Até o final da tarde de hoje o Napoli era líder da Serie A depois de 16 anos. Não é mais porque uma Inter avassaladora atropelou, por 4×0, o esboço de time montado por Luciano Spalletti, num jogo que deve ter trazido más lambranças ao torcedor giallorosso. O resultado e o jogo foram muito parecidos com a última partida realizada entre os dois times no Olímpico, pela Serie A, em que a Inter aplicou outra sonora goleada, com gol marcado no início. Daquela vez, por 4×1.

O brilho

Se daquela vez houve muita discussão sobre se a supremacia da Inter em campo não foi conseqüência da expulsão precoce (e correta) de Giuly, dessa vez não houve dúvidas: foi um verdadeiro massacre, do início ao fim. Com Ibrahimovic, Maicon e Cambiasso em excelente noite, os raros esforços de Vucinic e Totti foram pouco – principalmente quando Júlio César estava muito bem colocado e com reflexos apurados. As duas melhores chances da Roma no jogo esbarraram no goleiro brasileiro.

Pelo lado nerazzurro, o setor criativo esteve muito bem. Maicon foi bastante acionado, e pôde dialogar com Ibrahimovic, Quaresma e Obinna. Riise não conseguiu combater e foi muito prejudicado pela falta de mobilidade do esquema de Spalletti. Não aparecia ninguém para ajudar. Resultado: por aquele setor saíram três dos quatro gols interistas.

Obinna, estreando como titular pela Inter, desempenhou seu papel com muita personalidade: até marcou gol. Prestigiado por Mourinho, sua escalação foi uma grande surpresa. O gol marcado e a seqüência de jogos deve transformar Crespo em sexta opção de ataque. Mourinho já tinha avisado: “quero trabalhar com 21 homens de linha e mais três goleiros”. O elenco da Inter excede este número em cinco.

Ibrahimovic deitou e rolou hoje. Marcou sua primeira doppietta na temporada, deu belos passes e ainda poderia ter saído de campo com mais gols, se a Inter não tivesse pecado na conclusão de algumas jogadas. O sueco já havia declarado que em três meses com Mourinho aprendeu mais futebol do que com todos os outros técnicos que já o haviam treinado antes. De fato, parece ser verdade: ele vive a melhor fase da carreira, de longe. Cada vez mais fuoriclasse. Se não dá para ser Bola de Ouro este ano, se mantiver o ritmo, é fortíssimo candidato.

A apatia

Juan e Loria foram pífios. Se o brasileiro tinha problemas físicos e foi escalado no sacrifício, o problema do zagueiro ex-Siena é técnico. Loria não pode ser reserva imediato de um time que briga (ou brigava, dada a má fase) por Liga dos Campeões. A calamidade da defesa romanista é obra de uma péssima estratégia de mercado. Há apenas quatro zagueiros no elenco. Spalletti e a diretoria da Roma comeram mosca – pela segunda temporada consecutiva.

Totti, escalado no sacrifício, nada pôde fazer. Talvez tivesse sido mais inteligente ter entrado com Ménez e ter lançado o capitano na segunda metade do jogo. Aquilani e De Rossi, as outras crias da base de Trigoria, foram nulos. Stankovic, Muntari e – especialmente – Cambiasso engoliram o meio-campo capitolino.

O que se espera é a queda de Spalletti. Mas quando? A paciência da família Sensi é grande, mas talvez o jogo contra o Chelsea, em Stamford Bridge, na quarta-feira, possa ser a última chance do carequinha. Os blues são favoritos, mas caso a Roma apronte, Spalletti pode ter mais uma sobrevida no cargo.
Roma-Inter 0-4Gols: 5, 47 Ibrahimovic, 54 Stankovic, 56 Obinna.
Roma: Doni; Cicinho, Loria, Juan, Riise; De Rossi, Aquilani; Taddei (75 Okaka), Perrotta (77 Brighi), Vucinic; Totti (67′ Menez).
Substitutos: Arthur, Pizarro, Tonetto, Montella, Menez, Brighi, Okaka.
Treinador: Luciano Spalletti.
Inter: Julio Cesar; Maicon, Cordoba, Chivu, Zanetti; Stankovic (78 Dacourt), Cambiasso, Muntari; Obinna, Ibrahimovic (82 Cruz), Quaresma (69 Mancini).
Substitutos: Toldo, Cruz, Adriano, Dacourt, Samuel, Mancini, Balotelli.
Treinador: José Mourinho.

Cartões Amarelos: Vucinic, Chivu.
Árbitro: Nicola Rizzoli (Bologna).

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