A quarta de Champions League não foi nada boa para as equipes italianas. Tanto Inter quanto Napoli atuaram fora de casa e voltaram para casa com menos pontos na bagagem do que chegaram a sonhar com as partidas em curso. Os nerazzurri, por exemplo, fizeram grande primeiro tempo, mas acabaram derrotados por 2 a 1 por um Barcelona sempre forte quando tem Messi, enquanto os napolitanos ficaram no 0 a 0 contra o Genk, depois de desperdiçarem muitas chances de gol.
Perder pontos contra o Slavia, jogando no San Siro, certamente não estava no planejamento da Inter e de Conte quando os grupos foram sorteados. Como a equipe precisava recuperar esses pontos, o jogo contra o Barcelona no Camp Nou, pela segunda rodada, ganhou um peso ainda maior.
Sem poder contar com Lukaku, que sentiu um desconforto muscular, Conte escalou a Inter com Sánchez e Martínez como dupla de ataque e desenhou uma estratégia inicial de defender em 30 metros do campo, ocupando sua zona defensiva com muitas peças e buscando sair para o contra-ataque com muita velocidade e inteligência, em cada oportunidade oferecida pelo Barça. Quando Piqué cometeu um erro e Lautaro marcou o primeiro gol da Inter logo aos 3 minutos, o planejamento inicial de Conte ganhou um peso ainda maior e os jogadores da Inter receberam uma injeção importante de confiança.
O Barcelona buscou o domínio territorial, controlou a posse de bola e foi ao ataque em busca do empate. O fez com uma saída em três jogadores – com Busquets entre os zagueiros –, Semedo e Sergi Roberto buscando abrir o campo e De Jong e Arthur circulando pela zona central. Além disso, Griezmann buscava participar do jogo pelo lado esquerdo e Messi recuava pela direita para tentar o passe diferente, que quebrasse as linhas defensivas e deixasse um companheiro na cara do gol interista.
Todo esse trabalho ofensivo do Barcelona acabou não funcionando. Os nerazzurri tiveram uma consciência coletiva impressionante para fechar espaços, marcar o tempo certo para dar o bote e evitar que vantagens numéricas fossem criadas pelos donos da casa. Além disso, a equipe italiana mostrou qualidade e tranquilidade para superar a pressão alta dos espanhóis com muitos toques curtos e uma elaboração de jogadas muito associativa, desde os primeiros passes, que costumavam sair dos pés de Handanovic.
Sensi brilhou atacando a entrelinha rival, Barella foi importante com sua contribuição física e as chances para aumentar a vantagem foram aparecendo. Primeiro com Asamoah, que encontrou Sensi em profundidade pelo lado esquerdo – o baixinho cruzou a bola para Sánchez cabecear para fora. Depois foi a vez de Candreva receber de Brozovic e bater no canto inferior direito, marcando o segundo gol, que foi anulado por impedimento.
O Barcelona tentou criar com chutes de longa e média distância, primeiro com Busquets e depois com Arthur. Entretanto, nenhum deles teve força suficiente para levar real perigo ao gol defendido por Handanovic. Antes do intervalo, a Inter teve mais uma grande chance para aumentar a vantagem no marcador: Candreva cruzou na medida, após ultrapassagem pelo corredor direito, e Lautaro cabeceou no chão, com força, mas Ter Stegen teve muita rapidez para reagir e fez um verdadeiro milagre.
Com Messi apagado, sem obter peso suficiente no meio-campo e precisando buscar uma reação, Valverde modificou o setor central do Barcelona logo aos 10 minutos da segunda etapa. Busquets saiu para a entrada de Vidal e o desenho do Barcelona mudou. Lenglet e Piqué subiram ainda mais para o campo ofensivo, Arthur ficou responsável pela construção no corredor direito e De Jong dominou o corredor esquerdo. Vidal avançou para jogar perto de Suárez e Griezmann, enquanto Messi teve liberdade para circular por todo o campo ofensivo.
Com o Barcelona jogando com maior intensidade e tendo ideias novas em sua construção de jogo, a Inter pouco a pouco perdeu o encaixe em sua marcação, começou a ceder espaços maiores em campo defensivo, parou de somar saídas efetivas para contragolpear e o gol de empate se tornou apenas questão de tempo. O primeiro tento do Barcelona aconteceu em uma jogada que começou com Messi driblando Asamoah e encontrando Vidal na entrada da área. O chileno levantou a cabeça e cruzou na medida para Suárez finalizar com perfeição e marcar, de voleio.
Conte respondeu ao crescimento rival trocando Sánchez por Gagliardini e Candreva por D’Ambrosio, numa tentativa de recuperar sua eficiência defensiva – o que até aconteceu. Porém, a Inter continuou sem somar saídas para o ataque no segundo tempo. Vendo que o time estava estagnado em campo, Conte fez sua última troca e colocou Politano no lugar de Sensi, injetando sangue novo para os contra-ataques. A melhor chance da Inter na segunda etapa nasceu numa tabela entre Politano e Lautaro, que acabou com o camisa 16 fazendo a escolha errada e chutando em cima da zaga do Barcelona. Acabou sendo fatal.
Com dois jogadores a menos para fazer a recomposição, já que Politano precipitou a jogada, o time nerazzurro viu Messi arrancar pelo lado direito, deixar Asamoah pelo caminho e tocar para Suárez. Cara a cara com Handanovic, o uruguaio virou a partida e deu a vitória ao Barcelona. Skriniar foi mal no lance ao evitar o confronto físico com Messi e Godín também não teve a melhor abordagem na hora de marcar o seu compatriota.
No fim, tivemos um tempo de domínio para cada lado, com a Inter jogando um futebol de altíssimo nível nos primeiros 45 minutos, mas sem conseguir matar o confronto. O Grupo F tem, agora, Borussia Dortmund e Barcelona na ponta, com 4 pontos, enquanto Inter e Slavia Praga somaram apenas 1. Nas duas próximas rodadas, os nerazzurri farão jogos decisivos contra os alemães.
Desperdício marca atuação do Napoli
Depois do começo avassalador na Liga dos Campeões, com a vitória por 2 a 0 diante do Liverpool, muito se comentou sobre como o Napoli teria a oportunidade ideal de somar 6 pontos em dois jogos: bastava vencer o Genk na visita à Bélgica. Muito dessa expectativa se devia à estreia ruim que os belgas tiveram ante o Salzburg, uma vez que foram derrotados pelo placar de 6 a 2. Contudo, o futebol é muito dinâmico e muito único. Cada jogo traz consigo particularidades e encaixes, sejam eles táticos ou mentais e, portanto, pode contar histórias que nos surpreendam. Foi assim nessa quarta.
Ancelotti poupou algumas peças e escalou o Napoli no 4-4-2, com Milik e Lozano formando a dupla de ataque – Mertens ficou no banco e Insigne nem foi relacionado. A equipe italiana também teve um meio-campo muito técnico, com Ruiz e Elmas somando peso associativo pela esquerda e Allan se aproximando de Callejón para formar um lado mais forte na pressão alta pelo lado direito.
Com essa ideia de jogo bem clara, o Napoli começou pressionando a saída de bola rival, recuperando a sua posse em campo ofensivo e acelerando as jogadas. Antes dos 15 do primeiro tempo a equipe criou sua primeira oportunidade clara de gol, com Di Lorenzo ativando Callejón em profundidade. O espanhol finalizou com força, o goleiro espalmou e a bola caiu nos pés de Milik, que – bem marcado por Cuesta – não conseguiu completar para a rede. A bola explodiu na trave duas vezes nesse lance.
O Genk tem uma equipe com boa qualidade técnica na faixa central do campo e, através do volante Berge, tentava iniciar sua construção ofensiva ao bloquear a movimentação de Ruiz pelo lado esquerdo, além de trabalhar muito bem o ataque de Ito sobre os laterais do Napoli. Esse panorama se acentuou quando Mário Rui deixou o campo lesionado e deu lugar a Malcuit. Com Di Lorenzo sendo deslocado para atuar na esquerda, o Napoli perdeu fluidez em seu jogo e encontrou muitas dificuldades para chegar ao gol rival.
Apesar disso, antes do apito final na primeira etapa, Lozano escapou pelo lado direito e cruzou na medida para Milik, que testou com força, mas sem a direção esperada: a bola explodiu no travessão do Genk. O primeiro tempo do Napoli não foi brilhante, já que o Genk conseguiu impedir os melhores mecanismos associativos propostos por Ancelotti e teve boa qualidade para contra-atacar. Ainda assim, foram 45 minutos de superioridade do Napoli e chances claras ocorreram.
Após o intervalo, porém, com Di Lorenzo pouco confortável no lado esquerdo, a equipe partenopea foi perdendo controle da partida e sofreu com o jogo mais aberto, com muitas transições rápidas e um maior risco. Samatta venceu duelos importantes contra Manolas, Hagi soube trabalhar no espaço existente entre Allan e a dupla de zaga e Meret apareceu de maneira decisiva para evitar o gol da equipe belga. Ancelotti chamou Mertens e Llorente a campo na segunda metade da etapa final, mas não conseguiu o efeito esperado. O centroavante espanhol sofreu para vencer os duelos contra Cuesta e o belga esteve pouco inspirado.
Depois do 0 a 0, o Napoli continuou na liderança do Grupo E, com 4 pontos. Contudo, poderia ter uma vantagem mais confortável antes dos duelos contra o perigoso Salzburg, que tem 3 – mesma pontuação do Liverpool. O Genk, com 1 pontinho, é o lanterna.