Liga dos Campeões

A maldição das invencibilidades

Juve em alerta: história tem pelo menos três exemplos de times que caíram muito de rendimento após terem série invicta quebrada (AFP)

Um ano, cinco meses e 18 dias. Esse foi o tempo que durou a invencibilidade da Juventus. Foram 49 jogos sem perder, um scudetto conquistado de forma incontestável e a volta ao grupo dos maiores times da Europa. A hegemonia, porém, foi quebrada no último sábado e logo pela sua grande rival, a Inter de Milão. O jogo marcou também a primeira derrota dos bianconeri em seu novo estádio, o Juventus Stadium.

Dessa forma, começaram a pipocar dúvidas sobre como será o futuro da Juve. Qual será o efeito psicológico que a derrota trará? O grupo é forte o suficiente para superar isso, mesmo sem seu técnico à beira do campo? O fato de não estar mais sob pressão de ter que manter uma invencibilidade vai tirar um peso das costas dos atletas? É impossível fazer uma previsão, claro. Mas podemos voltar no tempo e ver o que aconteceu com clubes que já passaram por isso.

Os invencíveis

A situação do Arsenal, que ficou sem conhecer o sabor da derrota entre 2003 e 2004, é muito parecida com a da Juve: depois de 49 jogos de invencibilidade, foi derrotado por um rival. No caso dos gunners, o Manchester United. O time de Arsene Wenger era chamado de “The Invincibles” (Os Invencíveis) mundo afora e já havia ganhado o título da Premiere League invicto na temporada 2003-04. 

No dia 24 de outubro de 2004, contudo, o holandês Van Nistelrooy e um jovem Wayne Rooney fizeram dois gols e acabarem com a festa dos londrinos. Depois do episódio, o Arsenal viu o Chelsea ultrapassá-lo na tabela no fim do campeonato e não conseguiu repetir o título. A Copa da Inglaterra daquele ano foi conquistada pelos gunners, mas depois disso começou um período de seca que dura até hoje. Já são sete anos sem levantar uma taça.

A squadra de Don Capello

O vizinho Milan também passou por maus bocados depois que teve sua série invicta quebrada. O histórico time de Frank Rijkaard, Ruud Gullit e Marco Van Basten ficou 59 partidas sem perder, entre 1991 e 1993, mas não resistiu ao chute do colombiano Asprilla (aquele mesmo, que jogou no Palmeiras), no dia 21 de março de 1993. 

Após aquela derrota para o Parma, na 26ª rodada, o Milan emplacou uma série negativa que não sai da memória dos torcedores: conseguiu vencer apenas um dos 10 jogos seguintes. Entre as derrotas, está a mais doída, contra o Olympique de Marseille, na final da Liga dos Campeões. No Campeonato Italiano, a vantagem era larga e, apesar de aproximação perigosa da rival Inter, o título ficou mesmo com os rossoneri.

O Ajax de Louis Van Gaal

A série invicta do Ajax também é histórica. Entre 1994 e 1996, o time ficou 52 jogos sem perder, marcou 168 gols e sofreu apenas 34. A fase do time de Louis van Gaal era ótima em territórios holandeses e europeus. Com Van der Sar, Frank de Boer, Seedorf, Davids, Overmars e Kluivert, a equipe conquistou o Campeonato Holandês e a Liga dos Campeões de 1994-95.

Na temporada seguinte, tudo ia muito bem até o modesto Willem II vencer o time do momento por 1 a 0, no dia 14 de janeiro. Depois daquilo, vários times conseguiram tirar uma casquinha da equipe que parecia imbatível na época. Ao fim da temproada, o Ajax conseguiu conquistar de novo a Eredivisie e chegou até a final da Liga dos Campeões. Dessa vez, porém, não levantou o título, que ficou exatamente com a Juventus.

A questão é saber se a Velha Senhora vai reagir como algum desses exemplos acima ou seguirá um caminho mais tranquilo, de recuperação rápida, como aconteceu com o Cletic do início dos anos 1900 ou com o Boca Juniors do final do século XX. A primeira prova de força tem que ser dada logo mais, às 17h45, contra o Nordsjaelland. A vitória sobre o time holandês é essencial para que o clube passe de fase e continue sonhando alto na Liga dos Campeões. 

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