Foi o que deu para fazer. Esfacelada, a Juventus foi até o Villa Park, em Birmingham, para enfrentar o Aston Villa pela quinta rodada da Liga dos Campeões. O empate por 0 a 0 tomou proporções heroicas devido ao cenário de desfalques com o qual os bianconeri chegaram para o confronto e ao final movimentado da partida, contando até com um gol anulado dos mandantes no último lance, é verdade. Porém, atenuantes à parte, o fato é que a equipe de Thiago Motta, mais uma vez, deixou a desejar na parte ofensiva e desperdiçou dois pontos contra um adversário que ofereceu brechas durante os 90 minutos de jogo.
Após o dérbi contra o Torino, parecia que a Juventus voltaria a ser efetiva na sua fase ofensiva. Porém, o sonolento jogo contra o Milan, no último fim de semana, já sinalizava o que viria a ser o desempenho do ataque bianconero na Inglaterra. O Bologna de Motta empatava muitas de suas partidas, e vemos isso se repetir no seu novo trabalho. O time depende muito de lampejos pelos lados do campo e, não à toa, Yildiz, Cambiaso, Vlahovic e, principalmente, a novidade Conceição têm sido os responsáveis pelos gols da Juve. Até agora, o setor ofensivo ainda não se acertou de maneira sistêmica.
Com isso em mente, chegamos até o contexto desse confronto em Birmingham. Thiago Motta não tinha elenco disponível para tentar algo diferente. Além de Cabal, Bremer, Adzic, McKennie, Douglas Luiz, González e Milik, o treinador perdeu sua única referência no ataque, Vlahovic, por desconforto muscular, assim como no confronto do San Siro. O resultado disso foi mais um empate sem gols para a contagem bianconera, o que é preocupante. Porém, não foi um jogo ruim como aquele contra o Milan; a Juventus conseguiu criar chances e viu Martínez, que exibiu seus dois prêmios de melhor goleiro do mundo antes de a bola rolar, operar um milagre.
O começo do jogo até ameaçou ser bem agitado, com o árbitro espanhol Jesús Gil Manzano amarelando dois jogadores do Villa antes dos 13 minutos – Tielemans e, depois, Bailey. Pouco após o segundo cartão, em escanteio cobrado pelo atacante jamaicano na primeira trave, Pau Torres apareceu para cabecear. Um tipo de lance que o torcedor bianconero recorda com pesar, visto que, na Champions League de 2021-22, o próprio beque espanhol havia marcado o que seria o segundo dos três gols que culminaram na eliminação italiana na ocasião, contra o Villarreal.
Aos 17 minutos, os mandantes tiveram uma falta pela direita, num contexto que viria a ser corriqueiro durante o jogo e que, mais à frente, geraria uma situação perigosa para os donos da casa. Neste lance, o chute não passou da barreira juventina. O primeiro tempo reservou poucos momentos de perigo para ambas as equipes. A Juventus, que não conseguiu potencializar as ações de Koopmeiners no meio, via Yildiz e Conceição tentarem pelos flancos, com o português sendo mais efetivo nas escapadas. Já pelo lado inglês, eram Bailey e Watkins, pela direita, que levavam mais perigo. Kalulu e Gatti fizeram boas intervenções nesta parte da peleja.
Já na reta final da primeira etapa, aos 37 minutos, Watkins recebeu sozinho dentro da área e finalizou com muita força, obrigando Di Gregorio a trabalhar, e muito bem, gerando escanteio para o Aston Villa. No contra-ataque que se seguiu à situação de bola parada, Weah recebeu na entrada da área e finalizou com muito perigo, mas além da trave inglesa.
No lance seguinte, Pau Torres foi advertido com o cartão amarelo, o terceiro para os mandantes, e não demorou muito para a Juventus levar o seu primeiro, com Kalulu, por derrubar Watkins perto da área, basicamente recriando a falta no início do jogo. Desta vez, Digne, ex-jogador da Roma, mandou a bola caprichosamente no travessão. Este foi o último lance da primeira etapa.
A emoção estava, de fato, reservada para os últimos 45 minutos. A Juventus, sem mudanças no intervalo, voltou mais ativa. Aos 59, após algumas boas estocadas de Conceição, Thuram conduziu até a entrada da área inglesa e finalizou com força, mas sem direção. Pouco depois, a melhor chance bianconera saiu após escanteio cobrado por Koopmeiners. A bola sobrou para Conceição cabecear e ver Dibu Martínez operar um milagre, com uma defesaça em cima da linha. A Velha Senhora esteve a alguns centímetros de inaugurar o placar.
Um minuto após o lance, tivemos a décima lesão do elenco juventino. Dessa vez, Savona saiu sentindo dores na coxa e foi rendido por Danilo. A gravidade do problema ainda não foi divulgada, e os exames serão feitos amanhã (28). O lateral brasileiro fez um jogo seguro, apesar da má fase, e conseguiu boas intervenções para garantir o bom desempenho defensivo da Juve. Com os italianos sem muitas opções para o banco de reservas, contando com apenas quatro jogadores de linha disponíveis, Unai Emery, treinador do Aston Villa, parecia aguardar o cansaço físico bianconero para fazer suas alterações, o que não aconteceu.
Aos 70 minutos, a grande chance dos mandantes foi anulada por uma “defesaça” de Locatelli, quase em cima da linha. O meio-campista bloqueou o chute de McGinn à queima-roupa e fez bem, já que Di Gregorio, apesar do bom reflexo, talvez não chegasse na bola. As substituições aconteceram já no final da partida. No lado inglês, Barkley, Durán e Philogene entraram nas vagas de Bailey, Watkins e Kamara. Na Juventus, saíram Yildiz e Thuram para as entradas de Mbangula e Fagioli, que pouco fizeram em campo. O camisa 21, inclusive, matou uma boa troca de passes bianconera após desatenção no lance.
Di Gregorio, que fazia até então uma boa partida, contou com um pouco de sorte para aliviar sua única e crucial falha durante o jogo. Já no apagar das luzes, na última bola da partida, Tielemans cobrou uma falta que, do meio de campo, cruzou o goleiro bianconero. Ele saiu mal para afastar e viu a bola cair nos pés de Rogers, que marcou o gol, mas teve seu êxtase anulado pelo VAR. Afinal, apesar de o arqueiro não ter sido perfeito em seu movimento, Diego Carlos trombou com força e cometeu falta clara sobre o italiano. Assim, após um bom jogo defensivo, sem perder a emoção final, a Juventus chegou a seu quinto empate sem gols nesta temporada.
Apesar de não ser o resultado visado contra um Aston Villa que não vence há um mês, o empate foi crucial para a moral bianconera neste momento, devido ao cenário caótico em que a equipe se encontra com as lesões, acumulando mais um infortúnio com Savona. Defensivamente, a Juventus se reencontrou após a lesão de Bremer. Kalulu e Gatti foram sólidos, e Cambiaso, mais uma vez, fez uma bela partida em suas funções defensivas e ofensivas.
O empate coloca os bianconeri na 19ª colocação, com 8 pontos. É a mesma pontuação do Manchester City, seu próximo adversário pela Liga dos Campeões, no dia 11 de dezembro, em Turim. Antes disso, os bianconeri tentarão manter sua invencibilidade no cenário nacional no próximo domingo (1º), quando visitarão o Lecce – em seguida, receberão o Bologna num sábado (7).