João Mário garantiu a sexta vitória consecutiva da Inter (AP)
Na segunda rodada do returno da Serie A, a Inter voltou a viver um drama, mas venceu e demonstrou que ainda está viva na briga por uma vaga na Liga dos Campeões. Longe do maior torneio europeu desde 2012, a equipe nerazzurra chegou a seis triunfos em sequência e finalmente tem rendido o que se esperava de um elenco tão caro. A 21ª jornada do Campeonato Italiano também teve como destaques o jogaço entre Milan e Napoli e as marcas positivas de Juventus, Roma e Atalanta. Com quase metade do torneio pela frente, os rebaixados para a segundona também estão virtualmente definidos. Confira.
Palermo 0-1 Inter
João Mário (Candreva)
Tops: Murillo e Gagliardini (Inter) | Flops: Goldaniga e Jajalo (Palermo)
Seis
vitórias consecutivas na Serie A. A Inter não conseguia tal marca desde outubro de 2012, quando teve um ótimo início de
temporada – ainda que a equipe, treinada por Stramaccioni, acabaria o campeonato com a pior colocação do clube neste século. Neste campeonato, apenas a Atalanta tinha conquistado tantos triunfos em sequência, entre setembro e novembro. Com Pioli, a equipe de Milão tem aproveitamento de campeã: segundo levantamento feito pela Gazzetta dello Sport, se projetados para as 21 rodadas disputadas, seus números renderiam 51 pontos e a primeira posição à Beneamata. De qualquer forma, o time de Pioli não tem vivido este bom momento sem que protagonize certo drama: a partida realizada em um vazio Renzo Barbera, contra o
pior anfitrião da Serie A, não foi exceção.
Os visitantes ofereceram
alguma resistência com Bruno Henrique, Quaison e Nestorovski, mas
Miranda e Murillo estiveram firmes na defesa e
Handanovic só trabalhou para cortar cruzamentos – não fez uma defesa
sequer. Do outro lado, porém, o inexperiente Posavec superou as
frequentes falhas e fez defesas importantes para manter o placar zerado
por mais de 60 minutos, mesmo com a insistência do ataque interista. Se Icardi, Perisic, Banega e Candreva não estiveram inspirados, João
Mário entrou com gás e mais uma vez foi decisivo, completando cruzamento
do italiano na pequena área. A vantagem foi mantida, mas a Beneamata ainda teve as expulsões de Ansaldi e Pioli no final do jogo. Com o resultado, a
Inter voltou à zona europeia e ocupa a 5ª posição, a um ponto da Lazio. O Palermo, por sua vez, está cada vez mais próximo da Serie B.
Juventus 2-0 Lazio
Dybala (Mandzukic) e Higuaín (Cuadrado)
Tops: Mandzukic e Cuadrado (Juventus) | Flops: Felipe Anderson e De Vrij (Lazio)
Pela primeira vez a Juventus teve Dybala, Higuaín e Mandzukic juntos no time titular, e juntamente com o trio, Cuadrado. A formação super ofensiva de Allegri foi uma surpresa, inclusive para a Lazio: o diretor esportivo laziale, Igli Tare, falou que não esperava o adversário dessa forma. Não à toa, os gols em Turim surgiram dos pés do quarteto, que aproveitaram desatenções da defesa laziale para matar o jogo depois de apenas 17 minutos. Sem jamais reagir de forma competitiva, a Lazio viu seu jejum de vitórias contra os bianconeri, em Turim, aumentar para 14 anos. Por sua vez, a Velha Senhora estendeu sua série de vitórias em casa a incríveis 27 jogos.
Com os gols marcados logo no início, os anfitriões não tiveram qualquer problema para apenas administrar a vantagem pelos mais de 70 minutos restantes, controlando a posse de bola e impedindo o adversário de pisar na sua área. A Lazio até chutou mais, mas a maioria das vezes arriscou de fora da área e Buffon pouco trabalhou. Assim como Marchetti do outro lado: ele viu as finalizações dos argentinos Dybala e Higuaín balançarem as redes e depois não sofreu mais nenhum chute contra sua meta. Tranquila, a Juventus defendeu a primeira posição e manteve a liderança frente às vitórias de Roma e Napoli. Já a Lazio segue em 4º, mas viu os napolitanos abrirem vantagem e a Inter encostar.
Milan 1-2 Napoli
Kucka (Pasalic) | Insigne (Mertens) e Callejón (Mertens)
Tops: Mertens e Insigne (Napoli) | Flops: Gómez (Milan) e Tonelli (Napoli)
Nem mesmo o Napoli de Maradona esteve confortável em San Siro contra o Milan. Mas com Sarri o cenário é outro: domínio total dos napolitanos em Milão. Depois de ficar quase três décadas sem vencer o confronto no norte, os azzurri agora comemoram a segunda vitória seguida e também uma invencibilidade de dez partidas no campeonato, recorde nesta temporada. Números que exaltam a reação do Napoli, sempre na cola de Juventus e Roma. Sarri também foi exaltado, porque seu planejamento funcionou perfeitamente nos primeiros 30 minutos e, em que pese a reação rossonera, a vitória foi mantida. O caminho para os gols foi construído através de recuperações no seu campo e lançamentos para Mertens, que teve facilidade para achar espaços na desfalcada defesa milanista. Após passes longos dos brasileiros Allan e Jorginho, o belga tocou para Insigne e Callejón superarem Donnarumma, tão desatento quanto seus companheiros. Jeito ruim para o ótimo goleiro comemorar os seus 50 jogos na Serie A.
No entanto, o belga virou antagonista e o goleiro de 17 anos começou sua recuperação em um lance que acabou sendo determinante para a sequência da partida. Cara a cara, Mertens perdeu gol inacreditável, e Donnarumma fez uma defesa que devolveu a confiança para si e o restante do time. A equipe de Montella se tornou competitiva ao ofuscar a saída napolitana e criar consecutivas oportunidades, aproveitando erros individuais. Como os de Tonelli, que vacilou em recuo de Jorginho e viu Pasalic passar para Kucka tocar na saída de Reina. O zagueiro italiano ainda deu outro susto ao derrubar Bacca quase no limite da área, nos acréscimos. Após o intervalo, a tônica seguiu a mesma e em dois minutos os anfitriões tiveram duas grandes oportunidades, novamente com Pasalic, que acertou a trave em cabeceio após cruzamento perfeito do Abate, e teve enfiada de bola interceptada por Albiol, que deixaria Bacca na cara do gol. De qualquer forma, assim como o gol perdido por Mertens levou à queda do Napoli, as oportunidades não aproveitadas pelo Milan também tiraram o gás da equipe com os ataques frustrados – somadas à reorganização dos visitantes na defesa. O placar derrubou os rossoneri na tabela: após perderem duas posições, estão em sétimo.
Roma 1-0 Cagliari
Dzeko (Rüdiger)
Tops: Dzeko e Fazio (Roma) | Flops: João Pedro e Diego Farias (Cagliari)
Pela
terceira vez seguida, a Roma bateu seu adversário por 1 a 0. Um início
de ano sem graça para os giallorossi, que costumam fazer boas partidas,
mas também mostram a maturidade de uma equipe que não precisa de grande
esforço para conquistar os três pontos. Contra o Cagliari, Fazio ganhou
todas as bolas na defesa e Szczesny só tocou na pelota para bater tiro
de meta, segurar a posse com seus companheiros ou lançar para o pivô de
Dzeko. O bósnio garantiu sua volta às redes, marcando o gol da vitória
pouco depois do intervalo, completando cruzamento de Rüdiger, e ainda
fez uma grande partida, comandando sozinho o ataque romano – ainda
acertou a trave e teve um gol bem anulado. Fechando a rodada, sabendo
dos resultados de Juventus e Napoli, o time de Spalletti não teve
problemas para defender a segunda posição e manter a distância de um
ponto para a liderança. Com o resultado, a Roma igualou sua maior série
de vitórias em casa: como em 1930, chegou a 13 consecutivas.
Atalanta 1-0 Sampdoria
Gómez (pênalti)
Tops: Gómez e Bastoni (Atalanta) | Flops: Silvestre e Linetty (Sampdoria)
Tem sido um campeonato fantástico para a Atalanta. Já com a salvezza garantida, o time de Gasperini aproveita para se divertir e, quem sabe, beliscar uma vaga europeia. É um objetivo difícil, mas depois de 21 rodadas os nerazzurri seguem na briga, agora, inclusive, na frente do Milan. Corajoso, o treinador ainda foi responsável por um feito importante: pela primeira vez um time escalou dois ou jogadores nascidos em 1999 na Itália. O zagueiro Bastoni e o volante Melegoni, já titulares no sub-19, não tiveram problemas para estrearem na Serie A como titulares em Bérgamo – o primeiro ainda se destacou, com grande exibição e cortes decisivos para manter a vitória. No ataque, brilharam Spinazzola, Gómez e Petagna, que protagonizaram 19 dos 21 dribles da equipe. Em pênalti duvidoso sofrido pelo centroavante, o argentino converteu com personalidade e colocou a Dea na sexta colocação, além de aumentar a sequência negativa da Sampdoria, que não vence há seis rodadas. Giampaolo já recebeu um recado do presidente Ferrero.
Chievo 0-3 Fiorentina
Tello, Babacar (pênalti) e Chiesa (Vecino)
Tops: Chiesa e Tatarusanu (Fiorentina) | Flops: Dainelli e Pellissier (Chievo)
Depois de bater a rival Juventus, a Fiorentina voltou a superar o Chievo – eliminou os gialloblù na Coppa Italia há duas semanas –, dessa vez no Bentegodi, um dos campos mais complicados da Serie A. Para isso, o time de Paulo Sousa não foi exatamente espetacular e, na verdade, sofreu bastante, por mais que o placar indique o contrário. Os anfitriões tentaram reagir com Castro, Birsa e Meggiorini, mas inacreditavelmente Tatarusanu foi decisivo para manter o clean sheet e afastar qualquer chance de reação adversária. Para tanto, o goleiro também contou com boa participação do trio Sánchez, Rodríguez e Astori. Para espantar a má fase, o espanhol Tello contou com erro clamoroso para abrir o placar aos 18 minutos e o senegalês Babacar, substituto do suspenso Kalinic, marcou em pênalti sofrido por Chiesa, aumentando a vantagem logo após o intervalo. Por fim, o filho do ex-atacante Enrico finalmente conseguiu o gol que não lhe foi atribuído na rodada anterior e marcou pela primeira vez no campeonato. O ponta, tão rápido e habilidoso quanto o pai, vai se mostrando cada vez mais importante para os viola.
Bologna 2-0 Torino
Dzemaili (Krejci) e Dzemaili (Donsah)
Tops: Dzemaili e Mirante (Bologna) | Flops: Falqué e Valdifiori (Torino)
Dando outro indicativo da sua irregularidade, depois de sequência negativa o Bologna venceu pela segunda vez no ano. Agora, a equipe de Donadoni está exatamente no meio da tabela, em décimo. Para isso, Mirante e seus companheiros de defesa estiveram firmes contra um ataque que sentiu a falta de Belotti e não teve grandes atuações de Ljajic e Falqué, sem falar na apatia de seu meio-campo. A vitória dos emilianos veio graças à falha defesa de Mihajlovic e a dois gols de Dzemaili, que superou Hart facilmente em duas oportunidades. Nos últimos jogos, o meia suíço voltou a mostrar o lado artilheiro do início de carreira e foi fundamental para as conquistas dos felsinei. O Toro, por sua vez, parece encontrar seus limites fora de casa e quase não consegue somar pontos longe de Turim – venceu somente duas partidas fora de seus domínios.
Empoli 1-0 Udinese
Mchedlidze (Veseli)
Tops: Mchedlidze e Croce (Empoli) | Flops: Karnezis e Zapata (Udinese)
Depois de encerrar o ano em alta, a Udinese iniciou 2017 com três derrotas – ainda que duas delas tenham sido contra Inter e Roma e com bom desempenho do time de Delneri. Porém, na Itália as coisas funcionam quase como no Brasil: o treinador já levou um puxão de orelha e a diretoria pensa em preparar uma concentração. Isso porque dessa vez a equipe esteve apática fora de casa e caiu para o Empoli no pior jogo da rodada, em confronto marcado por duelos aéreos, muitas perdas de posse de bola e pouco trabalho dos goleiros. O jovem time friulano não teve a mesma disposição no ataque, enquanto os anfitriões também pouco ameaçaram, mas aos 82 minutos, a defesa visitante sucumbiu ao cabeceio de Mchedlidze, que subiu alto para completar cruzamento de Veseli e garantir rara vitória do Empoli, cada vez mais tranquilo na 17ª posição, por incrível que pareça. Afinal de contas, Palermo, Pescara e Crotone não oferecem qualquer resistência e a diferença já aumentou para 11 pontos. Restando 17 rodadas, o cenário parece muito bem definido na parte de baixo da tabela.
Genoa 2-2 Crotone
Simeone (Cofie) e Ocampos (pênalti) | Ceccherini (Barberis) e Ferrari
Tops: Simeone (Genoa) e Ceccherini (Crotone) | Flops: Lamanna (Genoa) e Cordaz (Crotone)
Como a Udinese, o Genoa também caiu de desempenho depois de boa sequência de resultados – ainda que tenha mantido bom futebol com Juric. O treinador, como sempre, acaba sendo o bode expiatório e já foi criticado pelo presidente Preziosi, que tem muita consideração pelo ex-jogador. Contra o novato Crotone, antiga equipe do técnico sérvio, pesaram a deficiência dos grifoni na bola parada e mais uma vez as falhas do goleiro Lamanna, que certamente tem causado desespero nos torcedores desde a lesão do ídolo Perin. Em cobranças de falta de Barberis, os zagueiros Ceccherini e Ferrari responderam aos gols anfitriões, marcados pelos bons Simeone e Ocampos. A equipe genovesa caiu para a 16ª posição, mas olha mais para a parte de cima da tabela do que para a zona de degola. Virtualmente rebaixado, o Crotone aproveitou para somar mais um ponto na sua curta passagem pela Serie A.
Pescara 1-3 Sassuolo
Bahebeck (Biraghi) | Matri (Politano), Pellegrini (Mazzitelli) e Matri (Politano)
Tops: Matri e Consigli (Sassuolo) | Flops: Bizzarri e Fornasier (Pescara)
O calvário do laterna Pescara continua. A diretoria formou boa equipe do meio-campo para frente, mas esqueceu da defesa e o time de Oddo sofre exatamente pela instabilidade na zaga, que agora afetou até mesmo a produção ofensiva, que foi boa nos primeiros meses no retorno à Serie A. Dessa vez, até levou a uma vitória fora de casa do Sassuolo, que chegou a apenas seu segunda triunfo longe da Emília-Romanha, novamente graças aos gols de Matri. O ex-jogador de Juventus, Milan e Lazio ficou três meses sem marcar, mas nas últimas duas partidas guardou quatro vezes contra os quase rebaixados Palermo e Pescara. Depois da ajuda de Berardi, agora contou com os passes de Politano e as falhas do experiente Bizzarri, até então único ponto de resistência na defesa dos golfinhos. Consigli ainda defendeu pênalti no final, tirou onda e comemorou a segunda vitória seguida dos neroverdi, depois de um mês sem vitórias. Longe da zona de rebaixamento, a equipe neroverde agora promete crescer e ficar em posição mais condizente com seu elenco.
*Os nomes entre parênteses nos resultados indicam os responsáveis pelas assistências para os gols
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