A temporada europeia reservou um confronto entre Manchester City e Inter para o encerramento da edição 2022-23. Duas equipes de estilos distintos se enfrentaram em Istambul, na busca pela tão sonhada Champions League. Confira as principais chaves da partida.
Formações iniciais
Simone Inzaghi manteve a base do time que iniciou partidas ao longo de toda a temporada, adotando o esquema 3-5-2 com Dzeko e Martínez no ataque. Desta vez, o trio de meio-campo foi formado por Brozovic, Barella e Çalhanoglu. Pep Guardiola apostou em Stones como um meia avançado e montou sua estrutura ofensiva com três zagueiros na primeira linha.
Agressividade e concentração para bloquear o City
A grande marca da Inter na partida foi a agressividade com que seus jogadores pressionaram seus adversários. Durante a primeira fase de construção do Manchester City, ainda em seu campo defensivo, Barella recebeu a missão de saltar para fustigar Aké sempre que a bola se direcionava por aquele setor, enquanto Brozovic e Çalhanoglu se alternavam para encostar em Rodri – Lautaro, então, permanecia mais à esquerda e Dzeko centralizava, cada um vigiando o zagueiro mais próximo. Dessa maneira, a Beneamata conseguiu evitar a superioridade numérica do rival, dificultando a progressão de jogadas do time inglês.
Complementando esse movimento de Barella, o trio de zagueiros da Inter percorria longas distâncias para evitar que os meias do Manchester City recebessem confortavelmente. Darmian, em especial, esteve concentradíssimo e foi muito bem, reduzindo o espaço de De Bruyne – e, depois, Gündogan – por ali.
Inzaghi adotou uma estratégia de altíssimo risco, pelo nível de coordenação, concentração e ajuste corporal que demanda. Porém, a Inter foi praticamente impecável ao executá-la. Prova disso é que o Manchester City, mesmo tendo jogadores bastante qualificados para tal, encontrou muita dificuldade ao explorar o espaço deixado pelos zagueiros interistas. A única chance dos ingleses, em mais de uma hora de partida, ocorreu aos 27 minutos, quando passes rápidos entre De Bruyne e Gündogan encontraram Haaland rompendo o vazio.
Barella interpretando espaços para auxiliar na progressão
Além de sua participação no momento sem a pelota, Barella efetuou importante movimentação para a construção dos ataques italianos. O Manchester City optou por se defender no 4-4-2 ou no 4-2-4, recuando Stones para a lateral direita, usando um de seus meias para tapar linhas de passes a Brozovic e contando com Bernardo Silva e Grealish nas duas alas, pressionando de fora para dentro. Ao atrair Grealish em saída de bola, a Inter foi capaz de aproveitar o espaço entre ele e Aké, quase sempre fixado na defesa pelo avanço de Dumfries, ala direita, deslocando Barella do centro para aquela região.
Barella, mesmo quando não recebia a pelota nessas situações, participava ativamente das jogadas da Inter. Neste outro exemplo, o meia italiano arrasta a marcação de Gündogan consigo e cria espaço suficiente para que Dumfries e Dzeko vençam uma disputa após bola longa.
Duas das melhores situações criadas pela Inter aconteceram após esse tipo de sequência. Os nerazzurri não foram capazes de concluir a jogada de maneira efetiva, mas se colocaram em posições favoráveis para atacar, encontrando igualdade numérica.
Dois lances decidiram a partida
A Inter manteve sua estrutura ao retornar para o segundo tempo e ficou muito próxima de abrir o placar, aproveitando um deslize entre Akanji e Ederson. Lautaro recebeu uma chance de ouro, mas perdoou.
Grandes jogos normalmente são decididos por pequenos detalhes: se Lautaro desperdiçou o momento de sorte a favor da Inter, Rodri não fez o mesmo do outro lado. Em um raro momento de desequilíbrio na defesa italiana, Akanji encontrou espaço para avançar e encontrar Bernardo Silva com um belo passe vertical: o cruzamento do português desviou e se ofereceu para o espanhol abrir o placar, com um chute efetuado a partir da entrada da área.
A última cartada de Inzaghi
Em desvantagem no placar, Inzaghi tirou Bellanova, Gosens, D’Ambrosio e Mkhitaryan do banco, substituindo Dumfries, Bastoni, Darmian e Çalhanoglu, respectivamente. A estrutura da equipe se manteve, mas Dimarco passou da ala esquerda para a zaga. Em tese, era um nome mais capaz do que Bastoni de atacar a área por dentro, a partir desta posição, e liberava o corredor para Gosens buscar cruzamentos e atacar a segunda trave.
A reta final da partida viu o Manchester City naturalmente adotar uma postura mais conservadora e se defender para proteger o placar, enquanto a Inter buscava bolas longas e cruzamentos para a área. Em uma dessas situações, Gosens venceu uma disputa aérea, mas Lukaku cabeceou em cima de Ederson.
Grande campanha
Apesar do resultado negativo, o torcedor nerazzurro tem motivos para se orgulhar: além da campanha de destaque, que permitiu à equipe alcançar a sua primeira final de Champions League desde 2009-10, Inzaghi mostrou novamente ser um treinador muito competente ao planejar grandes partidas e superou várias adversidades para montar um time altamente competitivo.
Bater de frente com um adversário de capacidade econômica bem superior é mais uma prova do progresso que a Inter tem feito sob seu comando, após assumir e perder alguns dos destaques da equipe por fragilidades financeiras. Resta ver qual serão os planos do clube para o mercado, mas é certo que a Beneamata de Inzaghi seguirá brigando nas cabeças.