Jogos históricos

Em 1968, o Milan bateu o Hamburgo e conquistou sua primeira Recopa Uefa

O Milan levantou sua primeira taça da Recopa Uefa em 1967-68. Com dois gols do ponta sueco Kurt Hamrin, os rossoneri superaram o Hamburgo, por 2 a 0, em Roterdã, e conquistaram o segundo título continental da história do clube. Além do troféu inédito, naquela temporada o Diavolo também ganhou a Serie A – com sobras – e foi vice-campeão da Coppa Italia, perdendo para o Torino. A base daquele time histórico da década de 1960 ainda atingiria outras glórias nos anos seguintes, tanto em solo nacional quanto no continental.

O Milan se qualificou à Recopa Uefa de 1967-68 por ter sido campeão, pela primeira vez, da Coppa Italia. Na temporada anterior, a equipe rossonera venceu o Padova, graças ao gol solitário do brasileiro Amarildo, carimbando passagem para o torneio europeu. Na Recopa, todos os times classificados à competição já entravam na fase de 16 avos de final. Com um plantel forte, estrelado pelo craque Gianni Rivera, o Diavolo deixou quatro adversários pelo caminho até chegar à decisão.

Prati era um dos destaques do Milan, mas guardou seus gols para uma final ainda mais importante do que a realizada com o Hamburgo (Anefo)

Na estreia, os comandados de Nereo Rocco fizeram 5 a 1 sobre os búlgaros do Levski Sofia na partida de ida, realizada em San Siro, e ficaram no 1 a 1 na volta. Já nas duas etapas seguintes, os rossoneri não tiveram vida fácil. O adversário das oitavas de final foi o Györi ETO FC, da Hungria, e o Milan só se classificou devido ao gol qualificado: fora de casa, empate por 2 a 2; em Milão, outra igualdade no placar, mas dessa vez em 1 a 1.

Nas quartas, o time milanês teve de disputar um jogo extra com o Standard Liège, da Bélgica, depois que as partidas de ida e volta terminaram em 1 a 1. No tira-teima, realizado na casa rossonera, o artilheiro Pierino Prati e o capitão Rivera construíram a vitória por 2 a 0, colocando os italianos na semifinal, a última etapa antes da final. O Milan encarou o Bayern de Munique, vencedor da edição anterior, e selou a classificação à decisão já na primeira partida, em San Siro: 2 a 0, com gols do brasileiro Angelo Sormani e de Prati. Na volta, empate sem tentos na Baviera.

Logo no início, Hamrin abriu o placar para o Milan (Anefo)

A trajetória do Hamburgo até a decisão foi, teoricamente, menos complicada do que a dos italianos. Isso porque, nos 16 avos de final, os alemães passaram pelo Randers Freja, da Dinamarca, com placar de 7 a 3 no agregado. Nas quartas, outra classificação tranquila: 5 a 0 em cima dos poloneses do Wisla Cracóvia. A situação dos Rothosen só foi se complicar mesmo nas quartas, quando precisaram de um jogo extra para superar o Lyon: após uma vitória e uma derrota por 2 a 0, o Dino repetiu o placar dos dois primeiros duelos e avançou à semifinal, onde eliminou o Cardiff City por uma soma de 4 a 3.

Milan não deu chance ao Hamburgo e resolveu no início

Já campeão italiano com rodadas de antecedência, o Milan foi a campo no dia 22 de maio de 1968, com força máxima para derrotar o Hamburgo e conquistar o título inédito. No estádio De Kuip, em Roterdã, uma das principais cidades dos Países Baixos, Rocco postou o time milanês em seu habitual 5-2-3: Karl-Heinz Schnellinger, na lateral esquerda, coordenava o setor defensivo, que ainda tinha Roberto Rosato e Giovanni Trapattoni como fiadores; Rivera tomava conta do setor central; e o trio formado por Hamrin, Sormani e Prati era letal no ataque. A equipe treinada por Kurt Koch soube muito bem disso, logo após o apito inicial.

Schnellinger e Seeler, companheiros de seleção alemã, foram ícones de Milan e Hamburgo, respectivamente (imago)

Com apenas 3 minutos de jogo, o Milan construiu jogada envolvente pelo flanco direito e abriu o marcador: Trapattoni avançou, levantou a cabeça e achou Hamrin livre dentro da área. O camisa 7 sueco dominou e bateu de bico, já caindo, na saída do goleiro turco Özcan Arkoç. O Hamburgo tentou dar o troco com o seu camisa 7, Bernd Dörfel, que passou bonito por Schnellinger, invadiu a área e finalizou de canhota, mas Fabio Cudicini realizou a defesa. Na outra ponta, Gert, seu irmão mais velho, também tentava incomodar a zaga rossonera.

Após a chegada perigosa da equipe alemã, o Milan dominou a peleja e criou boas chances de marcar o segundo, sobretudo com o centroavante Sormani. Mas seria aos 19 minutos, em uma jogadaça individual de Hamrin, que os rossoneri ampliariam a vantagem. Na sequência de um escandaloso pênalti não dado para o Diavolo, o ponta recebeu cobrança lateral de Angelo Anquilletti, canetou e deixou no chão dois oponentes, invadiu a área e bateu rasteiro: a finalização não saiu tão forte, mas o goleiro aceitou o chute. Um gol que premiava o alto volume de jogo dos comandados de Rocco.

Com vitória categórica, o Milan fez a festa em Roterdã (Anefo)

No segundo tempo, o Milan continuou em cima do Hamburgo. Sormani, como todo atacante de área, estava à procura de seu gol. Tentou, tentou e tentou… mas não conseguiu estufar as redes, ainda que Rivera fornecesse passes açucarados para o trio de ataque. Os alemães, por outro lado, tiveram uma excelente chances de diminuir o prejuízo, num potente arremate do capitão Uwe Seeler, que parou em Cudicini. O arqueiro milanista voltaria a trabalhar novamente antes do encerramento do combate, espalmando finalização de longa distância do grande craque do Dino e da seleção germânica.

Mesmo que o Hamburgo tenha esboçado uma pequena reação, o Diavolo manteve o placar de 2 a 0 até o final do duelo e faturou sua primeira Recopa Uefa. Os principais nomes do jogo foram, evidentemente, Hamrin e Cudicini por causa dos gols e das defesas, respectivamente. Aquele Milan de Rocco também viria a ganhar a Copa dos Campeões na temporada seguinte, além de outra Recopa, em 1973, tornando-se o maior vencedor italiano da competição, com duas taças.

Milan 2-0 Hamburgo

Milan: Cudicini; Anquilletti, Scala, Trapattoni, Rosato, Schnellinger; Lodetti, Rivera; Hamrin, Sormani, Prati. Técnico: Nereo Rocco.
Hamburgo: Arkoç; Sandmann, Schulz, Horst, Kurbjuhn; Dieckmann, Krämer; B. Dörfel, Seeler, Hönig, G. Dörfel. Técnico: Kurt Koch.
Gols: Hamrin (3′ e 19′)
Árbitro: José María Ortíz De Mendibíl (Espanha)
Local e data: estádio De Kuip, Roterdã (Países Baixos), em 23 de maio de 1968

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