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O dinamismo de Mario Corso foi fundamental para a Grande Inter

Desde o início da carreira futebolística, Mario Corso se destacava por uma característica física muito marcante: uma leve calvície, que com o passar dos anos tomou corpo e ficou mais clara. Mas foi sua perna esquerda “mágica”, que lhe fez mundialmente conhecido. Com ela, foram gols e cobranças de falta que beiravam a perfeição e ajudaram a Grande Inter conquistar prestígio na década de 60.

Nascido em Verona, “Mariolino” iniciou cedo no futebol e, primeiramente, jogou no Audace San Michele, de sua cidade natal, até 1957. Logo, Corso se transferiu para a Inter, que foi a sua casa por 17 anos. Como era ainda muito jovem, a temporada 1957-58 serviu para adaptação e Corso jogou apenas uma partida. Sua estreia, contra o Como, pela Coppa Italia, foi positiva: marcou seu primeiro gol em nerazzurro. A titularidade foi conquistada em 1959-60, na temporada em que Corso marcou sete gols na Serie A e ajudou a Inter a alcançar o quarto posto. No mesmo ano, jogando a Coppa Italia, “Mariolino” anotou uma tripletta contra a Reggiana.

Em 1961, Mario Corso foi pela primeira vez convocado à seleção italiana. Foram 23 jogos e quatro gols com a camisa azzurra. Porém, mesmo sendo frequentemente chamado entre 1961 e 1971, período de três copas e dois campeonatos europeus, o ponta-esquerda jamais jogou um Mundial ou uma Euro. O grande momento de “Mariolino” em azzurro foi uma doppietta, anotada na vitória de 4 a 2 sobre Israel. Ao final da partida, Gyula Mándi, treinador adversário, atribuiu à Deus a brilhante canhota do jogador interista. No entanto, seu temperamento explosivo o atrapalhava e fez com que o treinador Edmondo Fabbri fosse um de seus principais desafetos na seleção italiana.

O meia foi um dos maiores canhotos que vestiram a camisa nerazzurra (Liverano)

Se na Nazionale o ponta-esquerda não conseguia sucesso, na Inter tudo era diferente. Na temporada 1962-63, já com o esqueleto campeão europeu nos anos seguintes, Corso marcou dez vezes na Serie A, estabelecendo seu recorde na competição. Com sua ajuda, os nerazzurri venceram o primeiro título sob a presidência de Angelo Moratti.

Com uma equipe forte, a Inter conquistou a Europa. Corso marcou apenas dois tentos durante a campanha, mas teve papel fundamental. Na final, contra o estrelado Real Madrid, “Mariolino” esteve no onze inicial e viu Sandro Mazzola decidir o jogo, ao marcar dois gols. No final do ano, o camisa 11 decidiu a Copa Intercontinental, contra o Independiente. Depois da derrota na Argentina, vitória interista em Milão, com gol de Corso. O ponta-esquerda voltou a marcar no jogo de desempate.

A melhor temporada da Grande Inter ocorreu em 1964-65, quando o time chegou ao bicampeonato europeu e mundial. Ainda comandada por Helenio Herrera, a equipe conquistou a Serie A sobre o rival Milan. Na campanha europeia, Mario Corso anotou três gols, o mais importante deles, contra o Liverpool, no jogo de volta das semifinais. Na Inglaterra, a Inter havia perdido por 3 a 1 e, no San Siro, “Mariolino” fez o gol de falta, que abriu o caminho para o 3 a 0. Cobranças de falta que eram, de fato, sua especialidade: Corso tinha como característica o chute no estilo folha morta, que caía de maneira semelhante ao folha seca, do brasileiro Didi.

Abastecendo atacantes como Roberto Boninsegna, Corso marcou época em mais de 15 anos de Inter (LaPresse)

Na final da competição, Jair da Costa brilhou e garantiu a taça das grandes orelhas contra o forte Benfica. Depois, o Independiente foi o adversário mais uma vez na disputa do Mundial, conquistado pela Beneamata graças a um 3 a 0 em Milão e um empate em Avellaneda.

Jogando pela Inter, Corso foi fundamental ainda nas 30 partidas que disputou para ajudar na conquista do segundo scudetto consecutivo, em 1965-66. Dois anos antes de deixar os nerazzurri, o dono do “Pé esquerdo de Deus” conquistou sua última taça na carreira, a Serie A de 1970-71, com a base já modificada, sem o status de Grande Inter e sem Angelo Moratti na presidência, mas ainda tendo Giacinto Facchetti e Sandro Mazzola.

Em 1973, Mario Corso deixou a Inter, onde é lembrado até hoje, para jogar no Genoa. Nos rossoblù, recém-promovidos à Serie A, a esperança era a formação de uma equipe forte, para permanecer na elite do futebol italiano. Porém, os genoveses retornaram à Serie B e, na temporada 1974-75, “Mariolino”, já muito experiente e pouco utilizado, parou de jogar.

Mariolino encerrou a carreira no Genoa (Ansa)

Mario Corso tentou seguir a carreira de técnico. Passou pela Primavera do Napoli e continuou no sul, dirigindo Lecce e Catanzaro, antes de retornar à Inter, para dirigir a equipe Primavera. No entanto, Corso chegou a dirigir a equipe principal, quando o presidente Ernesto Pellegrini demitiu Ilario Castagner em janeiro de 1986.

Como interino, Corso dirigiu o time até o final daquele campeonato, comandando jogadores como Walter Zenga, Giuseppe Bergomi, Marco Tardelli, Alessandro Altobelli e Karl-Heinz Rummenigge. Ainda passou por Mantova e Barletta antes de se aposentar da função. Corso continuou ligado à Inter, exercendo a função de olheiro e recebendo homenagens do clube. Em junho de 2020, após passar alguns dias internado num hospital de Milão, o craque faleceu aos 78 anos.

Atualiado em 20 de junho de 2020.

Mario Corso
Nascimento: 25 de agosto de 1941, em Verona, Itália
Morte: 20 de junho de 2020, em Milão, Itália
Posição: ponta-esquerda
Clubes como jogador: Inter (1957-73) e Genoa (1973-75)
Clubes como treinador: Lecce (1982-83), Catanzaro (1983-84), Inter (1985-86), Mantova (1987-89) e Barletta (1989-90)
Títulos: Serie A (1963, 1965, 1966 e 1971), Copa dos Campeões (1964 e 1965) e Mundial de Clubes (1964 e 1965)
Seleção italiana: 23 partidas e 4 gols

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