Serie A

De volta ao mundo real

Após uma qualificação para a Liga dos Campeões, torneio mais visado do mundo, não há como pedir que um time a deixe de lado para priorizar o bom e velho campeonato nacional. Mesmo quando a tragédia já está anunciada, como no caso da Lazio desta temporada. Desde a vitória frente ao Dinamo Bucuresti, na terceira preliminar européia, as previsões eram negras: elenco reduzido, titulares sem substitutos à altura, lesões de jogadores-chave na pré-temporada e expectativa inútil sobre o presidente Lotito: enquanto se esperava três grandes reforços, quem chegou foi o goleiro uruguaio Muslera, promissor até levar dois gols debaixo das pernas frente ao Milan.

Goran Pandev: de nada adiantou o gol do melhor laziale da competição

Se cair para o Dinamo poderia ser um trauma a ser carregado por toda a temporada, a classificação para a fase de grupos da Liga tornou-se o principal catalisador das desgraças do time. O jogo de estréia, contra o Olympiacos, marcou um dos grandes erros de planejamento do plantel: Mauri jogou a partida no sacrifício, e a partir daí nunca mais foi o mesmo, sempre voltando antes do previsto para o campo. E antes do desejado para o departamento médico. Stendardo, Zauri e Mutarelli também se dividiram entre lesões e sacrifícios, enquanto a Siviglia, esteio da zaga do time, restou somente a primeira opção.

O adeus laziale à competição se consumou com as improvisações. Jogando sempre in memorian, herança do belo futebol praticado na última temporada, Delio Rossi não deu sorte ao apostar em Kolarov como zagueiro e Manfredini como meia-esquerda, na derrota por 2-1 frente o Werder. E muito menos ao se apoiar na dupla Stendardo-Siviglia na zaga, contra o Olympiacos, em Roma. Enquanto o veterano voltava de lesão, o argentino já vinha dando provas de que não era o mesmo das últimas temporadas – o que, só por isso, já seria insuficiente para uma titularidade em âmbito europeu.

Se na Liga dos Campeões jogava o que havia de melhor, os restos destes embates entravam em campo pela Serie A. Muslera e Ballotta se revezando no gol, Zauri e Scaloni fora de posição na zaga, Mutarelli improvisado na armação. Baronio, Manfredini e Tare ainda com chances no time titular, apesar de já terem provado incapacidade suficiente para isso. Além de Meghni e Del Nero convertendo-se em decepções retumbantes após não conseguirem substituir um alquebrado Mauri.

Contra o Real, apesar de esperar um milagre, aos trinta minutos a queda européia estava consumada. A Lazio até tentou abrir o placar com Scaloni, mas no primeiro quarto Júlio Baptista e Raúl já haviam dizimado uma defesa completamente perdida e muitas vezes violenta em excesso. A Robinho coube apenas o serviço de concluir com propriedade jogada de van Nistelrooy nas proximidades da pequena área. Com Ballotta impedindo o poker madridista, logo o Real arrefeceu e Pandev marcou o gol para deixar a Lazio sair do Bernabéu de cabeça erguida. Rocchi ainda perdeu pênalti nos acréscimos, mas a situação já era irreversível.

Lionel Scaloni: argentino, duro na marcação, fez Marcelo voar por duas vezes

Fora até mesmo da Copa da Uefa, a Lazio finalmente se revê apenas nacionalmente. A metade de dezembro é tarde demais para alçar vôos mais altos. Mas a Copa da Uefa, com o calcio tão equilibrado, é meta alcançável. Também a Coppa Italia, que não é vencida desde 2004, tempos de Stam, Mihajlovic, Fiore e Corradi. Voltar à Europa, mesmo que sem tapete vermelho, será motivo de comemoração em uma temporada remendada, após uma classificação a duras penas para a Liga que acaba de se encerrar para a Curva Nord. E, a não ser que a sorte laziale no departamento médico se vire, um bom mercado de inverno será essencial. E o bom, nesse caso, também dá preferência à quantidade.

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3 comentários

  • De fato. Fizeram uma temporada anterior acima das expectitvas, com punições que afetaram dois de seus rivais diretos para a vaga na Champions League – Milan e Fiorentina, principalmente a Viola, encontram a formação ideal somente próximo à metade da mesma e contaram com grande desempenho individual de alguns jogadores chaves para a ótima campanha, casos especiais de Pandev, Rocchi e Mauri.

    Com um elenco limitado tecnicamente e as finanças ainda em saneamento, em decorrência da reestruturação levada a cabo pelo ótimo presidente Lotito, que pegou o clube em processo pré-falimentar após a era Cragnotti, não é de surpresa alguma que a equipe tenha sido eliminada na Champions League, ainda que somente no último jogo, por um rival bem superior e capaz de suportar a disputa da forte e exigente liga doméstica e da competição européia, o quê não é o caso dos laziali.

  • uma pena essa saída, a falta de Mauri a tornou pré-matura, pois a Lazio completa não deve nada a Werder e principalmente ao Olympiakos.
    o dinheiro da classificação seria muito bem-vindo e de vital importância para os cofres do clube. Aos pouco eles chegam lá e vão poder disputar no mercado bons valores, mas não Top como era na época de ouro.

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