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Derrota para a Costa Rica deixou a Itália em maus lençóis na Copa do Mundo de 2014

Os menos atentos, quando lembram que a Itália foi eliminada na fase de grupos da Copa do Mundo de 2014, podem se esquecer que a Nazionale começou bem a competição, disputada no Brasil. A virada de chave ocorreu na segunda partida do torneio, com a derrota para a surpreendente Costa Rica, que, com o resultado, garantiu a classificação antecipada às oitavas de final.

A Itália chegou ao Brasil cercada de boas expectativas, visto que vinha de anos de bom futebol e de resultados expressivos. Na gestão de Cesare Prandelli, a Squadra Azzurra ficou conhecida por ter uma posse de bola propositiva e um jogo eficiente, que lhe permitiu ser vice-campeã da Euro 2012, terceira colocada da Copa das Confederações de 2013 e, ainda, ter se classificado para o Mundial com uma campanha invicta no Grupo B da qualificatória da Uefa – a chave contava com Dinamarca, Chéquia, Bulgária, Armênia e Malta.

Na primeira rodada do Grupo D da Copa do Mundo, a Costa Rica – que fora segunda colocada nas eliminatórias da Concacaf – surpreendeu o Uruguai e, de virada, venceu os sul-americanos por 3 a 1, em Fortaleza. Na sequência, em Manaus, a Itália mostrou superioridade e bateu a Inglaterra por 2 a 1. Pela jornada posterior, os uruguaios fizeram 2 a 1 sobre os ingleses e deixaram a chave embolada. O duelo entre italianos e costarriquenhos, portanto, podia definir a classificação dos ticos e a queda dos britânicos.

Apesar do ótimo trabalho na seleção italiana, Prandelli foi traído por péssima exibição contra a Costa Rica (AFP/Getty)

Para o jogo sob o sol escaldante do início da tarde no Recife, o time da Itália teve três mudanças em relação àquele que iniciou a partida contra a Inglaterra. Convocado para sua quinta Copa do Mundo, o capitão Gianluigi Buffon foi liberado pelo departamento médico azzurro e tomou o lugar de Salvatore Sirigu. A defesa ainda teve a saída de Gabriel Paletta, que deu lugar a Ignazio Abate. A alteração levou o jogador do Milan à lateral direita e fez Matteo Darmian passar ao flanco esquerdo, devolvendo Giorgio Chiellini à zaga. No meio, Thiago Motta entrou na vaga de Marco Verratti. A Costa Rica, treinada pelo colombiano Jorge Luis Pinto, repetiu a escalação da estreia.

Até os 30 minutos de bola rolando, tanto Itália quanto Costa Rica sofreram com o calor pernambucano – a partida começou às 13 horas. Mais acostumada ao clima tropical, a seleção centro-americana passou a utilizar a temperatura a seu favor depois que o desgaste italiano ficou nítido.

No fim do primeiro tempo, uma desatenção da zaga italiana possibilitou o gol de Ruiz (Getty)

Na etapa inicial, a forte marcação pela qual ficou conhecida a equipe costarriquenha falou mais alto. As únicas chances dos azzurri saíram dos pés de Andrea Pirlo, em lançamentos em profundidade para Mario Balotelli. Na primeira oportunidade, o atacante tentou encobrir Keylor Navas e mandou para fora; na segunda, o forte chute foi defendido pelo arqueiro.

Logo depois das ocasiões criadas pela Itália, a Costa Rica respondeu – e de maneira peremptória. Primeiro, Christian Bolaños arriscou da entrada da área e obrigou Buffon a fazer uma defesa complicada. Depois, Darmian errou recuo para Chiellini e Joel Campbell arrancou, até ser derrubado pelo juventino dentro da área. O pênalti foi claro, mas o árbitro Enrique Osses mandou seguir. Não fez diferença, pois, em seguida, o ala Júnior Díaz achou um cruzamento na medida para Bryan Ruiz, que se colocou entre a dupla de trapalhões italianos e cabeceou com precisão. A bola explodiu no travessão e ultrapassou a linha, o que validou o gol costarriquenho, marcado aos 44 minutos.

Diante da forte marcação costarriquenha, Pirlo pouco pode jogar (AFP/Getty)

Insatisfeito com o que viu, Prandelli tentou modificar a Itália no intervalo, ao sacar um apagado Motta e dar uma chance a Antonio Cassano, passando ao 4-4-2. Não deu certo, visto que os azzurri continuaram a se chocar contra o muro costarriquenho. Aos 57, foi a vez de o técnico tirar Antonio Candreva e colocar Lorenzo Insigne, numa tentativa de oferecer mais qualidade no último passe. O 4-3-2-1 também não funcionou.

Nos últimos 15 minutos de jogo, a Itália chegou a ter 70% de posse de bola, mas as trocas de passes eram ineficazes e não atravessavam a marcação da Costa Rica, que havia “estacionado o ônibus” à frente da meta de Navas. No desespero, Prandelli chegou a colocar Alessio Cerci no lugar de Claudio Marchisio.

Prandelli tentou deixar a Itália mais leve com a entrada de jogadores como Insigne, mas não obteve resultados (AFP/Getty)

A alteração também não fez cócegas na zaga costarriquenha, que se consagrou nos cortes de lançamentos longos. Improdutiva, a Nazionale só finalizou quatro vezes no segundo tempo e, em toda a partida, somou incríveis 11 impedimentos. Com isso, o placar não foi alterado e os ticos conseguiram uma improvável classificação antecipada às oitavas de final – curiosamente, também num 20 de junho, mas em 1990, a Costa Rica havia vencido a Suécia e avançado à mesma fase do torneio pela primeira vez em sua história. A Inglaterra, quem diria, estava eliminada.

As condições climáticas atrapalharam, mas a derrota para a Costa Rica foi construída por vários outros elementos. A posse de bola estéril, a falta de criatividade, as desatenções defensivas e o escasso empenho de alguns jogadores, como Balotelli, também viriam a ser verificados na última partida da fase de grupos. Justo a peleja decisiva, contra o Uruguai, na qual a Itália precisava apenas empatar para seguir adiante na Copa do Mundo.

Em Natal, também às 13 horas, a Itália se desgastou – principalmente após precisarem correr por 30 minutos com um a menos, devido à expulsão de Marchisio. Os azzurri não jogaram tão mal como quanto ante Costa Rica, naquela que foi a pior atuação de toda a gestão de Prandelli, mas perderam pelo mesmo placar. E com um gol de cabeça, sendo este anotado por Diego Godín. Foi o suficiente para a Nazionale ser eliminada na fase de grupos pela segunda Copa do Mundo consecutiva, o que não acontecia desde 1958 e 1966. Resultou também na demissão do treinador, apesar de o seu trabalho ter sido muito virtuoso, considerando o aspecto global. Ossos do ofício.

Itália 0-1 Costa Rica

Itália: Buffon; Abate, Barzagli, Chiellini, Darmian; De Rossi; Candreva (Insigne), Thiago Motta (Cassano), Pirlo, Marchisio (Cerci); Balotelli. Técnico: Cesare Prandelli.
Costa Rica: Navas; Gamboa, Duarte, González, Umaña, Díaz; Ruiz (Brenes), Tejeda (Cubero), Borges, Bolaños; Campbell (Ureña). Técnico: Jorge Luis Pinto.
Gol: Ruiz (44′)
Árbitro: Enrique Osses (Chile)
Local e data: Arena Pernambuco, Recife (Brasil), em 20 de junho de 2014

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