Jogadores Técnicos

Antonio Angelillo: artilheiro na Inter, campeão pelo Milan

Argentino descendente de italianos, Antonio Angelillo fez história no futebol do país de seus ancestrais, onde defendeu cinco times e foi três vezes campeão como jogador. Mas na Argentina o rápido atacante já chamava atenção, inclusive sendo chamado de “o novo Di Stéfano”. Além de ter a facilidade de balançar as redes, Angelillo ajudava muito os companheiros em outros setores do campo, várias vezes recuperava bolas na defesa e armava contra-ataques.

O pontapé inicial da carreira ocorreu no Arsenal de Sarandí, onde o atacante passou três anos. Foi no Racing, contudo, que ele passou a se notabilizar. Em Avellaneda, pela primeira vez, encontrou Humberto Maschio, com quem formaria um histórico trio na seleção argentina, que disputou a Copa América de 1957, com o acréscimo de Omar Sívori. A passagem pelo Racing foi rápida e, em 1956, chegou ao Boca, logo sendo convocado para defender a seleção argentina.

Ao final da temporada, reencontrou Maschio e conheceu Sivori. Juntos, eles levaram a albiceleste ao título da Copa América e Angelillo foi o principal jogador, marcando ito vezes e dando muitas assistências para que Maschio fizesse nove. O trio recebeu o apelido de “Os anjos de cara feia” ou “O trio da morte”, pois quando a bola chegava em algum deles, provavelmente morria na rede. Após a conquista sul-americana, todos desembarcaram na Itália: Sivori na Juventus, Maschio no Bologna e Angelillo na Inter.

O início no Belpaese foi bom: 16 gols em 34 jogos na primeira temporada. Porém, o melhor ficou para 1958-1959, com 33 gols em 33 partidas na Serie A – recorde para o Campeonato Italiano disputado por 18 equipes. Angelillo chegou aos 38 em todas as competições, recorde atingido anteriormente por Giuseppe Meazza e igualado por Gunnar Nordahl – Eto’o, nesta temporada, chegou aos 37. Mas, mesmo marcando muitas vezes, Angelillo viu a Inter ficar apenas no terceiro posto na disputa, e não ganhou títulos no seu destino em nerazzurro.

Angelillo teve longa carreira no futebol italiano, obtendo maior destaque em Milão (Archivi Farabola)

Enquanto defendia a equipe de Milão, Angelilo teve problemas com a seleção argentina: a federação não permitia que jogadores que atuassem fora do país defendessem a albiceleste. Quem perdeu com isso foi a própria Argentina, que ficou sem o trio por aquele período. A Federação Italiana de Futebol agiu muito rápido: pesquisou o passado do atacante, descobriu a ascendência italiana e convidou-o para fazer parte da Squadra Azzurra. Foram apenas duas convocações e dois jogos pela Nazionale, quando marcou um gol, contra Israel.

A relação com a Inter foi se deteriorando, principalmente, com o treinador Helenio Herrera. O problema de Angelillo era gostar muito da noite, o que acabou atrapalhando seu rendimento e resultou na sua saída para a Roma.Nos giallorossi, Angelillo se reinventou: passou a jogar no meio-campo, pensando mais o jogo. E foi com a camisa da Roma que ele conseguiu sua primeira taça, a Copa das Feiras de 1960-61. Em 1963-64 veio o segundo título, a Coppa Italia, com ótima campanha. A equipe capitolina fez 11 gols, sofreu apenas um e venceu cinco de suas sete partidas na competição.

Em 1965, o argentino foi um dos reforços do Milan, juntamente com Karl-Heinz Schnellinger e Angelo Sormani. Na volta a Milão, fez péssima temporada e acabou liberado para o Lecco do brasileiro Sergio Clerici, em 1966-67. O time acabou caindo para a Serie B e Angelillo tentou se reencontrar em um período de testes no Napoli, onde jogava seu parceiro Sivori, que o recomendava à diretoria.

Sem resultados satisfatórios após uma turnê de amistosos em que o próprio Sivori acabou se lesionando, ele voltou para os rossoneri. Em Milão novamente, o argentino conseguiu seu grande título por clubes: a Serie A. Porém, Angelillo pouco participou da conquista e jogou apenas três partidas. As estrelas do scudetto foram o “golden boy” Gianni Rivera e o artilheiro Pierino Prati.

Pelos giallorossi, Angelillo conquistou uma Coppa Italia (Arquivo/AS Roma)

Já em fim de carreira, o ítalo-argentino jogou uma temporada pelo Genoa, na Serie B e pendurou as chuteiras profissionalmente após marcar cinco gols na competição, sem nunca ter disputado uma Copa do Mundo. Em seguida, disputou dois campeonatos entre os amadores pela Angelana, clube em que também ocupou o cargo de técnico.

Logo depois de deixar os gramados, Angelillo se tornou treinador em tempo integral e teve no Arezzo os seus maiores sucessos: a conquista da Coppa Italia de Semiprofissionais e a Serie C1, em 1981 e 1982. O ex-atacante rodou a Itália inteira na nova função e também teve experiências no Marrocos, onde dirigiu a seleção e foi campeão nacional pelo FAR Rabat.

Depois de se aposentar da vida de treinador, ele foi morar na Toscana, já que desenvolveu ligação com o Arezzo, que é sediado na região. Além disso, passou a trabalhar para a Inter, como observador na América do Sul. As chegadas de Javier Zanetti e Iván Córdoba a Milão tiveram o dedo do ex-atacante, que faleceria em 2018, na cidade de Siena, aos 80 anos.

Antonio Valentín Angelillo
Nascimento: 5 de setembro de 1937, em Buenos Aires, Argentina
Morte: 4 de janeiro de 2018, em Siena, Itália
Posição: atacante
Clubes como jogador: Arsenal de Sarandí (1952-55), Racing (1955), Boca Juniors (1956-57), Inter (1957-61), Roma (1961-65), Milan (1965-66 e 1967-68), Lecco (1966-67), Genoa (1968-69) e Angelana (1969-71)
Títulos como jogador: Copa América (1957), Copa das Feiras (1961), Coppa Italia (1964) e Serie A (1968)
Clubes como treinador: Angelana (1969-71), Montevarchi (1971-72), Chieti (1972-73), Campobasso (1973-74), Rimini (1974-75), Brescia (1975-77), Reggina (1977-78), Pescara (1978-80), Arezzo (1980-84 e 1987-88), Avellino (1984-85), Palermo (1985-86), Mantova (1987), FAR Rabat (1988-90), Marrocos (1989-90), Torres (1991-92) e Osorno (1994)
Títulos como treinador: Prima Categoria (1971), Coppa Italia de Semiprofissionais (1981), Serie C1 (1982) e Campeonato Marroquino (1988)
Seleção argentina: 11 partidas e 11 gols
Seleção italiana: 2 partidas e 1 gol

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  • […] Em 1993, com a Era Menem extinguindo a famigerada obrigatoriedade do alistamento militar entre os argentinos, chegou a ser sondado para assumir o Boca, que procurava um substituto para o maestro uruguaio Oscar Tabárez – mas os cartolas optaram inicialmente por Jorge Habbeger, salientou o perfil do ex-atacante no site estatístico Historia de Boca. O clube seguinte foi chileno mesmo, e o último, o Provincial Osorno (em 1994). Desde então, vinha servindo a Inter como emissário e observador de talentos na América do Sul – sendo creditado como mentor das chegadas dos longevos Iván Córdoba e Javier Zanetti. […]

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