A Juventus voltou a tropeçar na Champions League e deixou escapar mais uma chance de retomar o rumo no torneio continental. No Allianz Stadium, a equipe de Luciano Spalletti, que estreava na competição, ficou apenas no 1 a 1 diante do Sporting, resultado que mantém os bianconeri no limite da zona de classificação, com três empates e uma derrota nas quatro rodadas disputadas. Foi uma noite de contrastes em Turim: de um lado, a redescoberta de um Vlahovic em grande forma e que voltará a discutir sua renovação contratual com os bianconeri; do outro, a frustração de um time que ainda não conseguiu transformar uma boa atuação em vitória. A Velha Senhora, apesar dos sinais de progresso na nova gestão, segue patinando e vê a classificação ao mata-mata europeu sob alto risco.
O jogo começou em ritmo alto, com a Juventus tentando impor presença ofensiva diante de um adversário que, ao contrário de outros compromissos, preferiu esperar um pouco para explorar os espaços. Spalletti apostou num 3-4-2-1, com Koopmeiners novamente testado como zagueiro pela esquerda. No esquema, Yildiz e Francisco Conceição flutuavam atrás de Vlahovic, com liberdade para buscar o jogo e alternar posições. A estratégia parecia funcionar, até que, na primeira escapada portuguesa, veio o golpe.
Aos 12 minutos, Maxi Arauúo aproveitou uma brecha pela direita da defesa bianconera, recebeu o passe de um endiabrado Francisco Trincão e soltou um chute cruzado de canhota que beijou o poste antes de morrer nas redes de Di Gregorio. Um balde de água fria que expôs, mais uma vez, a fragilidade da equipe italiana nas transições defensivas. Poderia ter sido ainda pior, visto que, aos 14, o garçom do gol arriscou uma finalização forte, que desviou em Koopmeiners e explodiu no travessão.
Entretanto, a resposta juventina foi imediata. O time adiantou suas linhas, com Thuram e Locatelli controlando o meio e os alas empurrando o Sporting para dentro da própria área. Aos 17 minutos, Vlahovic teve a primeira grande chance, se antecipando a Diomande e efetuando um cabeceio forte que obrigou Rui Silva a fazer milagre. Pouco depois, o sérvio voltou a assustar num chute de perna esquerda, rasteiro, que o goleiro rebateu. A insistência daria resultado pouco depois, numa jogada de manual que lembrou o atacante dos tempos de Fiorentina. O mesmo que tem aparecido volta e meia em Turim, na atual temporada, e que fez o clube reabrir negociações para renovação contratual – como confirmado pelo diretor Giorgio Chiellini antes do jogo desta terça.

Numa noite em que Koopmeiners voltou a ser escalado como zagueiro, a Juventus sofreu com Trincão (Getty)
Aos 34, Thuram rompeu o campo com uma arrancada potente e encontrou Vlahovic entre os zagueiros: o sérvio finalizou de primeira e inflamou o estádio com o empate. A Juventus cresceu em intensidade, e o Sporting passou a sofrer com a pressão alta e a velocidade dos alas. Francisco Conceição teve chance clara aos 40, quando recebeu cruzamento rasteiro de Yildiz, mas viu Gonçalo Inácio evitar a virada com um corte providencial.
A reta final do primeiro tempo teve a Juventus em cima, empilhando escanteios e obrigando Rui Silva a trabalhar como nunca. O Sporting, recuado, agradeceu o intervalo, enquanto Spalletti parecia satisfeito com a reação, mas ciente de que faltava clareza nas tomadas de decisão. Do outro lado, Rui Borges se via obrigado a ajustar o posicionamento da defesa, especialmente pelo lado direito, onde Vlahovic e Thuram criavam superioridade constante.
A etapa final começou mais equilibrada. O Sporting adiantou o bloco, dificultando a saída de bola da Juventus, e o ritmo da partida caiu. A pressão territorial seguiu, mas sem a mesma objetividade: Yildiz se movimentava bem, mas Conceição começava a abusar das jogadas individuais, perdendo o timing e travando ataques promissores. Por isso, o lusitano acabou sacado, dando lugar a Zhegrova. Spalletti tentou também reanimar o time com a entrada de Kostic pela esquerda e centralizando McKennie, em busca de mais força física e cruzamentos.
A Juventus seguiu melhor com as trocas, mas faltava algo a mais. Spalletti seguiu em busca de soluções e, aos 83, sacou Vlahovic e Locatelli, dando chance a Miretti, que estreou na temporada, e Adzic – curiosamente, as câmeras flagraram o técnico perguntando a Perin, goleiro reserva, o que ele achava da entrada do jovem montenegrino. Quatro minutos mais tarde, foi a vez de Yildiz ser rendido por David.
Na reta final do jogo, o Sporting, até então contido, passou a explorar o contra-ataque e teve boa chance com Catamo, que mandou para fora. Nos derradeiros minutos, o Allianz Stadium voltou a empurrar a equipe, e a Juventus teve a bola da vitória aos 92. David subiu bem entre os zagueiros e testou firme após cruzamento de Kalulu, obrigando Rui Silva a fazer mais uma defesa espetacular – a quinta da noite. A torcida suspirou em uníssono, e o apito final confirmou o quarto jogo seguido sem vitória na Champions League para a gigante de Turim.
No balanço geral, a Juventus de Spalletti apresentou avanços visíveis na organização e no espírito competitivo, mas ainda sofre com falta de contundência e fragilidade nas laterais. O técnico tenta construir um time sólido e moderno, mas o tempo e a margem de erro na Europa são cada vez menores. Com apenas quatro pontos somados, a Velha Senhora caminha na corda bamba na fase de liga e sabe que, nas próximas rodadas, qualquer novo deslize pode custar a classificação. A dura visita ao Bodø/Glimt, em pleno Círculo Polar Ártico, será decisiva para os bianconeri. Já o Sporting, bem posicionado, com sete pontos em 12 possíveis, receberá o Club Brugge.

