de Quagliarella, o homem do queijo, surpresa de Lippi na convocação (Getty Images)
A influência de Maradona no futebol mundial também se vê nos detalhes. Na Itália, a passagem do mito argentino por Nápoles deixou grandes rastros, um deles atendendo pelo nome de Fabio Quagliarella. Com um pai fanático pelo Napoli, o pequeno Fabio ia ao San Paolo em alguns jogos. Aos sete anos, viu Maradona ao vivo na campanha histórica do scudetto partenopeu e decidiu seu futuro: se tornaria jogador para vestir a camisa de seu novo ídolo.
Começou no futebol logo depois, na amadora Junior Gragnano. Chegou ao Torino aos 12 anos, clube que lhe ofereceu condições melhores que a Juventus. Passou seis anos na base do time grená até ter sua primeira chance como profissional. Em maio de 2000, jogou por 23 minutos na última rodada do campeonato que rebaixou o Toro para a Serie B. Passou mais duas temporadas por lá, mas só fez outras quatro partidas antes de começar a rodar por divisões inferiores.
Ficou um semestre como opção da Florentia (ex e futura Fiorentina) pela Serie C2, até se mandar para o Chieti, um nível acima. Em um ano e meio, foram 17 gols e um rendimento muito bom que o levou de volta ao Torino, onde ganhou espaço e foi titular na campanha do vice-campeonato da Serie B, em 2005. Mas o clube faliu, Quagliarella ficou sem contrato e a Udinese aproveitou. Ofereceu a ele estabilidade e o mandou em empréstimo ao Ascoli. Foi muito bem pela grande surpresa daquela Serie A e chamou a atenção da Sampdoria, que comprou metade de seu passe à Udinese.
Na temporada 2006-07, começou sua carreira em Gênova como reserva, mas logo mandou Bazzani para o banco e aproveitou a longa suspensão de Flachi para surgir como titular. Em um ano de Samp, marcou sua passagem com belíssimos gols: um do meio-campo contra o Chievo, um belo cucchiaio na Atalanta, uma bicicleta na Reggina… E ainda ganhou 73 quilos de queijo Montasio por marcar o gol mais rápido da sétima rodada da Serie A, o que lhe rendeu a alcunha de “homem do queijo”. Terminou como artilheiro do time na temporada e muito valorizado. Tanto que Udinese e Sampdoria não entraram em acordo por sua co-propriedade e decidiram sua contratação nas propostas fechadas. Os friulanos ofereceram 7,3 milhões de euros, 800 mil a mais que os rivais, e garantiram o “retorno” de Quagliarella, que enfim jogaria pelo clube bianconero.
Na Udinese, chegou com pompa e foi decisivo. Em dois anos, marcou 25 vezes (verdeiras obras de arte, algumas destas) em 73 jogos e ainda anotou oito gols na Copa Uefa em que os friulanos caíram nas quartas-de-final. A valorização foi ainda maior e a Quagliarella foi oferecida a realização de seu sonho. O Napoli pagou mais de 16 milhões de euros por sua contratação e lhe ofereceu o maior contrato da equipe. Na Campânia, não chegou a ir absolutamente mal, mas ficou longe de convencer e decepcionou ao passar três meses sem marcar algum gol durante a pior fase do Napoli na temporada, quando esperava-se que seu grande nome desequilibrasse.
Nome frequente nas seleções de base italianas desde o sub-17, chegou à Squadra Azzurra pelas mãos de Roberto Donadoni, um reconhecimento a suas grandes exibições com a camisa da Sampdoria. Logo em sua terceira partida, estreou como titular e marcou dois belíssimos gols de fora da área para decidir no 2 a 0 sobre a Lituânia. Mas parou aí e vive um jejum na Nazionale desde fevereiro de 2008. Na Euro e Copa das Confederações, não teve chances concretas. E nem deve ter na Copa do Mundo. Mas já avisou que gosta de ressurgir quando lhe dão como morto e pode ser o único resquício de fantasia entre os comandados de Lippi.
Fabio Quagliarella
Nascimento: 31 de janeiro de 1983, em Castellammare di Stabia
Posição: atacante
Clubes: Torino (1999-02), Fiorentina (2002-03), Chieti (2003-04), Torino (2004-05), Ascoli (2005-06), Sampdoria (2006-07), Udinese (2007-09), Napoli (2009-hoje)
Seleção italiana: 18 jogos, 3 gols