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Antonio Benarrivo é sinônimo de um Parma vencedor

Falar da era de ouro do Parma é falar de Antonio Benarrivo. Poucos jogadores tiveram tanta identificação com o clube quanto o dedicado lateral, que esteve presente em todos os melhores momentos da história dos crociati, de 1991 até 2004. O apuliano também foi capitão do time gialloblù por cinco temporadas.

Benarrivo nasceu na belíssima Brindisi, às margens do Mar Adriático e no “salto” da Bota. Lá mesmo começou a atuar profissionalmente, em 1986, pelo time local. À época, o Brindisi disputava a Serie C1 após um longo período na quarta divisão e se contentava em não cair novamente. Em sua terceira temporada pelos messapici, Benarrivo ajudou a equipe a bater na trave pelo acesso à Serie B. O Brindisi ficou na quinta colocação, apenas três pontos atrás do promovido Foggia.

Os biancazzurri não jogaram a segundona em 1989-90, mas Benarrivo sim: o lateral, que era versátil e atuava tanto na direita quanto na esquerda, foi adquirido pelo Padova. A primeira temporada no Vêneto foi apenas razoável, mas o jogador se destacou na segunda, num time que tinha ainda Angelo Di Livio e Demetrio Albertini. Os biancoscudati ficaram com a 5ª posição na categoria e por causa de apenas um pontinho não encerraram um período de quase 30 anos sem participar da elite.

Após brilhar nas divisões inferiores, Benarrivo chegou ao Parma e ajudou o time a brigar por títulos (Popperfoto/Getty)

As boas atuações de Benarrivo foram notadas pelo Parma, que estreara na Serie A em 1990 e logo no ano do debute conseguiu se classificar para a Copa Uefa. O lateral de 23 anos deixou o Padova após 69 partidas e sete gols marcados e logo de cara se tornou titular na Emília-Romanha. A princípio, Benarrivo assumiu a ala direita no 3-5-2 de Nevio Scala – também recém-contratado, o experiente Alberto Di Chiara atuava do lado oposto.

No Parma, Benarrivo ficou conhecido nacionalmente pela sua resistência física, futebol sempre em alto ritmo e boa chegada no campo adversário. Nas duas primeiras temporadas, a consistência do lateral contribuiu para que os ducali levantassem uma Coppa Italia e uma Recopa Uefa.

Em alta, Antonio foi chamado por Arrigo Sacchi para defender a seleção italiana e estreou em setembro de 1993, num jogo contra a Estônia, válido pelas Eliminatórias para a Copa do Mundo. Não saiu mais do time. A regularidade mostrada na Nazionale e num Parma que ainda seria campeão da Supercopa Uefa contra um Milan estelar e vice da Recopa fez com que Benarrivo fosse convocado para a Copa de 1994.

Benarrivo foi titular na campanha do vice-campeonato mundial da Itália, em 1994 (Allsport)

O crociato começou a competição jogando pelo lado direito, mas a partir do mata-mata passou a atuar pela canhota. A mudança foi motivada pela lesão de Franco Baresi e o consequente rearranjo no sistema defensivo azzurro, que começou a contar com o lateral destro Roberto Mussi. Após o vice mundial, Benarrivo teria a concorrência de Mussi no Parma.

Em 1994-95, Mussi acabou jogando mais do que o próprio Benarrivo. Uma lesão afastou o apuliano por parte da temporada e ele acabou contribuindo pouco para a campanha do terceiro lugar na Serie A e do vice na Coppa Italia. Na Copa Uefa, vencida pelos emilianos, Antonio foi titular nas duas partidas das finais contra a Juve, mas em ambas acabou substituído pelo concorrente.

Benarrivo retomou a posição no onze inicial do Parma em 1995-96, mas na lateral esquerda. Enquanto Mussi se firmou pelo lado direito, o polivalente Antonio empurrou Di Chiara para o banco – o que fez com que o veterano trocasse de clube no fim da temporada e fosse se aposentar no Perugia. Benarrivo continuou como titular depois da chegada de Carlo Ancelotti e colaborou para que a equipe tivesse se melhor desempenho na Serie A: em 1997, o Parma foi vice-campeão, apenas dois pontos atrás da Juve.

O lateral participou de todos os títulos da década de ouro do Parma (Allsport)

Embora estivesse jogando bem, Benarrivo não teve a chance de representar a Itália em outras competições: participou de jogos pelas Eliminatórias para a Euro 1996 e a Copa de 1998, mas não figurou na convocação para os torneios. Seu último jogo pela Squadra Azzurra aconteceu debaixo de muita neve, em Moscou, na ida da repescagem que garantiu a Itália no Mundial.

Em 1998-99, Antonio teve seu último ano como titular absoluto no Parma. Já sob as ordens de Alberto Malesani, Benarrivo pode levantar a Coppa Italia e a Copa Uefa, além de comemorar mais uma classificação para a Champions League, graças ao quarto lugar na Serie A. Mesmo sem jogar sempre, o apuliano continuou importante para o grupo e recebeu a faixa de capitão crociata – que ostentou, sempre que entrou em campo, até 2004.

Na reta final de sua trajetória como profissional, Benarrivo ainda conquistou uma Supercopa Italiana e a terceira Coppa Italia da carreira. Em 2002-03, quando o Parma já não contava com a mesma saúde financeira nem tinha desempenho tão brilhante, o lateral foi bastante utilizado por Cesare Prandelli e contribuiu para uma campanha surpreendente dos gialloblù, que ficaram com a quinta colocação na Serie A.

Titular do Parma por cerca de uma década, Benarrivo também foi capitão da equipe emiliana (Getty)

Aquele seria o canto do cisne de Benarrivo. Em 2003-04, sua temporada de despedida, só entrou em campo oito vezes. Foi o suficiente para ampliar duas marcas: Antonio é o recordista de presenças pelo Parma na Serie A (258 jogos) e em competições europeias (58).

Depois de se aposentar, Benarrivo se afastou completamente do futebol profissional. Apenas em 2013 voltou a frequentar espaços ligados ao esporte e se diplomou como treinador no curso da FIGC, em Coverciano – no entanto, nunca exerceu a profissão. Por ter sido peça-chave do melhor Parma da história, o ex-lateral apareceu na mídia algumas vezes durante o processo de falência do clube, para opinar sobre o caos societário, e também jogou algumas partidas beneficentes para auxiliar a nova agremiação.

Antonio Benarrivo
Nascimento: 21 de agosto de 1968, em Brindisi, Itália
Posição: lateral-esquerdo e lateral-direito
Clubes: Brindisi (1986-89), Padova (1989-91) e Parma (1991-2004)
Títulos: Coppa Italia (1992, 1999 e 2002), Supercopa Uefa (1993), Recopa Uefa (1993), Copa Uefa (1995 e 1999) e Supercopa Italiana (1999)
Seleção italiana: 23 jogos

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