Jogadores Técnicos

Cesare Maldini foi muito mais do que ‘só o pai’ da lenda

Pai de Paolo Maldini, ídolo histórico do Milan, Cesare foi quem deu o pontapé da história da família com os rossoneri. Como seu filho, ele começou em uma das laterais – no seu caso, a direita – e, depois, tornou-se capitão e líder da defesa. Pela equipe de Milão foram quatro scudetti e uma Liga dos Campeões, em 1962-63.

Diferentemente do filho, Cesare não fez toda a sua carreira em Milão. O defensor nascido em Trieste realizou seus primeiros passos na Triestina, clube de sua cidade natal. A liderança apareceu ainda na juventude e, em sua segunda temporada na equipe, foi capitão dos alabardati. A trajetória meteórica no futebol logo lhe colocou no Milan, com apenas 22 anos. O primeiro título também chegou rápido: no ano do debute pelo Diavolo, conquistou a titularidade e o scudetto, com Gunnar Nordahl em grande destaque e sob o comando de Béla Guttmann e, posteriormente, de Ettore Puricelli. A conquista ainda classificou o Milan para a Copa Latina de 1956, que também foi vencida pelos rossoneri.

Toda a elegância e a segurança de Cesare Maldini num clássico contra a Juventus, disputado em dia chuvoso (Archivio Farabola)

No ano seguinte, o Milan de Maldini conquistou mais um título italiano, com boa margem de vantagem em relação à Fiorentina, vice-campeã. Na temporada 1958-59 os rossoneri venceram outro scudetto, mas faltavam a Maldini duas coisas: uma convocação para a seleção e um título da Copa dos Campeões. Logo no início de 1960, veio o chamado da Squadra Azzurra e, contra a Suíça, ele fez a primeira de suas 14 partidas pela Nazionale. A história com a seleção foi rápida e acabou em 1963, frente à União Soviética. No período em azzurro, Maldini jogou a Copa de 1962 com a camisa 5, e foi titular em duas das três partidas da equipe, que foi eleminada na primeira fase.

Em 1961-62, como capitão e tendo jogado as 34 partidas da Serie A, Cesare Maldini levantou o quarto e último scudetto de sua carreira. No ano seguinte, com uma campanha que beirou a perfeição, o Milan trouxe a primeira taça das grandes orelhas ao Belpaese. Foram 32 gols marcados e apenas seis sofridos. Os rossoneri tiveram Altafini como grande destaque, com 14 gols – dois deles no decisivo 2 a 1, na final contra o Benfica de Eusébio. No Mundial de Clubes daquele ano, decidido apenas no terceiro jogo entre Milan e Santos, Maldini cometeu o pênalti em Almir, que Dalmo bateu para garantir o título ao Peixe. Além disso, o capitão rossonero acabou expulso.

Cesare Maldini foi zagueiro icônico do Milan nas décadas de 1950 e 1960 (imago)

Cesare Maldini ficou no Milan até 1966 e não conquistou mais nenhum título. Ele terminou a carreira no Torino, jogando a Serie A e alcançando um honroso sétimo lugar. Após deixar de ser jogador, o ex-zagueiro seguiu ligado ao futebol, agora como auxiliar técnico. O início ocorreu no próprio Milan, assistindo Nereo Rocco e, logo após, substituindo seu conterrâneo – Rocco também nascera em Trieste -, no posto de treinador principal rossonero.

Após apenas uma temporada no comando do Milan, Maldini transferiu-se para o Foggia, na Serie B. Já em seu segundo ano com os satanelli, o treindor levou a equipe para a primeira divisão do futebol italiano. Maldini acabou permanecendo na Serie B, no Ternana, onde ficou apenas um ano antes de ir treinar o, até então, pequeno Parma, na Serie C. Com Maldini, os parmiggiani retornaram para a Serie B, mas ficaram apenas um ano na segundona antes de retornarem à Serie C.

Cesare e Paolo: o pai convocou o filho pela primeira vez à seleção sub-21 (imago)

Do Parma, ele partiu para a seleção italiana, como auxiliar técnico de Enzo Bearzot, cargo que ocupou entre 1980 e 1986, ajudando na conquista do Mundial de 1982. Depois desta experiência, Maldini partiu para seu grande trabalho como técnico, na seleção italiana sub-21, que em dez anos sob seu comando, entre 1986 e 1996, seria tricampeã europeia da categoria – em 1992, 1994 e 1996.

Lá, ele lançou seu filho Paolo e o amadureceu para integrar a seleção principal. Também trabalhou com Buffon, Cannavaro, Nesta, Del Piero e Totti, que dez anos depois seriam campeões do mundo, na Alemanha. O bom trabalho foi premiado com o comando da seleção italiana principal, que dirigiu durante dois anos, até a Copa de 1998, quando os azzurri foram eliminados pela França de Zidane, nas quartas de final.

Pai e filho também conviveram na seleção italiana, como na Copa de 1998 (imago)

Depois da experiência na Nazionale, tornou-se o conselheiro técnico dos rossoneri e, em 2001, assumiu interinamente o comando da equipe, ao lado de Mauro Tassotti. No mesmo ano, teve seu último trabalho como treinador, na seleção paraguaia. Cesare Maldini levou o Paraguai à Copa de 2002, tendo sido o treinador mais velho da disputa, com 70 anos. Foi eliminado nas oitavas de final pela vice-campeã Alemanha.

Após encerar a trajetória de técnico, Cesare Maldini voltou ao Milan, onde atuou como olheiro. Além disso, também foi comentarista dos canais Al Jazeera e BeIn Sport. Faleceu em 2016, aos 84 anos. Uma das muitas homenagens que recebeu após a morte foi o nome de um parque nos arredores do estádio San Siro.

Cesare Maldini
Nascimento: 5 de fevereiro de 1932, em Trieste, Itália
Morte: 3 de abril de 2016, em Milão, Itália
Posição: zagueiro
Clubes como jogador: Triestina (1950-54), Milan (1954-66) e Torino (1966-67)
Clubes como treinador: Milan (1973-74 e 2001), Foggia (1974-76), Ternana (1976-77), Parma (1978-80), Seleção italiana sub-21 (1986-96), Seleção italiana (1996-98) e Seleção paraguaia (2001-02)
Títulos como jogador: Serie A (1955, 1957, 1959 e 1962), Copa Latina (1956) e Copa dos Campeões (1963)
Títulos como treinador: Europeu Sub-21 (1992, 1994 e 1996)
Seleção italiana: 14 partidas

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