A Inter é o time mais confuso e mais confiável da temporada italiana. Este paradoxo se explica com certa facilidade: os nerazzurri têm feito, na Liga dos Campeões, uma campanha sofrível. Se o sorteio parecia ajudar a equipe de Appiano Gentile, o desempenho da tricampeã italiana tem sido abaixo da crítica. Já na Serie A, a eficiência da equipe é praticamente incontestável (principalmente nas últimas rodadas), quando conseguiu vitórias complicadas ou esmagadoras, contra equipes fortes e concorrentes ao título. A Inter de Mourinho, na Serie A, é uma Inter à Juventus.
A Inter da Europa
Não importa que o Anorthosis Famagusta tenha sido um adversário mais duro do que o que se esperava. Os tropeços em casa contra Werder Bremen e Panathinaikos – empate e derrota, respectivamente – certamente não estavam nos planos do torcedor mais pessimista do clube. São apenas oito pontos, mas os milaneses estão com sorte: a classificação para a próxima fase foi garantida por antecipação graças ao empate entre cipriotas e alemães.
Mourinho não escondeu a insatisfação com o mau futebol apresentado na competição continental, mas logo tratou de por panos quentes na situação. “Não me agrada a nossa situação atual no grupo, mas a experiência diz que a verdadeira ‘Champions’ começa apenas em fevereiro”, disse. Para os interistas, o que mais deve interessar é que, até fevereiro, o “Special One” deve ter mais tempo de preparar seu grupo para a disputa da competição.
A Inter da Itália
Se na Europa, a Inter parece contar mais com a sorte do que com qualquer outra coisa, na Serie A a situação parece ser diferente. O time tem sido competente, mas há ocasiões em que a sorte ajuda – como na partida contra a Udinese, quando ela se apelidou Julio Cruz.
As duas últimas partidas foram muito importantes para a Inter. O time não vinha jogando bem no Giuseppe Meazza, mas as vitórias contra a Juventus e o Napoli foram obtidas com grande superioridade por parte da equipe da casa. Na partida de ontem, contra o forte Napoli de Lavezzi, Hamsik e Edy Reja, o resultado foi construído rapidamente, em apenas 25 minutos de jogo. Depois disso, a Inter cozinhou a partida, e, mesmo permitindo que o Napoli tivesse a posse de bola, poucas foram as chances claras de gols da equipe partenopea. Mais tarde, a derrota do Milan em Palermo confirmou que a Inter, com 33 pontos, está a seis pontos de vantagem dos rossoneri e da Juventus, empatados em segundo lugar, com 27.
Mourinho abriu mão do 4-3-3, em prol do retorno do 4-3-1-2, incansavelmente usado por Roberto Mancini, seu antecessor. Enquanto Mancini, Quaresma e Obinna começaram a freqüentar mais o banco, Stankovic e Muntari (pelo menos enquanto Vieira está lesionado) ganham espaço no onze inicial.
O sérvio, depois de duas temporadas apagadas, volta a ser elemento importante para a equipe interista. O ganense tem alternado momentos de altos e baixos durante as partidas, mas tem sido peça importante na ligação entre a defesa e o ataque. Lampard não veio, mas Mourinho descobriu em Muntari um jogador mais versátil que seu pupilo inglês. O número 20 tem feitos boas partidas, auxiliando Cambiasso na marcação e Stankovic no setor criativo da equipe. Além disso, atua como um autêntico box-to-box e muitas vezes aparece como elemento surpresa no ataque nerazzurro. Contra Juve e Napoli, a Inter venceu graças a seus gols, ambos em aparições dessa espécie.
Faltando apenas cinco rodadas para o fim do primeiro turno, a líder tem tudo para ampliar sua vantagem sobre os outros clubes, por ter uma seqüência mais tranqüila. Confira abaixo a tabela dos três primeiros colocados.
Inter: Lazio (F), Chievo (C), Siena (F), Cagliari (C) e Atalanta (F).
Milan: Catania (C), Juventus (F), Udinese (C), Roma (F) e Fiorentina (C).
Juventus: Lecce (F), Milan (C), Atalanta (F), Siena (C), Lazio (F).
“E um pouco mais de beleza em mim”, implora Muntari.
A Inter é a favorita para levar o scudetto. Além da sorte – e bota sorte nisso – o time apresenta um bom futebol, mesmo que às vezes pareça ficar desinteressada da partida, como aconteceu contra o Napoli.
Mas o principal ponto está nos adversários. A Juve se recuperou, mas ainda falta algo. O Milan é um caso a parte, tem um bom time, mas não joga. Nem o mais otimista rossonero confia no time. Os comandados de Ancelotti estão mostrando um péssimo futebol.
Mais uma vez, para a minha desilução, o scudetto vai para Via Durini
A Inter continua a escrita recente de amarelar na Europa.