Serie A

10ª rodada: De longe, a caça continua

Pênalti não marcado para a Fiorentina ajudou o Napoli a seguir, junto com a Juventus, na caça à Roma (La Nazione)

Não tem novidade: a Roma continua a vencer na Serie A e mantém 100% de aproveitamento, chegando a um recorde histórico, nunca antes alcançado em toda a história. Cinco pontos atrás, Napoli e Juventus também fazem campeonato excelente, e ficam à espreita de um tropeço da Loba, o que tem parecido um sonho distante. A 10ª rodada ratificou, de vez, a existência de três blocos na parte de cima da tabela: além da Roma e das suas duas perseguidoras, um pouco mais atrás, Inter, Fiorentina e Verona buscam um lugar ao sol, pouco ameaçados por Milan e Lazio. Acompanhe o resumo da rodada.

Roma 1-0 Chievo

No Totti, no party? Um dos dizeres mais utilizados pelos torcedores romanos não tem sido condizente com a realidade, mas por muito pouco. Nos últimos dois jogos, sem Totti e sem Gervinho, a Roma jogou um futebol muito inferior ao apresentado nas oito primeiras rodadas do campeonato, mas conseguiu duas vitórias magras, por 1 a 0. Sobre o Chievo, a equipe colocou muita pressão, mas só conseguiu furar o bloqueio clivense no segundo tempo, alcançando a 10ª vitória em 10 jogos, recorde histórico na Serie A – nunca um time tinha tido um começo de temporada tão bom na Itália. Agora, a equipe treinada por Rudi Garcia busca quebrar o recorde europeu, que é de 11 vitórias – conseguidas pelo Tottenham, na década de 1960 –, e também o recorde de vitórias consecutivas da Roma, também 11, obtidas por Luciano Spalletti.

Em campo, a Roma foi superior durante todo o jogo, mas viu uma defesa bem montada do Chievo acabar com os planos de vitória tranquila. Na zaga veronesa, quem teve destaque foi o brasileiro Claiton, que deu lugar à Papp, por lesão, na segunda etapa. O romeno foi antecipado por Borriello pouco depois, no gol que deu o triunfo ao time da casa. A vantagem territorial da Roma foi impressionante, e quase toda a partida foi disputada no campo de defesa adversário. Na meiuca, Strootman e De Rossi davam as cartas, auxiliados por um disperso Ljajic. A entrada de Florenzi foi vital para o resultado. Atrás, apesar de uma bobeada de De Sanctis, a defesa continua praticamente intransponível e continua com apenas um gol sofrido. (Nelson Oliveira)


Fiorentina 1-2 Napoli 

Em Florença, o 2 a 1 no
placar não mostra bem como foi o jogo. Equilibrada do início ao fim, a
partida poderia ter um resultado mais justo caso o juiz Calvarese não
tivesse errado uma marcação aos 91 minutos de jogo. Na ocasião, ele
interpretou uma simulação de Cuadrado em lance dentro da área e expulsou
o jogador, quando, na verdade, foi pênalti de Inler sobre o colombiano.
A marcação do pênalti daria à Fiorentina a chance de empatar a partida
fazer prevalecer o resultado mais justo. Indiginada com a expulsão, a
viola entrou com recurso no tribunal esportivo para cancelar o cartão
vermelho, que a princípio tira o jogador da partida contra o Milan.

Lágrimas à parte, os torcedores puderam acompanhar
um grande jogo no Artemio Franchi. O Napoli começou um pouco melhor e
abriu o placar logo aos 12 minutos: Higuaín inverteu bela bola e
Callejón, de primeira, acertou belo voleio. Ainda no primeiro tempo,
Savic foi derrubado na área e Rossi cobrou o pênalti para empatar. Antes
do fim da etapa inicial, Higuaín apareceu bem de novo e deu belo passe
para Mertens marcar outro bonito gol. No segundo tempo, a Fiorentina
cresceu, com boa partida de Pizarro e Borja Valero, mas não conseguiu
empatar. O Napoli investiu no contra-ataque e teve boas oportunidades.
Com a derrota, a Fiorentina cai para a 6ª posição, com 18 pontos. O
Napoli mantém a perseguição à Roma, com 25. (Rodrigo Antonelli)

Juventus 4-0 Catania

Mesmo com a apresentação acima do esperado contra o Real Madrid, com o time remodelado com quatro defensores, o técnico Antonio Conte manteve o esquema campeão com três zagueiros na partida contra o Catania. Assim como diante do Genoa, a Juventus se comportou muito bem e, desta vez, venceu com gosto: 4 a 0. Vidal abriu a contagem aos 27 minutos. Pirlo, de falta, marcou o segundo; a Juve sempre teve o controle da partida apesar das jogadas ofensivas rápidas com Keko e Petkovic. Na etapa final, Tévez, novamente driblando o goleiro, e Bonucci, com assistência de Giovinco, definiram o resultado em Turim.  

De Ceglie foi um dos jogadores que mais ganhou pontos com o treinador após a partida. O lateral, atuando como ala na vaga de Asamoah, foi eficiente no ataque, confrontando Álvarez, e contribuiu razoavelmente com o setor defensivo – a maioria das jogadas do Catania foi construída pelo centro, a partir de Almirón. Cáceres manteve sua regularidade à direita da defesa, e Giovinco novamente entrou bem no segundo tempo. Pelo Catania, a péssima notícia é que Bergessio só volta a campo daqui a três meses. Ele saiu contundido após lance com Chiellini. (Murillo Moret)

Atalanta 1-1 Inter

No jogo que abriu a rodada, a Inter mais uma vez tropeçou em uma defesa bem montada e não conseguiu encostar em Juventus e Napoli, que abriram dois pontos frente a quarta colocada. No primeiro tempo, a equipe visitante parecia mais disposta a passar pela dona da casa, e saiu na frente, com gol de Álvarez. Com mais posse de bola e pressionando o time adversário, a Beneamata fazia boa partida, embora Palacio não recebesse muitas chances para concluir no gol. Handanovic, porém, acabou se machucando, e pelo alto, o carrasco Denis (seis gols contra a Inter, cinco em menos de um ano), decretou o empate.

No segundo tempo, a Inter esbarrou em uma Atalanta bem postada por Colantuono, e a não ser por um chute na trave, de Icardi, e de um chute de longe de Álvarez, Consigli pouco trabalhou. Mazzarri experimentou recuar Kovacic, que produziu pouco como trequartista, e o alinhou a Álvarez, deixando Icardi isolado na frente e apoiado por Palacio. Atrás, Carrizo defendeu um chute de Yepes, e só. Em um duelo tático e pouco produtivo para a Inter, o empate ficou e bom tamanho. Em um trabalho de médio prazo, como este, empates contra times menores (Torino, Cagliari e a própria Atalanta) acontecem com frequência antes da decolagem. (NO)

Milan 1-1 Lazio

No San Siro, Kaká voltou a marcar com a camisa do Milan, mas seu golaço não foi suficiente para tirar a equipe rossonera da incômoda parte de baixo da tabela. Com um empate que não foi bom para ninguém, o Milan caiu para a 11ª posição, com apenas 12 pontos, e a Lazio ficou estagnada na 7ª colocação, com 15. O resultado deixa os dois técnicos, Allegri e Petkovic, sob desconfiança. Nenhuma das diretorias confirma que eles serão os treinadores de Milan e Lazio após a parada para o Natal e os maus resultados colocam os torcedores contra os técnicos também.   

O Milan fez talvez sua melhor partida na temporada, com Kaká muito participativo e dialogando bem com Balotelli e Birsa. Um erro defensivo já na segunda metade da etapa final, porém, condenou o bom trabalho da equipe, levando o time ao seu terceiro empate na temporada (são mais três vitórias e quatro derrotas). A Lazio continua sem engrenar na competição, mas tem mais motivos para comemorar que o Milan. O empate fora de casa não é de todo ruim e mantém a equipe próxima da zona de classificação para a Liga Europa. (RA)

Verona 2-0 Sampdoria

Com uma apresentação de gala de Toni, o Verona se reencontrou com a vitória, após a goleada sofrida
para a Inter na rodada anterior. Em casa, o Hellas derrotou a Sampdoria
em casa por 2 a 0, sem muitas dificuldades, e voltou à zona de Liga
Europa. O centroavante deu uma bela assistência para o primeiro gol e
marcou o segundo, além de ter feito outro, porém anulado por
impedimento. O triunfo quebra um recorde histórico do clube veronês: são
cinco vitórias em cinco jogos em casa, a maior sequência da história.
Antes dessa, o recorde eram quatro, na temporada 1984-1985, em que o
time sagrou-se campeão italiano. A Samp sofre sua quinta derrota no
campeonato, depois de duas vitórias consecutivas e volta a ver a zona de
rebaixamento ameaçar.

O Hellas não encontrou grandes
empecilhos em momento algum da partida. Foi um massacre territorial, com
58% de posse de bola para os donos da casa. A Samp apenas ameaçava em
alguns contra-ataques, mas faltou pontaria aos homens de frente. Foi
apenas no segundo tempo que o bloqueio blucerchiato foi furado. Aos 6
minutos Toni recebeu de Juanito Gomez na entrada da área e devolveu um
passe açucarado para o mesmo no meio da zaga. O argentino chutou no
canto esquerdo, abrindo o placar. E aos 33, o golpe final. Bola lançada
do meio de campo, a zaga doriana afasta mal e Toni recebe livre na área.
Ele tentou pegar um “sem pulo” para fazer um golaço, furou
bisonhamente, mas foi atrás da bola e mandou um chute cruzado no canto
esquerdo. (Thiéres Rabelo)

Genoa 1-0 Parma

Trazer Gasperini
de volta ao banco depois de três anos foi, talvez, a decisão mais
acertada que a direção do Genoa fez em muito, muito tempo. É claro que
ainda é muito cedo para se dizer, mas os números de momento não mentem. O
Genoa bateu em casa o Parma, por 1 a 0, e subiu três posições, para a
13ª colocação, com 11 pontos, cinco à frente do primeiro time na zona
de rebaixamento. Gasperini tem um aproveitamento de 58% (duas vitórias,
um empate e uma derrota – perdeu só para a Juventus), beirando o triplo de Fabio Liverani, que teve
apenas 22,2%. O céu começa a clarear para o Grifone. Para o Parma, fica
o gosto amargo de ter desperdiçado outra ótima chance de colar de vez
na zona de Liga Europa. Após uma heroica vitória em casa sobre o Milan, o
time emiliano caiu três posições, e agora está na 11ª colocação, com 12
pontos.

Na partida, os visitantes tiveram boas chances,
finalizando o dobro de vezes que o Genoa – que teve um pênalti de
Gilardino defendido por Mirante logo aos 2 minutos de jogo. Cassano
marcou aos 40 do primeiro tempo, mas estava impedido. O time
rossoblù foi preciso (cinco finalizações, as cinco no gol) e chegou ao
gol com o mesmo Gilardino, que recebeu cruzamento de Biondini e mandou
no canto. Um minuto mais tarde, porém, Mesbah teve um gol mal anulado
pela arbitragem, que marcou impedimento não existente e impediu o empate
do Parma. O jogo ficou tenso, com confusões entre os jogadores, e os
visitantes pressionaram pelo empate, mas não o suficiente. (TR)

Sassuolo 1-2 Udinese
Após perder para a Roma na última rodada, a Udinese foi até
a Emília-Romanha encarar o embalado Sassuolo, que vinha de dois jogos sem
derrotas. Sem vencer longe de casa na temporada os bianconeri apostavam na
dupla Di Natale e Muriel, mesmo sem que os dois houvessem marcado gols nas últimas rodadas, e no
retorno de Brkic ao gol. No Sassuolo, Acerbi, Marrone e Zaza ganharam suas
oportunidades. No primeiro confronto entre ambos na história, melhor para a
Udinese, que conseguiu os três pontos, chegando a 13, ultrapassando o Milan na
tabela e já pensando no difícil duelo contra a Inter na próxima rodada,
enquanto o Sassuolo amarga ainda a zona de rebaixamento.

O duelo começou chato e pragmático, até a bobeira de
Ziegler, que cometeu pênalti em Basta. Na cobrança, Di Natale abriu o placar e
marcou seu 180º gol na Serie A. Os friulianos mal tiveram tempo de comemorar e
minutos depois, Zaza, esperança neroverdi na temporada, aproveitou falha de
Naldo e empatou o confronto. O Sassuolo buscou o segundo gol, mas esbarrou na
ótima partida que fez Brkic. O gol da vitória friuliana veio na segunda etapa,
através de Muriel, considerado o pior em campo, que aproveitou a única
oportunidade no jogo e acertou um belo chute, sem chances para Pegolo. Sem
reação e com substituições mal feitas por Di Francesco, a equipe da casa perdeu Zaza, expulso por falta dura, e teve problemas. Resultado: não se
achou e chegou à sexta derrota na temporada (Caio Dellagiustina)

Cagliari 0-3 Bologna

Surpresa
na Sardenha. No segundo jogo do Cagliari de volta ao Sant’Elia, o time
de Diego López voltou a tropeçar e teve atuação abaixo da média diante
de sua torcida. Por sinal, uma novidade no time sardo foi a mudança do esquema tático. O time saiu do quase imutável 4-3-1-2 para um 4-2-3-1,
e não deu certo, especialmente porque o ataque não foi produtivo e a
defesa sofreu com os contra-ataques, uma das causas da expulsão
do jovem Murru. De começo aterrorizante no campeonato, o Bologna começa a
reagir e os três pontos fora de casa serão fundamentais para se manter
fora da zona de rebaixamento.
E
os rossoblù da Emília-Romanha parecem mesmo empanhados em manter o time
em posição mais confortável. Os comandados de Pioli, certamente mantido
no cargo, venceram as baixas por lesão, como as do craque Diamanti e dos zagueiros Natali e Mantovani, e
fizeram por merecer a vitória. Inicialmente no 3-5-1-1, e depois no 4-4-1-1,
o time privilegiou os contra-ataques, e mesmo assim finalizou mais que o
adversário (foram 17 contra 11, cinco delas “no alvo”). Liderado por Kone, o
Bologna abriu o placar em jogada puxada pelo grego, que teve seu chute
mal defendido por Agazzi, e rebote aproveitado por Garics.
Logo no início do segundo tempo, Murru levou o segundo amarelo e
facilitou o contra-ataque emiliano pouco depois, quando justamente no
setor do lateral-esquerdo, Pazienza lançou Kone em profundidade para
ampliar. E o capitão retribuiu dois minutos depois ao levantar bola na
área para o cabeceio certeiro do volante, decretando o placar final. (Arthur
Barcelos)

Livorno 3-3 Torino

Jogo
movimentado na Toscana, com duas viradas e um gol no finalzinho. Os
seis gols entre os times são reflexo do desespero de ambos times
após estarem em desvantagem, o que ocasionou alto número de
finalizações nos 90 minutos: foram 32 chutes, sendo 13 a gol. No final
das contas, um resultado amargo para o time da casa, que se recuperou
heroicamente de um 2 a 0 e tinha o gosto dos três pontos até o minuto
87, e segue a três pontos da zona de rebaixamento. Para o Torino um
ótimo resultado, mesmo após o vacilo de ter levado a virada, e que
também mostra a garra do time de Ventura, que já garantira pontos na
valentia contra Milan, Verona, Sampdoria e Inter na penúltima rodada,
também num maluco 3 a 3.
Num inédito 4-3-1-2 (desmontado
nos minutos finais para o abafa), o Torino garantiu mais um pontinho graças a Cerci,
responsável direto por 10 dos 16 gols do clube piemontês no campeonato,
com 7 gols e 3 assistências. O número também lhe coloca como o segundo
jogador que mais participou de gols na Serie A, atrás apenas de Pepito Rossi, este com 11 participações
diretas. Dos pés do camisa 11 saíram as assistências para Immobile e
Glik fazerem 2 a 0 com apenas sete minutos. O Livorno de Nicola martelou
até conseguir o empate, ainda na primeira etapa, com os destaques
Paulinho e Greco, sempre
em jogadas pela direita. Acomodado com o empate, o Torino diminuiu o ritmo da
marcação e o próprio Livorno também tirou o pé. Menos o zagueiro brasileiro Emerson, que “sentou o pé” em um balaço do meio da rua e não deu chances para Padelli.
Porém, aos 87 minutos, Rinaudo interferiu o chute de Immobile com a mão. Na cobrança, Cerci
igualou e definiu o marcador. (AB)

Relembre a 9ª rodada aqui.
Confira estatísticas, escalações, artilharia, além da classificação do campeonato, aqui

Seleção da rodada
Reina (Napoli); Garics (Bologna), Benatia (Roma), Canini (Atalanta), Chiellini (Juventus); Kone (Bologna), Pirlo (Juventus), Kaká (Milan), Cerci (Torino); Higuaín (Napoli), Toni (Verona). Técnico: Stefano Colantuono (Atalanta).

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