Um calabrês deu um título ao maior time da Campânia. Natural de Corigliano Calabro, na “sola” da Bota, Gennaro Gattuso reconstruiu o Napoli abandonado por Maurizio Sarri, que não se estabilizou com Carlo Ancelotti. Enquanto o atual técnico da Juventus continua sem taças no seu país natal, o esforçado Rino alcançou o primeiro título de sua carreira e deu o hexacampeonato da Coppa Italia aos partenopei. Um alento para o comandante dias depois da morte de Francesca, sua irmã mais nova.
Com uma atuação muito eficiente no Olímpico de Roma, o Napoli segurou a Juventus nos primeiros 45 minutos, quando a equipe bianconera tinha o domínio da bola e comandava as ações ofensivas da partida: na verdade, o time azzurro levou mais perigo à meta de Buffon do que a Velha Senhora ao gol de Meret. O jovem arqueiro, aliás, brilhou. Depois do 0 a 0 no tempo normal, ele defendeu o chute de Dybala nas cobranças de pênaltis, terminadas em 4 a 2 para os campanos.
Os primeiros 40 minutos foram de domínio bianconero. A Velha Senhora comandava a posse de bola e tentava furar a muralha napolitana rodando a bola de um lado para o outro e com bastante movimentação ofensiva. Cristiano Ronaldo flutuava na zona ofensiva, atuando como centroavante, segundo atacante ou ponta pelos dois lados. Além disso, Douglas Costa trocava, em muitos momentos, de posição com Bentancur – o uruguaio ocupava a faixa lateral do campo enquanto o brasileiro atuava como um terceiro meio-campista. Apesar da movimentação e da posse de bola, a Juventus não conseguia levar perigo ao Napoli, que se fechava muito bem em um 4-1-4-1, com Demme entre as linhas.
A primeira grande chance da etapa inicial aconteceu aos 23 minutos, em uma cobrança de falta de Insigne. O capitão napolitano chutou forte, com efeito, e a bola bateu na trave de Buffon. Com um sistema defensivo muito bem montado, a Juve só conseguiu assustar Meret aos 38, quando, após uma roubada de bola, Dybala lançou Ronaldo. Por pouco, o craque não chegou antes do arqueiro italiano, que se antecipou. E foi apenas com erros na saída de bola que o Napoli parecia perto de se desmontar. Maksimovic, Koulibaly e Ruiz faziam grande trabalho defensivo.
O Napoli cresceu no fim do primeiro tempo, exigindo duas grandes defesas de Buffon em menos de cinco minutos. Foi uma amostra do que seria o jogo depois do intervalo, quando a Juventus cansou e a equipe partenopea seguiu pressionando Buffon. Com bela atuação de Demme, que orquestrava o meio-campo, o time do sul recuperou a posse da bola e passou a sofrer menos, deixando o jogo mais ao seu feitio. Mais soltos, os napolitanos continuaram a criar boas chances de gol. Entre os 68 e os 71, Politano e Milik assustaram a equipe de Sarri.
A estratégia de Gattuso ia funcionando muito bem. Seus comandados seguraram o ímpeto juventino nos primeiros 45 minutos, no intuito de aguardar que o cansaço, que já havia atingido os bianconeri nas semifinais ante o Milan, voltasse a aparecer. Aí, então dominaram a partida: a queda de produção da Velha Senhora permitiu que o Napoli saísse mais para o jogo, fazendo de Buffon o grande destaque adversário.
Buffon ainda iria brilhar mais. Não nos pênaltis, quando não seria páreo para os batedores napolitanos, mas sim nos acréscimos, quando salvou a equipe de Sarri de uma derrota no tempo normal. Aos 91 minutos, Politano cobrou um escanteio na medida para Maksimovic, e o zagueiro cabeceou forte, na direção no chão. Buffon salvou em cima da linha e, no rebote, o italiano voltou a executar um milagre, bloqueando finalização de Elmas – a bola ainda bateu na trave.
Nos pênaltis, Dybala e Danilo perderam as suas cobranças: Meret defendeu a cobrança do primeiro e o segundo chutou por cima da meta. Bonucci e De Ligt converteram, mas não adiantou, já que o lado napolitano teve 100% de acerto, com Insigne, Politano, Maksimovic e Milik. A vitória sobre a Juventus, arquirrival napolitana, tem um gosto ainda mais especial: as presenças de Sarri e Higuaín no banco de reservas adversário.
Em uma temporada que tinha tudo para ser desastrosa, com motim no elenco e a saída de Ancelotti, Gattuso uniu o grupo e devolveu o bom futebol para o capitão Insigne. A superação e o compromisso da equipe do sul foram as chaves para a salvação da temporada, que pode terminar ainda mais surpreendente, uma vez que o Napoli viajará até a Espanha para enfrentar o Barcelona de Messi e companhia por uma vaga na próxima fase da Liga dos Campeões. A classificação para o torneio continental através da Serie A também continua em aberto.