Perder do Liverpool e se classificar mesmo assim? É para poucos. Nesta quinta, 18 de abril de 2024, a Atalanta recebeu os Reds pelo jogo da volta das quartas de final da Liga Europa e avançou às semifinais da competição, mesmo tendo perdido pelo placar mínimo. Afinal, após ter feito história na Inglaterra e ter conseguido o excelente resultado de 3 a 0 como visitante, o placar agregado de 3 a 1 levou os nerazzurri à fase seguinte. Um feito inédito para a agremiação.
Precisando superar uma expressiva desvantagem, o time inglês, treinado por Jürgen Klopp, foi a campo com seu time titular – e não com alguns reservas, como em Anfield. E, claro, começou incendiando a partida. Com apenas cinco minutos de bola rolando, Alexander-Arnold tentou cruzar na área e a pelota bateu no braço de Ruggeri, ocasionando pênalti. Salah, cobrou de um lado e Musso saltou para o outro. Liverpool na frente, muito cedo.
O gol precoce poderia mudar a história da eliminatória e, ciente de que um outro tento teinha potencial de desnortear os jogadores da Atalanta, o Liverpool continuou a pressionar – inclusive, terminaria a partida com cerca de 70% de posse de bola, deixando a Dea, que gosta de ter a pelota, na raríssima situação de ficar apenas 30% do tempo com ela. Aos 12 minutos, Robertson tocou para Gakpo, que arrumou uma bela ajeitada de primeira para Díaz ficar cara a cara com Musso. Porém, o arqueiro argentino saiu rápido de sua baliza e dividiu com o atacante. Na sequência, Szoboszlai arriscou da entrada da área e o arqueiro nerrazzuro segurou firme.
Relativamente acuada, a Atalanta começou a tentar reagir perto dos 20 minutos, quando Díaz perdeu uma bola na intermediária, Miranchuk tabelou com Scamacca e só não finalizou de uma boa posição porque Alisson se antecipou. Aos 28, em mais uma tabela entre russo e italiano, o primeiro arriscou de canhota e a bola passou ao lado do gol defendido pelo brasileiro.
O Liverpool bem que tentava intensificar a sua pressão, mas pecava muito no último passe, contra uma defesa que estava bem atenta. Ou, então, era ineficiente nas finalizações. Como aos 39, quando Gakpo deu um leve toque para Salah, nas costas da retaguarda nerazzurra, e o egípcio errou feio ao tentar encobrir Musso. Na sequência, a Atalanta deu uma nova resposta e balançou as redes com Koopmeiners. Porém, o holandês estava em posição de impedimento e o gol foi anulado.
Na segunda etapa, foi a equipe de Gian Piero Gasperini que criou a primeira chance de perigo. Após bate-rebate, a bola sobrou para Éderson, que – mesmo bem posicionado – finalizou fraco, nas mãos de Alisson. Aos 58 minutos, a resposta do Liverpool foi similar: Alexander-Arnold cruzou na área e Van Dijk subiu mais que a defesa, só que Musso encaixou a pelota sem muitos problemas.
Dali em diante, a impressão de que a Atalanta iria se classificar ficou cada vez mais nítida. Afinal, era a própria Dea que conseguia criar as melhores oportunidades – nem tão boas assim, na verdade. E isso, mesmo com menos da metade do tempo de posse de bola do rival. No geral, o Liverpool finalizou 10 vezes, enquanto os orobici conseguiram arrematar oito.
Ao apito final, a história estava escrita. Pela segunda vez na história, a Atalanta chegava a uma semifinal continental – a outra, em 1987-88, terminou com queda para o Mechelen, da Bélgica, na extinta Recopa Uefa. A agremiação nerazzurra também se juntou ao Genoa num feito: foram os únicos italianos a baterem o Liverpool nas quartas de final, considerando Copa Uefa e Liga Europa.
Gasperini, portanto, continua a fazer história sob o comando da Atalanta. Seu grande feito continental tinha sido levar a equipe de Bérgamo às quartas de final da Liga dos Campeões em 2019-20 e ficarem a segundos de eliminarem o poderoso Paris Saint-Germain – que virou com dois gols nos acréscimos e foi vice daquela edição do torneio.
Agora, o veterano treinador tem boas chances de alcançar a final da Liga Europa, já que os nerazzurri são mais sólidos do que o tradicional Olympique de Marseille, adversário da próxima fase. Além disso, a Dea ainda briga pela quinta vaga da Liga dos Campeões na Serie A – é a sexta colocada – e está viva na Coppa Italia, já que perdeu o jogo de ida das semifinais, contra a Fiorentina, pelo placar mínimo. Será que o técnico conseguirá um título em seu oitavo ano de trabalho?