Liga dos Campeões

A mais clássica das Romas

Equipe da casa joga bem diante do gigante Real Madrid, mas desperdiça muitas chances, bobeia no fim e praticamente dá adeus ao sonho de passar às quartas da LC (BBC)

A capacidade da Roma de dar esperança aos seus torcedores e, logo depois, acabar com qualquer traço de otimismo impressiona. Nesta quarta, contra o Real Madrid, pelas oitavas de final da Liga do Campeões, foi assim. O time de Spaletti entrou em campo focado, marcou bem na maior parte do jogo e até criou boas chances de gol contra uma das mais poderosas equipes do mundo. Erros bobos no segundo tempo, porém, custaram o 2 a 0 adverso e praticamente acabaram com a chance do time no mata-mata. É o famoso “romou”, verbo cunhado pelo romanista Braitner Moreira – criador desse blog -, para sintetizar o poder de decepção do time nesse século. 

O primeiro tempo dos giallorossi foi praticamente perfeito: com organização, reduziu os espaços do Real, anulou Cristiano Ronaldo e explorou os contra-ataques com El Shaarawy, Perotti e Salah. O resultado foi a façanha de não deixar o time merengue acertar sequer um chute no alvo nos primeiros 45 minutos, algo que não acontecia na Liga dos Campeões já há 56 jogos. A última vez que a equipe de Madri desceu para o intervalo sem exigir ao menos uma defesa do goleiro adversário foi em 3 de maio de 2011, contra o Barça. Méritos para o técnico Luciano Spaletti, que armou bem seu time e optou por entrar sem um centroavante fixo, como vinha fazendo nas últimas partidas, para ter maior mobilidade e compactação.

Motivo suficiente para empolgar os torcedores romanistas e acender aquele fio de esperança, certo? Certo. O problema é que os donos da casa não voltaram tão atentos para o segundo tempo e logo aos 12 minutos deram espaço exatamente para Cristiano Ronaldo arrancar pela esquerda, driblar e soltar belo chute que morreu nas redes de Szczesny. O 1 a 0 não era desastre nenhum e a Roma continuava disposta a incomodar o Real. E o fez, com boas infiltrações em velocidade e chances criadas – em uma delas houve até pênalti não marcado de Carvajal em Florenzi. 

A mais clássica das Romas é que estava em campo, contudo. Não era dia de escapar da “romada”. Salah correu mais do que as pernas e esqueceu a bola vez ou outra, Dzeko lembrou que não é mesmo decisivo, Spaletti demorou demais para usar o banco – lançar a experiência de De Rossi e Totti só depois que a equipe já estava atordoada em campo é de doer – e Digne se apequenou diante de Jesé. O defensor viu o atacante merengue avançar na sua frente e apenas recuou, dando espaço para um chute cruzado que ampliou o placar dos visitantes para 2 a 0. 

O esforço foi aplaudido pelos mais de 55 mil torcedores que foram ao Olímpico de Roma, mas a classificação está mais para missão impossível. Não bastasse ser muito difícil vencer o Real no Santiago Bernabeu, as estatísticas ainda jogam contra. Várias delas. Vamos lá: na era do gol qualificado, nunca houve uma virada após o primeiro jogo terminar 2 a 0 para o visitante (foram 85 casos até hoje); 14 times italianos já perderam por 2 a 0 ou mais em casa o primeiro jogo em competições europeis e nenhum deles conseguiu reverter a desvantagem; e só um time espanhol na história perdeu a classificação após vencer por dois ou mais gols fora de casa.

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