Serie A

Surpreendendo, apesar dos problemas

Palermo começou a temporada sob desconfiança, mas bons resultados colocam o time entre as boas surpresas do campeonato. É o mesmo caso de Chievo e Udinese (Foto: Getty Images)
Palermo, Chievo e Udinese não têm ganhado muita atenção da imprensa neste início de temporada, mas com certeza são três equipes que merecem ser observadas. O que elas têm em comum? Superaram a desconfiança que dominava seus ambientes e vêm fazendo boa campanha. Pelo menos até agora. O Palermo começou a temporada com um treinador, foi eliminado ainda nas fases preliminares da Liga Europa e a torcida já esperava um ano desastroso. Em Chievo, a saída de Stefano Pioli, que organizou e salvou o time em 2010-11, trazia insegurança, enquanto em Údine a dúvida era se o time de Guidolin conseguiria sobreviver após o mercado que lhe tirou grandes peças.

As respostas começam a aparecer apenas um mês após o início da Serie A. O bom momento vivido pelo Palermo no campeonato passa pelas mãos e mente do novato Devis Mangia, ex-técnico do time Primavera do Varese. Os dez pontos conquistados em cinco rodadas são prova de um sistema tático eficiente aplicado pelo treinador. Em Chievo, os ventos também sopram a favor e os burros alados surpreendem neste início de temporada. Assim como a Udinese, que parece não estar sentindo a perda de três dos seus principais jogadores na temporada passada: Zapata, Inler e Sánchez. Nesta rodada, então, os três times têm grandes desafios para mostrarem que estão no caminho certo. O Palermo pega o Milan, no San Siro. O Chievo recebe a Juventus, em casa. E a Udinese enfrenta a eficiente Atalanta, fora.

Tentando ajeitar a defesa
Pouco mais de um mês após o início da Serie A 2011-12, o Palermo dá indícios de que pode lutar por algo a mais nesta temporada. Do meio para frente o time vai bem e conta com o segundo melhor ataque da competição, com nove gols marcados. O problema maior está lá atrás. A defesa, tão criticada na última época – foi a segunda pior da liga, com 63 gols sofridos –, continua decepcionando: até aqui, já sofreu seis gols, mais de um por partida. O técnico Mangia, contudo, dá indícios de que isso pode estar mudando. Nos dois últimos jogos, o goleiro Tzorvas não foi vazado nenhuma vez.

Diante da Inter de Milão, na primeira rodada do campeonato, a linha defensiva formada por Pisano, Silvestre, Migliaccio e Balzaretti não foi bem e sofreu três gols. Migliaccio jogou improvisado, deu espaço ao adversário e comprometeu o time em alguns momentos, como no gol de Milito. De lá para cá, Mangia não testou outra formação, mas de fato ela melhorou. Migliaccio já mostra um pouco mais de segurança e Tzorvas também melhorou muito, após falhas contra Atalanta e Cagliari. Ainda assim, o antigo xerife do Toulouse, Mauro Cetto, que ainda se recupera de lesão, pode agarrar uma das vagas na defesa quando voltar e ajudar o time.

Se reconstruindo a partir do meio
Em Verona, Domenico Di Carlo se rendeu ao 4-3-1-2 remanescente de Stefano Pioli. Os testes pelo 3-5-2, na pré-temporada, não deram certo e o time entrou com a antiga formação logo na rodada de abertura, no empate em 2 a 2 com o Novara. Sorrentino era protegido por Sardo, Cesar, Morero e Jokic. Desesperador: Morero e Jokic falharam no primeiro gol azzurro. Além disso, o lateral-direito foi expulso após entrada criminosa em Jeda. Ali ficava claro que um dos desafios do ex-técnico da Sampdoria seria ajeitar seu setor defensivo. Na partida seguinte, duas mudanças: Frey na lateral e Andreolli como quarto-zagueiro. Novo vexame? Claro. Andreolli cometeu um erro crasso no gol de Giovinco e quase deu outro tento de graça para a Formiga Atômica.

As coisas começaram a mudar quando Di Carlo decidiu reforçar o meio de campo, para dar mais proteção à zaga. Théréau e Hetemaj não resguardavam bem o time, mas do meio pra frente tinham desempenhos interessantes. Para corrigir isso, o treinador apostou em Bradley, contratado no começo da temporada. No lugar de Vacek, o estadunidense deu vigor físico necessário para o funcionamento do lado direito da equipe, com Sardo e Pellissier (ou Paloschi) e foi importante defensivamente, melhorando a marcação à frente da zaga. Assim, Morero e Bostjan Cesar já parecem mais entrosados. O grande teste será amanhã, contra o ímpeto da nova Juventus.

Onde a defesa não é problema
Na contramão, aparece a Udinese de futebol vistoso e eficiente da temporada 2010-11. O time provincial lidera a Serie A com 11 pontos (mesma pontuação da Juventus) e com apenas um gol sofrido nos cinco jogos disputados. O trabalho de Francesco Guidolin permanece muito bom e o time parece não sentir a falta de Zapata, Inler e Alexis Sánchez. O treinador modificou a forma de jogo friulano, mas sem prejudicar a eficácia do time. O corredor que Neuton criou para Theo Walcott no jogo de ida contra o Arsenal colocou um ponto de interrogação na cabeça de Guidolin. Fixar ou não quatro zagueiros? Mistério resolvido logo na estreia da Serie A, contra o Lecce. Domizzi, Danilo e Ekstrand formaram o trio à frente do goleiro Handanovic e liberaram Basta pela direita e Armero pela esquerda. Com Badu, Pinzi e Asamoah completando o meio campo e Torje na função de armador, o 3-5-1-1, com apenas Di Natale na frente, tem dado frutos à Udinese. Handanovic e Danilo, ex-Palmeiras, se mostram essenciais e dão a segurança que o time precisa para soltar Basta e Armero para atacarem.

O equilíbrio do time é o principal ponto do trabalho de Guidolin, que cada vez mais mostra ser um grande técnico. Contra a Atalanta, neste domingo, a Udinese faz o duelo dos times que jogam o melhor futebol da Serie A até aqui.

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