Procure pelo nome de Bruno Giordano no Google e você irá se deparar com inúmeros artigos sobre o importante teólogo, filosofo e frade italiano Giordano Bruno, que viveu no século XVI. O mesmo não ocorreria se o maior site de buscas da internet já existisse em 1978. Sem nenhuma intenção de diminuir a importância do frade, naquele ano o Giordano mais importante era, sem dúvida, o atacante da Lazio.
Bruno Giordano nasceu em Roma em 1956 e estreou pela equipe principal da Lazio aos 19 anos, na mesma temporada em que se sagraria campeão nacional pela equipe Primavera, em 1976 – pouco depois de faturar o Campeonato De Martino, reservado aos sub-23. Logo depois de estrear na Serie A, Giordano teve a árdua tarefa de substituir o ídolo Giorgio Chinaglia, principal artífice do último scudetto laziale à época, mas o fez com louvor. O atacante herdou sua camisa 9 e fez duas boas temporadas, mas atingiu o auge em seu terceiro ano como titular, no qual sagrou-se artilheiro da liga, com 19 gols, em campanha mediana de sua equipe. Naquela mesma temporada, seria convocado pela primeira vez para a seleção italiana, treinada por Enzo Bearzot.
O que parecia o início de uma carreira brilhante foi manchado por uma polêmica que atingiu em cheio o futebol italiano: o caso Totonero. Considerado um dos maiores escândalos de corrupção no futebol, o caso explodiu na Itália em 1980 quando investigações concluíram que uma máfia de apostadores aliciou jogadores, técnicos e dirigentes para fabricar resultados de jogos que compunham os cartões da Totonero, a loteria esportiva clandestina.
Giordano estava envolvido, assim como Paolo Rossi, e foi punido por três anos, causando grande preocupação aos torcedores da Nazionale, que viam dois atacantes fundamentais da equipe recebendo longa suspensão a dois anos do início do Mundial da Espanha. Como sabemos, a federação italiana anulou a suspensão de todos os envolvidos no escândalo, Rossi pode disputar a Copa do Mundo e foi essencial na conquista do tricampeonato. Giordano, por sua vez, ficou de fora. Se perdeu a chance de disputar uma Copa do Mundo, pelo menos pode retomar sua carreira um ano antes do previsto.
Giordano deu a volta por cima em sua carreira, ajudando a Lazio a voltar à primeira divisão após dois anos de amargura na categoria inferior. Naquela temporada, foi artilheiro da Serie B com 18 gols. Dois anos depois, em 1985, Giordano encerrou sua carreira na Lazio, com 110 gols marcados. Acabou sendo negociado com o Napoli, onde faria parte de um time histórico. Junto a Maradona e Careca formou o trio MaGiCa, que brilhou na conquista da Serie A de 1986-87 e encantou a Itália em outros dois anos.
Giordano marcou 23 gols em sua passagem pelo clube partenopeo e se tornou um ídolo, porém, ao entrar em conflito com o técnico Ottavio Bianchi, o atacante teve seu contrato rescindido e rumou para o Ascoli. O MaGiCa pode ser visto outra vez no dia 30 de outubro do ano passado, quando foi realizada uma partida comemorativa aos 50 anos de Maradona no estádio San Paolo.
Após jogar uma temporada no Ascoli e marcar seu centésimo gol na Serie A, Giordano teve uma breve passagem pelo Bologna e retornou para o clube de Ascoli Piceno, onde permaneceu por duas temporadas, até encerrar a carreira em 1992. Depois disso, Giordano enveredou na carreira de treinador e perambulou por times pequenos e divisões inferiores, conciliando durante algum tempo este ofício com os compromissos de equipes master de futsal, como a da sua Lazio. Seu auge como técnico aconteceu no Messina, quando pela primeira – e única – vez comandou um time da elite italiana.
Texto de Rodrigo Giordano
Bruno Giordano
Nascimento: 13 de agosto de 1956, em Roma, Itália
Posição: atacante
Clubes como jogador: Lazio (1975-85), Napoli (1985-88), Ascoli (1988-89 e 1990-92) e Bologna (1989-90)
Títulos como jogador: Campeonato De Martino (1974), Campeonato Primavera (1976), Serie A (1987) e Coppa Italia (1987)
Clubes como treinador: Monterotondo (1993-94), Fano (1995-96), Crotone (1996-97), Frosinone (1997), Ancona (1999), Nocerina (1999-2000), Lecco (2000), Tivoli (2002), L’Aquila (2002-03), Reggiana (2003-05), Catanzaro (2006), Messina (2006-07 e 2007), Pisa (2009), Ternana (2011), Ascoli (2013-14) e Tatabánya (2015-16)
Títulos como treinador: Serie D (1997)
Seleção italiana: 13 jogos e 1 gol