Serie A

31ª rodada: Boas lembranças

Cavani marcou três, levou a torcida ao delírio e a faz lembrar cada vez mais da vitriosa campanha de 1989-90 (Reuters)

Napoli 4-3 Lazio
Os 60 mil torcedores que lotaram o San Paolo no domingo assistiram o melhor jogo da temporada, provavelmente. E, após muito sofrimento e incertezas, puderam enfim comemorar o resultado final. Com a derrota da Inter para o Milan no dia anterior, o Napoli assumia a vice-liderança do campeonato e enchia de coincidências a atual campanha, se comparada àquela do título azzurro de 1989-90. Algumas delas: a sete rodadas do fim, o Milan era o primeiro colocado e o Napoli vinha logo atrás, como agora. Tanto naquela ocasião como nesta, a quantidade de pontos que separam os dois times é a de uma vitória – dois pontos naquela época e três agora. E, forçando um pouco a barra, os dois homens decisivos são sul-americanos: Maradona outrora e Cavani atualmente.

Para os napolitanos e anti-milanistas, isso é suficiente para injetar dose extra de ânimo e confiança no possível scudetto. Mas nem tudo são flores. O jogo serviu também para mostrar que o time tem fragilidades e que o desgaste de fim de temporada pode atrapalhar. A equipe de Mazzari chegou a estar perdendo por 2 a 0 faltando apenas 30 minutos para o fim do jogo. A virada só veio graças a mais uma tarde inspiradíssima de Cavani, que, com os três gols do jogo, alcançou 25 no campeonato e se tornou o maior artilheiro do Napoli em uma única edição da Serie A. Antes dele, Antonio Vojak era o detentor da marca, pelos 22 gols assinados na temporada 1932-33. Para a Lazio, que saiu reclamando muito por um gol não assinalado pela arbitragem a Brocchi, o resultado só não foi pior porque Udinese e Roma, adversários diretos na briga por vaga europeia, também perderam.

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Lecce 2-0 Udinese
No Via Del Mare, a Udinese tropeçou feio e deixou para trás a pouca esperança que ainda tinha de levar o título. Se antes do início da rodada “apenas” seis pontos a separavam da ponta da tabela, ao final dela já eram nove. A derrota para o surpreendentemente organizado Lecce acaba com uma série invicta de 13 jogos do time de Guidolin e distancia a equipe da terceira vaga direta para a Liga dos Campeões. A diferença para a Inter, que poderia ser de apenas um ponto, agora é de quatro. Assim, a briga com a Lazio pela quarta colocação continuará a todo vapor, enquanto Milan, Napoli e Inter fogem na frente.

Como bem observou Braitner Moreira em sua coluna, a ausência de Pinzi no meio de campo friulano parece ter sido o principal responsável pela queda de rendimento do time de Údine. Abdi foi seu substituto e não conseguiu igualar o bom momento do companheiro em hora nenhuma do jogo. Do lado do Lecce, o herói maior foi o garoto Andrea Bertolacci, de 20 anos, que marcou os dois gols e esbanjou oportunismo para dar a vitória ao time da casa. Ele foi bem também na armação, sua função principal. Outro destaque foi a boa volta de De Michele ao time. O atacante foi importante para a equipe tanto lá na frente quanto na marcação. O resultado tira o Lecce da zona de rebaixamento, uma vez que o Cesena só empatou com a Fiorentina. De Canio respira aliviado.

Roma 0-2 Juventus
Na capital, a Roma entrou em campo com o favoritismo do seu lado: jogava em casa, contra uma Juve muito desfalcada e vinha de um momento melhor, incluindo aí a venda do time para DiBenedetto. Porém, o que prevaleceu foi uma freguesia histórica: foi a 72ª vez que a Roma perdeu para a Juventus. E os juventinos podem computar esses três pontos na conta de Storari. O goleiro entrou para substituir Buffon, gripado, e foi um dos nomes do jogo. Em pelo menos cinco oportunidades salvou os bianconeri de sofrerem gol. A mais impressionante delas contra Totti, que, fora este chute, pouco fez. O time bianconero só melhorou quando Del Neri percebeu que o 4-3-3, com Pepe e Krasic muito à frente, não estava dando certo e recuou os dois, formando um 4-1-4-1 mais equilibrado e com Matri isolado no ataque.

A partir daí, os contra-ataques passaram a funcionar e a Juve começou a levar algum perigo ao gol adversário. Até Grosso conseguiu fazer boa partida, dando as assistências para os dois gols. Primeiro em grande jogada na linha de fundo, que resultou em cruzamento milimétrico para Krasic mandar, de vôleio, para o fundo das redes. Depois com lançamento perfeito para colocar Matri frente a frente com Doni. A vitória é importante pois tira a Juventus da inércia de apenas levar o campeonato até o fim e a recoloca na briga por uma vaga na Liga Europa. Do lado romanista a situação é oposta: se o time de Montella não se recuperar na semana que vem, quando enfrenta a Udinese, em jogo chave, uma vaga na Liga dos Campeões pode ficar mais distante do que nunca.

Catania 4-0 Palermo
Quem já deu adeus à alguma chance de disputar competição europeia na próxima temporada foi o Palermo. A derrota para o inconstante Catania no dérbi siciliano afasta o time sete pontos da zona de classificação para a Liga Europa e mais: dá um fim à meteórica passagem de Serse Cosmi pelo comando do time, apenas quatro jogos à frente dos rosanero. Desta vez, Cosmi pagou pelos seus erros na escalação: em um dérbi, deixou Miccoli e Pasotre, principais jogadores do time, no banco de reservas O ex-técnico Delio Rossi é que volta ao time, em mais uma ação típica do presidente Maurizio Zamparini. Como se vê, o cenário está longe de ser o ideal para a equipe lutar por alguma coisa no campeonato. O Catania, que nada tem a ver com a bagunça interna do rival, aproveitou para golear.

Apesar das contestáveis escolhas de Cosmi, montando um 3-5-2 pouco variável, o primeiro tempo foi equilibrado. Os dois times foram cautelosos e deixaram o jogo correr. Na segunda etapa, contudo, o Catania voltou com tudo e logo aos 4 já abriu o placar, aproveitando apagão rosanero. Balzaretti foi quem empurrou para a própria meta. Bergessio, Ledesma e Pesce levaram menos de meia hora para fazer os outros três e acabar com o jogo. O melhor jogador da partida foi Ricchiuti, que fez boas aparições na frente e marcou muito bem quando necessário. Faltando 20 minutos para o fim foi substituído e saiu de campo aplaudido. Assim, o Catania chega aos 35 pontos e se afasta um pouco mais da zona perigosa.

Cesena 2-2 Fiorentina
Em La Fiorita, as duas equipes tiveram a chance de vencer, mas tiveram que se contentar com o ponto único do empate, que não melhora em nada suas colocações na tabela. Jogando em casa, o Cesena logo partiu para cima e colocou pressão na Fiorentina. As jogadas saíam principalmente pelo lado esquerdo, com Santon, que recuperou a boa forma e vem desequilibrando, e os ágeis Giaccherini e Parolo. O time de Mihajlovic só conseguia desafogar um pouco o jogo com as investidas de Vargas, que finalmente parece ter recuperado o bom futebol, esquecido durante a parte da temporada em que não esteve lesionado. A pressão se transformou em gol aos 18 minutos, quando Jiménez, ex-Fiorentina, acertou cobrança de falta.

Com a vantagem, o time de Ficcadenti recuou e deu espaço para a equipe viola tentar algo. E ela tentou até chegar ao gol, sempre com Vargas, pela esquerda. O peruano fez boa jogada, foi à linha de fundo e cruzou para Gilardino cabecear para o fundo das redes, aos 35 da etapa inicial. A virada veio no segundo tempo, quando os comandados de Mihajlovic mandavam no jogo: Santana deu passe perfeito para Montolivo acertar o ângulo do goleiro Antonioli. Mas o jogo ainda mudaria de dono mais uma vez. Ficcadenti colocou Caserta e Bodagni e logo retomou as rédeas da partida. Aos 41′, Caserta empatou o jogo e já nos acréscimos, Bogdani perdeu a chance claríssima, que poderia ter se transformado em gol e livrado o Cesena da zona de rebaixamento. O empate é ruim também para a Fiorentina, que fica estagnada na nona colocação.

Genoa 0-1 Cagliari
O jogo entre Genoa e Cagliari pouco valia para o campeonato. Os dois times já se estabeleceram no meio da tabela e dali não devem sair. Ainda assim, a partida teve um atrativo: o bom futebol jogado pelo time de Donadoni. Já há algum tempo que o Cagliari vem mostrando um futebol bonito e eficiente. Ontem, em Gênova, não foi diferente. Os cagliaritanos impuseram seu estilo de jogo desde o início e fizeram parecer que era o Genoa que jogava fora de casa. No primeiro tempo, a supremacia foi absoluta e não se viu os donos da casa no Marassi. Donadoni montou o time com Nainggolan à frente da zaga e deu liberdade para Biondini, Missiroli, Lazzari e, mais à frente, Cossu criarem, sempre em busca de Acquafresca, infiltrado.

Assim, o time pratica um futebol em alto ritmo e com bom passe de bola. As viradas de jogo são característica marcante e a recomposição de jogo também ocorre com velocidade. O gol da partida nasceu de uma jogada que se repete com frequência: passe de Biondini e oportunismo de Acquafresca. O Genoa até tentou uma reação, mas a desorganização não deixou. O Cagliari se defendeu com tranquilidade e ainda teve algumas chances de ampliar. Se a equipe sarda não almeja mais nada nessa temporada, ao menos vai se ajeitando para começar bem a próxima. O Genoa parece já ter jogado a toalha.

Parma 1-2 Bari
No jogo entre dois desesperados, o Parma perdeu oportunidade de se aproximar da salvezza ao ser derrotado, em casa, pelo lanterna Bari. Marino perdeu seu cargo ao final da partida e ser´s substituído por Franco Colomba, que já foi jogador do Bologna, rival dos crociati, e inclusive realizou bom trabalho pelos felsinei na última temporada. Com quatro importantes desfalques (Dzemailli, Giovinco, Valiani e Galloppa), Marino escalou os gialloblù (pela última vez) em um 3-4-1-2 com Candreva fazendo as vezes de trequartista, atrás de Amauri e Crespo. Em partes, a estratégia deu certo. A equipe conseguiu agredir bastante o adversário, mas parou nas mãos de Gillet, melhor jogador em campo. O time de Mutti, escalado no 4-3-2-1, respondeu com os contra-ataques.

Os gols saíram todos na primeira etapa. Parisi abriu para os visitantes em cobrança de falta. Para tentar reagir, Marino colocou Bojinov no lugar de Ângelo e deixou o time com três atacantes. O empate veio com Amauri, a dez minutos do fim. O problema é que o Parma não se contentou apenas com o empate e partiu para cima, se expondo ainda mais aos insistentes contra-ataques biancorossi. Aos 47, então, Álvarez decide a favor dos visitantes: 2 a 1 no placar e um Parma cada vez mais ameaçado. O Bari, apesar da vitória, continua no caminho errado. Ao invés de aproveitar o tempo que resta testando alguns jovens na equipe principal e se prepararando para a inevitável Serie B, se desgasta procurando pontos que na maior parte das vezes não vêm.

Chievo 0x0 Sampdoria
Outro time que tem que começar a se preocupar com a zona de rebaixamento é a Sampdoria. Com poucos 32 pontos, a equipe genovesa ocupa a 15ª colocação e está apenas dois pontos na frente do Cesena, primeiro na zona da degola.

Em Verona, as duas equipes protagonizaram o único 0 a 0 da rodada e também o jogo mais chato do fim de semana. Foram pouquíssimas oporunidades de gol. Prova disso é que só uma bola foi efetivamente na mira da meta. O emapte foi justo e tem o lado positivo para os dois times: o Chievo se afasta um pouco mais da zona de rebaixamento e a Sampdoria volta a somar pontos depois de quatro derrotas seguidas. Os blucerchiati têm jogo decisivo contra o Lecce na próxima rodada. O Chievo vai à Milão enfrentar a Inter.

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Seleção da 31ª rodada
Storari (Juventus); Abate (Milan), Astori (Cagliari), Thiago Silva (Milan), Grosso (Juventus); Ricchiuti (Catania), Seedorf (Milan), Bertolacci (Lecce), Vargas (Fiorentina); Cavani (Napoli), Pato (Milan). Técnico: Massimiliano Allegri (Milan).

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