Coppa Italia

Perderam a batalha, mas venceram a guerra

Higuaín impiedoso: fez dois no Napoli e jogou a culpa de sua saída para a Juve em De Laurentiis (LaPresse)

Quem venceu na ida perdeu na volta, mas ficou feliz. Juventus e Lazio haviam construído boas vantagens sobre seus rivais, Napoli e Roma, e mesmo com a derrota na segunda partida das semifinais da Coppa Italia, avançaram à final. O confronto entre bianconeri e biancocelesti reeditará a decisão de 2015, que teve a Juve como campeã. Na ocasião, a Velha Senhora voltava a comemorar o título da copa após 20 anos de jejum.

Desta vez, a Juventus chega com status de soberana: afinal, pode ser tricampeã da Coppa Italia e adicionar o feito ao provável hexacampeonato da Serie A. O favoritismo frente a Lazio é enorme, uma vez que a equipe de Turim venceu os nove últimos confrontos com o time capitolino. Um recorde.

Não foi uma semana fácil para os napolitanos. No quarto jogo contra a Juventus na temporada (o segundo nesta semana), os torcedores amargaram outra frustração: apesar da vitória por 3 a 2, que quebrou a sequência positiva da rival no clássico, foi o ex-ídolo Higuaín que deu a vaga à Juve. O Pipita havia marcado um dos gols da partida de ida – vencida de virada, por 3 a 1 – e entrou cheio de raiva no gramado do San Paolo, após ter sido fortemente vaiado pelos seus antigos fãs. 

Apagadíssimo no duelo de sábado, o argentino não respondeu às vaias na ocasião, mas guardou tudo para esta quarta. Apontou para os camarotes do presidente Aurelio De Laurentiis no aquecimento e após seus gols: “é culpa sua”, bradou ao cartola. Eles nunca tiveram boa relação e isto teria sido um dos motivos para que Higuaín decidisse se transferir para Turim.

O Napoli tentou, várias vezes, entregar o ouro para a Juve. A saída de bola nos pés de Chiriches não estava funcionando (obviamente) e Rincón desperdiçou uma chance clara, batendo por cima. Higuaín não: aos 32 minutos, recebeu a bola com liberdade, deixado sem pressão pelo zagueiro romeno, e bateu fraco, mas bem no canto de Reina. No início do segundo tempo, os napolitanos voltaram mais organizados em campo e finalmente chutaram a gol – em um dos primeiros chutes, Hamsík empatou. O problema é que esqueceram que Higuaín estava em campo e, cinco minutos depois, Chiriches mais uma vez afrouxou na marcação e permitiu que o argentino finalizasse um cruzamento rasteiro de primeira, sem chances para Reina.

Depois de sofrer o segundo gol, o Napoli precisava de quatro tentos para avançar. A missão era praticamente impossível e restava aos azzurri jogar pela honra. O empate veio logo em seguida, quando Neto cometeu um erro clamoroso ao tentar dominar uma cobrança de lateral e permitiu a Mertens, recém-entrado, completar para o gol vazio. Aos 67, seis minutos depois do empate, Insigne virou a partida. Havia tempo suficiente para que a equipe de Sarri buscasse os gols que faltavam, mas Hamsík foi substituído, por cansaço, ao passo que Allegri fechou a casinha. No fim das contas, os partenopei mal levaram perigo ao gol da Juventus e só ficaram perto do quarto gol quando Neto escorregou e quase deu mais um presente ao rival.

Com a ida da Lazio à final, Inzaghi chega a sua primeira decisão
como treinador e Spalletti balança na Roma (Bartoletti)

No dia anterior, uma outra equipe azul sorriu. A Lazio, em seu tom celestial, seguiu quase o mesmo roteiro da Juventus: venceu a partida de ida por dois gols de diferença (no caso, 2 a 0, com gols de Milinkovic-Savic e Immobile), e esteve duas vezes à frente da Roma no marcador, de forma a não dar sopa para o azar. Outra vez, a torre sérvia e o atacante da seleção italiana marcaram os gols do time de Simone Inzaghi.

Pela primeira vez em muito tempo, as autoridades cederam à pressão das torcidas e derrubou as barreiras que separavam as organizadas. Em clima de festa no Olímpico, a Lazio abriu o placar aos 37 minutos, depois que Immobile ganhou de Manolas e chutou forte; no rebote de Alisson, Milinkovic-Savic só escorou para a rede. El Shaarawy, ainda antes do intervalo, aproveitou imprecisão de De Vrij e empatou o Derby della Capitale.

No segundo tempo, com a Roma toda postada no campo de ataque, foi a Lazio que marcou. A defesa giallorossa dormiu e permitiu a Immobile receber uma bola longa e somente deslocar Alisson. A resposta da Roma não demorou mais do que 10 minutos e veio com Salah, aproveitando rebote do chute na trave de El Shaarawy. Após o empate, Spalletti lançou seu time ao ataque, mas esbarrou no muro laziale, penetrado somente nos acréscimos, outra vez com o baixinho egípcio. Insuficiente para a passagem à final.

Spalletti chegou a dizer durante a semana que, caso não vencesse um título nesta temporada, estaria fora da Roma após a campanha. O treinador foi evasivo em sua coletiva pós-dérbi, mas sabe muito bem que suas chances de levantar uma taça em 2017 são próximas do zero – afinal, precisaria ultrapassar a fortíssima Juventus na Serie A. Para a Lazio, mesmo se não for campeã da copa, já há motivos demais para comemorar.

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