Se o duelo entre Inter e Juventus, no fim de semana anterior, decepcionou quem esperava um jogaço, na 14ª rodada da Serie A as duas rivais se redimiram. Enquanto, na sexta, a Velha Senhora ganhou do Monza num duelo com dois gols marcados nos acréscimos, no domingo os nerazzurri passaram o trator sobre o Napoli em pleno estádio Diego Armando Maradona e mantiveram a liderança da competição.
Bem atrás da dupla está o Milan, que venceu o Frosinone e ficou isolado na terceira posição. Segue a quatro pontos da Juventus, mas agora se vê cinco acima de Roma e Napoli, que, empatados em pontos, acirraram a batalha pela quarta vaga na Champions League.
Logo na sequência, a disputa por competições europeias também se intensificou, visto que a Fiorentina voltou a ganhar terreno, a Lazio se reaproximou do pelotão que briga por vagas e até mesmo o Torino chegou junto, às custas da Atalanta – o Bologna, por sua vez, tropeçou. Confira, logo abaixo, o resumo desta rodada interessante e repleta de destaques individuais entre os jogadores que atuam do meio para frente.
>>> Classificação e artilharia da Serie A
Napoli 0-3 Inter
Gols e assistências: Çalhanoglu (Barella), Barella (Martínez) e Thuram (Cuadrado)
Tops: Barella e Sommer (Inter)
Flops: Rrahmani e Ostigard (Napoli)
O jogo da rodada, entre o atual campeão e o líder da temporada, tinha tudo para ser disputado. De fato, foi: teve defesas gigantes, emoção até o fim, golaços e atuações inesquecíveis. O placar elástico fez parecer que tivemos um monólogo da Inter, mas não foi bem assim – o Napoli teve chances e obrigou Sommer a trabalhar. No fim das contas, a Beneamata foi muito mais eficiente e tomou para si a liderança da Serie A, perdida provisoriamente porque a Juventus entrou em campo antes e bateu o Monza. Os azzurri, por sua vez, viram a Roma empatar em pontos e dividem a quarta posição com a Loba, que leva vantagem no saldo de gols.
A partida começou ligada na voltagem 220. De longe, Elmas mandou um balaço e obrigou Sommer a trabalhar. A Inter respondeu logo depois, aos 11 minutos. Thuram tabelou com Martínez e, de primeira, mandou para o fundo da rede, sem chances para Meret. No entanto, houve impedimento milimétrico na jogada. Apesar das tentativas do Napoli, os nerazzurri pareciam lidar bem com a pressão exercida pela vitória da Juventus dois dias antes.
O Napoli, por sua vez, não desistia: Elmas ameaçou novamente, mas Sommer também fez outra boa defesa. Mas o melhor lance dos azzurri viria em uma bobeada da Inter. Aos 35 minutos, após erro de saída de bola de Çalhanoglu, Politano limpou a marcação, puxou para o meio e disparou forte, de fora da área, mas parou no travessão. Na casa dos 44, o maestro turco se redimiu ao receber uma ajeitada de Barella e emendar uma bomba para o gol de Meret, que nada pode fazer. Golaço.
O time da casa voltou melhor para o segundo tempo e tentou buscar o empate. Depois da bola espirrada na área nerazzurra, Anguissa retomou a posse e viu Kvaratskhelia no lado esquerdo. O georgiano limpou Dumfries com um drible e chutou cruzado, mas Sommer espalmou para o escanteio. Porém, bastou um lance apenas para a Inter ampliar a vantagem. Aos 61, no primeiro ataque visitante na etapa complementar, Lautaro achou Barella na área e o meia italiano driblou dois adversários antes de balançar as redes de Meret.
Depois que ampliou o marcador, a Inter ficou com grande vantagem psicológica sobre os rivais e soube administrar o resultado graças a uma ótima atuação defensiva – Acerbi anulou Osimhen e Carlos Augusto, improvisado como zagueiro pela esquerda após a lesão de De Vrij, foi sólido. A Beneamata, aliás, foi capaz de aumentar a distância para os mandantes quando Cuadrado, que havia acabado de entrar no jogo, partiu pelo flanco direito partenopeo e cruzou rasteiro para Thuram fazer 3 a 0 no Diego Armando Maradona. Neste século, pela Serie A, esta foi apenas a segunda vitória dos nerazzurri sobre os campanos na condição de visitantes.
Monza 1-2 Juventus
Gols e assistências: Rabiot (Nicolussi Caviglia) e Gatti (Rabiot); V. Carboni (Pedro Pereira)
Tops: Di Gregorio (Monza) e Rabiot (Juventus)
Flops: Kyriakopoulos (Monza) e Vlahovic (Juventus)
“Arrastada”: esta é a melhor palavra para definir boa parte da peleja entre Juventus e Monza. O jogo até teve seus momentos de emoção, mas eles se concentraram em seu início e seu final. Melhor para a equipe visitante, que venceu os bagai pela primeira vez na Serie A e pode saborear a liderança do certame por algumas horas, até a Inter retomá-la. No fim das contas, os bianconeri continuam na segunda posição e os lombardos, no meio da tabela.
Aos 9 minutos, Kyriakopoulos falhou no posicionamento, derrubou Cambiaso dentro da área e a arbitragem marcou o pênalti claro. Coube a Vlahovic partir para a cobrança, porém o goleiro Di Gregorio, revelado pela Inter, caiu no canto certo e ainda defendeu a sobra. Para o azar do Monza, o gol da Juventus veio logo no lance seguinte. No escanteio, a bola caiu na cabeça de Rabiot. O capitão da Velha Senhora testou firme para as redes e abriu o placar no estádio Brianteo,.
Depois do gol e na volta dos vestiários, o jogo voltou a se arrastar, com ambas as equipes tendo dificuldades de criar boas chances – Gatti, entretanto, perdeu oportunidade claríssima de ampliar para os visitantes. As alterações do Monza foram as primeiras a surtirem efeito, com o time aos poucos voltando a ocupar a zaga adversária. A insistência deu resultado nos acréscimos. Emprestado pela Inter, o meia-atacante Valentín Carboni, um dos três jogadores de mesmo sobrenome entre os biancorossi, tentou cruzar na área e empatou o placar sem querer querendo.
O empate parecia favas contadas. Mas, novamente a sorte sorriu para a Juve, que fez valer o seu lema: “fino alla fine”, ou “até o fim”, em tradução literal. No lance seguinte ao gol biancorosso, McKennie achou Rabiot livre e o capitão tocou para Gatti. O zagueiro bianconero errou na primeira, mas a sua furada acabou servindo como drible em D’Ambrosio, outro ex-nerazzurro, que não estava atento à marcação. Na segunda oportunidade, o beque guardou e garantiu a vitória suada da Juventus. Após o jogo, Rabiot e Gagliardini, também de passagem pela Inter, trocaram farpas nas redes sociais – o volante do Monza havia se exaltado na comemoração, gritando na cara do francês. Ares de Derby d’Italia no Brianteo.

No estádio Brianteo, épico entre Monza e Juventus teve dois gols nos acréscimos e vitória bianconera (AFP/Getty)
Milan 3-1 Frosinone
Gols e assistências: Jovic, Pulisic (Maignan) e Tomori (Jovic); Brescianini
Tops: Jovic e Pulisic (Milan)
Flops: Monterisi e Okoli (Frosinone)
Uma das surpresas desta temporada até aqui, o Frosinone aprendeu uma dura lição no último sábado: quem não faz gol e é pouco efetivo, leva e perde. Mesmo tendo bons momentos contra o Milan em pleno San Siro, o time não conseguiu se impor no ataque, viu os donos da casa controlarem o jogo e vencerem por 3 a 1, sem grandes sustos. Com isso, os canários seguem no meio da tabela e os rossoneri se isolaram na terceira posição da Serie A.
A partida foi um teste para o cargo de Stefano Pioli como treinador do Diavolo, já que o desempenho negativo na Champions League e em diversos jogos da Serie A lhe deixou ameaçado. O treinador campeão italiano de 2022 tem lidado com diversos problemas e a preparação física de sua comissão técnica também é contestada – o time é aquele que mais tem desfalques por lesão nesta temporada. Dessa vez, o Milan teve de improvisar Hernandez na zaga, já que o único nome de origem disponível para a função era Tomori, e ainda teve de lidar com as ausências de Rafael Leão e de Giroud; este, suspenso. A boa notícia foi o retorno de Bennacer, que começou no banco e atuou por alguns minutos.
Depois de algumas chances para os dois lados, Chukwueze aproveitou um rebote de escanteio e levou perigo um chute de fora da área, que desviou no meio do caminho e passou bem perto da trave esquerda dos gialloblù. O Milan ainda acertaria a trave com Musah, mas o árbitro marcou impedimento no começo da jogada. O Frosinone teria a sua chance mais perigosa já na casa dos 42. Çuni roubou a bola de Tomori na defesa e saiu em disparada rumo ao gol rossonero, mas tentou a cavadinha e foi parado por Maignan. O castigo foi rápido: no minuto seguinte, Jovic aproveitou a sobra de um cruzamento de Chukwueze e, de primeira, abriu o placar no San Siro.
O Diavolo acordou no segundo tempo e marcou mais um logo 50 minutos: Maignan efetuou um lançamento longo e encontrou Pulisic, que dominou de forma magistral, já colocando na frente, e finalizou na saída de Turati. O jogo diminuiria de ritmo a partir dali, voltando a esquentar quase aos 75: num cruzamento, Jovic escorou de cabeça e a bola sobrou para Tomori, que só empurrou para o barbante. O Frosinone fez o gol de honra pouco depois, quando Brescianini, formado em Milanello, cobrou a falta e viu o seu cruzamento morrer nas redes de Maignan, que falhou feio.
Sassuolo 1-2 Roma
Gols e assistências: Matheus Henrique (Berardi); Dybala (pênalti) e Kristensen (Dybala)
Tops: Kristensen e Dybala (Roma)
Flops: Boloca e Viña (Sassuolo)
Antes da partida contra o Sassuolo, o técnico José Mourinho declarou que o árbitro escalado para a partida, Matteo Marcenaro, não tinha “estabilidade emocional” para apitar o jogo contra a Roma. Além disso, fez críticas ao responsável pela cabine do VAR, Marco Di Bello. É óbvio que as declarações tiveram consequências e a Federação Italiana de Futebol abriu um procedimento contra o treinador giallorosso, que deve ser suspenso. Ao fim do confronto, o português até fez elogios à atuação do apitador, mas isso não deve aliviar a sua barra.
A Roma começou melhor no jogo, tendo a primeira grande chance aos 10 minutos, quando Dybala finalizou bonito de canhota, mas parou em boa defesa de Consigli. O Sassuolo conseguiu reagir e achou seu gol aos 25, quando o brasileiro Matheus Henrique costurou pela intermediária giallorossa e, na sequência da jogada, contou com espaço generoso concedido por Ndicka e Spinazzola para empurrar para as redes o cruzamento rasteiro de Berardi.
O Sassuolo não era melhor no jogo e diminuiu o ritmo depois do gol, o que fez com que a Roma partisse com tudo para buscar o empate. Aos 41 minutos, Dybala arriscaria mais uma vez e obrigaria o goleiro Consigli a fazer uma bela defesa. Thorstvedt respondeu para o Sassuolo, mas acabou atrasando para Rui Patrício após limpar a marcação.
A Roma voltou com tudo para a segunda etapa, com as entradas de Kristensen no lugar de Karsdorp e Azmoun no de Bove. Lukaku perdeu uma chance de ouro de empatar, mas o crescimento da Roma era constante. E se consolidou a partir dos 63, quando Boloca efetuou uma entrada duríssima em Paredes e levou cartão vermelho.
Os neroverdi não aguentaram a pressão estabelecida sobretudo pelas estocadas de Kristensen, que atazanava Viña pelos flancos. Aos 75, o dinamarquês foi derrubado por Erlic na área e sofreu pênalti que foi muito bem cobrado por Dybala – o argentino só deixou tudo igual porque a batida foi perfeita, já que Consigli caiu na bola. Pouco depois, os dois protagonistas do primeiro gol tabelaram e o chute firme do escandinavo desviou em Ruan, encobrindo o arqueiro emiliano e morrendo no barbante. Estava definida a sofrida virada da Roma, que se igualou ao Napoli na quarta colocação, ao passo que o Sassuolo segue ameaçado pela zona de rebaixamento.

Conduzido por Pulisic e Jovic, o Milan obteve vitória tranquila sobre o Frosinone e se consolidou na terceira posição da Serie A (AFP/Getty)
Lazio 1-0 Cagliari
Gol e assistência: Pedro (Lazzari)
Tops: Pedro e Provedel (Lazio)
Flops: Makoumbou e Hatzidiakos (Cagliari)
No sábado, foi realizado um jogo que tinha tudo para acabar ainda no primeiro tempo. A Lazio abriu o placar ainda aos 8 minutos, quando Lazzari avançou pelo lado direito e aproveitou o erro bizarro de Hatzidiakos para encontrar Pedro livre entre a zaga rossoblù – e, dali, o atacante espanhol não desperdiçou. Aos 27, Makoumbou foi expulso por derrubar Guendouzi, que ia na direção do gol. Tudo certo para uma vitória tranquila sobre o Cagliari, certo? Errado.
Com ou sem vantagem numérica sobre o time de Claudio Ranieri, a equipe de Maurizio Sarri teve diversas chances de ampliar o placar. Pedro viria a parar em Scuffet após um bom contragolpe e Castellanos simplesmente desperdiçaria duas oportunidades cara a cara com o arqueiro. A Lazio, para completar, ainda perderia Luis Alberto por lesão. Não matou o jogo e, então, correu riscos no final.
Ainda com chances de conseguir ao menos um pontinho no Olímpico, o Cagliari se animou nos derradeiros momentos da peleja – e aí foi a vez de Provedel aparecer. Aos 91, o goleiro fez uma defesaça em cabeceio potente de Pavoletti. Nos segundos finais, o arqueiro da seleção italiana ainda precisou sair de sua baliza desesperado para fechar o ângulo de Oristanio, que tentou encobri-lo e jogou para fora. Com mais sorte do que juízo, os biancocelestes venceram e se igualaram à Atalanta, com 20 pontos, na oitava colocação. Os sardos, por sua vez, seguem na zona de rebaixamento.
Fiorentina 3-0 Salernitana
Gols e assistências: Beltrán (pênalti), Sottil (Biraghi) e Bonaventura (Sottil)
Tops: Sottil e Biraghi (Fiorentina)
Flops: Bohinen e Ikwuemesi (Salernitana)
Embalada pela classificação ao mata-mata da Conference League, a Fiorentina se recuperou da derrota para o Milan na última rodada ao fazer a sua obrigação: bater a lanterna da Serie A com folga. O triunfo por 3 a 0 sobre a Salernitana foi tão categórico que todos os gols violetas foram marcados ainda na primeira hora de jogo.
O primeiro gol da Fiorentina saiu logo aos 6 minutos, quando Arthur Melo recebeu belo passe de Beltrán e foi derrubado na área por Pirola. O argentino cobrou o pênalti com perfeição e, além de ter inaugurado o placar no Artemio Franchi, abriu a sua contagem de tentos na Serie A. Com a vantagem, a Viola bombardeou a Salernitana. Na saída de bola, Costil efetuou defesaça para evitar o tento de Ikoné, que cabeceou à queima-roupa; depois, o arqueiro francês ainda mandou um chute perigoso de Duncan para escanteio.
A Salernitana, entretanto, não teve como resistir por muito tempo. Aos 17 minutos, saiu o segundo gol da Fiorentina – ou melhor, um golaço: Biraghi cobrou o arremesso lateral para Sottil e o ponta mandou um balaço no ângulo. Antes do intervalo, Costil ainda teve de se esticar todo para impedir que Beltrán guardasse a sua doppietta.
Após o intervalo a Salernitana ensaiou uma – injusta – reação. A zaga da Fiorentina deixou Ikwuemesi livre, mas o nigeriano perdoou a falha ao errar no gesto técnico de cabeceio e carimbar o travessão. Aos 56, então, os mandantes castigaram os campanos: Sottil recebeu em profundidade e, na saída de Costil, rolou para Bonaventura arrematar firme, para o fundo da rede. O tento garantiu a importante vitória dos gigliati, que agora estão apenas um ponto atrás do G4 – e de Roma e Napoli.

Kristensen saiu do banco para ser o nome da virada da Roma sobre o Sassuolo e levar os giallorossi ao G4 (Getty)
Torino 3-0 Atalanta
Gols e assistências: Zapata (Vlasic), Sanabria (pênalti) e Zapata (Vlasic)
Tops: Zapata e Vlasic (Torino)
Flops: Scalvini e Bakker (Atalanta)
O jogo que fechou a rodada foi palco de um surpreendente atropelo do time do pupilo Ivan Juric sobre a equipe do mestre Gian Piero Gasperini. Com direito a lei do ex protagonizada por Zapata, o Torino pisoteou a Atalanta e venceu por 3 a 0. Cedido ao Toro pela própria Dea, após uma péssima temporada 2022-23, o atacante colombiano foi o nome do duelo, marcando dois dos três gols.
A partida começou equilibrada, com os dois times repelindo bem os ataques adversários. No entanto, o Torino logo furou a marcação rival e quase marcou o primeiro, forçando Musso a fazer boa defesa. O gol sairia pouco tempo depois, aos 21 minutos: Vlasic saiu disparado pela área nerazzurra e cruzou rasteiro para Zapata, que, deixado livre por Scalvini, só empurrou para o fundo da rede.
A Atalanta quase reagiu depois, aos 27: depois de uma saída de bola errada dos grenás, De Ketelaere teve a chance de empatar, mas chutou em cima do goleiro Milinkovic-Savic. Muito superior na partida, o Torino ampliou no início do segundo tempo, quando Scalvini cometeu um pênalti estúpido sobre Buongiorno, bem longe da jogada. Na cobrança, Sanabria apenas deslocou Musso.
O gol do paraguaio foi um duro golpe para a Atalanta, já que o Torino fez o jogo voltar a ficar truncado, do jeito que gosta, no intuito de segurar a vantagem. Apesar de Pasalic ter testado Milinkovic-Savic, o Toro controlou a partida e, nos acréscimos, ampliou o placar. Mais uma vez a dobradinha entre Vlasic e Zapata funcionou e o colombiano teve a frieza para fazer uma finta de corpo antes de arrematar e anotar a sua doppietta sobre os nerazzurri. A Dea somou a segunda derrota consecutiva e caiu para a oitava posição, tendo os grenás na sua cola, com um pontinho a menos, no décimo posto.
Lecce 1-1 Bologna
Gols e assistências: Matheus Henrique (Berardi); Dybala (pênalti) e Kristensen (Dybala)
Tops: Falcone (Lecce) e Ndoye (Bologna)
Flops: Ramadani (Lecce) e Calafiori (Bologna)
No Via del Mare, o domingo foi de homenagens aos ex-jogadores Ciro Pezzella e Michele Lorusso. Há 40 anos, em 2 de dezembro de 1983, os dois faleceram num acidente automobilístico quando se dirigiam à estação ferroviária de Bari para embarcarem numa viagem de trem até Varese, onde o Lecce atuaria pela Serie B. A camisa utilizada pelos apulianos no domingo tinha estampada a silhueta da dupla e, quem sabe, isso incentivou o time da casa a lutar até o fim por um pontinho. Até o fim mesmo. O empate saiu aos 100 minutos, e graças a uma situação absolutamente improvável: pênalti sofrido por seu goleiro. Sim, isso aí.
O Lecce surpreendeu o bom Bologna de Thiago Motta ao mandar no primeiro tempo e incomodar o goleiro Skorupski diversas vezes. Entretanto, a chance mais clara da etapa inicial foi dos visitantes – Ndoye acabaria parado por Falcone. Os visitantes equilibraram o jogo após o intervalo e abriram o placar aos 68 minutos, quando Lykogiannis cobrou uma falta de cavadinha e não deu chance alguma ao arqueiro giallorosso.
Comandado por Ndoye, o Bologna melhorou em campo e só não ampliou porque Falcone efetuou uma ótima defesa sobre o suíço. Mas, principalmente, porque Lykogiannis e Ferguson desperdiçaram ocasiões claríssimas. O castigo aos rossoblù aconteceu nos acréscimos. Aos 96, o arqueiro do Lecce foi para a área tentar o empate e acabou levando uma gravata de Calafiori. Após um bom tempo de revisão do VAR, que checou tanto um possível impedimento quanto a infração disciplinar, o árbitro Daniele Doveri apontou para a marca da cal. E, com o último chute do jogo, aos 100 minutos, Piccoli decretou a igualdade na Apúlia. Com o resultado, os emilianos caíram para a sétima posição e os salentinos se isolaram na 13ª.

Em dia de homenagens a ex-jogadores do Lecce, os giallorossi lutaram até o fim e conseguiram empate rocambolesco contra o Bologna (Ansa)
Udinese 3-3 Verona
Gols e assistências: Kabasele (Samardzic), Lucca (Pereyra) e Lucca (Thauvin); Djuric (pênalti), Ngonge (Suslov) e Henry (Ngonge)
Tops: Lucca (Udinese) e Ngonge (Verona)
Flops: Silvestri (Udinese) e Amione (Verona)
Se em Lecce, no sul da Itália, tivemos um empate rocambolesco no finalzinho, em Friul-Veneza Júlia, no norte, não foi diferente. A Udinese chegou a abrir boa vantagem, foi igualada e retomou a ponta. Porém, aos 97, cedeu novamente ao Verona. O resultado foi ruim para os dois times: os bianconeri seguem flertando com a zona de rebaixamento e os gialloblù continuam nela.
A Udinese abriu o placar aos 16 minutos, quando Samardzic cobrou falta na área e Folorunsho simplesmente esqueceu de marcar Kabasele, que só empurrou para a rede. Na casa dos 30, foi a vez de Amione e Coppola deixarem de lado a atribuição principal de um defensor e permitirem que Lucca escorasse o cruzamento de Pereyra.
A vantagem da Udinese era muito boa, sobretudo se considerássemos que o Verona tinha o pior ataque da Serie A até o momento – os mesmos nove gols do Empoli. A zaga mandante, contudo, era tão generosa quanto a visitante. Antes do intervalo, Suslov encontrou Ngonge dentro da área e Kabasele recebeu o compatriota de braços abertos: pênalti claro, já que a bola foi chutada diretamente em seu punho. Djuric cobrou bem e diminuiu. Aos 61, Ngonge voltou a aparecer, mas de forma absolutamente brilhante. O belga foi procurado novamente pelo meia eslovaco e, dessa vez, entre quatro adversários, emendou uma bicicleta digna do prêmio Puskás. Sem dúvidas, a joia do fim de semana.
As zagas, porém, voltamos a dizer, estavam tão generosas quanto Papai Noel. Na casa dos 72, Thauvin cruzou na área e Amione errou o tempo de bola, permitindo que Lucca subisse para testar para as redes e anotar a sua doppietta – o seu quarto gol na Serie A, que pode dar ao ex-jogador do Ajax a confiança necessária para desabrochar, conforme esperado na Itália. O garçom Thauvin chegou a carimbar a trave na sequência e o contexto parecia muito favorável ao triunfo da Udinese. Até que, aos 97, Ngonge levantou na área e Silvestri, ex-goleiro do Verona, falhou ao tentar socar a pelota. Pior, deixou a baliza desguarnecida. Henry foi hábil para antecipá-lo e, de cabeça, deu números finais ao épico no Friuli.
Genoa 1-1 Empoli
Gols e assistências: Malinovskyi (Badelj); Cancellieri (Kovalenko)
Tops: Junior Messias (Genoa) e Cancellieri (Empoli)
Flops: Vogliacco (Genoa) e Cacace (Empoli)
No Marassi, o Empoli conseguiu um pontinho precioso para deixar a zona de rebaixamento – que ainda ameaça o Genoa. O resultado foi bem ruim para os mandantes, que atuaram melhor e tiveram chances claras de conquistarem os três pontos.
O Genoa contou com a volta de Retegui, que estava lesionado, e o ítalo-argentino foi bem servido por Junior Messias. O brasileiro, aliás, chegou a acertar o travessão na etapa inicial. Melhor sorte teve o ucraniano Malinovskyi, que emendou um canhotaço cheio de efeito e marcou para os rossoblù – oito se seus nove últimos gols pela Serie A saíram de arremates de fora da área.
O empate do Empoli saiu no segundo tempo, de maneira fortuita. Cancellieri, que havia acabado de entrar no jogo, contou com o esquecimento de Vogliacco e, de cabeça, deixou tudo igual aos 67. O Genoa estava melhor em campo e ainda tentou retomar a vantagem, mas não conseguiu. A melhor chance saiu dos pés do garoto Fini, mas sua finalização acabou passando à direita da baliza defendida por Berisha.
Seleção da rodada
Sommer (Inter); Kristensen (Roma), Gatti (Juventus), Acerbi (Inter), Biraghi (Fiorentina); Barella (Inter), Çalhanoglu (Inter), Rabiot (Juventus); Ngonge (Verona); Zapata (Torino), Lucca (Udinese). Técnico: Simone Inzaghi (Inter).