Talvez por ter ocorrido durante as últimas 72 horas do mercado de transferências, a 4ª rodada da Serie A não foi a mais empolgante já realizada nesta edição do campeonato. Com cinco vitórias de mandantes e cinco empates, a jornada teve a Roma como protagonista: após vitória convincente sobre o Monza, a equipe capitolina segue na liderança do certame, empatada em pontos com uma surpreendente Atalanta, que marcou um gol a mais. Inter e Juventus também conseguiram triunfos importantes, ao passo que Milan, Napoli e Lazio tropeçaram. Confira tudo abaixo, no nosso resumo.
>>> Classificação e artilharia da Serie A
Roma 3-0 Monza
Gols e assistências: Dybala (Abraham), Dybala e Ibañez (Pellegrini)
Tops: Dybala e Abraham (Roma)
Flops: Caldirola e Marrone (Monza)
Com show dentro e fora de campo, a Roma fez valer o seu favoritismo diante do Monza, atropelou sem sofrimentos e assumiu a liderança da competição, com 10 pontos. A principal contratação dos giallorossi para a temporada, Dybala, balançou a rede duas vezes e fez uma excelente partida diante da sua torcida. Ainda na etapa inicial, o argentino aproveitou jogadas de um endiabrado Abraham para anotar duas vezes e chegar aos 100 gols na Serie A.
Na segunda etapa, a Roma teve várias chances de ampliar, sendo a mais clara delas com Abraham. O terceiro gol sairia apenas na bola parada: Pellegrini mandou escanteio na área e o brasileiro Ibañez ganhou com compatriota Marlon, encontrando espaço com facilidade, antes de cabecear. Com a vitória assegurada, Mourinho ainda promoveu a estreia de Belotti.
O Monza se viu sem forças para impedir os ataques da equipe mandante durante a maior parte do tempo. Além disso, sem acertar os ataques em velocidade, como havia planejado para a partida, só conseguiu provocar um pequeno susto na Roma nos minutos finais, quando um chute de Machín tocou no travessão. De resto, os biancorossi apenas trabalharam para que a derrota não se transformasse numa goleada ainda maior. Segurando a lanterna, o time brianzolo tem que ligar o sinal de alerta. (Isabela Martinuzzo)
Inter 3-1 Cremonese
Gols e assistências: Correa, Barella (Çalhanoglu) e Martínez (Barella); Okereke (Escalante)
Tops: Barella e Çalhanoglu (Inter)
Flops: Aiwu e Pickel (Cremonese)
Buscando se redimir após a derrota no duelo contra a Lazio, a Inter recebeu a Cremonese diante de seus torcedores e, desta vez, não decepcionou – acabou descontando o placar do último jogo. Com nove pontos, a equipe de Milão ocupa a terceira posição, enquanto a caçula, ainda zerada, está na zona de rebaixamento.
A primeira grande chance dos donos da casa veio após bela cobrança de falta de Dimarco, que passou a centímetros da trave esquerda do goleiro. A Inter dominava, mas o gol que abriu o placar saiu de um contra-ataque de manual. Depois de a Cremonese desperdiçar um escanteio, a bola caiu nos pés de Barella, que avançou até a área e tocou para Dzeko finalizar. Radu fez a grande defesa, mas Correa aproveitou o rebote para inaugurar o marcador aos 12 minutos.
O segundo veio oito minutos depois. Barella recebeu levantamento de Çalhanoglu e, da entrada da área, emendou um lindíssimo voleio. Sem chances para Radu, que pulou mas não achou nada. Já na etapa complementar, a Cremonese tentou diminuir em bolas paradas e contra-ataques, mas não conseguiu. E, quando atacava, deixava muito espaço na retaguarda. A Inter soube aproveitar muito bem esses vazios e anotou o terceiro tento, que passou novamente pelos pés do camisa 23: Barella puxou um contragolpe e deixou Lautaro na boa para ganhar de Pickel no corpo e acertar uma seca finalização. Já no apagar das luzes, Okereke arriscou um lindo arremate e fez o gol de honra dos visitantes. (Guilherme Pontes)
Sassuolo 0-0 Milan
Tops: Ferrari (Sassuolo) e Maignan (Milan)
Flops: Berardi (Sassuolo) e Saelemaekers (Milan)
Pouco mais de 100 dias depois de comemorar o scudetto, o Milan voltou ao estádio em que fez a festa na última temporada. O Diavolo podia alcançar os 10 pontos e se manter na liderança da Serie A, mas não fez um bom jogo e tropeçou no Sassuolo. Em determinado momento, chegou a parecer que os times acordaram que um ponto para cada lado era satisfatório.
Já de olho no Derby della Madonnina da próxima rodada, Pioli preservou alguns de seus titulares, e o time, que já não contava com Origi e Rebic, que estão no departamento médico, foi a campo com muitas mudanças. No fim, o técnico até tentou definir a partida lançando mão de alguns de seus principais jogadores, mas os rossoneri não conseguiram assustar a defesa adversária.
O Sassuolo até tentou se aproveitar do desentrosamento e da falta de inspiração do Milan, especialmente no meio-campo, mas esbarrou em mais uma partida inspirada de Maignan. O goleiro francês impediu que o Milan saísse do Mapei Stadium com a derrota em pelo menos três oportunidades. Para coroar a excelente exibição, ainda defendeu o pênalti cobrado pelo carrasco Berardi. O camisa 10 neroverde, a propósito, sofreu uma lesão após tranco de Hernandez e teve de ser substituído no segundo tempo. Deve desfalcar o Sassuolo por pelo menos algumas semanas. (IM)
Juventus 2-0 Spezia
Gols e assistências: Vlahovic e Milik (Miretti)
Tops: Vlahovic e Miretti (Juventus)
Flops: Nzola e Bastoni (Spezia)
Em Turim, buscando voltar a vencer após dois empates seguidos, a Juventus recebeu o Spezia e garantiu uma vitória com direito a mais um golaço de falta de Vlahovic. Logo aos 9 minutos, o sérvio acertou um canhotaço da entrada da área e colocou no ângulo esquerdo de Dragowski. Uma pintura, sem chances para o goleiro – tal qual ocorrera com Rui Patrício, no sábado.
Vlahovic se manteve em evidência, pois a Juventus continuou em cima e as melhores chances vieram a partir de suas finalizações. Por sua vez, o Spezia não conseguia chegar com muito perigo e viu a equipe piemontesa controlar o jogo no primeiro tempo, ainda que sem apresentar um futebol convincente.
Já na segunda etapa, em mais uma cabeçada, Vlahovic forçou Dragowski a trabalhar, mas o goleiro conseguiu defender no limite da linha. Sem ampliar o placar ou forçar muito para isso, a Juventus viu o Spezia se assanhar, ainda que não de forma realmente perigosa. Para não dar sopa ao azar, nos acréscimos, Miretti avançou ao ataque pelo lado direito e cruzou para Milik, que girou sobre a defesa e marcou o seu primeiro gol com a camisa da Velha Senhora. (GP)
Napoli 1-1 Lecce
Gols e assistências: Elmas (Politano); Colombo (Hjulmand)
Tops: Hjulmand e Baschirotto (Lecce)
Flops: Osimhen e Ndombélé (Napoli)
Napoli e Lecce protagonizaram o que pode ter sido o jogo mais intenso da rodada, com chances para ambos os lados desde os primeiros minutos da partida. Os goleiros tiveram atuações importantíssimas, tanto de um lado quanto de outro, mas foram os visitantes que, mais organizados, saíram do Maradona com um precioso pontinho.
O início do jogo foi disputadíssimo. Pouco depois de Politano obrigar Falcone a fazer uma ótima defesa, uma sucessão de eventos, ao longo de sete minutos, bagunçou o coreto. Aos 25, o árbitro assinalou pênalti para o Lecce, em intervenção desastrada de Ndombélé. Porém, o goleiro Meret defendeu a cobrança de Colombo.
O Napoli, então, aproveitou o psicológico abalado dos jogadores do Lecce e, menos de dois minutos após o pênalti desperdiçado, abriu o marcador com Elmas – num erro de posicionamento da retaguarda salentina. No entanto, na sequência, Colombo se redimiu de forma fenomenal. Aproveitando a falta de intensidade da marcação de Ndombélé, emendou um chutaço de canhota e anotou o gol mais bonito da rodada.
A etapa complementar teve a mesma toada, com muitas chances criadas, principalmente por parte do Napoli. No entanto, faltou intensidade e pontaria dos atacantes – Osimhen, por exemplo, errou em duas cabeçadas na pequena área. O time partenopeo ainda tentou uma pressão final, mas não conseguiu os três pontos dentro de casa. Uma notícia ruim, já que, na próxima rodada, em jogo que antecede a sua estreia na Liga dos Campeões, visita a Lazio. Já o Lecce, treinado pelo ex-zagueiro Baroni, autor do gol do segundo scudetto napolitano, comemorou o resultado. Afinal, o empate lhe permitiu passar mais uns dias fora da zona de rebaixamento. (IM)
Atalanta 3-1 Torino
Gols e assistências: Koopmeiners (pênalti), Koopemeiners (Soppy) e Koopmeiners (pênalti); Vlasic
Tops: Koopmeiners e Soppy (Atalanta)
Flops: Lazaro e Aina (Torino)
Em Bérgamo, a Atalanta recebeu o Torino e, com direito a uma improvável tripletta de Koopemeiners, se manteve na liderança do campeonato, agora ao lado apenas da Roma. Antes do jogo, a torcida nerazzurra ainda pode se despedir do ídolo Ilicic, que rescindiu seu contrato com o clube e foi homenageado no Gewiss Stadium. O Toro, por sua vez, deixou o grupo de líderes ao conhecer sua primeira derrota na temporada e caiu para a oitava colocação da Serie A.
Como era de se esperar, a Dea começou em cima e com um ritmo intenso. Teve chance com finalização de fora da área, com Zappacosta, e também com Zapata, que retomou a posse no ataque, mas perdeu o gol cara a cara com o arqueiro. Mérito também de Milinkovic-Savic, que não cedeu na frente do atacante. Outra grande oportunidade saiu dos pés de Demiral, que acertou a trave após o desenrolar de uma cobrança de escanteio.
O primeiro gol da partida aconteceu perto do intervalo, após o ala direito Soppy receber, partir para cima de Aina e sofrer um pênalti bobo. Koopmeiners deslocou Milinkovic-Savic e inaugurou o placar. O segundo tento, já na etapa complementar, envolveu os mesmos personagens. Mas, desta vez, o francês tocou para o camisa 7, que chutou de fora da área e contou com leve desvio em Buongiorno para anotar. Pouco depois, Rafael Toloi ainda carimbou o travessão grená.
O Toro melhorou um pouco no jogo e chegou a acertar o poste num arremate de Linetty. Na sequência, diminuiu após boa jogada de Pellegri pelo lado direito: o atacante efetuou o cruzamento rasteiro para Vlasic, que dividiu com Toloi e conseguiu chutar forte, sem chances para Musso. Mas, quando parecia que os grenás poderiam crescer, a Atalanta teve mais um pênalti marcado a seu favor, desta vez em cima de Lookman – que entrou no lugar do brasileiro Éderson e foi derrubado por Lazaro. Impiedoso, Koopmeiners fechou a contagem e levou a bola para casa. (GP)
Udinese 1-0 Fiorentina
Gol e assistência: Beto (Deulofeu)
Tops: Beto e Silvestri (Udinese)
Flops: Arthur Cabral e Venuti (Fiorentina)
Na Dacia Arena, tivemos um duelo particular: de um lado, Andrea Sottil, técnico da Udinese; do outro, Riccardo Sottil, ponta da Fiorentina. Neste embate entre pai e filho, melhor para o genitor, que conseguiu levar a sua equipe à segunda vitória seguida. A Viola, por sua vez, não marca há três jogos.
A Fiorentina teve dificuldades na construção, porque a Udinese subiu suas linhas de marcação e passou a marcar a saída de bola. E foi nesse movimento sufocante que os donos da casa abriram o placar, aos 17 minutos. Deulofeu recuperou a bola na lateral, aproveitando a moleza de Venuti, e tocou para Beto finalizar praticamente livre dentro da área.
A defesa da Fiorentina bateu cabeça durante boa parte do jogo e não conseguiu impedir as investidas de Beto em velocidade, e nem mesmo os avanços da Udinese na primeira etapa. Apesar disso, a equipe violeta respondeu com uma forte cabeçada de Saponara, após cobrança de escanteio. A bola foi no canto inferior direito, mas Silvestri fez uma grande defesa e segurou a vantagem friulana. No segundo tempo, o time visitante foi estéril e só assustou através de escanteios e faltas. Os bianconeri aproveitaram os espaços deixados pela adversária e ainda tiveram um gol anulado por impedimento. (GP)
Sampdoria 1-1 Lazio
Gols e assistências: Immobile (Milinkovic-Savic) e Gabbiadini (Rincón)
Tops: Gabbiadini (Sampdoria) e Milinkovic-Savic (Lazio)
Flops: Sabiri (Sampdoria) e Felipe Anderson (Lazio)
Em um dos empates da rodada, a Sampdoria reagiu no finalzinho contra a Lazio. Depois da goleada sofrida contra a Salernitana, os donos da casa buscavam a primeira vitória no campeonato, mas se satisfizeram com o ponto arrancado no pagar das luzes. A equipe de Sarri, por sua vez, não deu continuidade ao bom momento após o triunfo sobre a Inter.
Os visitantes começaram levando perigo através de duas chances criadas pelo brasileiro Felipe Anderson: recebeu na direita e chutou cruzado, mas para fora e, na sequência, obrigou Audero a fazer grande defesa num arremate de fora da área. A Lazio vinha dominando a partida e contou com a genialidade de Milinkovic-Savic para abrir o placar. O sérvio recebeu passe no meio, percebeu a ultrapassagem de Immobile e deu um “coice” na bola: a enfiada, de primeira, quebrou a linha de marcação e ficou limpa para o artilheiro do time abrir o placar. Ciruzzo ainda colocou uma bola na trave após o rebote de uma finalização à queima-roupa de Zaccagni.
A Sampdoria cresceu na primeira etapa e chegou a pedir pênalti após encontrão de Marusic e Quagliarella, mas nada foi marcado. Pouco depois, uma finalização do próprio veterano parou em Provedel. Os goleiros continuaram como protagonistas no segundo tempo. Ao menos até os acréscimos, quando Rincón desarmou e retomou a posse para a Samp no meio-campo. O venezuelano tocou para Gabbiadini, que empurrou na saída do arqueiro para dar fim ao jejum de gols doriano nesta Serie A. (GP)
Empoli 1-1 Verona
Gols e assistências: Baldanzi (Lammers); Kallon (Doig)
Tops: Parisi (Empoli) e Kallon (Verona)
Flops: Satriano (Empoli) e Henry (Verona)
A vitória representaria o distanciamento da zona de descenso e a primeira glória no campeonato para ambos os times. No entanto, Empoli e Verona ficaram num empate que não fez jus ao que os donos da casa produziram, especialmente na etapa inicial.
Sabendo da importância de vencer os confrontos diretos contra times da parte de baixo da tabela, mesmo no início do campeonato, Empoli e Verona mostraram muita vontade vencer desde o primeiro instante da partida. O ataque mandante empilhou chances desperdiçadas, até que, aos 26 minutos, o promissor Baldanzi acertou um lindo chute para abrir o placar. Em seu segundo jogo como profissional, o garoto de apenas 19 anos foi do êxtase à infelicidade rapidamente, já que precisou ser substituído, por lesão, antes do intervalo.
Com a saída do meia, o Empoli perdeu poder de ataque, ainda que contasse com boas exibições de Parisi e Lammers. O time da casa rondava a área adversária, mas não encontrava brechas para finalizar adequadamente. E o castigo veio no segundo tempo, quando o também garoto Kallon, de 21 anos, entrou na equipe do Verona e mudou o rumo da peleja. Aos 70 minutos, ele acertou um chute de canhota e, com o seu primeiro gol na Serie A, empatou o jogo. (IM)
Bologna 1-1 Salernitana
Gols e assistências: Arnautovic (pênalti); Dia
Tops: Arnautovic (Bologna) e Dia (Salernitana)
Flops: Vignato (Bologna) e Bradaric (Salernitana)
Bologna e Salernitana entraram em campo em situações totalmente opostas: de um lado, o time mandante ainda não somara triunfos no campeonato; do outro, os visitantes vinham de uma convincente vitória sobre a Sampdoria. Os donos da casa sentiram que precisavam confirmar o seu favoritismo no confronto e, assim, o jogo começou complicado para a equipe grená, que sofreu uma gigantesca pressão durante todo o primeiro tempo.
A Salernitana só conseguiu escapar em velocidade no espaço deixado pelo Bologna em uma oportunidade. No entanto, o time da casa não aproveitou a superioridade e a primeira etapa terminou do jeito que começou. Após o intervalo, a equipe campana até deu indícios de que poderia competir, mas logo viu que seria complicado. De Silvestri tirou tinta da trave aos 46 e, aos 52, os visitantes receberam uma ducha de água fria: Gyömbér cometeu um pênalti claro sobre Sansone e o artilheiro Arnautovic não perdoou.
Com a desvantagem no placar, o técnico Nicola precisou mexer no time e obteve resultados, principalmente devido à entrada de Candreva no lugar de Bradaric. A Salernitana melhorou o seu meio-campo, passou a ficar mais com a bola e, faltando apenas dois minutos para o fim do tempo regulamentar, conseguiu o seu merecido gol com Dia. O senegalês, que participou diretamente de quatro dos cinco tentos marcados pela equipe granata, aproveitou um rebote de Skorupski para conferir. (IM)
Seleção da rodada
Maignan (Milan); Çelik (Roma), Baschirotto (Lecce), Ferrari (Sassuolo), Parisi (Empoli); Barella (Inter), Hjulmand (Lecce), Koopmeiners (Atalanta); Dybala (Roma); Abraham (Roma), Beto (Udinese). Técnico: José Mourinho (Roma).