Pouco badalado, Lodi (Catania) é um dos grandes exemplos do novo modelo de camisa 10 que o futebol italiano tem desenvolvido com a ascensão de esquemas com três zagueiros (Getty Images)
Ultimamente, no futebol italiano, temos visto o renascimento de esquemas com três zagueiros. As equipes precisam adaptar seus meias ao esquema e muitas delas tem feito isso de forma muito interessante. Esta semana, estava lendo o livro “Os 50 maiores camisas 10 de todos os tempos”, de Renato Andreão, jornalista que já passou pelas revistas Trivela e Placar e tem um trabalho interessante sobre o futebol de várias partes do mundo, e decidi escrever sobre o assunto.
Em seu livro, Andreão traz uma cronologia dos 50 melhores jogadores que se destacaram utilizando a camisa 10. 27 dos 50 atuaram na Itália, país pródigo em ter fantasistas, ou seja, aqueles jogadores que enriquecem o futebol sua técnica. Cinco dos escolhidos por ele são italianos: Gianni Rivera, Roberto Baggio, Roberto Mancini, Alessandro Del Piero e Francesco Totti. Hoje, os “camisas 10” na Itália se dividem em dois tipos: aqueles que jogam mais perto do gol, seja como trequartista ou como segundo atacante, e aqueles que atuam como regista. Já até falamos sobre meio-campistas na Itália, neste guia explicativo.
Nos últimos anos, a Itália viveu uma febre do esquema 4-3-1-2 (ou 4-2-3-1 e 4-3-2-1), privilegiando a aproximação de meias ao ataque. O Milan de Carlo Ancelotti e seu “árvore de natal”, que permitia as chegadas de Kaká e Seedorf, ou a Inter de José Mourinho, com Stankovic apoiando Ibrahimovic, e depois Sneijder apoiando Milito e Eto’o, são alguns exemplos disso. Hoje, metade das equipes na Itália atua com esquemas de três zagueiros e só duas utilizam esquemas com quatro zagueiros e um meia centralizado, encostando no ataque – uma delas, o Milan, chegou a jogar com três na zaga. O restante varia entre o 4-3-3 e o 4-4-2 em linha.
Neste contexto, a função de um clássico 10 está em questão. Hoje, a seleção da Itália atua no 4-3-1-2, mas tem dificuldades para encaixar alguém na função de “1”, porque os meias habilidosos não atuam assim em seus clubes. Pirlo e Montolivo, ou mesmo Verratti, do Paris Saint-Germain, são autênticos registas, e rendem mais jogando mais recuados, protegidos por meias marcadores. Giovinco, por sua vez, atua muito bem como segundo atacante, mas tem dificuldade de se encaixar como trequartista. O mesmo pode ser verificado com outros meias que jogam no Belpaese, como Pizarro (Fiorentina), Lodi (Catania), Lazzari (Udinese) e D’Agostino (Siena), e atacantes, como Di Natale (Udinese), Jovetic (Fiorentina) e Miccoli (Palermo).
Para “compensar” a falta de um jogador que ligue meio-campo e ataque pelo centro, evitando a sobrecarga dos atletas de flancos, boa parte das equipes aposta em um combo: um dos atacantes volta mais para recompor, deixando um centroavante mais fixo, enquanto um meia da linha de cinco sai mais para o jogo. É o que acontece na Fiorentina e na Udinese, por exemplo, além da própria Juventus, com Pirlo e Giovinco ou Vucinic.
Outras equipes tentam montar esquemas meio inusitados, como o Napoli da última temporada, que atuava num 3-4-2-1, com Lavezzi e Hamsík em suporte a Cavani. Com a saída de Lavezzi, Pandev assumiu a titularidade no 3-5-2, e o meia eslovaco foi recuado, passando até a render mais. A Inter, por sua vez, tem alternado entre o 3-5-2, o 3-4-2-1 e o 3-4-1-2, mas Sneijder, lesionado, ainda não jogou desde que o esquema mudou. Ainda é incerta a maneira como ele será aproveitado e sua inserção pode ser complicada.
Muitos acreditam que a volta dos esquemas com três zagueiros são uma prova do atraso do futebol italiano. No entanto, a Juventus venceu o campeonato assim, jogando em alto nível, e a maior parte das equipes que tem apresentado um futebol agradável joga no 3-5-2 ou em variações, casos de Inter, Napoli, Fiorentina e Catania. Não pode ser à toa que os quatro primeiros colocados da Serie A joguem no mesmo módulo.
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