Liga dos Campeões

O sucesso da resistência e das transições rápidas: a análise tática de Milan 1-0 Napoli

Cerca de 10 dias depois da goleada rossonera por 4 a 0 no estádio Diego Armando Maradona, pela Serie A, Milan e Napoli voltaram a se enfrentar, agora em um confronto válido pelas quartas de final da Champions League. O resultado foi mais modesto, mas o Diavolo venceu novamente e largou em vantagem na busca por uma vaga na próxima fase.

Formações iniciais

A escalação do Milan não apresentou nenhuma surpresa: o time titular foi o mesmo do último confronto entre as duas equipes, com Kjaer ao lado de Tomori na zaga, Bennacer mais adiantado e Díaz partindo da ponta direita. O Napoli, por outro lado, apresentou algumas modificações: Lozano iniciou a partida como titular na ponta destra e Elmas foi o escolhido de Luciano Spalletti para o comando do ataque – Osimhen e Simeone estavam indisponíveis.

A formação base de cada time

O forte início do Napoli

Os minutos iniciais da partida foram marcados por uma postura bem agressiva do Napoli na marcação, pressionando a saída de bola do Milan com muitos jogadores. Zielinski e um dos pontas se revezavam na pressão aos zagueiros, juntamente a Elmas, enquanto o restante do time também subia e encurtava a distância para o portador da pelota.

A pressão imposta pelos napolitanos funcionou muito bem: em apenas 11 minutos de jogo, três posses recuperadas no campo de ataque resultaram em finalizações. Não fossem as boas defesas de Maignan e um bloqueio providencial de Calabria, o Napoli poderia ter aberto o placar.

A pressão alta do Napoli foi um problema para o Milan (BT Sport 2/editada)

Sofrendo com a pressão em sua saída de bola, Stefano Pioli recuou de vez um de seus volantes para a linha dos zagueiros – quase sempre, esta peça era Krunic. Assim, o Milan foi capaz de circular a pelota com mais segurança, embora continuasse sem criar chances de gol. A presença do bósnio numa posição tão recuada significou também avançar os dois laterais e manter os pontas adversários mais ocupados, contendo melhor suas subidas de pressão.

Krunic recuado entre os zagueiros na saída de bola (BT Sport 2/editada)

O Milan criou pouco, mas foi eficiente

Sufocado pela pressão do Napoli, o Milan pouco conseguia sair de seu campo de defesa e não foi capaz de encaixar muitas transições ofensivas, sua arma mais poderosa. A primeira finalização do time da casa ocorreu aos 25 minutos, após grande jogada individual de Rafael Leão, conduzindo desde o lado rossonero do gramado. Nesse instante, o Napoli já contava com nove chutes.

Diante desse cenário, apareceu o brilho de Díaz: o meia espanhol recuou para receber pelo centro, arrastando a marcação de Mário Rui consigo, e superou a pressão napolitana com um belo giro de corpo. A jogada do camisa 10 colocou o Milan em situação favorável e a chance não foi desperdiçada.

Brahim foi determinante no gol do Milan (BT Sport 2/editada)

O segundo tempo foi parecido

As duas equipes mantiveram suas estratégias para o segundo tempo e o início foi bastante semelhante – o Napoli seguia pressionando alto e forçando o Milan a acumular bolas longas para recuperar a posse e atacar. Maignan voltou a aparecer bem e contou com a ajuda de um grande Kjaer para defender sua meta. O zagueiro dinamarquês esteve concentradíssimo nos duelos contra Elmas e fez outra bela exibição no que tange ao resguardo de sua própria área.

Kjaer bloqueia a finalização de Di Lorenzo (BT Sport 2)

Elmas, uma das novidades de Spalletti para a partida, não atuou bem na função de atacante central. Ele jogou como um centroavante mesmo, mas não foi capaz de oferecer o mesmo perigo em profundidade que Osimhen, até por não possuir a mesmo timing para atacar a área e a aceleração do nigeriano. Ao recuar para oferecer apoio, o macedônio também foi amplamente superado pelas antecipações de Kjaer e não deu prosseguimento a muitas ações. A entrada de Raspadori na vaga de Lozano, aos 68 minutos, o deslocou para a ponta esquerda, mas isso não surtiu grande efeito no cenário, uma vez que o beque dinamarquês seguiu levando vantagem no confronto.

Elmas não teve impacto como atacante (BT Sport 2)

A expulsão de Anguissa

O cenário da partida finalmente mudou quando Anguissa foi expulso, após receber dois cartões amarelos em um intervalo de cinco minutos. Diante da inferioridade numérica, o Napoli adotou uma postura menos agressiva e passou a se defender em uma altura menor, formando duas linhas de quatro. O Milan, por outro lado, seguiu acelerando as jogadas no campo de ataque, em busca do segundo gol.

O Napoli foi forçado a recuar após a expulsão de Anguissa (BT Sport 2/editada)

Milan em vantagem

Três jogos de mata-mata já se passaram e o Milan segue sem sofrer gols. O retorno de Maignan à baliza rossonera ajudou a restabelecer a solidez defensiva do time e reacendeu a confiança de todo o setor. O arqueiro voltou a fazer a diferença em um grande confronto e foi uma das chaves para a vitória do Diavolo.

Ao Napoli, fica o consolo por ter feito uma boa partida, bem melhor do que na goleada sofrida pela Serie A. O provável retorno de Osimhen deve subir o nível dos ataques no jogo de volta, mas as ausências de Anguissa e Kim, ambos suspensos, são um novo ponto de preocupação para Spalletti.

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