Na última quarta, publicamos a primeira parte da retrospectiva da Serie A 2021-22, na qual destacamos as campanhas de rebaixamento dos tradicionais Genoa e Cagliari, as surpreendentes trajetórias de Salernitana e Spezia e o bom futebol de Empoli, Udinese e Sassuolo. Depois de analisarmos a metade inferior da tabela, passamos às análises dos 10 times que mais pontuaram no campeonato.
A Serie A foi dominada por Milan e Inter, que disputaram o título ponto a ponto até a última rodada, e teve desfecho favorável para os rossoneri. O Napoli perdeu o fôlego no final dessa corrida, mas terminou a temporada satisfeito por ter retornado à Champions League. Também foi um ano positivo para Roma, Fiorentina, Verona e Torino, e regular para a Lazio. Na parte de cima da tabela, sobrou decepção para as torcidas de Juventus e Atalanta, por diferentes motivos. Separe alguns minutos do seu dia e confira as nossas análises.
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Torino
A campanha: 10ª colocação, 50 pontos. 13 vitórias, 11 empates e 14 derrotas.
No primeiro turno: 11ª posição, 25 pontos.
Ataque e defesa: 46 gols marcados e 41 sofridos
Time-base: Milinkovic-Savic (Berisha); Djidji (Zima), Bremer, Rodríguez (Buongiorno); Singo, Lukic, Pobega, Vojvoda (Aina); Praet (Mandragora, Pjaca), Brekalo; Sanabria (Belotti).
Artilheiros: Andrea Belotti (8 gols), Josip Brekalo (7) e Antonio Sanabria (6)
Garçons: Sasa Lukic e Wilfried Singo (4 assistências)
Técnico: Ivan Juric
Os destaques: Bremer, Wilfried Singo e Sasa Lukic
A decepção: Armando Izzo
A revelação: Samuele Ricci
Quem mais jogou: Wilfried Singo (35 jogos), Sasa Lukic (35) e Ricardo Rodríguez (34)
O sumido: Simone Zaza
Melhor contratação: Tommaso Pobega
Pior contratação: Magnus Warming
Depois de dois anos de péssimos resultados, o Torino voltou a encerrar um Italiano na parte de cima da tabela. A campanha do time de Juric foi marcada principalmente pela solidez na defesa, que foi a quinta melhor de toda a Serie A – e a menos vazada entre as equipes que não conseguiram vaga na Champions League. Não à toa, o dominante Bremer foi escolhido como melhor zagueiro do certame.
O zagueiro brasileiro foi a alma do time, assumindo o posto de peça decisiva no lugar de Belotti. Convivendo com lesões, o atacante não entregou boas atuações ao longo do ano e, desvalorizado, pode até deixar o clube no verão, em fim de contrato. Rei morto, rei posto?
Se virar sem Belotti – e até mesmo sem Bremer, que certamente será negociado – pode não impactar tão fortemente no trabalho de Juric para 2022-23, a julgar pelas atitudes tomadas pelo croata na atual temporada. Um dos grandes motivos da subida de produção do Torino foi o fato de o técnico ter parado de insistir nos muitos medalhões do elenco, ou simplesmente ter concedido menos espaço a alguns deles. Anteriormente titulares, Zaza, Verdi, Rincón, Ansaldi, Izzo e Baselli ficaram em segundo plano e o resultado foi animador para os grenás, que agora visam a consolidação desse novo momento.
Verona
A campanha: 9ª colocação, 53 pontos. 14 vitórias, 11 empates e 13 derrotas.
No primeiro turno: 13ª posição, 24 pontos.
Ataque e defesa: 65 gols marcados e 59 sofridos
Time-base: Montipò; Casale, Günter (Dawidowicz), Ceccherini; Faraoni, Tameze, Ilic, Lazovic; Barák (Miguel Veloso), Caprari; Simeone.
Artilheiros: Giovanni Simeone (17 gols), Gianluca Caprari (12) e Antonín Barák (11)
Garçons: Gianluca Caprari e Darko Lazovic (7 assistências)
Técnicos: Eusebio Di Francesco (até a 3ª rodada) e Igor Tudor (a partir de então)
Os destaques: Gianluca Caprari, Giovanni Simeone e Antonín Barák
A decepção: Panagiotis Retsos
A revelação: Matteo Cancellieri
Quem mais jogou: Adrien Tameze (38 jogos), Nicolò Casale (36), Gianluca Caprari e Giovanni Simeone (ambos com 35)
O sumido: Gianluca Frabotta
Melhor contratação: Gianluca Caprari
Pior contratação: Panagiotis Retsos
Nesta temporada, o Verona repetiu o nono lugar conquistado na gestão de Juric, em 2019-20, e conseguiu a sua maior quantidade de pontos na elite desde a ótima campanha de 2013-14, quando também ficou no meio da tabela. A receita para o bom desempenho teve uma rápida correção de rumos, uma atuação eficiente no mercado e a “sorte” de o melhor rendimento da carreira de seus quatro protagonistas ter ocorrido de forma simultânea.
Sorte, claro, é modo de dizer. Assim que pegou o bonde andando, na reta inicial da Serie A, Tudor já mostrou que poderia potencializar seus jogadores: a vitória por 3 a 2 sobre a Roma, em sua estreia, sintetizou a campanha do time gialloblù, que deixou de se preocupar em defender bem e passou a ter um dos ataques mais agressivos de toda a Velha Bota.
Essa transformação foi construída de forma magistral pelo treinador croata, que usou o incansável Tameze como ponto de equilíbrio de área a área, se valendo da versatilidade do camaronês de atuar em quase todas as posições centrais, de zagueiro a meia ofensivo. A seu lado, Barák articulava o jogo e contava com as ultrapassagens constantes de Faraoni e Lazovic, a mobilidade a técnica de Caprari para dirigir a orquestra. Na frente, Simeone empurrava para as redes. O Hellas foi uma máquina que funcionou quase perfeitamente, atendendo as ordens de seu mestre. Porém, terá de se reinventar em 2022-23, uma vez que o comandante deixou a companhia.
Atalanta
A campanha: 8ª colocação, 59 pontos. 16 vitórias, 11 empates e 11 derrotas.
No primeiro turno: 4ª posição, 38 pontos.
Ataque e defesa: 65 gols marcados e 48 sofridos
Time-base: Musso; Demiral (Rafael Toloi), Palomino, Djimsiti; Maehle (Hateboer), De Roon, Freuler (Koopmeiners), Zappacosta; Pasalic; Malinovskyi (Pessina), Zapata (Muriel).
Artilheiros: Mario Pasalic (13 gols), Duván Zapata (10) e Luis Muriel (9)
Garçom: Luis Muriel (8 assistências)
Técnico: Gian Piero Gasperini
Os destaques: Juan Musso, Mario Pasalic e Ruslan Malinovskyi
A decepção: Joakim Maehle
A revelação: Giorgio Scalvini
Quem mais jogou: Mario Pasalic (37 jogos), Davide Zappacosta e José Palomino (ambos com 34)
O sumido: Valentin Mihaila
Melhor contratação: Juan Musso
Pior contratação: Valentin Mihaila
Parece que a Atalanta deu uma volta no mundo invertido durante a temporada 2021-22. Em geral, a Dea costuma começar as suas campanhas de forma mais lenta e decolar a partir do momento em que alcança o seu auge físico. Dessa vez, foi o contrário: quarta colocada na primeira metade da Serie A, a equipe nerazzurra caiu bruscamente de rendimento e, tendo apenas o 12º melhor rendimento do returno, terminou sem vaga em competições europeias, o que não ocorria desde 2017.
Durante toda a temporada, a Atalanta teve de lidar com ausências duradouras, seja por lesões (casos de Rafael Toloi, Djimsiti, Hateboer, Gosens, Pessina e Zapata), seja por problemas particulares, como tem ocorrido com Ilicic. Gasperini teve dificuldades para encontrar a escalação ideal e precisou improvisar muito, além de não ter contado com os melhores momentos de algumas peças, como Maehle, Zapata, Muriel e Boga, que chegou no mercado de inverno – nenhum deles repetiu o nível de atuações do ano anterior.
A rápida adaptação de Koopmeiners, a regularidade de Musso, Demiral e Palomino, além dos lampejos de Malinovskyi e Pasalic foram boas notícias para a Atalanta e sustentaram a equipe na parte alta da tabela. No entanto, o péssimo desempenho caseiro da Dea acabou com qualquer possibilidade de sonhar com algo a mais: os orobici obtiveram apenas quatro vitórias no Gewiss Stadium, sendo três no primeiro turno. Um desempenho absolutamente decepcionante.
Fiorentina
A campanha: 7ª colocação, 62 pontos. 19 vitórias, 5 empates e 14 derrotas. Classificada para a Liga Conferência.
No primeiro turno: 7ª posição, 32 pontos.
Ataque e defesa: 59 gols marcados e 51 sofridos
Time-base: Terracciano; Odriozola (Venuti), Milenkovic, Igor (Martínez Quarta), Biraghi; Bonaventura (Castrovilli), Torreira, Duncan (Amrabat, Maleh); González, Vlahovic (Arthur Cabral, Piatek), Saponara (Callejón, Sottil).
Artilheiros: Dusan Vlahovic (17 gols), Nicolás González (7) e Lucas Torreira (5)
Garçom: Nicolás González (6 assistências)
Técnico: Vincenzo Italiano
Os destaques: Dusan Vlahovic, Nicolás González e Lucas Torreira
A decepção: Bartlomiej Dragowski
A revelação: Youssef Maleh
Quem mais jogou: Cristiano Biraghi (37 jogos), Nikola Milenkovic (34), Nicolás González e Alfred Duncan (ambos com 33)
O sumido: Aleksandr Kokorin
Melhor contratação: Nicolás González
Pior contratação: Matija Nastasic
Missão cumprida. Depois de cinco temporadas sem disputar torneios continentais, a Fiorentina voltará ao cenário europeu através da Conference League, vencida pela Roma em 2021-22. Os louros da conquista vão principalmente para o técnico Italiano, que conseguiu fazer a Viola se tornar competitiva em pouco tempo de trabalho. A equipe toscana, aliás, teve chances de abocanhar uma vaga na Liga Europa até a última rodada da Serie A.
A Fiorentina teve desempenho bastante regular no campeonato: foi a sétima colocada no primeiro turno, repetiu o desempenho na metade complementar, somando apenas dois pontos a menos, e, obviamente, terminou no sétimo posto. Isso, contudo, omite o fato de que a equipe teve consideráveis alterações em seu funcionamento durante a competição.
Até o fim do mercado de inverno, a equipe de Italiano teve o artilheiro Vlahovic como centralizador. Depois da saída do sérvio, os seus coadjuvantes dividiram as responsabilidades e mantiveram o time na briga por seus objetivos, ainda que menos contundente no ataque – apesar dos esforços de González, Piatek e Arthur Cabral. Enquanto o centroavante brasileiro teve meses positivos e tem tudo para se firmar a partir da próxima temporada, vale destacar também o bom ano do mineiro Igor, titular na defesa violeta.
Roma
A campanha: 6ª colocação, 63 pontos. 18 vitórias, 9 empates e 11 derrotas. Classificada para a Liga Europa.
No primeiro turno: 6ª posição, 32 pontos.
Ataque e defesa: 59 gols marcados e 43 sofridos
Time-base: Rui Patrício; Mancini, Smalling (Kumbulla), Ibañez; Karsdorp, Cristante, Veretout (Sérgio Oliveira), Viña (El Shaarawy, Zalewski); Mkhitaryan (Zaniolo), Pellegrini; Abraham.
Artilheiros: Tammy Abraham (17 gols), Lorenzo Pellegrini (9) e Henrikh Mkhitaryan (5)
Garçom: Jordan Veretout (8 assistências)
Técnico: José Mourinho
Os destaques: Tammy Abraham, Lorenzo Pellegrini e Jordan Veretout
A decepção: Stephan El Shaarawy
A revelação: Nicola Zalewski
Quem mais jogou: Rui Patrício (38 jogos), Tammy Abraham (37), Rick Karsdorp e Jordan Veretout (ambos com 36)
O sumido: Davide Santon
Melhor contratação: Tammy Abraham
Pior contratação: Ainsley Maitland-Niles
A sexta colocação na Serie A não foi um resultado dos mais impressionantes para a Roma, embora isso faça pouca diferença diante da conquista da Conference League, o primeiro troféu de uma competição organizada pela Uefa que a agremiação giallorossa conquistou – responsável por encerrar um jejum de 14 anos sem canecos para a Loba. Obviamente, o título europeu faz com que a temporada de estreia de Mourinho na Cidade Eterna seja considerada um sucesso, e o próprio desempenho no Campeonato Italiano deve ser colocado em perspectiva, considerando que a equipe capitolina priorizou o mata-mata continental.
A Roma teve um início de campeonato competitivo, no qual chegou a brigar fortemente pela quarta posição. No entanto, fraquezas do elenco foram ficando evidentes: a defesa falhava habitualmente e a rotação das peças diminuía o desempenho da equipe, que não rendia bem sem que muitos titulares fossem a campo. Isso fez Mourinho bancar o lançamento de jovens, como Zalewski e Afena-Gyan, e redobrar a atenção aos treinos de sua retaguarda. As duas movimentações do técnico funcionaram e a Loba terminou a temporada com um melhor desempenho de sua zaga e tendo garotos dando conta do recado.
Essas limitações, no entanto, fizeram a Roma perder pontos até Mourinho encontrar os ajustes necessários e impediram que a equipe pudesse brigar por vaga na Liga dos Campeões – o que levou o Special One a voltar as atenções dos capitolinos à Conference League. Na Serie A, bastou o (alto) desempenho constante de Veretout, Pellegrini e Abraham para que os giallorossi terminassem a competição numa colocação que já lhe levaria à Liga Europa, não obstante o título continental. Para 2022-23, as expectativas são ainda maiores e a Loba poderá trabalhar sem um fardo nas costas.
Lazio
A campanha: 5ª colocação, 64 pontos. 18 vitórias, 10 empates e 10 derrotas. Classificada para a Liga Europa.
No primeiro turno: 8ª posição, 31 pontos.
Ataque e defesa: 77 gols marcados (o segundo melhor) e 58 sofridos
Time-base: Strakosha (Reina); Marusic (Lazzari), Acerbi, Luiz Felipe (Patric), Hysaj; Milinkovic-Savic, Lucas Leiva (Cataldi), Luis Alberto (Basic); Felipe Anderson, Immobile, Pedro (Zaccagni).
Artilheiros: Ciro Immobile (27 gols), Sergej Milinkovic-Savic (11) e Pedro (9)
Garçons: Sergej Milinkovic-Savic e Luis Alberto (10 assistências)
Técnico: Maurizio Sarri
Os destaques: Ciro Immobile, Sergej Milinkovic-Savic e Luis Alberto
A decepção: Luiz Felipe
A revelação: Raúl Moro
Quem mais jogou: Felipe Anderson (38 jogos), Sergej Milinkovic-Savic (37) e Lucas Leiva (35)
O sumido: Jovane Cabral
Melhor contratação: Felipe Anderson
Pior contratação: Jovane Cabral
A Lazio fez um primeiro turno bastante questionável, mas engrenou na segunda parte da Serie A e terminou a temporada com o copo meio cheio – o que levou o presidente Claudio Lotito a renovar o contrato de Sarri até 2025. Os jogadores até terminaram a campanha adaptados ao estilo de jogo do técnico, mas houve muita turbulência até isso acontecer.
Durante a parte inicial do campeonato, as ideias de Sarri pareciam sabotagem. Chegava a ser inconcebível acreditar que o burocrático Basic pudesse colocar Luis Alberto no banco com frequência. O espanhol respondeu em campo, terminando a Serie A com as mesmas 10 assistências do intocável Milinkovic-Savic, mas as idiossincrasias do técnico provocaram uma fratura aparentemente definitiva com o jogador, que não será facilmente substituído.
Do meio para frente, tudo funcionou bem para a Lazio. Milinkovic-Savic teve um ano encantado, Felipe Anderson pareceu jamais ter deixado a capital, Zaccagni e Pedro se inseriram bem e Immobile continuou quebrando marcas, chegando à quarta artilharia na competição. Na retaguarda, porém, o caos reinou. Strakosha não atravessou fase positiva, Acerbi e Luiz Felipe vivenciaram quedas brutais de rendimento e Patric colecionou pixotadas. Essa combinação não é sustentável a longo prazo e impedirá a equipe celeste de brigar por objetivos mais ambiciosos.
Juventus
A campanha: 4ª colocação, 70 pontos. 20 vitórias, 10 empates e 8 derrotas. Classificada para a Liga dos Campeões.
No primeiro turno: 5ª posição, 34 pontos.
Ataque e defesa: 57 gols marcados e 37 sofridos
Time-base: Szczesny; Danilo (De Sciglio), De Ligt, Bonucci (Chiellini), Alex Sandro (Pellegrini); Locatelli, Rabiot (Arthur); Cuadrado (Bernardeschi, McKennie), Dybala, Morata; Vlahovic (Kean).
Artilheiros: Paulo Dybala (10 gols), Álvaro Morata (9) e Dusan Vlahovic (7)
Garçom: Paulo Dybala (5 assistências)
Técnico: Massimiliano Allegri
Os destaques: Paulo Dybala, Dusan Vlahovic e Juan Cuadrado
A decepção: Arthur
A revelação: Fabio Miretti
Quem mais jogou: Álvaro Morata (35 jogos), Wojciech Szczesny e Juan Cuadrado (ambos com 33)
O sumido: Kaio Jorge
Melhor contratação: Dusan Vlahovic
Pior contratação: Moise Kean
Não é fácil começar uma temporada com favoritismo e terminá-la na quarta posição, a 16 pontos do campeão. O fato é que a Juventus conseguiu essa proeza, mesmo tendo o elenco mais caro e o técnico mais bem pago do futebol italiano. A fatura, aliás, pode ser entregue diretamente a Allegri, que até receberia um desconto por causa do ciclo vencedor estabelecido em sua primeira passagem por Turim.
O primeiro turno da Juventus, em que pesem a repentina saída de Ronaldo e os problemas físicos de Dybala e Chiesa, foi péssimo. Allegri não conseguiu mudar a cara da equipe e fazê-la jogar bem, seguiu apostando no questionado Rabiot – o fez até o fim da competição – e viu seu time ter imensas dificuldades de criação. A Velha Senhora tinha o nono pior ataque da Serie A na virada do ano, mas o fato de a Juve sofrer poucos gols a mantinha na disputa por vagas europeias.
No mercado de inverno, as contratações de Vlahovic e Zakaria fizeram uma pequena revolução na equipe – não à toa, o sérvio terminou como terceiro artilheiro da Juve na Serie A, mesmo tendo defendido a Velha Senhora apenas por alguns meses. No returno, a gigante de Turim teve um rendimento superior ao que apresentara em 2021-22 e, apesar da irregularidade, passou a conquistar vitórias com um pouco mais de facilidade, somando pontos que não vinha sendo capaz de obter. Foi o suficiente para garantir vaga na Champions League, mas a renovação metaforizada pelas despedidas de Chiellini e Dybala deixa o cenário nebuloso para a temporada seguinte. O fato é que Allegri será cobrado de maneira mais intensa. Merecidamente, diga-se de passagem.
Napoli
A campanha: 3ª colocação, 79 pontos. 24 vitórias, 7 empates e 7 derrotas. Classificado para a Liga dos Campeões.
No primeiro turno: 3ª posição, 39 pontos.
Ataque e defesa: 74 gols marcados (o terceiro melhor) e 31 sofridos (a melhor)
Time-base: Ospina; Di Lorenzo, Rrahmani, Koulibaly, Mário Rui; Anguissa (Lobotka), Ruiz; Lozano (Politano), Zielinski (Elmas), Insigne; Osimhen (Mertens).
Artilheiros: Victor Osimhen (14 gols), Lorenzo Insigne (11) e Dries Mertens (11)
Garçom: Lorenzo Insigne (8 assistências)
Técnico: Luciano Spalletti
Os destaques: Kalidou Koulibaly, Victor Osimhen e Lorenzo Insigne
A decepção: Alex Meret
A revelação: Alessandro Zanoli
Quem mais jogou: Eljif Elmas (37 jogos), Piotr Zielinski (35) e Mário Rui (34)
O sumido: Axel Tuanzebe
Melhor contratação: André Zambo Anguissa
Pior contratação: Axel Tuanzebe
O torcedor do Napoli até ficou decepcionado pelo fato de o time ter perdido o fôlego na reta final da Serie A e não ter alcançado o scudetto, mas o fato é que Spalletti conseguiu de novo: desde 2004-05, em apenas uma oportunidade (2008-09) o técnico não classificou a equipe que dirigia para a Champions League. Voltar à principal competição de clubes da Europa era o objetivo dos azzurri e a missão foi cumprida.
Durante alguns meses, o Napoli praticou o melhor futebol da Itália, baseado num coletivo forte. No início da Serie A, o time partenopeo somou oito vitórias seguidas e 12 jogos de invencibilidade, com um aproveitamento de 88,9%. Porém, as lesões e a realização da Copa Africana de Nações obrigaram os napolitanos a lidarem com muitas ausências. Além disso, Zielinski e Insigne foram caindo de rendimento com o passar da campanha. Todos estes fatores impactaram negativamente no desempenho da equipe.
Enquanto esteve fisicamente apto, Osimhen foi o grande solucionador de problemas do Napoli e terminou a Serie A em alta, cada vez mais valorizado. Mas o principal diferencial dos campanos foi a solidez defensiva. Koulibaly liderou a melhor retaguarda do campeonato, ao lado da milanista, e ainda contou com o auxílio luxuoso de duas peças: Rrahmani, que voltou a apresentar o alto rendimento dos tempos de Verona, e Anguissa, mastim à frente da linha mais recuada. A espinha dorsal para a continuidade do bom trabalho de Spalletti está posta.
Inter
A campanha: 2ª colocação, 84 pontos. 25 vitórias, 9 empates e 4 derrotas. Classificada para a Liga dos Campeões.
No primeiro turno: 1ª posição, 46 pontos.
Ataque e defesa: 84 gols marcados (o melhor) e 32 sofridos (a terceira melhor)
Time-base: Handanovic; Skriniar, De Vrij, Bastoni (Dimarco); Dumfries (Darmian), Barella, Brozovic, Çalhanoglu, Perisic; Dzeko (Correa), Martínez (Sánchez).
Artilheiros: Lautaro Martínez (21 gols), Edin Dzeko (13) e Ivan Perisic (8)
Garçom: Hakan Çalhanoglu (12 assistências)
Técnico: Simone Inzaghi
Os destaques: Ivan Perisic, Milan Skriniar e Marcelo Brozovic
A decepção: Samir Handanovic
A revelação: Martín Satriano
Quem mais jogou: Samir Handanovic (37 jogos), Nicolò Barella e Edin Dzeko (ambos com 36)
O sumido: Felipe Caicedo
Melhor contratação: Hakan Çalhanoglu
Pior contratação: Felipe Caicedo
A Inter começou a temporada cercada de dúvidas e a concluiu com ares de decepção. As saídas de Conte, Lukaku e Hakimi, substituídos por Inzaghi, Dzeko e Dumfries pareciam indicar redimensionamento de expectativas para a equipe, que se contentaria com uma vaga na Champions League. Porém, após superar um início de campanha irregular, o time nerazzurro mostrou que ainda tinha fome de faturar um scudetto e que isso seria possível.
De fato, a Inter teve várias chances para abrir vantagem na liderança e até consolidá-la, ficando com o scudetto. Porém, ao passo que Inzaghi tornou a equipe mais agradável de ser assistida, não foi capaz de manter a previsibilidade de seu antecessor. Com exceção de um período que se estendeu entre o fim de outubro e o fim de janeiro, a Beneamata foi vezeira em não conseguir aproveitar o volume de jogo criado no restante da campanha e perdeu muitos gols – ainda sofreu com jejuns de Lautaro e Dzeko mas, mesmo assim, teve o melhor ataque da Serie A. Em diversas ocasiões não transformou o seu domínio em vantagens confortáveis, e terminou cometendo erros defensivos que resultaram em perdas de pontos importantes. Envelhecido e longe de sua melhor forma, o capitão Handanovic foi um dos maiores fatores de insegurança entre os nerazzurri.
Em sua disputa com o Milan, a Inter mostrou um futebol melhor e teve maior número de destaques individuais, num panorama geral. Contudo, os diferenciais entre os nerazzurri e seus rivais locais ficaram evidentes no Derby della Madonnina, decisivo para o desfecho do certame e síntese de toda a temporada italiana. A Beneamata saiu na frente e poderia ter ampliado o placar, mas parou em Maignan e em chances desperdiçadas – ou seja, não concretizou o volume de jogo. No segundo tempo, dois lapsos e uma falha grotesca de Handanovic permitiram que o oportunista Giroud virasse o placar e virasse a chave na corrida pelo scudetto, ao menos sob o aspecto anímico. Fica o aprendizado para 2022-23.
Milan
A campanha: campeão, 86 pontos. 26 vitórias, 8 empates e 4 derrotas. Classificado para a Liga dos Campeões.
No primeiro turno: 2ª posição, 42 pontos.
Ataque e defesa: 69 gols marcados e 31 sofridos (a melhor)
Time-base: Maignan; Calabria (Florenzi), Kalulu (Romagnoli, Kjaer), Tomori, Hernandez; Tonali, Bennacer (Krunic); Saelemaekers (Junior Messias), Kessié (Díaz), Rafael Leão; Giroud (Ibrahimovic, Rebic).
Artilheiros: Rafael Leão (11 gols), Olivier Giroud (11) e Zlatan Ibrahimovic (8)
Garçom: Rafael Leão (10 assistências)
Técnico: Stefano Pioli
Os destaques: Rafael Leão, Mike Maignan e Sandro Tonali
A decepção: Tiemoué Bakayoko
A revelação: Emil Roback
Quem mais jogou: Sandro Tonali (36 jogos), Alexis Saelemaekers (36) e Rafael Leão (34)
O sumido: Samu Castillejo
Melhor contratação: Mike Maignan
Pior contratação: Tiemoué Bakayoko
Num campeonato definido por detalhes, o Milan teve o que a Inter não apresentou: um goleiro decisivo e um atacante regular por toda a competição. Esses dois grandes fatores fizeram com que o grande objetivo dos rossoneri, que era se classificar novamente à Champions League, pudesse não apenas ser atingido como ainda ampliado com o passar do certame. Sem dar sopa para o azar, o Diavolo não desperdiçou pontos, sempre esteve no G4 e, no terço final da Serie A, arrancou rumo a seu 19º scudetto.
O time bem treinado por Pioli se destacou por sua consistência em campo e pela regularidade nos resultados. Na metade inicial do campeonato, o principal ponto a chamar a atenção foi justamente o bom funcionamento do coletivo, o que deixava clara a qualidade do trabalho do técnico. Com o passar das rodadas, algumas peças ganharam confiança, amadureceram e passaram a chamar mais a responsabilidade.
Na zaga, Tomori teve um ano muito sólido e ainda cresceu de produção depois que Kalulu substituiu brilhantemente o eficiente Kjaer. A dupla protegeu Maignan, que jamais destoou. O goleiro francês não cometeu nenhuma falha importante, foi um poço de segurança e ainda fez intervenções difíceis quando necessário. No centro do campo, Tonali se tornou tudo aquilo que se esperava e mais um pouco. Além de comandar de área a área, o regista anotou tentos decisivos na reta final da Serie A, talvez inspirado pelo oportunismo de Giroud. No flanco esquerdo, o mais forte da equipe, Hernandez foi o trem-bala habitual e Rafael Leão desequilibrou: melhor jogador do campeonato, o português atingiu dígito duplo em gols e assistências, sendo o catalisador de que o Milan precisava para alcançar o título antes do previsto pela diretoria.