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Eternas promessas: Rubén Ariel Olivera

Em junho de 2001, Luca Toni custava caro demais para uma aposta cega num centroavante trombador que vinha se destacando no modesto Vicenza. Para gastar numa opção ofensiva, a Juventus preferiu mirar em Rubén Olivera, jovem “fantasista” uruguaio que vinha se destacando no Danubio – clube que nos últimos anos já havia mandado à Itália Sosa, Zalayeta, Pellegrini, Carini, Chevantón e Recoba. De quebra, seria mais uma oportunidade para atravessar o mercado do rival Torino, que já havia mandado olheiros para observá-lo.

Após um ano de muita especulação na imprensa uruguaia e de um duelo entre Juventus, Inter e Barcelona pelo jovem, no início da temporada 2002-03 a Velha Senhora anunciava Olivera: dois milhões de dólares pelo empréstimo de um ano, mais a opção de compra por mais sete milhões ao fim deste período. Grande negócio para os dois times: um bom dinheiro para um Danubio emergente no cenário uruguaio e, em tese, uma ótima opção para uma Juve que sob o comando de Lippi montava aquele que seria o ataque mais completo do mundo com Salas, Trezeguet, Di Vaio, Salas e Del Piero.

Atuando nas costas dos atacantes do Danubio, Olivera se destacou com apenas 18 anos pela facilidade em controlar a bola e encontrar livres seus companheiros. A facilidade para chegar ao gol adversário (21 gols em 37 jogos pelo clube uruguaio, em pouco mais de um ano e meio) também eram características marcantes de alguém marcado por uma técnica que, se bem empregada em campo, poderia ter feito surgir um dos grandes jogadores da história do futebol uruguaio – como era a aposta de Alcides Ghiggia, quando de sua viagem para Turim.

O bendito início promissor
Crescido nas categorias de base do Danubio, Rubén Olivera fez suas primeiras apresentações na primeira divisão uruguaia já no fim de 2000 e não demorou a alcançar a titularidade – tanto que não demorou também a ser convocado pelas primeiras vezes para a seleção por Victor Púa, técnico habituado a contar com jovens em seus trabalhos. Sua estréia pela Celeste Olímpica foi justamente contra a Itália, em abril de 2001. Três meses depois se despediu do Danubio marcando de pênalti o gol de honra da goleada por 4 a 1 sofrida para o Nacional.

Apresentado à Juve, encontrava em Turim um ambiente propício a seu desenvolvimento. Além dos vários companheiros sul-americanos, tinha a confiança da comissão técnica e de Luciano Moggi, então diretor-geral do clube, que recusara propostas de Perugia e Reggina para o empréstimo de Olivera: “não o contratamos para cedê-lo em empréstimo a qualquer outra equipe. Estamos convictos de suas capacidades e posso assegurá-los que Olivera continuará conosco”, declarou no início da temporada 2002-03.

Em fevereiro de 2003, Moggi chegou o mais perto possível de sua aposta. Naquele mês, Olivera passou por uma semana de provações, jogando quatro partidas em apenas cinco dias, passando como protagonista do Torneio de Viareggio ao Old Trafford de Manchester. Em seu melhor dia, marcou os dois gols que eliminaram o até então favorito Santos da tradicional competição toscana, o primeiro num voleio após cruzamento de Brighi, até hoje considerado pelo próprio Olivera um de seus mais belos gols.

A tradicional queda
Mesmo com apresentações convincentes do ponto de vista individual, a confiança em Olivera não era lá muito grande. Muito porque, ainda que sua técnica fosse indiscutível, o uruguaio sempre apresentou problemas de ordens táticas, desde sua chegada à Itália. Acostumado a atuar com total liberdade numa liga menos competitiva, era claro que sentia a diferença ao substituir Nedved ou Del Piero no time principal e ter de correr pelos “senadores” da Juve.

Sem posição fixa no meio-campo do time de cima, quando atuava pela “primavera” da Juventus (como os italianos chamam o time de juniores) era utilizado como centroavante pelo técnico Gian Piero Gasperini: “não tem capacidade para jogar de meio-campista, mas é rápido e potente na grande área. Pra mim, sua posição é essa”, defendia o treinador até mesmo para Lippi, que continuou insistindo com Olivera como um dos centrais do meio-campo.

Num país que considera o trabalho tático tão importante quanto o técnico ou o físico, Olivera se mostrava perdido sempre que atuava pelo time principal. Em janeiro de 2004, foi emprestado ao Atlético de Madrid, onde teria uma maior liberdade para mostrar suas qualidades. O que não acabou ocorrendo pelas escassas oportunidades, apenas dois jogos em um semestre na Liga espanhola.

Com a chegada de Fabio Capello, Olivera finalmente encontrou oportunidades reais na Juve, na temporada 2004-05, ao ponto de colocar Del Piero no banco no decorrer daquela campanha, no ápice da teimosia de Capello contra o 10 alvinegro. Engessado como meia externo no 4-4-2 do técnico, Olivera era mais útil que Delpi pelos lados na falta de Nedved ou Camoranesi, mas ainda assim não muito prolífico.

Na verdade, Olivera chegou a ser decisivo sob o comando de Don Fabio: marcou o único gol da vitória da Juve sobre a Atalanta, em Bérgamo, e ainda marcou gols decisivos contra Fiorentina e Lazio. No início de 2005, parecia se reencontrar aquele jogador que havia ficado para trás no Uruguai. Primeira opção aos titulares do meio, com as várias partidas entre campeonato e copas, tornou-se praticamente um titular e recuperou até as convocações na seleção uruguaia, desta vez com Jorge Fossati.

Hoje em dia
Mas aquilo que parecia um salto de qualidade não durou muito tempo. Com o retorno de lesão de Camoranesi e as contratações de Giannichedda e Vieira, Olivera perdeu espaço e não foi utilizado sequer uma vez na temporada 2005-06. Na esperança de fazer na Serie B, em 2006-07, uma temporada de restauração, a Juve contratou Marchionni e Kapo e mandou o uruguaio para a Sampdoria.

O começo no Marassi foi muito bom, com o ótimo início na Copa da Itália. As três primeiras partidas prometiam uma temporada de protagonista, mas logo Olivera se revelou a pior contratação daquele ano em Gênova. O retorno à Juve só durou seis meses, até um empréstimo ao Peñarol pelo mesmo período. Os cinco gols em 14 jogos seguraram um pouco a moral do atacante, contratado pelo Genoa para a atual temporada.

Outro bom começo seguido de uma queda. Com a camisa do Genoa, voltou a ser utilizado como centroavante ao reencontrar Gasperini, seu técnico nos tempos da “primavera” de Juventus. O comandante assumiu o risco e apostou por conta própria. A boa pré-temporada não lhe ajudou a vingar. Quatro meses depois, nenhum gol na Serie A. E a certeza de uma promessa jamais cumprida.

Ficha técnica
Nome completo: Rubén Ariel Olivera da Rosa
Data de nascimento: 04/05/1983
Local de nascimento: Montevidéu, Uruguai
Clubes que defendeu: Danubio-URU, Juventus, Atlético de Madrid-ESP, Sampdoria, Peñarol-URU e Genoa
Seleções de base que defendeu: Uruguai Sub-20 e Sub-17

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1 Comentário

  • Olivera nunca me encheu os olhos como tifoso juventino, mas sempre que acompanhava os jogos da celeste o rapaz mostrava que possuía certo talento. O que faltou foi mais personalidade nos momentos em que teve suas chances. Talvez a idéia de emprestá-lo quando chegou em Turim não era má idéia “Lucky” Moggi…

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