Buscando regularidade, uma Inter desfalcada, mas de ataque implacável se recuperou de tropeços fora de casa frente a Udinese, carrasco histórico (Image Sport)
A 11ª rodada marcou o primeiro tropeço da líder Roma no campeonato. Uma hora ele teria de chegar, afinal, quem apostaria em um time campeão e com 100% de aproveitamento? Além do empate do time romanista, que evidenciou algumas deficiências da equipe, a Inter foi o destaque da rodada, ao conseguir um grande resultado fora de casa, mesmo com muitos desfalques. A equipe pode voltar a brigar pela parte mais alta da tabela? Caso continue jogando assim, os torcedores do time de Milão podem ter esperanças.
Porém, é bom lembrar que ainda há alguma distância entre o time milanês e Juventus e Napoli, que compõem a “zona Champions” juntamente com a Roma – seis pontos, precisamente. A Inter também precisa se preocupar com Verona e Fiorentina, que também jogam bem e se esforçam para seguir o ritmo dos times da ponta. Mais atrás (bem mais atrás), Milan e Lazio continuam decepcionando. Confira o resumo da rodada.
Udinese 0-3 Inter
Com problemas na defesa e sobretudo no ataque, com apenas Palacio disponível, a Inter tinha tudo para ter dificuldades frente a Udinese, uma de suas principais asas negras, em Údine. Porém, em uma de suas melhores partidas sob o comando de Walter Mazzarri, a Inter superou alguns números: voltou a vencer o adversário após quatro derrotas em cinco jogos, voltou a vencer fora de casa após três compromissos e, de quebra, não sofreu gols, o que não ocorria há seis jogos. Tudo isso para superar a Roma e ter o melhor ataque da competição, com 27 gols, e para se igualar à líder, ao ter 11 jogadores indo às redes na Serie A. Para a Udinese, que não perdia em casa desde 2012, já são duas derrotas seguidas no Friuli, contra Roma e Inter.
Na vitória que manteve a Inter na 4ª posição, agora nove pontos atrás da Roma e ainda seis atrás de Juventus e Napoli, o nome do jogo foi Palacio. Mesmo atuando fora de sua posição preferida, e sendo o líder do ataque nerazzurro, o argentino chegou ao sétimo gol na temporada – mais que os compatriotas Tevez e Higuaín, que tem seis e cinco, respectivamente. O Trenza ainda chegou à quarta assistência, ao servir Álvarez, que também jogou bem e chegou ao quarto gol na temporada – Ranocchia, em recuperação, foi o autor do outro gol interista. A se destacar, ainda, a partida cheia de altos e baixos de Guarín, experimentado como trequartista, e a fase negativa de Di Natale, que fez apenas três gols no campeonato. O mau momento do capitão reflete no futebol da equipe, cujo resultado contra a Inter é boa amostra de que o time treinado Guidolin não deve fazer um campeonato impactante. Pode ser o fim de ciclo para o técnico, que parece um pouco estafado de seu trabalho. (Nelson Oliveira)
Torino 1-1 Roma
O que
parecia improvável finalmente aconteceu. Depois de dez vitórias em dez
jogos, a Roma de Garcia deixou de levar os três pontos pela primeira vez
na temporada, perdendo seu 100% de aproveitamento e a vantagem de cinco
pontos na liderança. Ademais, a equipe não conseguiu superar o recorde europeu de vitórias em um início de temporada, que é de 11 vitórias – conseguidas pelo Tottenham, na
década de 1960 –, e também o de vitórias consecutivas da Roma, obtidas por Luciano Spalletti. Um resultado não completamente desastroso, mas que
alerta para a falta de reposição de alguns jogadores. Na defesa, o
veterano Burdisso não entrou bem no lugar do suspenso Castán – e agora Benatia será o novo desfalque, também por suspensão. Já na
frente, o trio de ataque, sentindo muito a falta dos lesionados Totti e
Gervinho, pouco assustou a defesa do Torino, que mais uma vez tirou
pontos preciosos de times grandes, depois da dupla de Milão.
Com
a bola rolando, a volta de Ventura ao 4-2-4 dava a entender que o
Torino pressionaria a saída de bola romana, o que não aconteceu – a equipe se
restringiu aos contra-ataques sempre puxados por Cerci. E mesmo assim o
time da casa finalizou mais vezes e também fez De Sanctis trabalhar
mais que Padelli, este com apenas duas defesas nos três chutes
da Roma que foram no alvo. O gol de Strootman, aos 28 minutos, veio numa rara jogada bem
trabalhada, com Balzaretti vindo por dentro, Pjanic se desmarcando e
recebendo nas costas da defesa, acionando o holandês, que teve boa infiltração
na área. Com quase 70% da posse de bola e domínio territorial, a Roma
teve dificuldades nas conclusões, já que Florenzi e Borriello pouco se
desmarcavam. O único atacante romano a dar trabalho foi Ljajic, ainda
sem estar 100% fisicamente, preservado por Garcia em boa parte do segundo tempo. Após 743 minutos de invencibilidade à sua meta, De Sanctis viu a bola passar aos 63 minutos, depois que Meggiorini foi lançado e
contou com o vacilo de Benatia. O jogador cruzou rasteiro para o desvio do
artilheiro Cerci, cria de Trigoria. A lei do ex não perdoa. (Arthur Barcelos)
Parma 0-1 Juventus
Nitidamente se poupando para o duelo de logo mais, contra o Real Madrid, pela Liga dos Campeões, a Juve não fez uma boa partida contra o Parma, no jogo que abriu a 11ª rodada da Serie A. Em ritmo lento, a equipe de Conte não criou muitas oportunidades, mas também não deu chances ao Parma. Sem Pirlo, poupado, a Velha Senhora tinha dificuldade de chegar dentro da área adversária e tentava muitos chutes de fora. O Parma, por sua vez, se mostrou muito organizado taticamente e eficiente para sair no contra-ataque, com Biabiany, Amauri e Cassano.
Depois de um primeiro tempo sem gols, a Juve passou a se impor mais e quase chegou ao gol em duas oportunidades no início da etapa final. Apesar disso, o time só melhorou de verdade depois que Conte trocou Marchisio, Giovinco e Tevez por Pirlo, Llorente e Quagliarella. Este último entrou ligado e em seu primeiro chute acertou o travessão. No rebote, Pogba empurrou para as redes. O Parma ainda teve uma chance de igualar o placar, mas paruo em Buffon. O resultado mantém a Juve colada na líder Roma e deixa o Parma na 11ª colocação. (Rodrigo Antonelli)
Napoli 2-1 Catania
Mais
uma vez burocrático, o Napoli jogou para o gasto e garantiu vitória
importante dentro do San Paolo sem muito trabalho contra o desastroso
Catania, que tem apenas seis pontos e só uma vitória, que remonta a 29 de
setembro, contra o Chievo, lanterna. O time de Benítez
chegou aos 28 pontos, mesma situação da Juventus, a três pontos da líder
Roma. Foram ao todo 21 finalizações dos partenopei, 9 do “desesperado”
Higuaín, sendo apenas 8 em direção ao gol de Andújar, que não pode
impedir dois gols.
A
vitória dos anfitriões foi construída em cinco minutos, primeiro com
Callejón, que após passe de Dzemaili chutou bonito de fora da área, e
depois com o artilheiro Hamsík, também de fora da área, em jogada
individual de Insigne – com cinco gols de longe, o Napoli é o recordista neste quesito em toda a Europa, no momento. Sem seus três principais jogadores, Plasil,
Barrientos e Bergessio, o Catania mais uma vez se mostrou apático e
ofereceu pouco perigo e nem aproveitou o fato de o Napoli ter
Bruno Uvini improvisado na lateral direita. O gol siciliano saiu logo após os 2 a
0, numa rara jogada que começou com Tachtsidis, teve o cruzamento de
Biraghi e terminou na conclusão de Castro, aproveitando vacilo de
Armero. No segundo tempo, em cerca de 20 minutos, o Napoli ainda tentou
ampliar com 13 chutes, mas a pontaria pareceu esgotada após os golaços
de Callejón e Hamsík. (AB)
Milan 0-2 Fiorentina
Após grande atuação de Kaká em empate diante da Lazio, o Milan voltou a conviver com sua dura realidade e foi dominado pela Fiorentina, em partida disputada no San Siro. O brasileiro, ao lado de De Jong, foi novamente a referência em campo, mas não teve com quem jogar. Balotelli simplesmente foi o pior em campo, e se preocupou mais em cavar faltas do que em mostrar futebol – não à toa, levou um cartão amarelo bobo e não enfrenta o Chievo, na próxima rodada. Em campo, a Fiorentina não foi brilhante e, mesmo assim, conseguiu
vencer com facilidade. A equipe teve o absurdo desfalque de Cuadrado,
expulso erroneamente pela arbitragem contra o Napoli, mas seu
substituto, Ryder, foi um dos melhores em campo, infernizando a defesa com velocidade, tal qual o colombiano faria. O nome do jogo, porém, foi Borja Valero, que marcou pela segunda vez contra o Milan – Vargas fez o outro.
Hoje, o Milan joga muito mal, tem apenas 12 pontos em 11 rodadas, está 16 pontos atrás da zona Champions e 19 longe da líder, Roma. Um cenário muito ruim para enfrentar o Barcelona, assim como semanas atrás, quando a equipe fez um bom jogo contra os espanhois. Agora, porém, a situação de Allegri é pior, embora o administrador-geral, Adriano Galliani, confirme o técnico. Não demitir faz parte da filosofia da gestão de Berlusconi, na qual apenas três técnicos (Tabárez, Zaccheroni e Terim) receberam o bilhete azul em 27 anos. No entanto, é bom Allegri não confiar demais na história. (NO)
Verona 2-1 Cagliari
A salvezza, objetivo principal do
Verona na temporada de retorno à Serie A parece um objetivo cada vez
mais simples. Ao mesmo tempo que a classificação para uma das
competições europeias se torna, a cada rodada, uma realidade. Jogando no
Bentegodi, o Hellas está imbatível: a vitória por 2 a 1 sobre o
Cagliari representou a sexta vitória em seis partidas, recorde
do clube (idêntico ao do mesmo Verona,
na temporada 2001-2002). O Cagliari começa a ver a zona de rebaixamento
aproximar-se, após sofrer a terceira derrota seguida, a quarta nos
últimos cinco jogos. Na 15ª colocação, o time sardo tem apenas um
ponto de alívio frente ao Sassuolo, primeiro time na zona.
Como
de praxe, a vitória veronesa veio sob a batuta de Toni, grande figura
deste elenco, o “Silvio Piola gialloblù”, como vem sendo chamado por
alguns. Foi ele quem abriu o placar aos 8 minutos do primeiro tempo, com
uma testada a queima-roupa após escanteio do brasileiro Rômulo,
marcando seu quinto gol na Serie A. No primeiro tempo, o Hellas teve um
pênalti claro não marcado, quando Astori desviou de mão um cruzamento. O
segundo gol saiu logo aos 12 do segundo tempo, com uma triangulação
perfeita de Rômulo e Jankovic. O lateral deu passe diagonal perfeito
para o sérvio bater no canto direito, sem chances para Agazzi. Toni ainda teve
um gol legítimo mal anulado aos 31. Os sardos fizeram o gol de honra
aos 45, quando o capitão Conti recebeu cruzamento da esquerda e fuzilou
Rafael dentro da pequena área. (Thiéres Rabelo)
Lazio 0-2 Genoa
Depois de dois jogos sem perder, o técnico Petkovic pôde dormir algumas noites com mais tranquilidade. Seu período de sossego, porém, passou rápido. A derrota para o Genoa, em pleno Estádio Olímpico, coloca o treinador laziale na corda bamba novamente e os dois próximos jogos da equipe – contra o Apollon Limassol, pela Liga Europa, e contra o Parma, pela Serie A – devem definir o futuro dele. Decepcionante na temporada, enquanto sua maior rival lidera e encantano campeonato, a Lazio fez mais um jogo ruim e pouco produziu contra o Genoa.
Desde o retorno de Gasperini, a equipe rossoblù conquistou 10 pontos em cinco jogos, marca que já a coloca na oitava posição, posto inimaginável há um mês. Em um 3-5-1-1 que se transforma em 5-4-1, o time visitante não deu espaços para a Lazio e cozinhou o jogo. Os gols saíram na segunda etapa, depois que Gasperini tirou Marchese para colocar Fetfatzidis, atacante veloz. Ele entrou e mudou o jogo, dando o passe para Kucka abrir o placar. Pouco mais tarde, Antonelli chegou bem pela esquerda e cruzou para Gilardino ampliar. O time da casa ainda tentou se recuperar, chegando a jogar no 4-2-4, mas nada conseguiu. (RA)
Sampdoria 3-4 Sassuolo
O Sassuolo obteve a segunda
vitória em Serie A de sua história, em um confronto direto contra a
Sampdoria, em Gênova, por 4 a 3. Chegando a nove pontos, o time emiliano
sobe duas colocações e iguala-se em número de pontos à própria Samp,
primeiro time fora da zona de rebaixamento. Um gosto especial para os
neroverdi, que viram esta mesma Sampdoria jogar por água abaixo a
histórica campanha de 2011-2012 na Serie B, quando os genoveses venceram
a disputa semifinal no play-off daquele ano e retornaram à elite. O
dono da partida no Marassi foi Berardi, de apenas 19 anos. Dono de uma tripletta na partida, ele é destaque absoluto do Sassuolo na temporada e já pertence à Juventus.
Quem abriu o placar
foram os donos da casa aos 19 do primeiro tempo, quando Krsticic cobrou
falta para a área, Costa escorou e Pozzi apareceu debaixo das traves
para empurrar para o gol. O jovem Berardi iniciou sua tripletta aos 4 da
segunda etapa, quando aproveitou falha grotesca de Costa e chutou
rasteiro na dividida com Júnior Costa. Apenas três minutos depois, ele
sofreu pênalti de Costa (que foi expulso), cobrou e virou. Floro Flores
ampliou aos 18 quando a zaga blucerchiata falhou feio novamente e ele
saiu cara a cara com o goleiro e não perdoou. A Samp chegou a empatar,
heroicamente. De Silvestri cruzou da direita, Pozzi escorou para a
pequena área e o brasileiro Éder desviou para o gol aos 20. De Silvestri
empatou aos 36, em um bate-rebate dentro da área. Mas o herói De
Silvestri pôs tudo a perder aos 43, quando cometeu pênalti claro em
Farias e Berardi converteu. (TR)
Livorno 1-0 Atalanta
Foram quase dois meses sem saber o que é uma vitória (desde
o dia 15 de setembro, contra o Catania), mas enfim o Livorno desencantou. Em
casa, o time de Davide Nicola fez um grande jogo e não cometeu os mesmos vacilos
do jogo contra o Torino, frente uma Atalanta desfalcada (Bellini, Bonaventura,
Brienza, Giorgi e Lucchini), mas que sonhava embalar uma sequência de bons resultados
para subir na tabela. Com o resultado, o Livorno conseguiu três preciosos
pontos, chegando a 12 e distanciando-se da zona de rebaixamento, enquanto a
Atalanta segue na metade da tabela, com 13 pontos.
O Livorno começou melhor o jogo e logo aos 11 chegou ao gol.
Paulinho recebeu na entrada da área e chutou cruzado, no canto rasteiro de
Consigli. O time amaranto seguiu melhor, mas não conseguiu chegar à área orobica com a mesma
eficiência. A Atalanta só melhorou no jogo quando ficou com dez jogadores, após
a expulsão de Carmona, ainda no primeiro tempo. Colatuono tentou acertar a
equipe no intervalo para buscar pontos valiosos, mas deixou a equipe desordenada defensivamente, proporcionando diversos
contra-ataques. Paulinho só não aproveitou porque Scaloni salvou em cima da
linha e Duncan parou na trave. (Caio Dellagiustina)
Chievo 0-0 Bologna
A fase do Chievo é tão ruim que nem a bênção do Papa ajuda a
equipe. No segundo jogo após visitar Francisco no Vaticano a equipe mais uma
vez não venceu (após seis derrotas seguidas) e novamente passou em branco. Se
serve de consolo, dessa vez não perdeu, embora ainda siga na lanterna. O empate
também não foi dos melhores resultados para o Bologna. Pioli acreditava que
esse era o jogo ideal para a equipe se afastar da zona de rebaixamento, após
duas vitórias seguidas. No fim das contas, o empate ainda assim deixou a equipe
na 16ª colocação.
Em campo ambos deixaram a desejar. O jogo foi bem
movimentado com duas equipes que tentavam jogar, mas esbarravam na falta de
qualidade. Nem mesmo o retorno de Diamanti à equipe rossoblù melhorou o
espetáculo. O Chievo teve algumas chances no início do primeiro tempo,
principalmente com Sardo, enquanto o Bologna assustou Puggioni somente na
segunda etapa, com Moscardelli e com Bianchi, que desperdiçou a melhor chance
do jogo, que encerrou a 11ª rodada nesta segunda. (CD)
Relembre a 10ª rodada aqui.
Confira estatísticas, escalações, artilharia, além da classificação do campeonato, aqui.
Seleção da rodada
Perin (Genoa); Barzagli (Juventus), Ranocchia (Inter), Albiol (Napoli); Rômulo (Verona), Borja Valero (Fiorentina), Cambiasso (Inter), Kucka (Genoa); Callejón (Napoli), Palacio (Inter), Berardi (Sassuolo). Técnico: Walter Mazzarri (Inter).