distante de Juventus e Milan. A Inter foi novamente eliminada pelos vizinhos rossoneri nas quartas de final da Liga dos Campeões, mas Mancini conseguiu logo de cara algo que os oito treinadores que passaram pela Pinetina entre o fim do trabalho de Simoni e o início do seu não obtiveram: uma taça. Com o técnico nascido em Jesi, a Beneamata conquistou sua primeira Coppa Italia em 23 anos, encerrando também um jejum de sete temporadas sem títulos.

Os resultados se repetiriam no ano seguinte: mais uma taça da Coppa Italia, novamente sobre a Roma, eliminação nas quartas da Liga dos Campeões, dessa vez para o Villarreal, e o terceiro lugar na Serie A, com um aproveitamento ligeiramente superior. Com a eclosão do Calciopoli, porém, a Inter herdou o scudetto após as punições a Juventus e Milan.

Na mesma época, Mancini começou a utilizar com mais frequência o 4-3-1-2, sistema tático definidamente adotado a partir de 2006, com as contratações de Maicon, Fabio Grosso, Patrick Vieira, Zlatan Ibrahimovic e Hernán Crespo. Com a chegada do lateral-direito, Javier Zanetti definitivamente virou meio-campista. As constantes ultrapassagens do brasileiro, cobertas pelo capitão, eram um importante mecanismo de ataque. Se esse flanco contava com os apoios de Ibrahimovic, do lado contrário Esteban Cambiasso, Dejan Stankovic e Crespo surgiam na área. Nessa temporada, a Inter foi campeã com recorde de pontos (97), gols marcados (80) e sofreu apenas uma derrota.

Por outro lado, o insucesso europeu começava a incomodar. Depois das duas eliminações nas quartas da Liga dos Campeões, o time caiu na fase anterior para o Valencia em 2007 e para o Liverpool no ano seguinte – também pesavam as duas finais da Coppa Italia perdidas para a Roma. Em março de 2008, Mancini já havia comunicado que não permaneceria no clube para a temporada seguinte. Despediu-se já saturado, conquistando o scudetto apenas na última rodada, graças a uma vitória sobre o Parma – a Roma teve a mão na taça no intervalo da derradeira jornada, mas ficou três pontos atrás.

A diretoria já sondava um substituto para Mancio desde o comunicado da separação. José Mourinho, sem clube desde setembro de 2007, foi o escolhido, gabaritado pelo sucesso internacional com o Porto e as passagens por Barcelona, como auxiliar, e Chelsea. Além dos títulos conquistados, o português contribuiu profundamente com a periodização tática.

Nos anos 1990, Simoni usou uma versão atualizada do “jogo à italiana” e foi vitorioso em Milão (Arquivo/Inter)

Sua concepção do futebol estava bastante atrelada ao 4-3-3, sistema que tentou implantar de início e que lhe serviu para ganhar a Supercoppa – e nada mais. Ricardo Quaresma, a principal contratação do verão, não correspondeu; Mancini, o brasileiro, também não, e a Inter voltou ao 4-3-1-2. Com o esquema que já tinha utilizado no Porto, Mou encontrou a estabilidade para conduzir o time por um caminho tranquilo para o quarto scudetto seguido.

Nas copas, porém, o resultado não foi o mesmo. A eliminação frente à Sampdoria nas semifinais da Coppa Italia e as dificuldades na Liga dos Campeões ligaram o alerta – sobretudo os sinais passados pelo torneio continental, no qual a Inter passou em segundo no seu grupo e caiu já nas oitavas de final para o Manchester United. Mas a lição foi aprendida e na temporada seguinte o cenário seria bastante diferente: a única Tríplice Coroa do futebol italiano teria o lado azul e preto de Milão como destino.

A Beneamata fez um mercado revolucionário, no qual contratou Lúcio, Thiago Motta, Wesley Sneijder, Samuel Eto’o e Diego Milito – jogadores que assumiriam um papel importante na nova equipe. A Inter continuou jogando no mesmo sistema e começou perdendo a Supercopa. A primeira parte da temporada também não foi fácil, com outra classificação apertada na Liga dos Campeões e a vice-liderança na Serie A até a oitava rodada.

De qualquer forma, o mercado de inverno trouxe outra peça fundamental para o triplete interista: Goran Pandev. O macedônio, revelado em Interello, voltou para o clube e provocou uma mudança decisiva na equipe, que passou a jogar no 4-2-3-1, sistema ainda pouco utilizado à época, mas que acabou popularizado pelo sucesso da Inter e teve sua utilização acompanhada por Barcelona e Bayern.

No novo sistema, o time ganhou maior cobertura lateral e compactação, fatores que se provaram decisivos nas partidas da fase final da Liga dos Campeões, assim como na arrancada no campeonato. Defendendo mais organizada, com duas linhas de quatro, e com Sneijder e Milito bem posicionados para o contra-ataque, a Inter viveu seu auge. Foi justamente através de contragolpes finalizados pelo artilheiro argentino que a equipe conquistou seus títulos – primeiro a Coppa Italia contra a Roma, poucas semanas depois de ter recuperado a liderança da Serie A dos próprios rivais da capital. O scudetto foi confirmado apenas na última rodada e, seis dias depois, o triplete foi completado com a vitória sobre o Bayern.

No Santiago Bernabéu, Milito fez sua doppietta completando um passe longo de Júlio César, ganhando no pivô e tabelando com Sneijder para superar Martín Demichelis, e depois lançado por Eto’o, fintando Daniel Van Buyten. Mas Mourinho acabou permanecendo em Madri para treinar o time da casa e a Inter escolheu Rafa Benítez como seu substituto.

Na teoria, a substituição tinha sentido. Afinal de contas, o treinador espanhol também utilizava o 4-2-3-1 e tinha um jeito semelhante de abordar o jogo, priorizando a organização defensiva e a rápida troca de passes curtos, além de marcar por zona. O que a diretoria não contava era como seriam determinantes as diferenças de caráter dos dois, o que custaria a cabeça de Benítez. O elenco, profundamente ligado ao português, rechaçou o seu desafeto logo de cara.

Mesmo com dois títulos conquistados – a Supercopa Italiana e a Copa do Mundo de Clubes, ambas ainda em 2010 –, o treinador espanhol nunca recebeu o apoio do vestiário e dos senadores do grupo. Também perdeu a confiança de Moratti, que não estava disposto a executar as muitas mudanças pedidas por um técnico que, fora o sucesso nas copas, conduzia a Inter ao sétimo lugar na Serie A. Benítez foi demitido logo depois do título mundial e quem o substituiu foi Leonardo, de longa passagem pelo Milan como jogador, diretor e treinador.

O grande mérito do brasileiro foi reunir o grupo e recuperar a equipe, o que aconteceu nos primeiros meses. Com uma incrível arrancada, a Inter voltou para a briga pelo scudetto, conquistando 33 de 39 pontos possíveis, à época um recorde na Serie A, enquanto a virada sobre o Bayern nas oitavas da Liga dos Campeões também empolgou o grupo. Se Milito passava por problemas físicos e Pandev apresentava inconsistência, Leo teve como grandes trunfos o retorno para o 4-3-1-2 e aproximação de Eto’o ao gol adversário.

Mesmo sem aportar grandes novidades táticas, Mancini se tornou um dos principais técnicos da história interista (Liverani)

Defensivamente, porém, o time esteve mal organizado e, no segundo mês de trabalho de Leonardo, a corrida pelos maiores objetivos foi interrompida. A derrota por 3 a 0 para o Milan foi decisiva para os rossoneri ampliarem a vantagem na liderança e encaminharem seu título, ao passo que a equipe se despediu da Liga dos Campões por causa de uma goleada de 5 a 2 para o Schalke 04, em pleno San Siro, nas quartas de final. Para minimizar, a Inter abocanhou a Coppa Italia após bater o Palermo na final.

Leonardo tinha carta branca de Moratti e até já havia desenvolvido feeling com o elenco e a torcida: era possível revolucionar o modo de jogar da Inter e formar uma equipe ofensiva como poucas vezes se vira do lado nerazzurro de Milão. Contudo, durante a preparação para a nova temporada, Leonardo abandonou o barco para assumir um cargo diretivo no Paris Saint-Germain. A Inter inovou na substituição: Gian Piero Gasperini. Abalizado pelo bom trabalho no Genoa, o treinador criado nas categorias de base da Juventus encontraria bastante resistência num grupo ainda bastante saudoso por Mourinho.

O novo treinador tinha conceitos ousados e a predileção por um futebol ofensivo, utilizando um 3-4-3 com marcação individual, alta e por pressão, com um ritmo alto na troca de passes, buscando atacar pelas laterais com triangulações e trocas de posicionamento. Tudo muito bonito na teoria, mas a prática foi desastrosa por causa da falta de apoio e disposição do elenco. Ao mesmo tempo, se Gasp tinha convicções casmurras, a diretoria demonstrava o oposto: o piemontês havia sido a terceira opção no mercado e não encontrava respaldo nos bastidores. No final das contas, o trabalho acabou durando apenas cinco partidas.

Como ocasionalmente ocorre após uma aposta de alto risco, se opta por um caminho mais conservador e pragmático. Em resumo, esses dois percursos foram os traçados pela Inter entre 2011 e 2017, período que compreendeu o fim da administração de Moratti, a curta passagem de Erick Thohir e o primeiro ano da gestão Suning. Um período marcado por redimensionamento das ambições de um clube que buscava readequar-se economicamente e que acabou acumulando insucessos em campo – em parte por conta disso.

O primeiro a sentir o sopro desses novos ventos foi o veterano Claudio Ranieri, que sucedeu Gasperini. A missão do novo treinador, como a de outros no passado, seria dar consistência e resgatar o grupo em meio a vários problemas físicos. A crise financeira do clube e o envelhecimento do grupo multicampeão nas temporadas anteriores afetaram o sucesso do simples 4-4-2 do romano, que a princípio trouxe regularidade, mas se desgastou com a falta de ideias para novas estratégias e uma nova série de resultados ruins.

Don Claudio nem mesmo concluiu a temporada. Com a Inter eliminada da Liga dos Campeões e da Coppa Italia, mas ainda buscando uma vaga europeia, o clube deu ao jovem Andrea Stramaccioni a oportunidade de assumir interinamente. Na época, o treinador vinha de ótimos resultados com o sub-19 nerazzurro, com o qual fora campeão italiano e europeu. Strama colocou a Beneamata na Liga Europa e, apoiado pelos jogadores e querido pelo presidente, seguiu como treinador da equipe para a nova temporada, 2012-13. Novamente, o trabalhou começou muito bem e acabou mal, por causa dos problemas vividos pelo clube.

Em 2013, a Inter resolveu acertar com Walter Mazzarri, que tivera bons trabalhos por Sampdoria e Napoli – nos dois clubes, assegurou classificações para competições europeias com regularidade, e ainda foi vice italiano com os azzurri de Nápoles. Adepto da escola de sistema com três zagueiros e de postura mais conservadora, WM nunca conseguiu fazer o time jogar bem e também não teve relacionamento positivo com a torcida. A classificação para a Liga Europa (o clube queria voltar à Champions League) e as más atuações foram lhe desgastando, mas a demissão só ocorreu mesmo em meados de seu segundo ano pela Beneamata, em 2015.

A queda de Mazzarri, em novembro daquele ano, significou a volta de Mancini para a Inter. Ao improviso e sem poder reforçar a equipe com qualidade, por causa do redimensionamento financeiro, Mancini conseguiu apenas uma oitava posição na Serie A e campanhas esquecíveis nas demais competições. Permaneceu na Pinetina e começou 2015-16 com uma sequência de vitórias que fizeram a Inter terminar o primeiro turno na liderança do campeonato, o que não acontecia desde Mourinho. No 4-2-3-1 ou 4-3-3, Mancini deu consistência defensiva para a equipe, que, por outro lado, não tinha grande produção ofensiva, o que refletiu na queda da média de gols do artilheiro Mauro Icardi.

A partir de janeiro, porém, as dificuldades de criar jogadas e marcar gols cobraram a conta. A Inter teve uma brusca queda de rendimento, perdendo a liderança e a vaga na Liga dos Campeões, fechando a temporada com a quarta posição na Serie A, bem distante do pelotão liderado pelos rivais de Turim, junto com Napoli e Roma. Mancini, porém, tinha contrato e a confiança da diretoria, encabeçada por Thohir e pela recém-chegada família Zhang. A insatisfação na pré-temporada, contudo, fez com o próprio pedisse demissão no início de agosto de 2016, ainda sem ter disputado uma partida oficial. Com pouco tempo para preparar a equipe, por si só o novo treinador teria uma dura missão para cumprir os objetivos.

Dono de uma tríplice coroa, Mourinho foi o último técnico da Inter a capitalizar a herança tática baseada na cautela (AFP)

A diretoria, então, dificultou ainda mais e foi buscar Frank De Boer, o primeiro treinador estrangeiro desde Benítez. Sem nenhuma experiência na Serie A e sem conhecer a língua italiana, o holandês teve bastante dificuldades para se adaptar à cultura do clube e do país, e viu a rigidez do seu modelo de jogo fracassar. Cria do Ajax e de Johan Cruyff, tinha o jogo de posição como seu principal conceito, através do 4-3-3 e o pressing, mas o elenco da Inter não tinha jogadores com as características para tal. Três meses depois, FdB foi demitido.

Dessa vez, a diretoria decidiu respeitar as características do grupo e optou por um treinador mais conservativo, que se preocupasse primeiro em dar solidez ao sistema, e que conhecia a Serie A. Stefano Pioli, ex-Bologna e Lazio, levou sua bagagem para Milão, mas não conseguiu repetir no clube do coração seus bons trabalhos anteriores na Emília-Romanha e na capital do país.

Apesar de alguns bons resultados, o impacto do recém-contratado Roberto Gagliardini e a parceria entre Icardi e Ivan Perisic no 4-2-3-1 deixaram de fazer efeito em março de 2017. Pioli perdeu o comando do vestiário depois de uma sequência ruim e, com o time longe até de uma vaga na Liga Europa, Stefano Vecchi, treinador do time sub-19, concluiu o ano como interino. Depois disso o grupo Suning entrou de vez no clube e a família Zhang fez as suas primeiras escolhas como dona no verão de 2017: Luciano Spalletti foi o escolhido para comandar esta nova etapa.

Conhecido pelo seu sólido trabalho na Roma, clube no qual foi concorrente direto de Mancini e Mourinho na segunda metade dos anos 2000, e pelo qual faturou três títulos sobre os interistas, o toscano representava um misto de experiência e aposta. Afinal, embora já atue na Serie A desde meados dos anos 1990, o treinador chegou para mudar as características da Inter.

De certo modo, tem conseguido: desde que Spalletti aportou em Milão, a Inter é a equipe com maior média de posse de bola, passes trocados e porcentagem de acerto. Quase sempre no 4-2-3-1, o time concentrou seu jogo pela direita e conseguindo atingir o objetivo, que era voltar para a Liga dos Campeões. Entre as contribuições do técnico, destaca-se o acerto no sistema defensivo, que em 2017-18 e 2018-19 é um dos melhores do campeonato. Além disso, Marcelo Brozovic foi reinventado como primeiro volante, adquirindo bastante peso na organização e construção do jogo interista, fundamental na saída e no pressing.

As saídas de João Cancelo e Rafinha, fundamentais na primeira Inter spallettiana, fizeram com que o técnico tentasse novas soluções na atual temporada. Enquanto Brozovic ganhou ainda mais responsabilidades, Icardi teve sua função revista – ao menos até ter entrado em rota de colisão com a diretoria. Seguindo o perfil de um centroavante clássico dos anos 1990, de poucos toques e presença na pequena área, o argentino saiu da área para jogar como pivô e ajudar a construção do jogo, permitindo aos pontas serem lançados por Brozo com tempo e espaço em condições de perigo de gol.

Por outro lado, Radja Nainggolan, a principal contratação do verão, ainda não correspondeu, e o toscano até já experimentou João Mário na função que seria do belga. A equipe caiu de produção no inverno (como habitualmente ocorre) e, longe da ponta da tabela, perdeu a terceira posição para o Milan e tenta avançar às quartas de final da Liga Europa. Atualmente, sem Maurito e Radja, a equipe ainda tem tentado encontrar uma forma de jogar com Lautaro Martínez muito participativo no ataque. Nesse contexto, Spalletti, que tem contrato até junho de 2021, ainda não teve uma resposta positiva do grupo para se recuperar dos tropeços do começo de 2019: na Serie A, a Inter tem apenas a sétima melhor campanha do returno.

O careca continua apoiado pela diretoria, em especial pelo diretor executivo esportivo Giuseppe Marotta, porém sabe da pressão para conquistar bons resultados imediatamente e da sombra de Antonio Conte. O ex-treinador de Juventus, Itália e Chelsea se consolidou na elite justamente como um seguidor do jogo à italiana. Através do seu sucesso, os sistemas com três zagueiros voltaram a ser popularizados no futebol europeu, enquanto sua diferente maneira de organizar a equipe na fase defensiva relembra a zona mista, com duas linhas de quatro. Pensando no histórico de treinadores vitoriosos na Inter e da intimidade da agremiação com essas escolas, não é de se surpreender que todos os olhos estejam voltados para essa possibilidade de troca no comando.

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4 comentários

  • Antes de tudo, é preciso dizer: sensacional o texto! Completo e detalhado sem ser prolixo. Confesso que me assusto quando vejo o tempo estimado das leituras lá em cima e desisto da maioria, mas esse era impossível não ler até o final. Estava conversando com Arthur esses dias e perguntei a ele justamente sobre Conte. Achava que ele armava a defesa (pelo menos a do Chelsea, já que não lembro da Juventus de 2011 a 14 nem da seleção dele) no 5-4-1, com os pontas recuando pra se alinharem a Matic e Kanté + Alonso e Moses compondo a 1ª linha com o trio de zaga. Ele explicou que era um 4-4-2 mas admito que não entendi direito. Só consigo imaginar Asamoah descendo pra compor a 1ª linha (Barzagli virando lateral) e Lichtsteiner mantinha-se ao lado dos volantes (?). Abraço e valeu demais por compartilhar tanto conhecimento há tanto tempo!

    • Valeu pela mensagem, Lui. Sobre o 4-4-2, me referi à sua Juventus, com Lichtsteiner, Barzagli, Chiellini, Asamoah, Vidal, Marchisio (depois Pogba) fazendo esse balanço defensivo em duas linhas de quatro. No Chelsea era realmente desse jeito que você colocou.

  • Fenomenal texto sobre a minha Inter.
    Dá quase un nó na garganta ver essa Inter e assistir a agora a Inter levar porrada do Eintracht de Franckfurt.

  • Texto fantástico. Incrível como a Inter tem uma história tão rica, pautada por detalhes em comum e hoje em dia não se dá ao respeito. Parabéns Arthur.

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