A idade poderia enganar, mas o futebol apresentado, mesmo que no Chievo, coroou Mario Yepes como um dos melhores defensores da Serie A em algumas temporadas dos anos 2000. O que parecia ser um final de carreira, foi na verdade, um recomeço: o colombiano chegou à Itália com 32 anos e, com ótimas atuações, conseguiu prolongar suas aparições em alto nível.
Excelente no jogo aéreo, sempre atento na marcação, forte fisicamente e com um domínio de bola acima da média para um defensor, Yepes chegou ao Milan com fôlego de jovem e experiência de sobra para ser o substituto de Alessandro Nesta, mesmo que por algumas partidas. O colombiano não apenas calou os críticos como encerrou com estilo a sua longa história no futebol europeu.
Yepes começou no Cortuluá, na primeira divisão colombiana, e era, pasmem, atacante. Foi convertido à zagueiro pelo treinador Reinaldo Rueda, que pretendia usar o porte físico do atleta em outra função. Deu certo: transformado em defensor, Yepes se destacou e chegou ao Deportivo Cali, um dos gigantes na Colômbia, clube pelo qual foi campeão colombiano e vice-campeão da Libertadores em 1999, perdendo a decisão para o Palmeiras. Nesse ano foi premiado com as primeiras convocações para a seleção, participou da Copa América de 1999 e foi contratado na sequência pelo River Plate.
Foi vestindo as cores branca e vermelha que Yepes virou destaque em todo mundo por um drible memorável que levou de Juan Román Riquelme, num superclássico argentino. Apesar disso, jogando em altíssimo nível, recebia apelidos pomposos, como “Super Mario”, “El Rey” e “El Mariscal” – o marechal. Nos dois anos em que atuou no Monumental de Núñez, Yepes foi eleito para a equipe ideal da América, do jornal uruguaio El País, e conquistou a Copa América de 2001, formando uma dupla de zaga fortíssima junto a Iván Córdoba.
Ao final de 2002, o colombiano se transferiu para o Nantes, da França, e também passou a ser considerado como um dos melhores defensores do futebol francês. Nos Canários, foi protagonistade uma das melhores fases da equipe em tempos recentes, com participação na Uefa Champions League e na Copa Uefa.
Depois de dois anos às margens do Loire, Yepes se transferiu para a beira de um outro importante rio francês: o Sena. O colombiano assinou um contrato de quatro anos com o Paris Saint-Germain, clube pelo qual venceu as duas copas locais e pelo qual chegou a ser o defensor mais bem pago da liga. Algumas desavenças com a comissão técnica o fizeram optar por não renovar e, em 2008, o colombiano deixou o clube parisiense após 144 jogos e nove gols marcados.
Havia uma chance de Yepes retornar ao River Plate, mas a diretoria não mostrou entusiasmo com o zagueiro, que optou pela Itália. O destino seria o Chievo, clube que retornava da Serie B e já havia sondado o colombiano para ser o pilar defensivo na segundona. A negociação veio a ser concretizada apenas em 2008, quando foi firmado um contrato anual.
Yepes chegou cercado de certo ceticismo, por causa de sua idade. No entanto, se provou como uma contratação acertada: encaixou como uma luva na defesa na forte defesa clivense, que foi uma das melhores da Itália sob as ordens do técnico Domenico Di Carlo. Titular absoluto, o Marechal formou uma dupla muito sólida com Andrea Mantovani, renovou o contrato por mais um ano e, em 2009-10, foi fundamental para que a equipe veronesa concluísse a Serie A com a quinta zaga menos vazada.
Em março de 2010, Yepes colheu valiosos frutos pela escolha de ir jogar na Itália. Sua bela passagem pelo Chievo lhe deu a possibilidade de voltar a defender um gigante do futebol mundial: afinal, assinou um pré-contrato com o Milan. O colombiano defendeu o time de Verona por mais três meses e chegou à Lombardia com a missão de recompor o sistema defensivo rossonero, devastado por lesões na temporada anterior.
O xerife sul-americano ficou três anos em San Siro, período em que fez 46 partidas – 40 delas como titular. Utilizado como jogador de rotação de elenco, se consolidou como uma boa opção defensiva para combater, em especial, times que tinham como principal arma o jogo aéreo. Yepes se fez valer de sua estatura para ganhar bolas na defesa e também no ataque, mas sua passagem pelo Milan foi marcada por algumas lesões, que atrapalharam qualquer sequência. Mesmo assim, o defensor pode comemorar os títulos da Serie A e da Supercopa Italiana.
Em 2013, Super Mario entrou em acordo para deixar o Milan e poder ter uma sequência de jogos para disputar sua primeira Copa do Mundo. O destino foi Bérgamo, cidade vizinha à metrópole milanesa. Yepes se converteu na melhor contratação da temporada da Atalanta e formou um forte trio de defesa juntamente ao tunisiano Yohan Benalouane e ao experiente Guglielmo Stendardo.
Yepes jogou quase toda a temporada como titular e foi um dos pilares da equipe, que chegou a brigar por vaga na Liga Europa e antecipou os grandes momentos atalantinos sob o comando de Gian Piero Gasperini. O zagueiro chegou com em alto ritmo ao Mundial e, como capitão da Colômbia, ajudou sua seleção na melhor campanha da história: os cafeteros caíram nas quartas de final diante do Brasil.
Após a competição, Yepes continuou na América do Sul, já que assinou com o San Lorenzo, aos 38 anos. O zagueiro jogou em alto nível até perto dos 40 e se despediu do esporte como um grande atleta e uma referência. Super Mario é um dos grandes nomes da geração colombiana que sucedeu a liderada por Carlos Valderrama.
Depois que se aposentou, Yepes teve sua primeira oportunidade como treinador no Deportivo Cali, que o alçou de patamar no futebol no início de sua trajetória como jogador. Sua estadia, porém, durou pouco: Super Mario foi demitido do posto em menos de um ano. Atualmente, o ex-zagueiro é um dos nomes cogitados para o lugar de Claudio Ranieri no Nantes.
Mario Alberto Yepes Díaz
Nascimento: 13 de janeiro de 1976, em Cáli, Colômbia
Posição: zagueiro
Cubes como jogador: Cortuluá (1994-97), Deportivo Cali (1997-99), River Plate (1999-2002), Nantes (2002-04), Paris Saint-Germain (2004-08), Chievo (2008-10), Milan (2010-13), Atalanta (2013-14) e San Lorenzo (2014-15)
Títulos conquistados: Campeonato Colombiano (1998), Torneio Apertura (1999), Torneio Clausura (2000), Copa da França (2006), Copa da Liga Francesa (2008), Serie A (2011), Supercopa Italiana (2011) e Copa América (2001)
Como treinador: Deportivo Cali (2016-17)
Seleção colombiana: 102 jogos e 6 gols