Giacinto Facchetti faleceu em 4 de setembro de 2006 e, para alguns jovens, pode ficar conhecido apenas no envolvimento no escândalo do Calciopoli. Nele, escutas telefônicas dão indícios de que a Inter, da qual Facchetti era presidente, foi favorecida em alguns jogos entre 2005 e 2006. Simplista demais para um dos grandes da história do futebol italiano.
Como jogador profissional, Facchetti defendeu apenas a Inter, entre 1960 e 1978 – antes, até os 18 anos, passou pela base da Trevigliese. Giacinto esteve no primeiro grande período vitorioso da história dos nerazzurri e deixou marcas no futebol internacional, não apenas pelos títulos, mas por ser um dos jogadores mais dinâmicos dentro do esquema tático que Helenio Herrera implantou durante a década de 1960 – o catenaccio. O treinador argentino, aliás, lhe daria o apelido que o acompanharia pela vida: não assimilou bem o sobrenome do comandado e o chamou, brincando, de Cipelletti. Cipe, de forma abreviada.
No esquema de Herrera, Facchetti era o lateral-esquerdo e, com o apoio do líbero Picchi e de Burgnich na marcação, tinha total liberdade para apoiar o ataque. A escolha foi inovadora, pois na época os laterais se dedicavam exclusivamente à defesa. Ainda hoje, Facchetti é recordado como o defensor com maior número de gols na Serie A. Foram 60 em 18 anos, 10 deles apenas na temporada 1965-66. E uma curiosidade: apesar de jogar na lateral esquerda, Giacinto – que quase sempre vestia a camisa 3 – era destro.
Ele ganhou quatro scudetti, duas Ligas dos Campeões (sobre o Real Madrid e o Benfica) e duas Copas Intercontinentais. A carreira de Facchetti também viu duas derrotas em final da competição. A primeira delas em 1967, na queda para o Celtic. Em 1972, foi o Ajax de Cruyff que derrubou a Grande Inter, como ficou conhecido o time daqueles anos.
Pela Squadra Azzurra, Facchetti passou por um mau momento em 1966. Na Copa do Mundo disputada na Inglaterra, a Itália passou por um dos maiores vexames da história. A equipe perdeu por 1 a 0 para a Coreia do Norte e foi eliminada ainda na primeira fase. Dois anos depois, o país recebeu a Eurocopa com enorme pressão pelo título, pois o último havia sido a Copa do Mundo, em 1938.
Na semifinal da competição, a equipe da casa empatou com a União Soviética sem gols. Como não havia a disputa de pênaltis, a partida foi decidida no cara ou coroa. Facchetti escolheu o lado da moeda que deu a vaga na final para a Nazionale, que seria campeã sobre a Iugoslávia.
Na Copa do Mundo de 1970, a Itália foi até a final e o lateral esteve naquele que é considerado o melhor jogo da história dos Mundiais: Itália 4 a 3 na Alemanha, após prorrogação e duas viradas. Facchetti ainda participou do Mundial 1974 e da Eurocopa de 1976. Recusou a convocação à Copa do Mundo na Argentina, em 1978, e, nesse mesmo ano, aos 36, se aposentou do futebol.
Após passar por várias funções na Inter, se tornou presidente do clube em janeiro de 2004. Ficou no cargo até o último dia de vida. Em homenagem ao maior ídolo da história do clube, Massimo Moratti aposentou a camisa 3, então utilizada por Nicolás Burdisso. A mesma malha, aliás, passou a ser vestida somente por Esteban Cambiasso, nas conquistas da Beneamata, como forma de homenagem ao Cipe.
Giacinto Facchetti
Nascimento: 18 de julho de 1942, em Treviglio, Itália
Morte: 4 de setembro de 2006, em Milão, Itália
Posição: lateral-esquerdo e líbero
Clube: Inter (1960-1978)
Títulos: Serie A (1963, 1965, 1966 e 1971), Copa dos Campeões (1964 e 1965), Copa Intercontinental (1964 e 1965), Eurocopa (1968) e Coppa Italia (1978)
Seleção italiana: 94 jogos e 3 gols