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Giuseppe Giannini foi a estrela solitária de uma Roma cadente

Em 1983, a Roma de Falcão, Pruzzo, Conti e Ancelotti era campeã nacional pela segunda vez em sua história. Giuseppe Giannini, aos 18 anos, acompanhou de perto. O garoto, prata-da-casa  romanista, já fazia parte do elenco. Ele, porém, não entrou em campo na temporada do scudetto, e veio a se consagrar anos depois, tornando-se um dos maiores ídolos da história do clube. Chamado de príncipe por conta de sua elegância, Giannini foi um tremendo azarado, fazendo parte de uma monarquia giallorossa completamente inglória.

Nascido na capital, começou nas categorias de base do pequeno Atlas, de onde foi tirado aos 16 anos, para fazer parte dos juvenis da Roma. Muito jovem e no meio de uma equipe demasiado forte, demorou para receber grandes oportunidades.

Curiosamente, em sua primeira chance, numa partida contra o Cesena, no Estádio Olímpico, durante a temporada 1981-82, perdeu uma bola que originaria um gol de Genzano. Os visitantes venceram por 1 a 0 e Giannini levaria duas temporadas e meia para ser considerado novamente.

Giannini: craque da Roma entre reinados de Falcão e Totti (imago)

Foi na stagione 1984-85 que o meia começou a se firmar, sob os cuidados do recém-chegado Sven-Göran Eriksson. No centro do campo, revezou com nada menos que Falcão, em sua última temporada na Itália. Algum tempo depois, já era titular, camisa dez e bandeira da torcida.

Em 87, com o retorno de Nils Liedholm, veio sua consagração individual: Pruzzo se encontrava em fim de carreira e Voeller enfrentava seguidas lesões. Giannini, então, atuou mais à frente, liderou a equipe e marcou seu recorde pessoal de 11 gols na divisão máxima. Tornou-se presença certa na Nazionale de Azeglio Vicini, com a qual disputou sua única Copa do Mundo, em 1990.

Capitão e queridinho dos torcedores, foi um dos responsáveis pelo ambiente deturpado do clube no ano seguinte, devido às fortes desavenças com Renato Gaúcho – que até hoje culpa Giannini por sua passagem ridícula pela Itália. Portaluppi logo voltou ao Brasil, mas Il Principe ficou. Ele ainda teria uma proposta da Juventus recusada pelo presidente Dino Viola.

Il Principe acabou deixando a Roma após falta de perspectivas (imago/HJS)

A década de 90 chegou e Viola faleceu. Os tempos mudavam e a Roma caía pouco a pouco para um segundo plano nacional. Se em 84 foi vice-campeã da Liga dos Campeões, em 91 chegou à final da Copa Uefa, quando perdeu para a Internazionale. Outra Copa da Itália veio como consolo.

Os anos seguintes foram medíocres para a Roma, que já não tinha estrelas e nem dinheiro. Giuseppe Giannini seguia como o principal nome de um time muito aquém de seus rivais. Em toda a sua carreira como giallorosso, o meia se viu em elencos incapazes de brigar com os de Platini, Maradona, Vialli, Van Basten, Matthäus, Baggio e afins. Suas últimas temporadas na capital coincidiram com o surgimento de uma nova bandeira, o atual não menos capitão e camisa dez Francesco Totti.

Il Principe deixou a Roma aos 32 anos, desmotivado pela saída de Carlo Mazzone e por ser sempre o ator principal de um grupo de coadjuvantes. Fechou com o Sturm Graz, da Áustria, onde ficou por uma temporada. Voltou para defender o Napoli de Mazzone por seis meses. Jogou sua última temporada no Lecce, contribuindo para a equipe – que também é giallorossa – subir à divisão de elite. Treinador desde 2004, hoje comanda o Gallipoli – que também é giallorosso – na Serie B.

Giuseppe Giannini

Nascimento: 20 de agosto de 1964, em Roma, Itália
Posição: meio-campista
Clubes: Roma (1980-96), Sturm Graz (1996-97), Napoli (1997-1998) e Lecce (1998-1999)
Seleção italiana: 47 jogos, 6 gols
Títulos: Coppa Italia (1983-84, 1985-86 e 1990-91), Supercopa da Áustria (1996) e Copa da Áustria (1997).

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2 comentários

  • É meio melancólico falar do Giannini. Ele não foi tão bom quanto Totti ou Falcão. Na verdade, lembra mais o Aquilani em vários aspectos. Mesmo assim, pegou times horríveis. Tivesse nascido uns cinco anos antes ou quinze depois, teria vencido mais.

    Algumas curiosidades: era ídolo de infância do Totti, que sonhava em simplesmente cumprimentá-lo. A sua festa de despedida, em 2000, teve o campo invadido por babacas Ultras, que paralisaram o evento. Concorreu a algum cargo (não encontrado por mim) nas eleições regionais da Itália, em 2005, pelo Forza Italia, partido de Silvio Berlusconi.

  • como disse no portale romanista "ídolo do ídolo". parabéns pela matéria Mateus. Giannini só pelo simples fato de ser romano, romanista e ter a camisa 10 e braçadeira cumpriu o legado dos lendários bandeiras que mistificam a Roma. Agostino está para Giuseppe que entrega para Francesco. Lendas de um futebol perdido em algum lugar do modernismo de hoje.

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