O abraço de Balotelli em Mancini: um agradecimento, pelo técnico ter sido o primeiro a acreditar e, até hoje, não ter desistido dele (Getty Images)
Quando Balotelli deixou a Inter no final da temporada 2009-10 por quase 30 milhões de euros foram poucos os que criticaram sua venda. À época, Supermario era um jovem promissor reserva, mas que tinha diversos problemas extracampo. Enquanto jogava pelos
nerazzurri, chegou
a vestir a camisa do Milan em um programa de televisão e nunca fez questão de negar sua torcida pelo lado
rossonero de Milão. A leitura era de que os interistas estavam se livrando de um problema.
Em Manchester, quem aprovou a contratação de Balotelli foi o treinador Roberto Mancini, homem que lançou o jovem na equipe profissional da Inter, aos 17 anos. Cenário perfeito para a redenção. Porém, na primeira temporada, o italiano não se deu tão bem na Inglaterra. Os problemas extracampo continuaram a segui-lo e, dentro das quatro linhas, Balotelli também não alcançava bons resultados. Um dos momentos mais marcantes de Supermario na temporada foi a expulsão infantil no jogo que eliminou os citzens da Liga Europa, fato que irritou muito até seu protetor, Mancini.
Mas o técnico italiano não desistiu e apostou em seu compatriota de novo para a atual temporada, pois, mesmo que a relação de ambos seja cercada de especulações, nenhum dos dois assumiu ter problemas com o outro. Para variar, contudo, Balotelli quase desperdiçou esta chance também. Na pré-temporada nos Estados Unidos, o camisa 45
protagonizou lance ridículo, que deixou Mancini irado, provocando a sua substituição imediata. Para complicar mais a situação de Supermario, o Manchester City contratou Agüero para o ataque.
O panorama para Balotelli só começou a mudar quando Tevez deixou claro seu desejo de sair dos citzens. A partir daí, o argentino, que terminou 2010-11 como artilheiro da Premier League e do City, deixou de ser titular e, depois, sumiu até do banco de suplentes. Pouco tempo deopis, veio a grande chance para o atacante italiano. Mancini optou pela mudança tática dos sky blues e abandonou o 4-2-3-1 em prol de um 4-4-2, abrindo espaço para a presença de um outro atacante ao lado de Agüero. A alteração do modo de jogar, além de beneficiar o atacante italiano, fez com que o time aumentasse a sua produção.
Acostumado a desperdiçar oportunidades, Supermario finalmente agarrou a chance e vem fazendo ótimo campeonato. Balotelli tem cinco partidas na Premier League e já marcou cinco vezes (tem mais um gol na Carling Cup), só perdendo para Agüero (nove) e Dzeko (oito) na lista de artilheiros dos citzens. Outro ponto positivo é o auto-controle do jogador, que nesses cinco jogos só recebeu um cartão amarelo, número impensável em outros tempos.
A grande vitória da dupla italiana em solo inglês nesta temporada veio no último final de semana, no Old Trafford, contra o Manchester United. O 6 a 1 é maior goleada da história do dérbi, empatada com outra vitória do City, que ocorreu em 13 de janeiro de 1926. Balotelli formou a dupla ofensiva com Agüero, marcou dois gols e provocou a expulsão de Evans, que mudou a história da partida. Mancini, que já foi muito criticado, passeou sobre Sir Alex Ferguson e não deixou seu time aliviar o ritmo em momento algum.
A grande atuação deu espaço para Balotelli protestar também. Na semana que antecedeu o jogo, “Balo” foi envolvido em mais uma polêmica: teve seu nome ligado a incêndio em sua casa – fato já esclarecido. Após abrir o placar do jogo, então, o polêmico jogador mostrou camisa que usava por baixo do uniforme, perguntando: “Porque sempre eu?”. O atacante acha que é perseguido pela imprensa e quer que sua vida pessoal saia das capas de jornais. Para isso, uma boa solução é repetir grandes atuações como a do fim de semana passada e ajudar seu time no campeonato. Agora, o City está cinco à frente dos rivais, boa vantagem em um campeonato que tem como característica chave o equilíbrio entres os ponteiros.
Mas nem tudo são flores para a dupla italiana…
Na Liga dos Campeões, Mancini não consegue fazer o City render o mesmo e o clube encontra-se em situação delicada. Os
citzens já perderam pontos em casa para o Napoli, que hoje é o rival direto pela segunda colocação do grupo A da competição e vêem sua classificação ameaçada. Em três jogos, o time conquistou apenas quatro pontos e ocupa a terceira colocação do grupo A, um ponto atrás do Napoli e três atrás do líder Bayern de Munique.
Para Balotelli, a LC 2011-12 ainda é apenas um sonho, uma vez que ainda não entrou em campo na competição. Mas sua hora está chegando. O treinador já mostrou ter muita confiança em seu compatriota: “Ele é o Mario. Ele é louco, mas eu o amo porque ele é uma boa pessoa”. Balotelli poderá aparecer na competição nas rodadas decisivas e, julgando pela forma recente do número 45 sky blue, o treinador deverá passar a amar ainda mais o seu louco compatriota.