Liga dos Campeões

A melhor Itália

De vilão a herói: Gómez ajudou bastante na classificação da Fiorentina contra o Dynamo Kyiv

Em 12 anos, o futebol da Itália nunca esteve tão bem em termos continentais. O desempenho dos clubes nas competições europeias está em viés de crescimento: o país coloca três representantes em semifinais de Liga dos Campeões e Liga Europa pela primeira vez após 12 anos. Isso não acontecia desde 2003, quando Inter, Juve e Milan chegaram a esta etapa na LC.

O avanço de Juventus, Fiorentina e Napoli tem efeitos diretos sobre o coeficiente Uefa do país – é o coeficiente que define quantas vagas cada liga tem em competições organizadas pela entidade máxima do futebol europeu, e quantos times de cada federação disputarão LC ou LE. A média é pontuação somada dos times de cada federação nas cinco últimas temporadas – vitórias, empates e derrotas tem um peso específico.

Considerando apenas as duas últimas temporadas, coeficiente Uefa da Itália é o segundo melhor – perde só para o espanhol. O futebol do país vinha brigando com a Alemanha pelo terceiro posto no ranking para ter de volta as quatro vagas na Champions. Em 2015-16, com o descarte da temporada 2010-11, confronto terá também a Inglaterra. A distância para os ingleses diminuirá, porque Itália ainda fará pontos neste ano, ao contrário dos clubes britânicos, já eliminados das competições europeias. Veja a situação atual para 15-16, que prevê briga aberta entre os três países na próxima campanha e, principalmente, em 2016-17.

Nesta manhã, os sorteios da Champions e da Europa League foram bons para as equipes da Bota. Na Liga dos Campeões, a Juventus – time “azarão” entre os quatro restantes –, terá o Real Madrid como adversário nas semifinais, enquanto Barcelona e Bayern Munique fazem o outro confronto. Pelo momento na temporada, o time da capital espanhola é o adversário mais acessível para a Juve. A recíproca também é verdadeira.

Velha Senhora e Merengues têm histórico equilibrado em Ligas dos Campeões: são oito vitórias juventinas, sete madrilenhas e um empate – apenas dois destes jogos foram disputados na fase de grupos. Nas quatro últimas vezes que os times se enfrentaram, nos mata-matas da fase moderna da LC (pós-1992), a Juve levou a melhor três vezes – perdeu apenas em 1998, na final. Bons auspícios.

Na Liga Europa, o Napoli sorriu mais do que a Fiorentina, embora as duas equipes tenham muitos motivos para comemorar. Há 26 anos os azzurri não chegavam às semifinais de uma competição continental, e a chegada comprova que esta é a segunda fase mais brilhante da história do clube napolitano, que acumula vice-campeonato italiano, título da Coppa Italia, da Supercopa Italiana e seguidas participações na LC. Da última vez, com Maradona em campo, os campanos despacharam o Bayern e foram campeões diante do Stuttgart. Para a Fiorentina, a ausência em semis durava sete anos – na ocasião, a viola caiu frente ao Glasgow Rangers, nos pênaltis.

Em sua chave de semifinal, o time comandado por Rafa Benítez terá um duelo de times azuis contra o ucraniano Dnipro, time mais fraco dentre os remanescentes. O Dnipro, nesta temporada, perdeu um jogo e empatou o outro contra a Inter, e no ano passado sofreu duas derrotas contra a Fiorentina, também na Liga Europa. O favoritismo é todo italiano.

Na outra chave, leve vantagem para o adversário da Fiorentina. O Sevilla, atual campeão, vem em ótima fase no campeonato espanhol, no qual ocupa a quinta colocação, seis pontos atrás do Atlético de Madrid, terceiro, e dois atrás do quarto, o Valencia. Na Liga Europa, eliminou Villarreal e o rico Zenit. Mas a Fiorentina de Montella é muito forte, principalmente em jogos mais pesados. O duelo será muito parelho. E terá motivação extra para Joaquín, ex-jogador e ídolo do Bétis, que enfrentará o arquirrival.

Antes, na Liga Europa…

Fiorentina 2-0 Dynamo Kyiv

Sete anos atrás, Florença chorava. Na partida de volta das semifinais da Copa Uefa 2007-08, a Fiorentina era eliminada nos pênaltis pelo Rangers. Desta vez, a cidade violeta ficou com sorriso aberto pela classificação do time sobre o Dynamo Kyiv. O jogo foi totalmente dominado pelos donos da casa, mas a enorme quantidade de chances desperdiçadas deixou um jogo que poderia ter sido fácil com um tempero bastante tenso. Quem viu apenas o placar final com um clássico 2 a 0 dificilmente imaginaria que o jogo foi um verdadeiro bombardeiro.

Somente no primeiro tempo a Fiorentina poderia ter aberto quatro gols de vantagem. Um dos responsáveis pelo zero até então foi Gómez, que cansou de perder chances e atrasar jogadas florentinas. Ele também teve um gol bem anulado pela arbitragem, e viu de perto um chutaço de Alonso carimbar o travessão de Shovkovskyi. O alemão se redimiu ainda no primeiro tempo: Joaquín chutou cruzado e o centroavante não se deixou surpreender pelo arremate torto, rebatendo a bola para as redes. Com isso, tornou-se o quarto no ranking de alemães com mais gols em torneios continentais: são 40, agora.

A Fiorentina terminou o primeiro tempo com um jogador a mais, por conta da expulsão do holandês Lens – já com amarelo, ele tentou cavar um pênalti e foi expulso por simulação. A segunda etapa teve a mesma toada: Fiorentina no ataque, muito volume de jogo e finalizações erradas. Na melhor delas, Salah ia marcando bonito gol, mas Danilo Silva se colocou na trajetória da bola, impedindo que o egípcio ampliasse o placar – a bola ainda explodiu na trave, após o desvio. Nos 10 minutos finais, sem nada a perder, o time treinado por Serhiy Rebrov partiu para o ataque, e pela primeira vez na partida assustou (e muito) o goleiro Neto. Em contra-ataque mortal, porém, a viola definiu o jogo: Vargas recebeu lançamento, deixou adversários para trás e encheu o pé para fazer o segundo, já nos acréscimos.

Napoli 2-2 Wolfsburg
O Napoli foi bastante perspicaz na vitória na Alemanha por 4 a 1. A desvantagem no agregado empurrou o Wolfsburg durante todo o primeiro tempo da partida de volta, no San Paolo. Certo é que os partenopei contaram com um pouco de sorte. Os alemães atacaram bem e criaram, ao menos, cinco oportunidades claras de gol. O goleiro Andújar defendeu dois chutes – de Arnold, de fora da área, e um cruzado, de Bendtner.

O atacante dinamarquês perdeu outra chance, após cruzamento de Träsch. A bola cabeceada quicou no chão e subiu demais. Perisic – também pelo alto e em jogada do lateral-direito – e Caligiuri tentaram, mas sem eficácia. Até mesmo Träsch, que fez grande primeiro tempo ofensivo (uma vez que pouco precisou defender Mertens), quase marcou com um voleio.

Só que o Napoli chegou ao gol logo após o intervalo. Higuaín deu ótimo lançamento para Callejón, que chutou prensado. A bola desviou em Klose e enganou Benaglio. O atacante argentino ainda participou do segundo tento ao escorar o cruzamento para Mertens. O belga precisou de duas finalizações para vencer o goleiro dos Lobos. Em dois minutos, o Wolfsburg empatou com Klose e Perisic, após jogada rápida de Guilavogui.

Se o time alemão manteve o recorde de alcançar, no máximo, as quartas de final europeia, o Napoli avança pela primeira vez há semi após 26 anos. Em 1988-89, Careca e Maradona deram show no que terminaria com título napolitano na Uefa. (Murillo Moret)

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