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Mercadão da Itália: os jogadores que seriam bons reforços para os times brasileiros em 2017

O fim da temporada 2016 do futebol brasileiro abre de uma vez por todas o período de especulações. A partir de agora os clubes intensificam sua busca por reforços para o ano que vem e sempre surgem boatos de que aquele craque que joga fora do país está com tudo acertado para defender um time grande do Brasil. Contratar jogadores que atuam no exterior é sempre um desafio, principalmente durante a forte crise político-econômica que o país atravessa, mas continua sendo possível – em que pese a boataria e os devaneios indiscriminados. Se o cenário atual é pouco atrativo, os cartolas poderiam olhar com carinho para o mercado italiano, que tem muitos jogadores acessíveis e cujos salários são equivalentes à realidade tupiniquim.

Alguns jogadores de perfil interessante para o Brasileirão 2017 estarão disponíveis na janela de transferências de janeiro – ou, se não estão listados nas barcas de seus clubes, ouviriam propostas atraentes. Listamos quase 40 atletas das séries A e B do Belpaese que teriam condições de oferecer qualidade às equipes do nosso país e escolhemos as melhores oportunidades de negócio para aqueles que queiram desbravar a Velha Bota. Veja a lista abaixo, dividida por posições.

Goleiros

O sucesso de Dida e Júlio César abriu definitivamente as portas para goleiros do Brasil no futebol italiano, mas nem todos aproveitaram a oportunidade. O caso mais gritante é o do ex-santista Rafael Cabral (foto), que chegou ao Napoli para ser titular e, após muitas falhas, foi relegado a terceira opção dos azzurri. O jogador de 26 anos, que foi importante em seis títulos pelo Peixe e na conquista da medalha de prata na Olimpíada de 2012, vive enorme retrocesso na carreira e tem fortes razões para querer se transferir – nas últimas janelas, seu empresário negociou empréstimos, mas não concluiu nenhuma tratativa. Rafael é uma boa opção para equipes que procuram um goleiro experiente, mas que tem muita lenha para queimar e disposição para dar a volta por cima.

Outros dois goleiros mais veteranos e que recebem baixos salários (cerca de 50 mil reais mensais) também seriam boas opções para equipes brasileiras. Um deles é xará do medalhista olímpico e reserva no Cagliari: Rafael Andrade – também ex-Santos, mas mais lembrado pelas passagens por São Bento e Verona – está muito adaptado à Itália, mas uma boa proposta para voltar ao Brasil após 10 anos na Bota pode seduzi-lo. O mesmo vale para Rubinho, que está sem clube desde junho, após quatro anos como terceiro goleiro da Juventus. O irmão de Zé Elias precisará buscar ritmo de jogo, mas é um bom arqueiro e certamente ajudaria a compor elenco, por sua qualidade e por aspectos extracampo.

Zagueiros

Um ano depois de ser vendido pelo Flamengo à Udinese, Samir (foto) não atuou em mais do que 10 partidas na Itália. Para ganhar rodagem, o brasileiro de 22 anos chegou a ser cedido ao rebaixado Verona e, ao voltar ao Friuli, não conseguiu desbancar os compatriotas Danilo e Felipe ou o malinês Wagué – jogou mais vezes improvisado na lateral esquerda do que como zagueiro. A crise do projeto bianconero também não ajuda muito: a Udinese luta apenas para não ser
rebaixada e o momento positivo do Watford tem feito com que a família
Pozzo, proprietária dos clubes, desloque sua atenção cada vez mais ao
time inglês – ao qual alguns jogadores que se destacam na Serie A tem até se transferido.

No momento, o carioca não pretende deixar a Europa, mas ficar sem jogar em Údine pode travar sua evolução e uma proposta interessante, que inclua a titularidade em um time brasileiro que brigue por títulos e dispute a Libertadores pode estimulá-lo a acertar um empréstimo com a diretori. Esta visibilidade interessaria não só ao defensor como à própria Udinese, que, desde que deixou de brigar por vagas em competições continentais, tem um interesse ainda maior de lucrar com a venda de jovens atletas – dificilmente Samir renderia dividendos aos friulanos esquentando banco. Um empréstimo tende a valorizar o jogador, contratado por 4,5 milhões de euros.

Outro defensor brasileiro que está em busca de espaço é Rodrigo Ely, do Milan. Cria do Grêmio, o gaúcho foi para a Itália com 17 anos e, emprestado pelos rossoneri a Reggina, Varese e Avellino, teve boas atuações em três temporadas na Serie B – que lhe proporcionaram convocações para as seleções de base da Itália e do Brasil. Ely retornou ao Milan em 2015, mas não emplacou com Sinisa Mihajlovic e Vincenzo Montella. Seguro e muito bom no jogo aéreo, tem qualidade para brigar por vaga de titular em equipes grandes do Brasil.

Em relação aos latino-americanos que atuam na Serie A e mereceriam o olhar dos dirigentes brasileiros, temos duas sugestões – uma mais convencional e outra mais arrojada. O primeiro nome é o do argentino Santiago Gentiletti, xerife que foi campeão da Libertadores pelo San Lorenzo, em 2014. Zagueiro físico – às vezes até ríspido – e marcador implacável, El Chueco teve sua passagem pela Lazio prejudicada por lesões no joelho e na coxa, mas fez boas partidas pelos celestes. Hoje, o jogador de quase 32 anos está sendo pouco utilizado por Ivan Juric no Genoa, apesar de ter um dos maiores salários do time (800 mil euros por ano, cerca de 240 mil reais por mês). É uma opção para times que buscam peças ao estilo Wálter Kannemann para disputar a Libertadores.

Uma escolha ousada mas que pode render frutos seria Giancarlo González – salário de 180 mil reais/mês. Rodney Wallace, do Sport, abriu espaço para jogadores de Costa Rica no Brasil e o defensor do Palermo é um dos destaques de sua seleção – é titular absoluto dos Ticos e fez uma boa Copa do Mundo, em 2014. O zagueiro de 29 anos teve um ano bom em 2014-15, quando Paulo Dybala e Franco Vázquez conduziram os rosanero a uma campanha sólida, mas acabou caindo de rendimento junto com o time, que hoje está na zona de rebaixamento da Serie A. Tem bola para jogar em times de ambições maiores no Brasil.

Laterais

Nossa lista de laterais da Serie A que poderiam se transferir para o Brasil contempla muitos jogadores que atuam pela faixa esquerda do campo e somente um que joga do lado oposto. O nome mais conhecido dela é o do colombiano Pablo Armero (foto), que já fez sucesso por aqui com a camisa do Palmeiras e que fracassou pelo Flamengo, no ano passado. A Flecha Negra tem atuado muito pouco pela Udinese, parece longe de sua melhor forma física, mas tem 30 anos e ainda pode render em bom nível, especialmente se tiver liberdade para atacar. Pode ser uma opção para equipes com lacunas no setor, como Botafogo, Vasco, São Paulo e Fluminense.

Outro estrangeiro que se encaixaria em muitas equipes brasileiras é Leonel Vangioni, que tem características semelhantes às de Armero. O argentino (que também atua como meia) foi contratado pelo Milan ao fim de seu contrato com o River Plate, mas nem fardou pelos rossoneri. O campeão da Libertadores recebe cerca de 240 mil reais por mês e deve ser negociado em janeiro – há interesse de clubes europeus, como o Sporting.

Entre os brasileiros, o mais conhecido é Dodô, ex-Corinthians, Bahia, Roma e Inter. Prestes a completar 25 anos, o lateral (que chegou a ser convocado à Seleção por Dunga) estagnou em sua evolução e é reserva da Sampdoria, tendo disputado somente 34 minutos na atual edição da Serie A. Apesar de estar muito adaptado à vida na Itália e de o seu longo contrato ser um possível entrave para uma negociação, o paulista tem mercado no Brasil.

Dois outros jogadores que têm nível suficiente para atuarem em clubes relevantes do nosso país são o paranaense Danilo Avelar (27 anos, 120 mil reais/mês) e o carioca Vinícius (quase 24, 60 mil/mês). O primeiro passou por Rio Claro e Schalke 04, mas hoje tem encontrado pouco espaço no Torino, muito embora já tenha provado sua utilidade com a camisa do Cagliari, especialmente em jogadas de linha de fundo. Mais verde, Vinícius é cria de Xerém e também atuou na base do Cruzeiro: tem um ano e meio de contrato com a Lazio, mas nunca entrou em campo pela equipe ou se destacou em seus empréstimos. Seria uma aposta para times menores, assim como o lateral direito Gilberto, ex-Botafogo. Ele não vingou na Fiorentina e, após ter sido emprestado para o Verona, foi cedido ao Latina, da Serie B.

Meio-campistas

Nesta janela de transferências, alguns bons meio-campistas sul-americanos estarão dispostos a trocar de clube e até mesmo a voltar para a América. Mas não pensem que será fácil: as tratativas exigirão esforços diplomáticos e econômicos por parte dos clubes brasileiros, já que estamos falando de alguns pesos pesados, como Felipe Melo (foto) e Hernanes.

Melo é torcedor fanático do Flamengo, clube que já demonstrou interesse em contar com o pitbull e até em pagar seu alto salário – na Inter é de 750 mil por mês, mas pode ser reduzido no Brasil. Disposto a encarar o “pacote Melo” (que inclui ótimas atuações, futebol agressivo e muitas confusões) o Fla é o favorito para contratá-lo, mas a lesão de Gary Medel e a chegada de Stefano Pioli tem feito com que Felipe receba mais oportunidades na Inter, o que pode complicar o negócio.

A situação de Hernanes é oposta: a volta de Claudio Marchisio reduziu o espaço do brasileiro, que já tinha acertado com o Genoa em agosto, mas não se transferiu porque a Juve não encontrou um substituto. O Profeta recebe quase 900 mil reais por mês e ainda tem espaço na Europa, mas ficaria mais visível para Tite em um grande brasileiro – caso tenha ambições de retornar à Seleção, é um cenário melhor que atuar pelos grifoni. Necessariamente, o pernambucano de 31 anos teria de diminuir sua pedida salarial e a Juventus precisaria aceitar um empréstimo – já que é improvável que um clube brasileiro pague 6 milhões de euros para tê-lo em definitivo.

No time dos jogadores que seriam contratações de impacto, temos mais alguns brasileiros e estrangeiros. Entre os nascidos por aqui, é muito improvável que Gerson (Roma) ou Bruno Henrique (Palermo) retornem ao país, uma vez que o primeiro tem recebido mais minutos em campo e o segundo tem o maior salário do Palermo – embora não seja muito reconfortante jogar no lanterna da Serie A. O possível grande nome brasileiro, pasmem, atua no Cagliari.

Esse jogador é o meia-atacante João Pedro (foto), ex-Santos e Atlético-MG. O camisa 10 evoluiu muito desde que deixou o Brasil e fez duas temporadas muito boas pela equipe sarda, a ponto de ter seu contrato renovado até 2020 e chegar a ter passe avaliado em 4 milhões de euros. Aos 24 anos, está afastado do time sardo por causa de uma lesão no perônio, mas seria um belo investimento, com capacidade de ser revendido futuramente a um bom valor.

Quem também merece ser lembrado é Rômulo, lateral/volante que passou por Fiorentina e Juventus e atualmente no Verona, da Serie B. O ítalo-brasileiro de quase 30 anos é muito respeitado pela torcida do Hellas e tem atuado regularmente, pois se recuperou de problemas físicos. Recentemente, ele demonstrou vontade de jogar no Brasil outra vez e reforçaria com qualidade dois times que disputarão a Libertadores e pelos quais já jogou – Atlético-PR e Chapecoense. Pouquíssimo utilizado em Údine, Lucas Evangelista também seria um reforço interessante.

Entre os estrangeiros, o que melhor se encaixaria nos gigantes brasileiros é também o mais difícil de ser contratado: Tomás Rincón, capitão da Venezuela e titular do Genoa. O meia central custa cerca de 7 milhões de euros e negociou transferência com Cagliari e Crystal Palace, mas não recebe um salário absurdo (200 mil/mês). Daria um dinamismo incrível a equipes que tem condições de atuar com intensidade, como Atlético-MG, Cruzeiro, Palmeiras, São Paulo, Grêmio e Flamengo, e valeria a pena ir à carga por ele.

Os outros gringos da nossa lista se dividem em dois grupos: os encostados que dificilmente trocariam a Europa pelo Brasil agora e os que não são badalados e teriam grandes chances de se darem bem por aqui. Entre os integrantes do primeiro grupo destacam-se o paraguaio Juan Iturbe (Roma; 680 mil/mês), o argentino Ricky Álvarez (Sampdoria; 270 mil/mês) e o equatoriano Bryan Cabezas (Atalanta; 60 mil/mês). Os entraves para chegar a cada um dos habilidosos jogadores? No caso de Iturbe, o alto salário e o fato de ainda ser novo e valorizado na Europa; para Álvarez, as lesões, o longo contrato e a inconstância, que diminuem o custo-benefício do negócio; enquanto Cabezas chegou no continente europeu há poucos meses e ainda tenta convencer o técnico Gian Piero Gasperini a utilizá-lo. Gasp não escalou o destaque do Independiente Del Valle para nenhuma partida da Serie A – apenas foi opção de banco.

Com bem menos grife, o volante Carlos Carmona, também da Atalanta, poderia ser uma ótima contratação para aqueles que disputarão títulos em 2017. Incansável na marcação (é apelidado de “7 Pulmões”), útil na posse de bola e em tiros de fora da área, ele perdeu espaço no clube e na seleção chilena a partir de 2015, por problemas físicos. Ainda assim, tem condições de render em alto nível e é um jogador barato: está avaliado em 2 milhões de euros e recebe 180 mil/mês, embora barganhar por desconto seja uma possibilidade concreta, pela escassa utilização do jogador ultimamente.

Por sua vez, o experiente Álvaro González também agregaria valor para o meio-campo de qualquer equipe e seria uma aquisição ainda mais econômica, pois está em fim de contrato com a Lazio – fica livre em junho de 2017, mas pode ser dispensado gratuitamente já em janeiro. El Tata está afastado do elenco romano, mas tem ritmo de jogo, pois ainda é titular da seleção do Uruguai. Falando nos charruas, um nome alternativo, mas que pode dar o que falar é César Falletti, da Ternana. Meia uruguaio desconhecido até mesmo do grande público italiano, ele tem boa visão de jogo e capacidade de fazer gols. O atleta de 24 anos anotou 10 na última Serie B e continua se destacando pelos rossoverdi.

Atacantes

Gabigol é a bola da vez quando o assunto é atacante para reforçar os gigantes brasileiros, mas é altamente improvável que o ex-jogador do Santos volte tão rapidamente para o país. Caso seja emprestado pela Inter, Gabriel Barbosa deve vestir a camisa de um clube da Europa, para se adaptar ao futebol do continente. Na própria cidade de Milão há outro nome de peso mais acessível, embora também seja uma pista difícil: Luiz Adriano, que não deu certo no Milan. O ex-jogador do Internacional e do Shakhtar Donetsk interessa a clubes chineses, o que dificulta a concorrência – ainda devemos levar em conta que o gaúcho já tem 29 anos e tem suas últimas chances de fazer seu pé de meia com os supersalários do futebol asiático.

Por isso, o melhor atacante disponível para as equipes do Brasil é o chileno Mauricio Pinilla (foto). O homem que quase tirou a Seleção da Copa de 2014 é bicampeão da América pelo Chile e é especialista em gols acrobáticos, além de ser um centroavante bastante competente. Pinigol já teve uma passagem apagada pelo Vasco, em 2008, quando não era metade do jogador que é hoje, e após brilhar por Grosseto, Palermo, Cagliari e Genoa, tem sido preterido por Gasperini na Atalanta – ele vinha bem pelo clube, mas perdeu a titularidade para o jovem Andrea Petagna. Prestes a completar 33 anos e com vínculo com os nerazzurri encerrando em junho, é um jogador a ser monitorado.

Entre os estrangeiros, também destacamos o ciscador venezuelano Josef Martínez (23 anos, 110 mil/mês) e o polêmico Maxi López (32 anos, 180 mil/mês). Os dois são reservas do Torino e poderiam se interessar por uma vaga como titular em um clube grande da Série A do Brasileirão – ao passo que o próprio Toro busca opções para o setor. Na segundona, o uruguaio Felipe Avenatti vem utilizando seu físico imponente e sua altura (1,96m) para marcar gols com a camisa do Ternana. O grandalhão de 23 anos foi vice-campeão mundial sub-20 com a geração de Nico López, Giorgian De Arrascaeta, Diego Rolán, Gastón Silva e Diego Laxalt, e pode ser uma aposta interessante em tempos de laterais arremessados para a área adversária.

Para finalizar, uma leva de bons atacantes brasileiros. O nome mais interessante, que seria uma contratação ousada, nunca atuou profissionalmente no Brasil: Diego Farias foi formado pelo Campo Grande, do Rio de Janeiro, mas se mudou para a Itália aos 15 anos e, desde então, passou por sete equipes, até se destacar pelo Cagliari. Rápido, habilidoso e bom finalizador, cai pelos lados e sabe jogar mais centralizado, embora funcione melhor como companheiro de um goleador. O atacante nascido em Sorocaba está avaliado em cerca de 4 milhões de euros, recebe 120 mil reais por mês e, por ter perdido espaço para Marco Borriello, poderia se interessar por finalmente jogar no país em que nasceu. Sorocabano, como Farias, Nenê (ex-Santa Cruz, Cruzeiro e Cagliari) tem marcado gols na segundona e faz mais o estilo finalizador. Aos 33 anos, o artilheiro do Spezia ainda teria espaço no país.

Há ainda, atacantes jovens, que saíram do Brasil há pouco tempo e ainda não conseguiram mostrar muito de seu futebol na Itália. O grande exemplo é Matheus Cassini, que deixou o Corinthians como uma joia a ser lapidada e não emplacou no Palermo – após jogar um ano na Eslovênia, foi emprestado ao Siracusa, da terceira divisão italiana. Será que não teria melhor sorte voltando à América do Sul? Ewandro, ex-Atlético-PR, é outro que ainda não convenceu, mas ainda está em período de adaptação na Udinese, onde jogou pouco. Ainda falando sobre Údine, Ryder Matos amadureceu por lá e tem recebido oportunidades no time, mas pode ser titular em times brasileiros e apagar as passagens opacas por Bahia e Palmeiras. Será que nossos cartolas estão de olho?

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