Personalidade forte, atitudes polêmicas, amor a camisa: algumas palavras para descrever Paolo Di Canio, o jogador mais idolatrado pela maioria dos torcedores da Lazio, que é conhecido por seus gols, mas também por seus ideias extremistas. Di Canio é um torcedor confesso da Lazio e chegou a ser membro de uma torcida organizada do clube. Um jogador capaz de ganhar o prêmio Fair Play de Fifa, mas capaz também de agredir um árbitro e de levar multas por fazer uma saudação fascista após partidas.
Nascido em Roma, Di Canio sempre foi assumidamente ligado à extrema-direita política e foi multado diversas vezes por comemorar seus gols fazendo o saluto romano, gesto usado pelos fascistas. Alessandra Mussolini, neta do ditador Benito Mussolini, elogiou o atleta: “foi uma linda saudação, me emocionou muito”. E ele nunca negou sua admiração pelo ditador italiano. Pelo contrário, já afirmou admirá-lo e tem tatuada no braço a palavra “Dux”, em referência ao título de Duce (líder) usado por Mussolini. Mas se defendia: “era uma saudação, não uma incitação à violência, nem apologia ao fascismo”. Noutra ocasião, ele mudou o discurso: “sou fascista, mas não racista”.
Polêmicas à parte, Di Canio foi um grande jogador. Começou a jogar futebol nas categorias de base da Pro Tevere Roma e pouco depois foi contratado pela Lazio, sendo logo emprestado à Ternana. Voltou à equipe após uma temporada na Serie C2 e, ainda jovem, em 1989, se destacou ao marcar o gol da vitória biancoceleste no dérbi contra a Roma. Na comemoração, correu em direção à Curva Sud, setor do Estádio Olímpico onde ficava concentrada a torcida romanista em provocação. Os aquilotti não venciam os rivais havia sete jogos, após três anos na segundona. Começava ali a idolatria da torcida laziale por Paolo Di Canio.
Em 1990, foi vendido para a Juventus, contra a sua vontade e, apesar de ter vencido a Copa Uefa em 1993, não fez boas atuações em Turim. Ainda em 1993, então, transferiu-se para o Napoli, onde fez uma boa temporada. Após um ano em Nápoles, Di Canio voltou à Juventus, mas foi rapidamente cedido ao Milan, onde venceu o scudetto em 1996.
Após desentendimentos com Fabio Capello, então técnico rossonero, o atacante mudou-se para o Reino Unido, e jogou o campeonato escocês pelo Celtic. Lá foi eleito o melhor jogador da competição e chamou a atenção do inglês Sheffield Wednesday, que o contratou. Sua passagem por lá, porém, ficou marcada pela agressão ao árbitro Paul Allcock, que o tirou dos gramados por 11 jogos.
No fim de 1998, Di Canio rumou ao West Ham, onde ficou por quatro anos, e marcou 48 gols. Com o time londrino, ganhou a Copa Intertoto em 2000. Ainda nesta temporada, recebeu o prêmio Fair Play da Fifa, por sua atitude em uma partida contra o Everton: no final do jogo, com o placar em 1 a 1, o goleiro adversário, Paul Gerrard, estava no chão, machucado, quando a bola foi lançada para Di Canio, que poderia facilmente fazer o gol, mas pegou a bola com as mãos e parou o jogo para o goleiro adversário poder ter atendimento médico. Paolo foi ovacionado pela torcida rival.
Ao final do ano de 2003, o italiano foi jogar no Charlton, mas não obteve muito sucesso. No fim de 2004, então, deixou o Reino Unido, onde fez 227 partidas e marcou 90 gols, nos campeonatos escocês e inglês, e se tornou um dos jogadores italianos mais populares no exterior, para retornar à Lazio. Logo após sua volta, no entanto, teve problemas com o treinador Domenico Caso. Naquele ano, Di Canio causou polêmica ao fazer um gesto fascista depois de uma partida contra a Juventus.
Em 2005, voltou a ser decisivo em um dérbi capitolino, fazendo gol na vitória por 3 a 1 contra a Roma, e comemorando da mesma maneira que da primeira vez. No entanto, ele teve atritos com o presidente Claudio Lotito, que não renovou seu contrato com o clube, fazendo o jogador se transferir para a Cisco Roma, onde jogou até o final de sua carreira, em 2008. Em seguida, se dedicou ao beach soccer, atuando pela seleção italiana.
Em maio de 2011, Di Canio aceitou um novo desafio: voltou pra Inglaterra, desta vez para treinar o Swindon Town, time rebaixado para a League Two, a quarta divisão do futebol inglês, e faturou a categoria. Seguiu no cargo no ano seguinte, mas se demitiu na reta final da terceirona, por atritos com a direção.
Em 2013, o italiano teve uma atribulada experiência pelo Sunderland, da Premier League: o seu apreço pelo fascismo lhe fez ser alvo de protestos da torcida, que exigia sua demissão, e causou tanto a insatisfação de patrocinadores quanto a queda de David Miliband, político do Partido Trabalhista e integrante do conselho de administração dos Black Cats. Di Canio salvou o time do rebaixamento, mas, como não era benquisto, não houve cerimônias para exonerá-lo após maus resultados no início do ano seguinte. Ele nunca mais voltou a comandar equipes profissionais.
Di Canio passou a se dedicar exclusivamente ao ofício de comentarista, que exercia desde 2009. Desde então, passou por várias emissoras e, claro, acumulou polêmicas – por seus comentários ásperos e, claro, por conta da apologia ao fascismo. Em 2016, chegou a ser suspenso durante quatro meses pela Sky Italia por ter mostrado, ao vivo, a sua tatuagem em homenagem a Mussolini.
Paolo Di Canio
Nascimento: 9 de julho de 1968, em Roma, Itália
Posição: atacante
Clubes como jogador: Ternana (1986-87), Lazio (1987-90 e 2004-06), Juventus (1990-93), Napoli (1993-94), Milan (1994-96), Celtic (1996-97), Sheffield Wednesday (1997-99), West Ham (1999-2003) Charlton (2003-04) e Cisco Roma (2006-08)
Títulos como jogador: Copa Uefa (1993), Supercopa Uefa (1994), Serie A (1996) e Copa Intertoto (1999)
Clubes como treinador: Swindon Town (2011-13) e Sunderland (2013)
Títulos como treinador: League Two (2012)
Fascismo de direita onde? O ditador Benito Mussolini foi um ex jornalista esquerdista, e filho do Alessandro Mussolini, um ativista socialista.
Então explica os motivos de o fascismo perseguir marxistas. Valendo.
E leia isso antes de propagar desinformação: http://www.bbc.com/portuguese/salasocial-39809236