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Em 30 anos de carreira, Enrico Albertosi se tornou um dos principais goleiros italianos

Embaixo da baliza, Enrico “Ricky” Albertosi era garantia de segurança e defesa incríveis. Na Serie A, ajudou as torcidas de Fiorentina, Cagliari e Milan comemoraram títulos. Fez parte da Nazionale durante 11 anos, em um esquema de revezamento curioso com um dos maiores goleiros da história do país e, com ele como titular, a seleção italiana alcançou o vice-campeonato da Copa do Mundo de 1970. Albertosi, porém, não ficou marcado apenas pelo que fez dentro de campo. Fora das quatro linhas, o envolvimento com o escândalo Totonero praticamente encerrou a carreira do goleiro.

Albertosi começou a jogar futebol no Spezia, mas aos 19 anos chegou a Fiorentina, onde, aos 20 anos debutou na Serie A. Em Florença, Albertosi passou os cinco primeiros anos como reserva de Giuliano Sarti, mas foi titular após a saída do goleiro para a Inter. Ao todo, foram três taças conquistadas pelo clube, em dez anos: em 1961, a Coppa Italia e a Recopa, sob o comando de Nándor Hidegkuti, e, antes do Mundial de 1966, outra Coppa Italia.

Albertosi chegou jovem à Fiorentina e se tornou um dos líderes do elenco da equipe violeta (Torrini)

Com Albertosi já como titular, o time que também tinha Kurt Hamrin e Giancarlo De Sisti, deixou Milan e Inter pelo caminho. Na decisão, vitória frente ao Catanzaro e o último título de “Ricky” pelo clube. Jogando pelos viola, o goleiro recebeu sua primeira convocação para a Nazionale. A estreia em azzurro ocorreu na vitória contra a Argentina, por 4 a 1.

As boas exibições chamaram a atenção de Edmondo Fabbri, que além de convocá-lo para a Copa de 1966, deu a titularidade ao jogador da Fiorentina. Albertosi recebeu a camisa 1 e jogou todas as partidas da decepcionante campanha italiana na Inglaterra.

A Squadra Azzurra foi eliminada na primeira fase, saindo da competição com apenas uma apenas uma vitória, contra o Chile, e com a simbólica derrota por 1 a 0 para a Coreia do Norte, que sacramentou a péssima campanha no torneio. Dois anos após o vexame, a seleção, já sob o comando de Ferruccio Valcareggi, se redimiu, jogando a Eurocopa em casa. Albertosi foi novamente convocado, mas viu o título azzurro do banco, pois a vaga de titular ficou com Dino Zoff.

Ricky foi o goleiro do Cagliari na histórica campanha do scudetto sardo, em 1970 (Arquivo/Cagliari Calcio)

Depois do Euro, o goleiro foi contratado, juntamente com Mario Brugnera, pelo Cagliari, onde se juntou a Luigi Riva e Nenê e, em 1969, a Sergio Gori e Angelo Domenghini. Se, logo após sua saída, a Fiorentina chegou a seu segundo título na história, logo na sua segunda temporada na Sardenha, os rossoblù conquistaram seu primeiro e único scudetto. Albertosi teve papel decisivo, juntamente com nomes como Pierluigi Cera, pois a defesa sofreu apenas 11 gols, alcançando o recorde de defesa menos vazada na história da Serie A, número que permanece até hoje.

A boa campanha cagliaritana mantinha Albertosi na seleção italiana. Na disputa do Mundial de 70, no México, o goleiro caiu nas graças de Valcareggi e “atrapalhou” Zoff, que só se tornaria titular da seleção em 1972 – para permanecer outros 11 anos na meta azzurra.

Albertosi jogou toda a Copa como titular da Itália, encabeçando uma defesa forte, que tinha também o cagliaritano Cera, além dos interistas Tarcisio Burgnich e Giacinto Facchetti, além do milanista Roberto Rosato. Na final, no entanto, eles não conseguiram parar o Brasil de Pelé, Tostão, Gérson e Rivelino, que venceu por acachapantes 4 a 1.

Na Copa de 1970, Albertosi foi o titular da seleção italiana (Getty)

Nos anos seguintes o Cagliari manteve campanhas regulares, mas não voltou a brigar pelo scudetto. Em 1972, Valcareggi enfim decidiu por Zoff como titular da seleção e Albertosi não vestiu mais a camisa da Nazionale.

Dois anos depois, o goleiro deixou a Sardenha para jogar no Milan. A primeira conquista com os rossoneri demorou três anos: em 1977, o Diavolo foi campeão da Coppa Italia, vencida contra a rival Inter, por 2 a 0. A última conquista da carreira ocorreu em 1979, quando venceu seu segundo scudetto. Como na primeira vez, o goleiro participou de todas as 30 partidas da sua equipe durante a campanha campeã.

Porém, no ano seguinte, “Ricky” aos 41 anos se envolveu no Totonero, por apostas irregulares, e foi suspenso pela Federação Italiana, enquanto o Milan foi rebaixado para a Serie B. Após a suspensão, que vigorou até 1982, foi contratado pela semiprofissional Elpidiense, clube pelo qual ainda jogou dois anos na Serie C2 antes de aposentar definitivamente, com quase 45 anos.

Albertosi atuou pelo Milan no fim da carreira, quando se envolveu num ilícito esportivo (imago)

Ricky chegou a ter uma breve carreira como treinador, começando na Elpidiense, acumulando a função ao papel de atleta, e também pela Vis Pesaro. Foi só. Após deixar o futebol, Albertosi voltou a ser notícia em março de 2004, quando sofreu um ataque cardíaco e ficou em coma induzido por alguns dias. Posteriormente, ele se recuperou e segue uma vida normal. Hoje o ex-goleiro vive em Florença, onde muitas vezes é convidado para comentar futebol em canais de televisão locais.

Enrico Albertosi
Nascimento: 2 de novembro de 1939, em Pontremoli, Itália
Posição: goleiro
Clubes como jogador: Spezia (1954-58), Fiorentina (1958-68), Cagliari (1968-74), Milan (1974-80) e Elpidiense (1982-84)
Títulos como jogador: Coppa Italia (1961, 1966 e 1977), Recopa Uefa (1961), Eurocopa (1968) e Serie A (1970 e 1979)
Clubes como treinador: Elpidiense (1983) e Vis Pesaro (1984)
Seleção italiana: 34 jogos e 27 gols sofridos

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