Romero defende e deixa os jogadores do Milan desesperados: faltou criatividade à equipe rossonera (Getty Images)
O primeiro domingo da Serie A 2012-13 não foi nada bom para os mandantes: apenas dois deles conseguiram vitórias, enquanto quatro visitantes estragaram as festas das torcidas locais. Alguns, como Napoli e Inter, estragaram com louvor, ao vencerem Palermo e Pescara com autoridade, dando imediata resposta à vitória da Juventus no sábado. Já a Sampdoria, ampliou o sofrimento de pré-temporada da torcida do Milan, que começa, de fato, a sentir na pele que a temporada será bem difícil. O domingo teve ainda vitórias de Lazio, Genoa e Chievo, além de um empate emocionante entre Roma e Catania. Confira a análise.
Milan 0-1 Sampdoria
Mal começou o campeonato e já soa o alarme de emergência em Milanello. Jogando muito mal, sem ideias, sem moral e, principalmente, sem um jogador decisivo, o Milan estreou com uma amarga derrota para a Sampdoria, que acabara de retornar à Serie A. Desde 1985-86, quandi perdeu para o Ascoli, a equipe rossonera não estreava no campeonato derrotada e sem marcar ao menos um golzinho. No primeiro tempo, deprimente, a Sampdoria quase saiu na frente, com Éder e Obiang, e o Milan mal atacou.
Após o intervalo, a Samp voltou melhor e, com Costa, após cobrança de escanteio em que pode subir desmarcado, saiu na frente. Aí o Milan se desordenou de vez. Montolivo, mal posicionado por Allegri, não conseguiu encontrar seu lugar no campo durante todo o jogo. Marcou mal, perdeu o duelo contra Obiang e ainda foi inefetivo no ataque. No 4-3-3 que o treinador mandou a campo, Boateng também não jogou bem, mas chegou a acertar a trave no final. Em um bumba-meu-boi que buscava Pazzini na área, o Diavolo acertou a trave novamente, em uma cabeçada de Yepes, e viu Romero fazer boas defesas. E, no último lance, Gastaldello tirou um gol de Flamini em cima da linha. O Milan jogou mal outras vezes, mas poderia confiar as jogadas a Ibrahimovic, que eventualmente tirava um coelho da cartola. Allegri e os jogadores parecem não ter assimilado a perda dos seus craques. Parecem sem confiança. Uma eventual chegada de um Kaká cheio de problemas físicos resolveria esses problemas?
Pescara 0-3 Inter
Se do lado vermelho e preto de Milão há motivos para preocupação, do lado azul e preto a temporada começou com bons sinais. O adversário para uma estreia tranquila não podia ser melhor: com Giovanni Stroppa, o Pescara continua zemaniano, sem grandes preocupações defensivas e oferece espaços. Espaços facilmente aproveitados por Sneijder, Cassano e Milito, que juntos combinaram dois gols em 20 minutos – um do holandês e outro do argentino.
Os golfinhos, empurrados pela torcida, até levaram perigo, sobretudo com Weiss, mas a equipe nerazzurra dominou o meio-campo, com Cambiasso, Gargano e Guarín e não sofreu grandes riscos. No segundo tempo, Milito ainda perdeu um gol feito, após excelente passe de Coutinho, que entrou bem no jogo, mas se redimiu, dando mais uma assistência, dessa vez para que o brasileiro fechasse o placar. Força no meio-campo, ataque de movimentação e boa capacidade de marcar gols, além das boas participações de Cassano e Coutinho: a Inter respondeu à Juventus.
Palermo 0-3 Napoli
Quem também largou bem, e com boas amostras de que pode brigar pelo título foi o Napoli, que em duelo de equipes do sul da Bota, contra o Palermo, não tomou conhecimento do rival. Giuseppe Sannino, técnico do Palermo, conhecido por armar bons esquemas defensivos, tentou espelhar o 3-5-2 napolitano e colocou o rosanero em campo com a mesma formação tática, abrindo mão do 4-4-2, seu esquema preferido. Não deu certo. Durante todo o jogo, o Napoli foi melhor, muito por causa da excelente partida de Hamsík, dono do meio-campo, e de ótimas incursões de Maggio – não por acaso, os dois foram os autores dos dois primeiros gols do jogo.
Quem também jogou muito bem foi o jovem Insigne, em sua estreia na Serie A: ele jogou porque Pandev estava indisponível, mas foi muito bem, até sair com cãibras, e pode ter lugar na equipe, por seu estilo de jogo se assemelhar mais ao de Lavezzi. Cavani não foi muito bem – até perdeu um gol debaixo das traves, no primeiro tempo -, mas se redimiu no final, dando números finais ao massacre. O Palermo terá de provar que sua má estreia foi apenas um passo em falso.
Roma 2-2 Catania
A primeira partida oficial de Zdenek Zeman no comando da Roma não teve surpesas: o time sofreu defensivamente, mas encantou no ataque. Os giallorossi reclamam dos dois gols sofridos (feitos por Marchese e Gómez) em lances irregulares – em ambos houve impedimento não assinalado pela arbitragem -, mas não podem reclamar por uma defesa distraída e um meio-campo que não teve no estreante Bradley a pegada que se esperava. O Catania, com os mesmos 11 titulares da última temporada, estreou bem sob o comando de Rolando Maran – estreante na Serie A -, jogando da mesma forma que com Montella. Lodi é o centro das ações do time, que parte em velocidade quando menos se espera, com Gómez e Barrientos.
A Roma, por sua vez, mostrou alguns lampejos do jogo ofensivo e, se o resultado na reestreia de Zeman 13 anos após encerrar sua primeira passagem no clube não foi bom – poderia ter sido pior, pois Castro acertou a trave romana no fim do jogo -, a equipe produziu os dois gols mais belos da rodada: o primeiro, de Osvaldo, com uma linda meia-bicicleta, e o segundo do estreante Nico López, que deu um balãozinho em seu marcador e pegou de bate-pronto. A Roma ainda tem margem de melhoramento, mas Zeman precisa encaixar melhor Totti, que não foi bem jogando pela esquerda do ataque.
Atalanta 0-1 Lazio
A pré-temporada cheia de dúvidas e o mercado sem grande movimentação até poderiam deixar dúvidas na torcida da Lazio, mas a primeira partida na Serie A as deixa de lado, ao menos por enquanto. As duas equipes foram a campo praticamente com os mesmos onze iniciais da última temporada – a única exceção foi Biondini, na Atalanta -, embora a Lazio atuasse no 4-3-3, com o novo técnico Vladimir Petkovic, ao invés do 4-2-3-1 de Edy Reja. Na sempre difícil visita a Bérgamo, a equipe biancoceleste sofreu nos minutos iniciais, mas o gol de Hernanes, aos 17 do primeiro tempo deu tranquilidade para o restante do jogo. Gonzalez e Klose tiveram boas chances para ampliar, enquanto a Atalanta sentiu muito o gol sofrido.
Confusa, a equipe de Stefano Colantuono agredia sem precisão e só chegou a ameaçar no fim da partida, com Parra e Troisi. Curiosamente, a Atalanta apresentou uma falta de convicção e garra não vista antes, e Colantuono terá trabalho para devolvê-las ao time. Petkovic ainda tem correções a fazer, sobretudo no sistema defensivo, que mesmo pouco exigido não foi tão bem, mas começa o trabalho com tranquilidade.
Genoa 2-0 Cagliari
Após uma temporada cheia de sustos, o Genoa iniciou 2012-13 com o pé direito. Venceu o Cagliari com muita superioridade e ainda se permitiu perder um pênalti no primeiro tempo, com Jorquera. Os dois gols da vitória lígure surgiram no segundo tempo, ambos em erros da defesa sarda. Primeiro, uma lambança de Agazzi – que já tinha cometido o pênalti e levado cartão amarelo – permitiu a Merkel abrir o placar. Já no final do jogo, um erro de Astori possibilitou que Immobile dominasse uma bola lançada da defesa e, da entrada da área, batesse bonito no canto do goleiro sardo. Bela estreia do jovem artilheiro da última Serie B, que pode aproveitar a má fase de Gilardino para brigar pela titularidade.
O Cagliari buscou seu gol durante todo o jogo, porém. Rossettini e Pinilla tiveram as principais chances, uma no primeiro e outra no segundo tempo, mas Frey esteve reativo e fez ótimas defesas, tranquilizando o jogo e segurando o placar. Agora, a equipe precisa pensar na estreia em casa, que está sob risco. A prefeitura de Cagliari ainda não liberou o novo estádio do clube, e a diretoria espera realizar a partida com apenas um setor aberto, para menos de 5 mil espectadores. A corrida é contra o tempo.
Chievo 2-0 Bologna
Estreia bem o Chievo, que venceu um concorrente na briga pela salvezza. Dono do jogo em Verona, a equipe clivense quase saiu na frente ainda no primeiro tempo, com Luca Rigoni e Pellissier, que fazia sua 300ª partida na Serie A. A equipe do Vêneto, no entanto, só chegou a marcar após a entrada do peruano Cruzado, que entrou no lugar de Di Michele, o que deu maior ganho da equipe no meio-campo. O primeiro gol surgiu de uma roubada de bola do substituto, que depois cruzou na cabeça do capitão Pellissier. Depois, em uma jogada ensaiada, Cruzado recebeu passe de Luciano e decretou a vitória.
No Bologna, Diamanti apareceu pouco e, principalmente, Stefano Pioli cometeu erros. Primeiro, leu mal o jogo. Dois anos atrás treinara o Chievo, que mantém boa parte daquele elenco e, sob o comando de Domenico Di Carlo, joga de forma semelhante a que jogava com ele. Os felsinei deveriam, ao menos, ter lutado um pouco mais e, sob nenhuma hipótese, se justifica a escalação de Motta, lateral direito de origem, pelo lado esquerdo. Foi ele quem perdeu a bola no lance do primeiro gol. Para o próximo jogo, o técnico não contará com Pérez, que foi expulso, e terá muito a corrigir. Pode começar colocando Abero na lateral esquerda e dar uma chance a Gabbiadini no ataque.
Siena 0-0 Torino
Na única partida da rodada entre duas equipes que começaram a Serie A com pontuação negativa por punições, venceu a feiúra. A má partida entre as duas equipes teve leve superioridade do Torino, que teve em Stevanovic seu principal jogador, embora a principal chance tenha sido do Siena, que colocou uma bola no travessão com D’Agostino. Muito pouco. Agora, o Siena tem -5 pontos, enquanto o Torino zera sua punição.